domingo, 13 de agosto de 2017

100 ANOS DE FÁTIMA - QUARTA APARIÇÃO

Fátima é o acontecimento sobrenatural mais extraordinário de Nossa Senhora e a mais profética das aparições modernas (que incluíram a visão do inferno, 'terceiro segredo', consagração aos Primeiros Cinco Sábados, orações ensinadas por Nossa Senhora às crianças, consagração da Rússiamilagre do sol e as aparições do Anjo de Portugal), constituindo a proclamação definitiva das mensagens prévias dadas pela Mãe de Deus em Lourdes e La Salette. Por Fátima, o mundo poderá chegar à plena restauração da fé e da vida em Deus, conformando o paraíso na terra. Por Fátima, a humanidade será redimida e salva, pelo triunfo do Coração Imaculado de Maria. Se os homens esquecerem as glórias de Maria em Fátima e os tesouros da graça, serão também esquecidos por Deus.

'por fim, o meu Imaculado Coração triunfará'


FÁTIMA EM FATOS E FOTOS (X)

46. Qual foi o motivo da intimação do interrogatório feito aos pais das crianças antes da data prevista para a quarta aparição de Nossa Senhora?

O administrador do Concelho de Ourém (ao qual Fátima era integrante), Artur de Oliveira Santos, era um inimigo ferrenho da Igreja Católica e, como presidente da Loja Maçônica de Ourém, era o chefe de uma brigada cuja missão era desmoralizar a Igreja e a vida religiosa. As supostas aparições de Nossa Senhora em Fátima já eram de de conhecimento generalizado em todo o concelho e chegado inclusive à grande imprensa e produzido desconforto e perturbação nos quadros maçônicos locais. Era, pois, imperativo atuar com autoridade neste cenário de 'obscurantismo religioso' e de divulgação de tantas 'superstições'. Neste propósito, o administrador intimou os pais dos videntes, exigindo também a presença das crianças, para prestarem depoimento pessoal a ele sobre as 'aparições'. O depoimento foi marcado para o dia 11 de agosto de 1917, na Câmara de Vila Nova de Ourém, cerca de 10 km de Fátima.

Na data marcada, além dos pais das crianças, compareceu apenas a Lúcia, uma vez que o Tio Marto se recusou a levar suas duas crianças pequenas a se deslocar de Aljustrel até Vila de Ourém, para um interrogatório daquela natureza. No interrogatório, o administrador arguiu a menina sobre a natureza do Segredo, cuja revelação foi peremptoriamente negada pela menina. Ao interrogar os pais, Antônio dos Santos manifestou que não acreditava no que chamou 'histórias de mulheres' ao passo que o Tio Marto foi enfático ao dizer que acreditava no que os seus filhos diziam. Sem mais questionamentos, o tal 'depoimento' acabou por ali, e os 'depoentes' retornaram de pronto a Aljustrel. Mas o administrador certamente já tomara a firme decisão de impedir a continuidade daqueles eventos.


(Artur de Oliveira Santos)

47. O que aconteceu com as crianças em 13 de agosto?

Na manhã do dia 13 de agosto, o administrador do Concelho de Ourém deslocou-se de carro até Fátima e, sinuoso na fala e na dissimulação, conseguiu separar as crianças dos pais e levá-las de carro até a casa paroquial de Fátima, onde o prior as estariam esperando 'para lhes fazer umas perguntas'. Isto não surpreendeu as crianças porque, com efeito, o padre Manuel Marques Pereira, pároco de Fátima à época das aparições, as tinham submetido a interrogatórios pessoais em todas as aparições. Além disso, o administrador prometeu que depois as levaria até a Cova da Iria, pois queria também estar lá com as crianças durante a aparição, para 'ver para crer'.

