sábado, 18 de agosto de 2012

EUCARISTIA - III


3. QUEM PODE E COMO COMUNGAR

Em princípio, pode comungar todo católico com pleno uso da razão e com conhecimento da natureza e das graças inerentes ao sacramento da eucaristia. A razão está vinculada ao domínio das verdades essenciais à salvação de todos os homens, expressas no catecismo cristão, enquanto a profundidade do conhecimento destas verdades vai depender da capacidade mental de cada indivíduo. Neste  contexto, não podem comungar, por exemplo, nem crianças muito pequenas, nem doentes mentais sem períodos de lucidez.

O requisito essencial, entretanto, é o de não estar em pecado mortal. A eucaristia é essencialmente o sacramento de crescimento espiritual e não de nascimento espiritual e, portanto, é inerente a quem já está em estado de graça. Sendo a eucaristia a própria incorporação mística e espiritual da nossa alma com Jesus, recebê-la  em presença de graves pecados constitui uma afronta terrível contra o mais precioso dom dado por Deus aos homens, o Dom de Si mesmo, caracterizando-se, assim,  em um gravíssimo pecado mortal de sacrilégio.

Neste sentido, é preciso reiterar exaustivamente aos fiéis que participarão da comunhão a necessidade da confissão prévia e individual com um sacerdote, com a regularidade devida, para a absolvição dos pecados mortais cometidos, ainda que estes sejam objeto de um possível ato de contrição perfeita por parte do pecador. A confissão comunitária com absolvição geral somente deve ser realizada em casos de grave necessidade, que não incluem, por exemplo, situações envolvendo um grande número de fiéis e reduzido número de confessores, levando ao comprometimento da aplicação de confissões individuais em um período de tempo razoável, a não ser que isto implique em um impedimento dos penitentes de receberem a Sagrada Comunhão por muito tempo. Assim, a confissão comunitária tem caráter absolutamente especial e, para a validade da absolvição, os fiéis devem ter o firme propósito de confessar individualmente os seus pecados graves em tempo oportuno. Por outro lado, a confissão regular é fortemente recomendada pela Igreja mesmo para o perdão das faltas cotidianas (pecados veniais) que, embora não sendo estritamente necessária, é altamente salutar para a alma, que recebe sempre um incremento da graça santificante. 

A outra condição necessária e suficiente para a comunhão é a de fazê-la com reta intenção, ou seja, com um propósito formal de buscar uma maior santificação interior e de viver mais intensamente na graça de Deus. A falta da reta intenção não implica necessariamente em pecado, mas pode excluir ou limitar sensivelmente a  concessão da graça do sacramento.

Há, entretanto, outros aspectos que são fundamentais e de estrita observância aos preceitos da sagrada comunhão. Neste sentido, devemos atentar para o jejum eucarístico, ou seja, abster-nos de qualquer alimento e bebida (com exceção da água natural) uma hora antes de recebermos a sagrada comunhão (e não uma hora antes da missa, por exemplo). E aqui é preciso rigor total: uma hora é uma hora mesmo e não se deve ser indulgente quanto a este intervalo de tempo; assim, é preferível não comungar do que fugir a este preceito mesmo que seja por alguns minutos. É importante ressaltar que o jejum eucarístico não se aplica a pessoas idosas ou enfermas ou em casos especiais como uso de remédios, perigo de morte, etc.

Adicionalmente, é indispensável também, como procedimento preparatório à comunhão, avivarmos em nós profundos sentimentos de arrependimento (súplicas à  misericórdia de Jesus ou outro instrumento similar de devoção para a reparação de todos os pecados veniais cometidos desde a última comunhão ou confissão), fé, amor e gratidão, para uma maior identificação de nossa vontade com a vontade de Deus.

No ato da comunhão propriamente dita, a melhor forma de receber a hóstia e favorecer a ação do sacerdote é reclinar a cabeça ligeiramente para trás, abrindo suficientemente a boca e avançando um pouco a língua por cima do lábio inferior. Não existem quaisquer impedimentos em relação a hóstia tocar os dentes podendo, inclusive, ser mastigada (a hóstia é alimento espiritual), embora isto seja completamente desnecessário na maioria das vezes.

Sendo alimento, a hóstia deve ser engolida, permanecendo o menor tempo possível na boca, apenas o suficiente para ser umedecida, facilitando, desta forma, a ingestão propriamente dita.  Portanto, a hóstia não deve ser mantida na boca até ser completamente dissolvida, pois, como alimento, deve ser comida e, para ser alimento espiritual, deve ser ingerida enquanto Jesus ainda está presente e isto só ocorre enquanto as hóstias consagradas durante a missa permanecerem com a aparência do pão.  A inobservância destes cuidados pode tornar inclusive nula a comunhão e inexpressivas todas as graças inerentes ao sacramento.

Eucaristia I: Primeira Parte (Primeiro Domingo de Agosto)
Eucaristia II: Segunda Parte (Segundo Domingo de Agosto)
Eucaristia III: Terceira Parte (Terceiro Domingo de Agosto)