segunda-feira, 20 de maio de 2013

SEGUNDA-FEIRA PARA A ETERNIDADE

MEDITAÇÕES ETERNAS PARA CADA DIA DA SEMANA 
(Santo Afonso de Ligório)


Atos de preparação às meditações


1. Alma minha reaviva tua Fé, porquanto te achas diante de teu Deus. Adora-O profundamente.

2. Humilha-te aos pés de Deus e peça-Lhe, do fundo do coração, perdão.

SEGUNDA-FEIRA - A IMPORTÂNCIA DO FIM DO HOMEM

1. Considera, ó homem, quanto tens a lucrar na consecução do teu grande fim. Tens a lucrar tudo, porque, se o conseguires, salvar-te-ás, serás para sempre ditoso, gozarás em teu corpo e em tua alma toda a sorte de bens; mas se o malograres, perderás a alma e o corpo, perderás o Céu, perderás a Deus; serás eternamente desgraçado, porque condenar-te-ás para sempre. É por isso que a ocupação das ocupações, a única e importante, a única necessária, é servir a Deus e salvar a alma. Não digas pois, cristão: Agora quero satisfazer meus apetites: depois consagrar-me-ei a Deus, e espero salvar-me. Esta esperança vã tem precipitado no inferno muitos que diziam isto mesmo, e agora estão irremediavelmente condenados. 

Qual dos réprobos quereria em vida condenar-se? Nenhum por certo; mas Deus amaldiçoa o que peca, fiado em sua misericórdia. Maldito o homem que peca com esperança. Tu dizes: Quero cometer este pecado, e confessá-lo-ei depois. Mas tens a certeza de que não te faltará tempo para isso? Quem de assegura que não morreras repentinamente depois do pecado? É certo que pecando perdes a graça divina  e é igualmente certo que voltarás a recuperá-la? Deus usa de misericórdia com os que O temem, mas não com os que O desprezam. Também não digas:  é-me indiferente confessar dois pecados ou três. 

Não, porque bem pode suceder que Deus esteja disposto a perdoar-te dois, e não a perdoar-te três. Deus sofre com paciência, mas não sofre sempre. Quando se enche a medida, não só não perdoa, mas castiga o pecador com a morte, ou abandona-o, de maneira que este, multiplicando os seus pecados, precipitar-se-á no inferno. Castigo muito pior que a própria morte. Meu irmão, por isto proceda com cuidado, deixa a vida desordenada que levas e consagra-te ao serviço de Deus; teme não seja este o último aviso que Deus te manda; já bastam as ofensas que Lhe tens feito, e que então grande número te tem sofrido; teme não obter perdão para mais algum outro pecado mortal que cometas. Adverte que se trata da tua alma e da tua eternidade. 

Oh! a quantos não tem feito abandonar o mundo, internando-os nos claustros, nas grutas e desertos, este grande pensamento da eternidade! Ah! Pobre de mim! Que vantagens advieram de tantos pecados por mim cometidos? O coração angustiado, a alma presa de dor, e o ter perdido a Deus e merecido o inferno. Ó meu Deus e meu Pai, convertei-me e fazei-me cativo do Vosso Amor. 

2. Considera que este negócio é, por desgraça, o mais descurado de todos os negócios. Em tudo se pensa, menos na salvação. Para tudo há tempo, menos para servir a Deus. Dizei a um homem mundano que frequente os Sacramentos, que faça ao menos meia hora de oração mental cada dia; responderás: Tenho filhos, tenho família, tenho interesses, tenho outras ocupações. Mas, desgraçado, não tens também tua alma para salvar? Pensas que tuas riquezas, teus filhos, teus parentes te poderão prestar algum auxílio na hora da morte ou livrar-te do inferno, se tens a desgraça de te condenares? Não presumas de poder conciliar Deus com o mundo ou o céu o com o pecado. A salvação não é um negócio que se deva tratar com indolência. 

É preciso que faças violência a ti mesmo, e trabalhes, se queres ganhar a coroa imortal. Quantos cristãos contavam com poder mais tarde servir a Deus e deste modo salvar-se; e, não obstante, estão agora no inferno! Loucura tão rematada pensar sempre no que tão depressa acaba, e tão raras vezes no que não terá fim! Ah! Cristão! Olha por ti; pensa que em breve hás de abandonar este mundo e entrar na eternidade. Pobre de ti se te condenares, porque jamais poderás remediar a tua desgraça. 

3. Medita, cristão, e dize contigo mesmo: Tenho uma alma só: se a perco, terei perdido tudo. Tenho uma alma só: se consigo conquistar o mundo, condenando-a, de que me servirá tão grande conquista? Se chego a ser um homem distinto, mas perco a minha alma, de que me servirá a minha distinção? Se acumulo riquezas, se aumento os meus haveres, se engrandeço minha família, e não obstante perco a minha alma, de que me servirá tudo isso? De que aproveitaram as riquezas, os prazeres, as vaidades a tantos os que viveram no mundo, quando seus corpos são agora cinza e pó na sepultura e suas almas estão condenadas no inferno? Se, pois, minha alma só a mim pertence, se não tenho mais que uma, e se, perdendo-a uma vez, a perco para sempre, devo pensar seriamente em salvá-la. É este um ponto de suma importância, porque se trata de ser sempre feliz ou sempre desgraçado. 

No meio da minha confusão, meu Deus, confesso-O: até aqui tenho vivido como cego; afastei-me muito de Vós; não tenho pensado em salvar esta minha única alma. Salvai-me, ó meu Pai, pelo amor de Jesus Cristo. Resigno-me a perder tudo, contanto que não vos perca a Vós, ó meu Deus. Maria, esperança minha, salvai-me com a vossa intercessão. 

Fruto I. Preparar-me-ei prontamente para a morte com uma confissão. 
Fruto II. Aplicar-me-ei com o empenho e fervor aos exercícios de piedade.