sexta-feira, 25 de julho de 2014

O CORAÇÃO DE JESUS


Todas as almas cristãs O conhecem... Ao menos de nome; mas quantas o conhecem como Ele é em si mesmo? Se fosse bem conhecido, seria mais vivo e potente, e desapareceriam de vez certos receios que, de cristãos, só têm uma leve aparência. Jesus, ao apresentá-lO à Beata Margarida, disse estas palavras: — 'eis o Coração que tanto amou os homens' — Palavras que deviam ser recordadas por todos, quando se lê o Evangelho, quando se meditam os novíssimos, quando se teme a justiça divina, sempre e em toda a parte.

Portanto, se por desgraça uma alma caiu numa culpa grave, não tarde em recorrer ao tribunal da penitência, mas pensando sempre naquele Coração, que tanto ama os homens. Se uma alma fica aterrada com a ideia de apresentar-se ao tribunal divino e quase se desespera de ter uma sentença de misericórdia, pense que Cristo Juiz tem um Coração, que ama tanto os homens.

Se te assalta o temor de ter uma morte imprevista, pensa no Coração de Jesus que ama tanto os homens. Se te vêm à memória as ingratidões com que ultrajaste a bondade divina, recorda também o Coração de Jesus que ama tanto os homens. Se nos assalta a desconfiança na misericórdia de Deus e na sua graça, e a conversão e perseverança no bem nos parece impossível, lembremo-nos do Coração de Jesus que  ama tanto os homens.

Se... Mas basta. A devoção ao Coração de Jesus não deve consistir somente em recitar coroinhas em sua honra, mas também, e sobretudo, em crer no seu infinito amor pelos homens. Oh! Se a alma cristã se dispusesse todos os dias a meditar, durante meia hora, esta verdade — o Coração de Jesus me ama tanto... tanto — como desapareceriam certos receios absurdos e enervantes. Quantos e novos arrebatamentos não os substituiriam. Como se caminharia pela estrada da virtude a passos de gigante!

Assim como qualquer ensinamento contra o Evangelho deve repudiar-se como uma heresia, assim também toda a máxima, todo o pensamento, toda a doutrina que se oponha às palavras de Jesus — eis o Coração que tanto tem amado os homens — deve condenar-se como ruinosa à piedade cristã. Não é impunemente que os jansenistas, velhos e novos, fizeram e fazem uma guerra surda e implacável à devoção do Sagrado Coração: bem sabem os infelizes que, uma vez conhecido o Coração de Jesus, é impossível não amá-lO, e em O amando, é impossível não se salvar.

(Excertos da obra 'Centelhas Eucarísticas', de original italiano, 1906; trad. de Adolfo Tarroso Gomes, 1924)