domingo, 5 de julho de 2020

PÁGINAS COMENTADAS DOS EVANGELHOS DOS DOMINGOS


'Vós não viveis segundo a carne, mas segundo o espírito, se realmente o Espírito de Deus mora em vós. Se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo...  se viverdes segundo a carne, morrereis, mas se, pelo Espírito, matardes o procedimento carnal, então vivereis
(Rm 8, 9.13)

sábado, 4 de julho de 2020

IN SINU JESU: 'QUANDO SOU ADORADO...'


Existem tantos tabernáculos na terra onde estou, para todos os efeitos, como um enterrado, um escondido, esquecido e abandonado... Meu esplendor divino diminui porque há muito poucos adoradores para agir como receptores do Meu radiante amor eucarístico e estender o Meu esplendor através do domínio e do universo das almas. Onde houver fé em Minha presença real, haverá adoração; e onde existe adoração, haverá também um esplendor eficaz da Minha presença, atraindo almas para o Meu Coração Eucarístico e envolvendo-as, mesmo à distância, com o poder de reparação do Meu Rosto Eucarístico.

Nos lugares em que estou exposto sobre o altar para receber a adoração, a reparação e a companhia dos Meus amigos - particularmente dos Meus sacerdotes - Meu esplendor é poderoso e fortalecido. Fé, adoração e amor atuam como receptores; assim meu poder é extraído e efetivado, invisível mas real no espaço e no tempo. O mesmo aconteceu com Minha humanidade sagrada durante a Minha vida na Terra: a fé e o amor dos Meus amigos atraíram a virtude da Minha divindade, e um brilho invisível agiu nas suas almas e sobre elas, trazendo cura, santidade e muitas graças de conversão.

Quando sou adorado em um lugar, minha ação oculta sobre as almas aumenta maravilhosamente. O lugar em que sou adorado torna-se um centro radiante do qual amor, vida e luz são difundidos em um mundo aprisionado nas garras do ódio, das trevas e da morte. Capelas de adoração não são meros refúgios para os devotos. Elas são centros radiantes e pulsantes de uma intensa atividade divina que vai além dos muros do lugar onde sou adorado para adentrar nos lares, escolas e hospitais; para alcançar até aqueles lugares ermos e escuros onde as almas são escravizados a satanás; para penetrar os corações, curar os enfermos e chamar de volta para casa aqueles que andaram longe de mim.

Por essas razões, o trabalho de adoração perpétua, ou mesmo de adoração diária prolongada, é intensamente apostólico e sobrenaturalmente eficaz. Quem dera os Meus bispos entendessem assim! Eles não hesitariam em implementar o pedido que lhes chegou de Roma três anos atrás. Mas, infelizmente, eles confiam demais nos esquemas humanos, nos planos elaborados sob os moldes do mundo e segundo princípios humanos limitados. E assim eles vão e continuarão a ir de fracasso em fracasso e de desilusão em desilusão.

Não coloquei os bispos sobre o meu rebanho para governar, ensinar e santificar por conta de suas próprias habilidades e fazendo uso da sabedoria deste mundo que passa. Eu os coloquei como luzes em um candelabro a brilhar em todos os lugares escuros, dotando-os com dons sobrenaturais e divinos para realizar aquilo pelo qual os escolhi e os coloquei na Minha Igreja. Ai daqueles bispos que confiam em soluções puramente humanas para os problemas que assolam a Minha Igreja! Eles serão gravemente desapontados e muitas almas se perderão porque negligenciaram assumir as armas sobrenaturais que eu preparei para eles neste tempo de combate espiritual.

Minha presença no Santíssimo Sacramento, difundida, confessada e confirmada pela adoração, amor e reparação sincera é o maior remédio para os males que afligem a Minha Igreja e para as dores que pesam tanto sobre os Meus sacerdotes. Os Meus caminhos não são os teus, nem ajo de acordo com os princípios dos valores mundanos. Eu ajo na realidade silenciosa, humilde e oculta da Minha Presença eucarística. Adore-Me, e o brilho do Meu Rosto Eucarístico começará a mudar a face da terra, como há de curar os meus sacerdotes, chamar os pecadores para o meu coração e animar os corações daqueles que estão cansados ​​e tristes (como os discípulos no caminho de Emaús), com uma centelha de divina vitalidade e com o fogo do meu amor eucarístico.

