sexta-feira, 23 de agosto de 2013

CONCÍLIOS DA IGREJA (II)


 9. LATRÃO I - 1123
(18 de março a 06 de abril de 1123)


O primeiro concílio geral realizado após o Grande Cisma do Oriente foi realizado pela primeira vez em Roma, na Basílica de Latrão, em 1123, convocado pelo Papa Calisto II. Dirimiu a questão da Investidura (controvérsia entre o poder secular e o poder eclesial) e ratificou a Concordata de Worms, que tinha sido assinada no ano anterior entre o imperador Henrique V e Papa Calisto II que garantia plena liberdade à Igreja quanto a escolha e ordenação dos seus bispos. O concílio confirmou também o celibato dos sacerdotes no rito latino.

10. LATRÃO II - 1139
(02 a 17 de abril de 1139)

Impôs-se a necessidade de um segundo concílio geral apenas 16 anos mais tarde, na Quaresma do ano 1139, por causa da divisão à época da Igreja Romana sob o Papa Inocêncio II (1130 - 1143) e o antipapa Anacleto II (1130 - 1138). Nesta ocasião, o papa Inocêncio II declarou nulos e sem efeito todos os atos e decretos promulgados pelo falecido antipapa. O concílio aprovou uma reforma canônica nos termos do Papa Gregório VII e condenou a simonia (tráfico de coisas sagradas e espirituais como sacramentos ou benefícios eclesiásticos), bem como os movimentos heréticos liderados por Peter Bruys e Arnold de Brescia.

11. LATRÃO III - 1179
(05 a 19 de março de 1179)

O Papa Alexandre III convocou um novo concílio na Basílica de Latrão para combater os danos de ações promovidas pelo antipapa Victor IV. Este concílio determinou a regra da eleição do Romano Pontífice com base na maioria de dois terços dos cardeais reunidos em conclave e condenou as heresias dos albigenses e dos valdenses, herdeiros do maniqueísmo.

 12. LATRÃO IV - 1215
(11 a 30 de novembro de 1215)

Em 1215, o Papa Inocêncio III convocou o IV Concílio de Latrão, 36 anos depois do concílio de Latrão III, que se constituiu numa referência para a história da Igreja. Com a participação de cerca de 500 prelados, incluindo São Domingos e os Patriarcas de Constantinopla e Jerusalém, o concílio estabeleceu para os fiéis a obrigatoriedade da comunhão ao menos uma vez por ano, por ocasião da páscoa, sob pena de excomunhão. Neste concílio utilizou-se pela primeira vez o termo transubstanciação, para significar que, na Eucaristia, o pão e o vinho se transformam no corpo e no sangue de Jesus Cristo. Incluiu a declaração da existência dos demônios como sendo anjos bons que pecaram por abusar do seu livre arbítrio e a sentença de que 'Há apenas uma Igreja Universal, fora da qual não há salvação'. Fixou diversas normas sobre a disciplina e a liturgia da Igreja e condenou as heresias dos albigenses e valdenses, bem como os erros de Joaquim de Fiore, que pregava um fim próximo para o mundo com base em uma falsa exegese bíblica.


13. LYON I - 1245
(28 de junho a 17 de julho de 1245)

Trinta anos depois, o Papa Inocêncio IV (1243 - 1254) convocou o Concílio de Lyon em 1245, depois de ter sido forçado a fugir de Roma para se refugiar em Lyon, na França, devido às ameaças do Imperador do Sacro Império Romano - Germânico, Frederico II. O concílio contou com a participação dos Patriarcas latinos de Antioquia, Constantinopla, Veneza e do Imperador do Oriente Balduíno II, que promulgou a excomunhão e a deposição do imperador Frederico II. Promoveu ainda a Sétima Cruzada, sob o comando de Luís IX da França, para reconquistar a Terra Santa invadida pelos sarracenos.

14. LYON II - 1274
(07 de maio a 17 de julho de 1274)

Em 1274, o Papa Gregório X convocou um segundo concílio em Lyon. A pauta das discussões incluíram a possibilidade de dar um fim ao Grande Cisma do oriente que dividiu a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa. O aparente sucesso inicial das tratativas acabou não resultando em nada. Também foram abordados novos regulamentos para a eleição papal e medidas para a libertação da Terra Santa dos turcos. São Boaventura morreu logo após participar das primeiras sessões deste concílio e São Tomás de Aquino faleceu a caminho do mesmo.


15. VIENNE - 1311/12
(16 de outubro de 1311 a 06 de maio de 1312)

Convocado pelo papa Clemente V, sob forte influência e injunções do Rei Felipe IV da França, este concílio foi realizado na cidade de Vienne, ao sul de Lyon. O conclave foi realizado praticamente para se votar a condenação e a supressão da Ordem dos Cavaleiros Templários e algumas outras heresias.


16. CONSTANÇA - 1414/18
(5 de novembro de 1414 a 22 de abril de 1418)

Pouco mais de um século após o Concílio de Vienne, novo concílio ecumênico foi convocado pelo papa João XXIII (1410-1415) e realizado na Catedral de Constança, ao sul da atual Alemanha, a partir de 1414. Neste período, três papas sustentavam suas legitimidades e postulavam igualmente a supremacia hierárquica da Igreja. O concílio determinou a resignação do papa romano Gregório XII (1405-1415) e a deposição dos antipapas João XXIII (1410-1415) e Benedito XIII (1394-1415), em nome da extinção do Grande Cisma do Ocidente (1305-1378), ação que culminou com a eleição do papa Martinho V em 11/11/1417. Outras deliberações incluíram a rejeição ao conciliarismo (prevalência da autoridade dos concílios sobre o papa) e uma dura condenação às doutrinas heréticas de João Hus, Jerônimo de Praga e John Wyclif, precursores de Lutero. 

Parte III