terça-feira, 9 de julho de 2013

09 DE JULHO - SANTA PAULINA DO CORAÇÃO AGONIZANTE DE JESUS


A primeira santa brasileira nasceu Amábile Lúcia Visintainer em Vigolo Vittaro (Itália), em 16 de dezembro de 1865. A família imigrou para o Brasil quando Amábile tinha apenas 9 anos, fixando-se no povoado de Vigolo, em Nova Trento (SC), que recebeu o mesmo nome de sua terra natal. Aos 25 anos, após a morte da mãe, deu início, junto à amiga Virgínia Rosa Nicolodi, à obra que hoje é conhecida no Brasil inteiro e em muitos países como Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, fundada pela santa madre no dia 12 de julho de 1890. 

Em dezembro de 1895, Amábile e as duas primeiras companheiras (Virgínia e Teresa Anna Maule) fizeram os votos religiosos e Amábile recebeu o nome de Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus. A santidade e a vida apostólica de Madre Paulina e de suas Irmãs atraíram muitas vocações, apesar da pobreza e das dificuldades em que viviam.

Em 1903, Madre Paulina foi eleita Superiora Geral por toda a vida pelas Irmãs da nascente congregação, que deixou Nova Trento e estabeleceu-se em São Paulo. Neste período, sofreu grandes perseguições que culminaram em sua destituição e afastamento da própria Congregação que havia fundado. Somente em 1918, foi readmitida na mesma, passando, então, a morar na casa-sede da congregação no Bairro do Ipiranga em São Paulo, onde permaneceu até a sua morte.

Em 1938, tiveram início os sérios problemas de diabetes, que a levaram a amputar um braço e a ficar completamente cega. Morreu piedosamente aos 76 anos, em 9 de julho de 1942, sendo suas últimas palavras as de sua habitual jaculatória: "Seja feita a vontade de Deus".

Em 1933, o Papa Pio XI assinou o Decreto de Louvor reconhecendo a importância de sua obra de caridade. O processo de canonização de Madre Paulina teve início em 1965. A primeira Santa do Brasil foi beatificada pelo Papa João Paulo II em 18 de outubro de 1991, em Florianópolis, Estado de Santa Catarina, Brasil.

EXCERTOS DA HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II
NA CELEBRAÇÃO DA MISSA  DE BEATIFICAÇÃO
 DE MADRE PAULINA

Florianópolis, 18 de Outubro de 1991

1. Minha alegria no dia de hoje, queridos irmãos e irmãs de Florianópolis e de Santa Catarina, tem um motivo todo especial: a beatificação da Madre Paulina do Coração de Jesus Agonizante. Ela é, na verdade, uma representante bem legítima do povo catarinense. Como os pais e os avós de muitos dos que aqui estão, pertence ela a uma destas famílias que aqui chegaram no século passado e deram uma feição toda especial à terra catarinense.Foi uma destas famílias, vindas do Tirol e radicadas na região de Nova Trento, que deu ao Brasil e à Igreja a Madre Paulina. Hoje, diante de vós, ela será elevada pelo Papa à glória dos altares. 

Hoje, com a cerimônia da beatificação professamos nossa fé na Comunhão dos Santos. E ao mesmo tempo, consolida-se nossa esperança de santidade, de participação na vida de Deus. Ora, os santos nos indicam o caminho desta esperança. Deste modo cumprem eles uma particular tarefa dentro da missão evangelizadora da Igreja sobre a terra, e proclamam a vocação cristã à santidade. Eles nos exortam: “Revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição” (Cfr. Cl 3, 14).

2. Como foi que a Madre Paulina, que hoje proclamaremos beata, se revestiu desta caridade? O que mais se destaca na vida dos santos é sua capacidade de despertar o desejo de Deus, naqueles que tem a felicidade de deles se aproximar. Foi precisamente este o dom vivido em sumo grau por Madre Paulina. Soube ela converter todas as suas palavras e ações, num contínuo ato de louvor a Deus. Durante a juventude pediu a Deus a graça de entrar na vida religiosa com o único fim de amá-Lo e de servi-Lo com a maior perfeição possível. Sua conformidade com a vontade de Deus, levou-a a uma constante renúncia de si mesma, não recusando qualquer sacrifício para cumprir os desígnios divinos, especialmente no período, particularmente heróico, da sua destituição como Superiora Geral da Congregação por ela fundada.