Na casa paroquial, somente Lúcia foi interrogada pelo prior (que não tinha conhecimento dos planos maquiavélicos do administrador), enquanto Jacinta e Francisco esperavam do lado de fora. Terminado o rápido interrogatório, o administrador fez Lúcia subir à charrete com os outros e, sem mais delongas, tomou o rumo de Vila Nova de Ourém, conduzindo as crianças sem esforço até a sua casa. Ali as manteve sob a sua custódia por todo o resto do dia e pela noite seguinte. No tresloucado propósito de impedir uma nova aparição a qualquer custo e, embora tenha tratado bem as crianças na sua casa, julgou bastante pertinente e aceitável o procedimento de simplesmente raptar as crianças naquele dia. E levou ao paroxismo este comportamento brutal, submetendo as crianças nestes dias a ameaças de todo tipo e mesmo à prisão.


(antiga casa do administrador, atualmente reformada como Museu Municipal de Ourém)

48. Como se deram os interrogatórios e a prisão das crianças nos dias seguintes?

No dia seguinte, 14 de agosto, o administrador submeteu as crianças a táticas de puro terrorismo por meio de provações de todo tipo: longos e exaustivos interrogatórios, ameaças de morte terrível, prisão. Assim, fez conduzir as três crianças a uma cela da prisão de Ourém, sob a companhia de malfeitores de toda sorte. E foi com esta gente que os pequenos rezaram o terço, diante de uma medalha de Nossa Senhora que Jacinta trazia ao pescoço e que foi então dependurada num prego na parede!

Liberadas da prisão, as crianças foram expostas a mais interrogatórios e depois a mais confinamento na casa do administrador. Em todos os momentos, as crianças se mantiveram firmes no propósito de não revelar jamais o Segredo, conforme tinham prometido a Nossa Senhora. Desta forma, sem sucesso nas suas investidas, o administrador ordenou finalmente o retorno das crianças a Fátima e que elas fossem deixadas diante da casa paroquial, o que efetivamente ocorreu ao final da manhã do dia 15 de agosto de 1917, dia da Assunção de Nossa Senhora.



49. O que aconteceu no local das aparições no dia 13 de agosto?

Com a ausência das crianças e a consequente não aparição de Nossa Senhora, a multidão então reunida em torno da azinheira (estimada em mais de 6000 pessoas) foi testemunha de dois fenômenos diversos, pouco depois do meio dia:


(i) as pessoas ouviram inicialmente um som contínuo e fraco seguido por um ruído mais pesado de trovão e um relâmpago, após o qual perceberam uma nuvenzinha branca e transparente flutuando no ar sobre as suas cabeças até pousar sobre a azinheira para, pouco depois, elevar-se novamente e dissipar-se no céu azul;

(ii) depois deste evento, as pessoas notaram que os rostos, as roupas, o chão, os arbustos e tudo o mais em volta ficaram como que irisados, brilhantes e espargindo as cores do arco-íris em todas as direções.

Nesta ocasião, os peregrinos depredaram de tal forma a azinheira, arrancando-lhe as folhas e até mesmo galhos inteiros tomados como relíquias, que esta ficou praticamente destruída. Mais tarde, com a notícia da prisão das crianças, a multidão ficou revoltada e tendenciosa a marchar para Vila Nova de Ourém para libertá-las, mas foi contida pela presença e pronta intervenção do Tio Marto em favor da pacificação dos ânimos. A multidão então se dispersou em paz.

50. Em que consistiu o chamado 'tesouro de Maria Carreira'?

Na antevéspera da quarta aparição, uma camponesa chamada Maria dos Santos ou Maria Carreira*, natural da aldeia de Moita Redonda e peregrina assídua à Cova da Iria, tinha preparado um arco rústico e uma mesinha com flores nas proximidades do local das aparições. Muitos peregrinos que tinha ido à Cova da Iria naquele dia tinham depositado moedas sobre a mesinha, que acabou por ser derrubada durante a confusão que se seguiu à notícia do rapto e escondimento das crianças. A velha senhora recolheu o dinheiro numa bolsa e tentou repassá-lo primeiramente ao Tio marto, depois à Lúcia e até ao prior, sem sucesso em todas estas tentativas. Por fim, guardou o dinheiro em casa mas, preocupada, procurou Lúcia outra vez, pedindo a ela que intercedesse junto a Nossa Senhora sobre o melhor destino a ser dado ao dinheiro arrecadado na Cova da Iria. Lúcia, com efeito, perguntaria isso à Virgem na quarta aparição, ocorrida a 19 de agosto de 1917.