Falo com você dessa maneira, não apenas por você, amado amigo do Meu Coração, mas também por aqueles que receberão estas palavras, sobre as quais irão ponderar e delas extrair a inspiração para Me amar mais generosamente, com maiores frutos e com mais alegria. Falo contigo por causa dos Meus sacerdotes. Você ficará espantado com a recepção dada a estas minhas palavras. Muitas almas de sacerdotes serão vivificadas e consoladas por elas. Muitos padres serão movidos a passar mais tempo diante o esplendor da Minha Face Eucarística, e a permanecer mais perto do Meu coração transpassado. Este é o meu desejo para com eles. Quero atrair todos os Meus sacerdotes para o esplendor do meu Rosto e, depois, para o santuário do meu Coração exposto.

(Excertos da obra 'In Sinu Jesu - Quando o Coração fala ao coração: Diário de um Sacerdote em Oração', por um monge beneditino, tradução pelo autor do blog)


PRIMEIRO SÁBADO DO MÊS


sexta-feira, 3 de julho de 2020

ONDE DEUS PODE SER ENCONTRADO

Na vida humana, a saúde do corpo é boa coisa, mas o que torna o homem feliz não é saber em que consiste a saúde, mas viver com saúde. Com efeito, se alguém, muito entretido em elogiar a saúde, toma alimentos que causam maus humores e doenças, de que lhe aproveitam, quando fica doente, os louvores à saúde? De modo semelhante entendamos a palavra que nos foi proposta, pois o Senhor não diz que a felicidade não está em conhecer algo sobre Deus, mas ter Deus em si. Bem-aventurados os que têm coração puro porque verão, eles próprios, a Deus.

Não me parece que Deus vá colocar-se perante quem o contempla por ter purificado os olhos da alma, mas que talvez a magnificência desta palavra nos sugira aquilo que expressou mais claramente a outros: 'o reino de Deus está dentro de vós'. Por aí ficamos sabendo como quem purificou seu coração de todo o criado e de toda paixão má verá em sua própria beleza a imagem da natureza divina. Creio que o Verbo incluiu, nestas poucas palavras que disse, o seguinte conselho: 'Ó vós, homens, que tendes algum empenho em contemplar o verdadeiro bem, quando ouvirdes falar da majestade divina exaltada acima dos céus, de sua glória inefável, de sua indizível beleza, não vos deixeis levar pelo desespero por não poderdes ver o que desejais!'

Se, por uma vida intensa e diligente, lavares de novo as sujeiras que mancham e escurecem o coração, resplandecerá em ti a divina beleza. Como acontece com o ferro, enegrecido previamente que, uma vez retirada a ferrugem pelo polimento, começa a mostrar seu brilho ao sol, assim o homem interior, a quem o Senhor dá o nome de coração, quando limpar as manchas de ferrugem que surgiram em sua forma pela corrupção, recuperará a semelhança com sua principal forma original e se tornará bom. Pois o semelhante ao bom é bom.

Por consequência, quem se vê a si, em si vê a quem deseja. Deste modo é feliz quem tem o coração puro porque, olhando sua pureza, pela imagem descobre a forma principal. Aqueles que veem o sol refletido num espelho, embora não tenham os olhos fixos no céu, não veem menos seu esplendor do que aqueles que olham diretamente para o próprio sol; da mesma forma, também vós, embora sem possuirdes a capacidade de contemplar a luz inacessível, se voltardes à beleza e à graça da imagem que vos foi dada no início, em vós mesmo tereis o que procurais.