Fruto desse grande amor de Deus, foi a caridade vivida pela Serva de Deus, desde menina até o último instante de sua vida terrena, em relação a todos que conviveram com ela. No seu testamento espiritual ela escreveu: Muito vos encareço que haja entre todas a santa Caridade, especialmente para com os doentes das Santas Casas, (os velhos) dos asilos, etc. Tende grande apreço pela prática da santa Caridade. Esse estar-para-os-outros, constituiu-se como o pano de fundo de toda sua vida. Os pobres e os doentes, foram os dois ideais da vida ascética da Madre Paulina, que, no seu serviço encontrava o incentivo para crescer no amor de Deus e na prática das virtudes.

3. Queridas filhas da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, o exemplo de santidade de vossa Madre Fundadora, recolhe esta mensagem perene que a Santa Igreja guarda como tesouro precioso.Ser santo significa opor-se ao pecado, à ruptura com Deus.A Igreja existe para a santificação dos homens em Cristo. É esta santidade que ela deve levar também aos homens do mundo secularizado para que não se profanizem. Por isso ela ensina também que santidade não é “alienação”, como às vezes se ouve dizer, mas uma maior familiaridade com as realidades mais profundas de Deus.

4. Foi precisamente esta capacidade de manter-se constantemente unida a Deus e, ao mesmo tempo, de desenvolver um intensíssimo trabalho pelo bem das almas, que caracterizou a vida da Beata Paulina do Coração de Jesus Agonizante. A Igreja a propõe, a partir de hoje, como modelo de vida a ser admirado e imitado.

5. Deus disse a Abraão: “Deixa tua terra, tua família e a casa do teu pai, e vai para a terra que eu te mostrar” (Gn 12, 1). Ele repete hoje a todos nós, a cada um de nós: deixa tua terra, que é um lugar de passagem, deixa o lugar da casa dos teus pais, lugar de tantas gerações - e vai para a terra que eu te indicar. A Beata Paulina do Coração de Jesus Agonizante seguiu este chamado de Cristo. Que o exemplo de Madre Paulina possa inspirar a todos uma resposta decidida, generosa, ao chamado de Cristo à santidade! Confio à proteção materna da Virgem Maria, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora do Desterro como A venerais aqui em Florianópolis, o presente e o futuro da Igreja no Brasil. Ela precisa, hoje, mais do que nunca, de santos!

domingo, 7 de julho de 2013

APOSTOLADO E ORAÇÃO

Páginas do Evangelho - Décimo Quarto Domingo do Tempo Comum


Eis a missão: levar a Boa Nova do Reino de Deus a todas as criaturas. Eis a síntese do apostolado cristão para os homens de sempre: anunciar o Evangelho de Cristo ao mundo inteiro. Ser missionário e se fazer apóstolo, aí estão as marcas de identidade de um cristão no mundo. De todos os cristãos: os primeiros doze apóstolos, os outros setenta e dois, os cristãos de todos os tempos, eu e você. Porque 'a messe é grande e os trabalhadores são poucos' (Lc 10, 2) e a nossa oração sincera é semente profícua que faz brotar novos apóstolos e novos missionários no Coração do Senhor da Messe.

Como cordeiros entre lobos, como emissários da paz entre promotores das guerras, os cristãos estão no mundo para torná-lo um mundo cristão. O apostolado começa com o bom exemplo, expande-se com o amor ao próximo, multiplica-se pela caridade. Não é preciso levar alforge ou vestimenta especial, apenas a entrega complacente à Santa Vontade de Deus. É imperioso o serviço da vocação; os frutos pertencem aos ditames da Providência. O reino de Deus deve ser proclamado para todos, em todos os lugares, mas a Boa Nova será recebida com jubilosa gratidão num lugar ou indiferença profunda em outro; aqui vai gerar frutos de salvação, mais além será pedra de tropeço. Em outros lugares ainda, será rejeitada simplesmente e, nestes, a sentença não será velada: 'Até a poeira de vossa cidade, que se apegou aos nossos pés, sacudimos contra vós' (Lc 10, 11).