* uma das personagens mais curiosas da história das aparições de Fátima, começou a frequentar a Cova da Iria a partir da aparição de 13 de junho e se tornou a primeira grande entusiasta da preservação do sítio da pequena azinheira, bem como da construção da primeira capelinha no local das aparições, pelo que ficou conhecida como 'Maria Capelinha'.

sábado, 12 de agosto de 2017

O PENSAMENTO VIVO DE LÉON BLOY

'Quando se é um homem e se toca num princípio qualquer, é preciso esgotá-lo, sendo possível. Quando se toma uma certa direção, e não se é um imbecil ou um covarde, é preciso ir até o fim, não importa o que aconteça, ou então nunca se deveria ter tomado o bastão do viajante. Os corações valentes não param nunca no meio do caminho. Não tomam da Verdade isso, deixando aquilo, mas aceitam-na toda inteira, de modo a lhe serem fiéis até mesmo além da morte. Os semi-ordinários fazem-nos pena, e é um sentimento muito justo, pois todo erro não é senão um abuso da verdade. Mas, o que diremos de um homem honesto pela metade e, com mais razão, da metade de um cristão? Somente o que é Absoluto é verdadeiro'.

'O culto dos santos é sobretudo odioso para aquele inimigo (o Espírito do mal), porque os santos são uma carne mortal traspassada de glória, e porque, honrá-los é dedicar a essa divina Glória a mais perfeita das adorações. Ao mesmo tempo, os santos sustentam o mundo. Deus só fez a raça humana para que ela lhe desse Santos. E, quando essa raça não puder proporcioná-los mais, o universo se dissolverá como um pouco de poeira'.

'Só há uma tristeza: não se ser santo'.

'Falais em melhorar a condição dos que sofrem. Como podeis acreditar nessa possibilidade, se não tendes em vista senão o bem-estar material? E sois forçados a só ter isto em vista, posto que não tendes absolutamente nada a dar a suas almas. Ninguém fez tanto por eles, materialmente, quanto os homens de grande fé que a Igreja chama os Santos. Mas os santos sabiam que o corpo humano não é senão a aparência do homem e trabalhavam sobretudo por suas almas, as quais não morrem. Sabiam, também, que o Sofrimento é bom, sobrenaturalmente, para todos. E que o homem que não sofre ou não quer sofrer, é um filho deserdado do Filho de Deus que esposou a Dor, pois somente aquele que aceita sofrer, pode entrever o preço de sua alma'.

'Deus vos quer santo. Não digo virtuoso, nem honrado, o que basta aos burgueses. Mas, santo. E, a isso saberá vos obrigar, nem que seja à custa de terríveis dores'.

'Onde estão, hoje, as almas heroicas? Sei bem que o heroísmo pode ser encontrado, pelo menos em estado rudimentar, entre os nossos combatentes, mas o heroísmo integral, sem costura nem emenda, onde está ele? É o do cristão completo que tudo deu por amor de Deus antes de dar alguma coisa à pátria, e deve ser extremamente raro'.

'Nossa liberdade é solidária do equilíbrio do mundo, e é isso que é preciso compreender para não se ficar espantado com o profundo mistério da Reversibilidade, que é a designação filosófica do grande dogma da Comunhão dos Santos. Todo homem que produz um ato livre projeta sua personalidade ao infinito. Se dá de má vontade um vintém a um pobre, esse vintém fura a mão do pobre, cai, fura a terra, rompe os sóis, atravessa o firmamento e ameaça o universo. Se comete um ato impuro, obscurece talvez milhares de corações que não conhece, que correspondem misteriosamente a ele e que têm necessidade de que esse homem seja puro, como um viajante que morre de sede tem necessidade do copo de água do Evangelho. Um ato caridoso, um movimento de verdadeira piedade, conta em seu favor os louvores divinos desde Adão até o fim dos séculos, cura os doentes, consola os desesperados, apazigua as tempestades, resgata os cativos, converte os infiéis, protege o gênero humano'.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