A pureza, a ausência das paixões desregradas e o afastamento de todo o mal é a divindade. Se, portanto, se encontrarem em ti, Deus estará totalmente em ti. Quando, pois, teu espírito estiver puro de todo vício, liberto de todo mau desejo e longe de toda nódoa, serás feliz pela agudeza e luminosidade do olhar, porque aquilo que os impuros não podem ver, tu, limpo, o perceberás. Retirada dos olhos da alma a escuridão da matéria, pela serenidade pura contemplarás claramente a beatificante visão. E esta, o que é? Santidade, pureza, simplicidade, todo o esplendor da luminosa natureza divina, pelos quais Deus se deixa ver.

(São Gregório de Nissa)

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS


quarta-feira, 1 de julho de 2020

TESOURO DE EXEMPLOS (4/6)


4. 'HOJE A SALVAÇÃO ENTROU NESTA CASA!'

Logo que em Jericó se espalhou a notícia da chegada do Salvador, todos os seus habitantes correram para a rua, ao encontro do homem extraordinário que tantos milagres realizara. Uma grande multidão o cerca e o acompanha por toda a parte, ao passo que outros tomam posição ao longo da rua para vê-lo quando passar por ali.

Zaqueu, homem riquíssimo e muito influente, é o chefe dos arrecadadores de impostos da cidade de Jericó, o centro comercial mais importante de Israel. Ouviu falar de Jesus, e simpatizou-se com Ele porque Jesus não desprezava os de sua profissão, que eram tão odiados pelo povo. Quer vê-lo, mas não consegue; a sua pequena estatura não lhe permite contemplá-lo por cima das cabeças da enorme multidão. 

Esforça-se por abrir passagem através da muralha humana estendida ao longo do trajeto, mas não consegue. Ocorre-lhe, então, uma ideia. No afã de ver o Messias, esquece-se de sua dignidade, calca aos pés o respeito humano e, correndo para a frente do cortejo, sobe ao tronco nodoso de um sicômoro, firmando-se nos galhos.

A multidão passa junto da árvore. Zaqueu está encantado com o que vê. No centro do cortejo caminha Jesus, humilde e magnífico, doce e grave ao mesmo tempo. Ao chegar em frente da árvore, ergue os meigos olhos, fixa-os naquela exígua figura e diz: 'Zaqueu, desce depressa porque é mister que hoje me hospede em tua casa'. Zaqueu estremeceu de emoção ao ouvir ser chamado pelo nome. O rabino extraordinário, a quem tanto desejara ver, quer se hospedar em sua casa.

Desce apressadamente da árvore e, satisfeito por completo pela distinção, leva Jesus à sua casa. A gente imbuída de espírito farisaico escandaliza-se vendo que o Messias vai hospedar-se na casa de um publicano. Este, tendo sentido o aguilhão da graça penetrar em seu coração, sabe corresponder a ela, dirigindo-se ao Salvador para dizer: 'Senhor, darei aos pobres a metade de tudo quanto tenho e, se em alguma coisa defraudei ao próximo, devolver-lhe-ei quatro vezes mais'. Jesus, acolhendo os bons propósitos do pecador arrependido, o aprova e o bendiz com as palavras: 'Hoje a salvação entrou nesta casa!'.