Operários da grande messe do Senhor, nós, os cristãos, não podemos dispor das comodidades do mundo para vivermos a planura das alegrias efêmeras das calmarias. Não há amor sem sofrimento. Não há graça corrompida pelo respeito humano. Não há frutos de salvação em palavras amenas e solícitas. Deus nos quer valorosos combatentes da fé, pregadores perseverantes da Verdade Plena. À luz do Evangelho de Cristo, somos o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5, 13-14). E ainda que sejamos capazes de domar a natureza e realizar prodígios, a felicidade cristã não está nos eventos temporais aqui na terra, mas na Eterna Glória daqueles que souberam combater o 'bom combate' (2Tm 4,7) e os quais Jesus nomeou como santos de Deus: 'vossos nomes estão escritos no céu' (Lc 10,20).

sábado, 6 de julho de 2013

HISTÓRIAS QUE OUVI CONTAR (IX)

'Eu não sei rezar?' Este era o pensamento que sufocava Celeste. Mãe de família, ciosa de suas obrigações familiares, dona de casa exemplar, religiosa e dedicada às suas orações, às suas missas, às suas comunhões frequentes. E no entanto... Acendera a vela benta durante as provas do vestibular da filha Clara com tanta devoção! Rezara pedindo as bênçãos e as luzes de Nossa Senhora Aparecida, de Nossa Senhora do Carmo, de Santa Terezinha para a menina não ficar nervosa, para se concentrar nas questões, para ter o discernimento do espírito, para ter a inteligência aguçada, para ter controle emocional, para fazer bem as provas, para passar no vestibular. E no entanto... Não cuidara com tanto carinho da imagem sagrada, não refizera o caprichado arranjo do pequeno retábulo, não colocara o terço nas mãos da santinha, não acendera a vela com tanto fervor e confiança? E no entanto...

Só podia ser isso: ela não sabia rezar direito. Rezava, mas sem saber colocar as palavras, talvez pedisse muitas coisas, talvez pedisse sem confiança, talvez tivesse esquecido de agradecer antes de pedir... Talvez tivesse feito as orações de sempre, e não colocara a sua própria oração. Talvez tivesse falado muito com suas próprias palavras e esquecido as orações que Deus ouve mais. Talvez tenha se distraído mais do que devia, se desconcentrado no que rezava, perdido a presença de Deus em sua oração. Quem sabe rezara sozinha e devia ter rezado em família, talvez rezara em cima da hora quando devesse ter pedido as graças com mais antecedência. Quem sabe faltara naquele momento uma novena, quem sabe um terço a mais?

Celeste estava sozinha, mergulhada em tantos pensamentos, ciosa de todas as suas preocupações, aflita pela sua incapacidade de fazer acontecer o desejado, imobilizada pela graça não alcançada, tristíssima pela filha não aprovada no vestibular, desamparada na sua insegurança, sozinha de Deus na sua desventura de momento.

Diante de Celeste deprimida e angustiada, o seu Anjo da Guarda rezava. Por tão grande graça concedida a essa mulher inconformada, a essa mãe chorosa, a essa criatura absorvida em sua enorme fragilidade e insensatez. Deus não troca as alegrias da terra pelas sementes da glória. Os enlevos e os sonhos dos homens não constroem abrigos no céu. Clara haveria de passar em outro vestibular à frente e seria de outra forma que encontraria o homem que seria seu marido. Em outros lugares e sob outras circunstâncias, ela seria muito mais instrumento da graça para si e para muitos outros. De forma diversa sedimentaria os dons de Deus em seu coração, com outra vida. De forma diversa, sua alma correria ao encontro de Deus no fim de todos os seus dias. 

Na pequena sala de estar, uma criatura humana era tomada de amargor profundo e um Anjo glorificava por meio dela as maravilhas da misericórdia de Deus! 

PRIMEIRO SÁBADO DE JULHO


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem*, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
* Com base em aparições posteriores, esclareceu-se que a confissão poderia não se realizar no sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte.

A MORTE DO MAU SACERDOTE

Palavras de Deus a Santa Catarina de Siena (II)

Santa Catarina de Siena (1347 - 1380), doutora da Igreja

Filha querida! Se grande é a dignidade do bom sacerdote, enorme é a baixeza do sacerdote mau, e cheia de trevas a sua morte. No momento de falecer, os demônios o acusam tremendamente e mostram-lhe sua figura que, como sabes, é horrível. O homem deveria tolerar qualquer sofrimento nesta vida para não o ver jamais! O remorso corrói o mau sacerdote moribundo com mais violência; a sensualidade - até então considerada como senhora - e também os prazeres desordenados, acusam-no. Ao tomar consciência de coisas que desconhecia, o mau sacerdote se perturba grandemente, pois vivera como um infiel. O egoísmo apagara-lhe a iluminação da fé. Agora o demônio aponta sua maldade, provocando-lhe o desespero.

