segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O LOBO ENTRE AS OVELHAS (II)

'Enfim, censurando algum defeito, devemos poupar a pessoa tanto quanto podemos. É verdade que se pode falar abertamente dos pecadores públicos reconhecidos como tais, mas deve ser em espírito de caridade e compaixão, e não com arrogância ou presunção por um certo prazer que se ache nisso; este último sentimento denotaria um coração baixo e vil. Excetuo somente os inimigos de Deus e da Igreja, porque a estes devemos combater quanto pudermos, como são os chefes de heresias, cismas, etc. É uma caridade descobrir o lobo que se esconde entre as ovelhas, em qualquer parte onde o encontramos'.

(São Francisco de Sales, em 'Filoteia ou Introdução à Vida Devota')

Do Frei Cláudio van Balen:

''Nosso objetivo é construir uma comunidade em torno de serviços religiosos – em benefício de uma vida de qualidade para todos – visando à formação de uma parcela do povo de Deus, comprometida com a esperança e com os clamores de nossos dias'.

'A característica de nossa assembleia – ‘convocação’ de todos – há de ser não o ‘poder’, mas o serviço que Jesus sintetizou no gesto do lava-pés. Bem diferente, pois, da Igreja tradicional, que se contentava com um rebanho passivo, obediente e, não raro, alienado'.

Pobre frei que envelheceu como acervo de paróquia. Seus paroquianos, 'uma parcela do povo de Deus' ungida e amestrada pela 'Igreja da Acolhida e da Não Exclusão de Ninguém' do Frei Balen, evidentemente acham bastante razoável excluir os outros, os chamados católicos tradicionais, essa 'parcela do povo de Deus' tão 'passiva e alienada'. Um cidadão, acolhido pelo frei mas herege pela Igreja (o que, para ele, parece não importar grande coisa), foi, pelo menos, sincero: 'Ele [frei Balen] é a minha igreja; se ele não voltar [a rezar a missa no meu horário escolhido], eu também não volto'. Numa frase, um Colosso de Rodes de heresias. Que Deus tenha piedade desse frei e destes paroquianos que, antes frouxos na fé, passaram a ser agora réus de sacrilégio, ao profanarem o culto da Santa Missa na Igreja do Carmo em Belo Horizonte interrompendo o início da celebração com gritos, vaias, assobios e pancadas ritmadas nos bancos da igreja. Que sobre a Igreja de Cristo, e não a de freis ou a de infiéis de freis ativos ou passivos, ressoem as palavras do Cura d'Ars, terríveis e proféticas: 'Um padre nunca entra sozinho no Céu ou no Inferno'. E que essa única e verdadeira Igreja, seja apenas cristocêntrica e despojada de respeitos humanos: 'Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!' (Jer 17,5).

Sim, temos que amar, e não só amar, mas ter um profundo amor pelos sacerdotes. Estes homens que têm o poder de perdoar pecados e de transformar o pão e o vinho no Corpo e Sangue de Jesus (e não por serem exímios reformadores sociais). Mas, por amar a Deus sobre todas as coisas, temos também de pedir as graças e bênçãos do Céu para aqueles sacerdotes que se comportam como homens comuns, enfeitiçados pelos apelos do mundo. Para que deixem de ser pastores de heresias, lobos disfarçados entre ovelhas, freis libertários ou não.