5. O MOÇO RICO

Um moço rico, dirigindo-se a Jesus, pergunta-lhe: 
- Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?
- Se queres salvar-te, cumpre os mandamentos, isto é, não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho, honrarás teu pai e tua mãe e amarás ao próximo como a ti mesmo'.
- Todas essas coisas tenho observado desde pequeno; o que me falta ainda? 
- Para seres perfeito, vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem a mim e segue-me. 
- Eu, Mestre?
- Sim; virás comigo; andarás de cidade em cidade, de uma aldeia a outra.
- Sim, Mestre, é belo !
- Teus vestidos terão, como os meus, o pó vermelho dos caminhos. Comerás, como os meus discípulos, o pão vindo da esmola... Por enquanto, vai , vende o que possuis e, pobre e humilde, vem comigo, e não penses mais no teu amanhã.
- Mas, Mestre, é tão difícil...
- Achas mesmo? Viestes rico e voltas pobre, eis tudo. . .
- Mestre, tenho palácios e mobílias finas; arcas cheias de pedras preciosas; possuo vinhas e rebanhos... Mestre, sou rico, mas quero salvar-me, quero o céu. Dize-me, Senhor, ainda uma vez, que deverei fazer?
- Vai, vende tudo; dá-o aos pobres e volta pobre; e segue-me!
- Mestre...
- Já vais?
- Mestre, adeus...
- Adeus, moço...
Com os ombros curvados, olhando para o chão,o moço rico retira-se vagarosamente. Está triste. O Mestre, também triste e pensativo, suspira:
- Como é difícil entrar um rico no reino de Deus! Infelizes os que se apegam às riquezas!
João, ouvindo isso, pergunta:
- Senhor, quem poderá salvar-se?
- O que para os homens é impossível, para Deus não é!
O moço rico vai caminhando lentamente. Parece carregar todo o peso do mundo. Na curva do caminho, pára e olha para trás, como quem se despede de uma felicidade perdida. Depois, estuga o passo e desaparece...

6. O CEGO À BEIRA DA ESTRADA

Jesus, acompanhado pelos seus discípulos, após longa caminhada, estava para entrar na cidade de Jericó. À beira da estrada, não muito longe das habitações, estava um cego sentado, pedindo esmola. Aquela estrada, uma das mais frequentadas pelos peregrinos, era certamente um ponto bem escolhido pelo cego para estender a mão aos transeuntes.

Naquela hora, porém, a esmola que ia receber não era apenas grande, era a maior que podia desejar em sua vida. Ouvindo o tropel de gente que passava, perguntou:
- Que movimento é esse? Quem é que está passando?
- 'E' Jesus de Nazaré'; disseram-lhe.

Jesus! Aquele nome não lhe era desconhecido; pelo contrário. Já ouvira talar de muitos milagres operados por Ele; sabia que Jesus, sempre caridoso e bom, restituíra a luz dos olhos a diversos outros cegos como ele. Quem sabe se não teria chegado, também para ele, a hora da graça, o momento da cura? Cheio de esperança, pôs-se a clamar:
- Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim! Era como se dissesses: 'Senhor, tu és o Messias prometido; tu és o Filho de Deus feito homem; tu podes curar-me, restituindo-me a vista.
Interiormente, este cego enxergava muito mais do que os pobres judeus obcecados. Manifestava uma fé viva, uma confiança firme, um grande desassombro.

Apesar de o repreenderem os que vinham à frente, mandando que ele se calasse, suspeitando que quisesse pedir alguma esmola a Jesus, nem por isso deixava de repetir:
- Jesus, Jesus, tem piedade de mim que sou um pobre cego!
Nosso senhor, chegando mais perto, ouvindo aquela voz lastimosa, pára no meio da estrada e diz aos que estão junto ao cego: 'Tomai-o pela mão; trazei-o aqui. Eu quero vê-lo de perto, quero falar-lhe'.

Conduziram o cego até Ele e Jesus, embora conhecesse perfeitamente qual era o pedido daquele  infeliz, para que o mesmo fizesse uma profissão de fé no poder de Deus, perguntou-lhe: 'Que queres que eu te faça? Que é que pedes?'
- Senhor, faze que eu veja, pois é tão triste ser cego! Não enxergo, não vejo nada deste mundo; Senhor, faze que eu veja!

E Jesus, diante da fé viva do cego, usa de seu poder e de sua bondade, dizendo simplesmente: 'Vê! A tua fé te salvou'. E, no mesmo instante, o homem abriu os olhos e admirado, comovido até às lágrimas, começou a ver. E, em vez de correr para casa, para contar aos seus a graça recebida, permaneceu ao lado de Jesus e o segue, agradecendo a Deus e bendizendo ao seu Benfeitor. E foi, então, que  todos os que presenciaram o milagre também começaram a louvar e bendizer a Deus.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

ver PÁGINA: TESOURO DE EXEMPLOS