Muito difícil esta batalha para o mau sacerdote moribundo, desarmado, sem o escudo da caridade. Qual amigo do diabo, de tudo se vê despojado: não possui a iluminação sobrenatural da fé, nem a ciência sagrada. Nada compreendera desta última, porque a soberba não lhe permitira penetrar em sua natureza íntima. Na grande luta final, nem sabe o que fazer. Não se alimentara de esperança; jamais confiara no sangue de Cristo, do qual fora distribuidor. Sua confiança repousava em si mesmo, nos cargos importantes, nos prazeres mundanos. Ó infeliz demônio encarnado, a quem eu tudo confiara com abundância! Na hora de me prestares contas, estás com as mãos vazias!

Para qualquer lado que se volte, o mau sacerdote só encontra repreensões na hora da morte, em uma grande confusão. As injustiças cometidas durante a vida acusam-no em sua consciência; resta-lhe apenas a coragem de implorar a justiça divina. Afirmo-te que grandes são a sua perturbação e vergonha; só um auxílio lhe resta: o costume de esperar no meu perdão. Tal costume no pecador havia sido, sem dúvida, um ato de presunção; não se pode dar o nome de confiança no perdão à atitude de quem peca por esperar ser perdoado. Isso é presunção. De qualquer modo, tal comportamento é levado em consideração, quando o pecador reconhece os próprios males antes da morte e se confessa. Nesse caso, a presunção também é esquecida, desaparece com o perdão. Mesmo para os pecadores, minha misericórdia sempre constitui um fiozinho de esperança; não fosse ela, cairiam no desespero e iriam com os demônios para a eterna condenação.

É bondade minha o fato de que os maus possam esperar no meu perdão. Deixo-lhes essa esperança para que, confiantes no perdão, deixem de pecar. Desejo que cresçam na caridade em consideração de minha generosidade. Infelizmente servem-se dela em sentido inverso: ofendem-me porque confiam no perdão. Assim mesmo eu os conservo vivos; quero que lhes fique um ponto de apoio no último instante, para que não se desesperem e não se condenem. Este pecado de desespero desagrada-me e prejudica os homens mais do que todos os outros males. É o mais prejudicial pelo seguinte: os demais vícios são cometidos pelo incentivo de algum prazer; deles a pessoa pode, portanto, arrepender-se e obter o perdão. No pecado de desespero o homem não é movido por fraqueza alguma. O ato de desesperar-se não inclui debilidade, mas somente intolerável dor. Quem desespera, despreza minha misericórdia e julga que seu pecado é maior que minha bondade. Quem faz tal pecado já não se arrepende, já não sente dor pela culpa. Poderá o responsável queixar-se do castigo recebido, mas não da ofensa cometida. Por essa razão são condenados.

Como vês, é o pecado do desespero que conduz alguém ao inferno, mas lá o homem sofrerá também por causa dos outros erros. Quando o pecador se arrepende das faltas passadas, é perdoado. Minha misericórdia é infinitamente maior que todos os pecados que um homem possa cometer. Entristece-me o fato de que alguém considere suas faltas maiores que meu perdão. Esse é o pecado que não será perdoado nem neste mundo, nem no outro (Mt XII, 32). Desagrada-me o ato de desespero de quem passou a vida no mal; gostaria que se apoiasse no meu perdão. Eis a razão por que permito aquele engano em que vivem, confiando em meu futuro perdão. Acostumados com tal esperança, dificilmente irão abandoná-la no momento da morte, diante das duras repreensões. Seria mais difícil, se não tivessem esse hábito.

Todas essas coisas são concedidas aos pecadores pela chama e abismo do meu imenso amor. Mas, devido ao egoísmo que é fonte de todos os males, abusam de mim; desconhecem minha caridade, transformam a confiança em presunção. Esta é, aliás, uma das repreensões que irão receber da própria consciência diante do demônio. Serão acusados porque tinham o dever de usar a vida e meu perdão para progredir no amor e nas demais virtudes; deviam passar o tempo na prática do bem. Mas na realidade, serviram-se do tempo e da minha misericórdia ofendendo-me desastrosamente.

