domingo, 10 de novembro de 2013

HERDEIROS DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO

Páginas do Evangelho - Trigésimo Segundo Domingo do Tempo Comum 


Neste período final do Ano Litúrgico de 2013, os Evangelhos enfatizam de forma especial a Ressurreição de Cristo e a comunhão eterna do espírito e da carne. Um corpo glorioso, submetido à perfeição aos desígnios da alma, pois revestido da claridade infinita da glória de Deus, sem mancha de qualquer defeito ou corrupção, porque 'Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele' (Lc 20, 38).

A ressurreição de Cristo não é como a 'ressurreição' de Lázaro: Jesus passou pela Cruz e pelo Calvário, para vencer definitivamente a morte e nos abrir o caminho da plenitude da salvação eterna em corpo e alma gloriosos. Nesta esperança reside todo o tesouro da fé cristã: com Cristo, o Primogênito, as Portas dos Céus foram abertas para que os justos, na glória de corpo e alma, possam tomar lugar nas moradas eternas do Pai: 'Nosso Senhor Jesus Cristo e Deus nosso Pai, que nos amou em sua graça e nos proporcionou uma consolação eterna e feliz esperança, animem os vossos corações e vos confirmem em toda boa ação e palavra' (2 Ts 2, 16-17).

E diante a pergunta capciosa dos saduceus, seita religiosa apegada aos extremos formalistas da Lei e, portanto, incrédulos e relativistas, Jesus vai confirmar o abismo existente entre as realidades humanas e as realidades de Deus e da vida futura. No domínio da razão humana, a lógica é ditada pelas concessões aos domínios relativos. E, assim, na prescrição formal de uma garantia de descendência buscada por todos os meios possíveis, sete irmãos se casariam com a mesma mulher e todos morreriam sem deixar filhos. Qual deles seria o marido dessa mulher? No contexto algo inusitado da situação exposta, relativizado ao absurdo, a lógica daqueles homens moldava-se perplexa diante da incredulidade humana.

Mas a realidade divina não se molda pelos relativismos e perplexidades humanas. A sabedoria de Deus é o triunfo infinito da Verdade Absoluta. E Jesus lhes vai ponderar tais coisas: 'os que forem julgados dignos da ressurreição dos mortos e de participar da vida futura, nem eles se casam nem elas se dão em casamento; e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos, serão filhos de Deus, porque ressuscitaram' (Lc 20, 35-36), ratificando a doutrina da ressurreição da carne vivenciada por Moisés na passagem da sarça ardente. Como herdeiros da ressurreição de Cristo, não teremos mais traço algum da miserável condição humana, uma vez transformados na raça dos eleitos dos Filhos de Deus.