FOTO DA SEMANA

'A erva seca e a flor fenece, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente' (Is 40, 8) 

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

BREVIÁRIO DIGITAL - ILUSTRAÇÕES DE NADAL (V)

Sanatur Haemorrhoissa; suscitatur filia Iairi

31. Evangelho (Mt 9. Mc 5. Lc 8): A cura da mulher com fluxo de sangue e da filha de Jairo

Mittit Ioannes duos discipulos ad IESVM

32. Evangelho (Mt 11. Lc 7): João envia dois discípulos a Jesus

Incidit in latrones viator

33. Evangelho (Lc 10): A parábola do Bom Samaritano

Ungit pedes IESV Magdalena

34. Evangelho (Lc 7): Maria Madalena unge os pés de Jesus

De Samaritana

35. Evangelho (Jo 4): A Mulher Samaritana (1)

De eadem Samaritana

36. Evangelho (Jo 4): A Mulher Samaritana (2)

Filium Reguli sanat IESVS

37. Evangelho (Jo 4): João cura o filho do oficial

Mittit Ioannes duos discipulos ad IESVM

38. Evangelho (Mt 13. Mc 4. Lc 8): A Parábola do Semeador

Parabola de Zizaniis

39. Evangelho (Mt 13): A Parábola do joio e do trigo

Male accipitur IESVS in patria

40. Evangelho (Mt 13. Mc 6. Lc 4): Jesus é rejeitado em Nazaré

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

SOBRE A HUMILDADE

Deus curou a alguns de repente, sem lhes deixar vestígios das enfermidades passadas, como o fez a respeito de Madalena, a qual, em um instante, de uma enxurrada de água corrompida, foi transformada em fonte de água perfeita e límpida, e nunca mais, desde aquele momento, foi turbada. Mas também este mesmo Deus deixou em muitos de seus caros discípulos não poucos vestígios de más inclinações algum tempo depois de convertidos, para a maior utilidade deles. Assim o testemunha São Pedro, o qual, depois da sua primeira vocação, muitas vezes tropeçou em imperfeições e até uma vez caiu de todo e tão miseravelmente, quando negou o seu divino Mestre.
 
Diz Salomão que é insolente uma escrava que de súbito se faz senhora de casa (Pv 30,23). Se a alma, que por muito tempo foi escrava das paixões, se tornasse de um momento para outro uma perfeita senhora de si mesma, correria o perigo de se tornar orgulhosa e vaidosa. Há de ser pouco a pouco, palmo a palmo, que devemos adquirir este domínio, em cuja conquista santos e santas gastaram muitas dezenas de anos.

Ficai em paz e suportai com paciência as vossas pequenas misérias. Sois de Deus sem reservas; Ele vos conduzirá bem. Se vos não livra tão depressa de vossas imperfeições é para o fazer com mais utilidade para vós e exercitar-vos por mais tempo na humildade, a fim de que fique esta querida virtude bem arraigada em vossa alma. Sabeis que já muitas vezes vos disse que devíeis ser igualmente afeiçoados à prática da fidelidade para com Deus e à humildade; da fidelidade, para renovardes as resoluções de servir à bondade divina tantas vezes quantas as violardes, apesar de toda a vossa cautela em não as transgredir; da humildade, para, no caso de as violardes, reconhecerdes a vossa miséria e abjeção.

Aqueles que aspiram a ter um amor puro a Deus não tem tanta necessidade da paciência para com os outros quanto consigo mesmos. Para sermos perfeitos, precisamos suportar as nossas próprias imperfeições. Eu digo suportar com paciência e não amar nem acariciar. Desde sentimento é que se alimenta a humildade.

(São Francisco de Sales)