Ó grande cego, enterraste a pedra preciosa e o talento (Mt XXV, 25) que eu colocara em tuas mãos para que os fizesses frutificar! Com muita presunção, recusaste cumprir o meu desejo. Enterraste-os no solo do egoísmo; agora colhes seu fruto mortal. Infeliz! Como é grande o castigo que recebes agora, no fim da vida. Conheces tuas culpas; o remorso já não dorme, como antes. Chamam-te os demônios e sabem que mereces a condenação. Desejosos de que não lhes escapes das mãos, provocam-te ao desespero, lançam-te à perturbação. Aspiram por que venhas a ter o que já possuem. Ó infeliz, tua dignidade sacerdotal mostra-se brilhante ante os teus olhos! Assim, envergonhado, reconhecerás como a mantiveste nas trevas. Os bens pertencentes à igreja ali estarão a recordar-te que és um ladrão, um devedor de coisas que pertenciam a ela e aos pobres. A consciência faz-te pensar no dinheiro gasto com prostitutas e na educação dos filhos, no enriquecimento de parentes e na gula, em ornamentação da casa, em vasos de prata, ao passo que era teu dever ser voluntariamente pobre. A consciência ainda recordar-te-á o ofício divino que deixaste de recitar sem medo de cometer pecado mortal; recordará como, ao recitá-lo com a boca, teu coração estava bem longe. Em forma de horrível demônio, ela mostrará os súditos pelos quais devias ter caridade e zelo, aos quais devias alimentar com a virtude, o bom exemplo, e corrigir com misericórdia e justiça. A ti, prelado, ela recordará prelaturas e curas de alma que erradamente confiaste sem olhar para quem e como davas. Não podias entregá-las motivado por discursos bajuladores e com a finalidade de agradar ou ganhar presentes. Ela far-te-á compreender que era preciso ter olhado as virtudes do candidato, considerar onde estava minha glorificação, quem poderia ser de maior utilidade à salvação dos homens. Por ter agido assim, serás repreendido. Por fim, para maior pena e confusão, passará diante de teu pensamento tudo o que não devias fazer e fizeste, tudo o que devias fazer e não fizeste.

Filha querida, as cores branco e preto destacam-se mais quando colocadas uma ao lado da outra. O mesmo acontece com estes infelizes sacerdotes moribundos. Na hora da morte, compreendem melhor os próprios males e virtudes. Ao sacerdote justo aparece claramente sua felicidade; ao pecador, a sua vida criminosa. Não é preciso que alguém lhes dê explicações. A própria consciência mostra os pecados cometidos e as virtudes que deveriam ter praticado. Queres saber por que o pecador se recorda também das virtudes? Porque colocando-se, lado a lado, vício e virtude, o conhecimento do bem realça a gravidade do mal e envergonha. Igualmente a virtude é esclarecida pelo mal e a pessoa sente maior dor ao ver que viveu distante do bem.

Em tal conhecimento da virtude e do vício, os sacerdotes maus percebem qual é a felicidade reservada aos virtuosos, bem como qual o castigo preparado para quem viveu nas trevas do pecado mortal. Propício tal conhecimento, não para induzir o homem ao desespero, mas a fim de que se conheça perfeitamente e se envergonhe de ter pecado. Essa vergonha e autoconhecimento querem levar o moribundo a dar reparação pelos seus pecados, aplacando minha justiça com o humilde pedido de perdão. Quanto ao sacerdote virtuoso, este esclarecimento final acresce a alegria de te vivido bem e de ter trilhado a mensagem de Cristo, não por bondade sua, mas minha. Leva-o a rejubilar-se em mim e, com tal visão, a atingir a meta da felicidade. (...).

É desta forma que o justo, após ter vivido na caridade, alegra-se, e o pecador sofre. Com a visão do demônio e as trevas, nada padece o justo; somente o pecado prejudica o homem. Sofrem e temem aqueles que viveram na impureza e outras degradações. Em si mesma a visão do diabo e das trevas não constituem motivo de desespero; é um sofrimento que urge o remorso, o temor. Como vês, minha filha, é muito diversa a agonia de uns e de outros, da mesma forma que são diferentes suas metas finais. Revelei-te a mínima parte, como que um nada em comparação com a realidade, seja dos castigos como da beatitude. Esforça-te por compreender a cegueira humana, especialmente dos maus sacerdotes. Dei-lhes tantas coisas; foram esclarecidos pela Escritura Sagrada! Sua confusão será maior. Durante a vida conheceram a Bíblia de um modo mais perfeito; por isso, na hora da morte terão mais consciência dos seus males. Maiores tormentos também receberão que os demais cristãos, da mesma forma como os bons sacerdotes obterão maior glória.

Acontece-lhes como para o cristão e o pagão que vão para o inferno. O cristão terá maiores sofrimentos, porque possuía a fé e a ela renunciou, ao passo que o pagão nunca a teve. Assim, os sacerdotes maus sofrerão mais que os simples cristãos, por causa do ministério de distribuir o sol no Santíssimo Sacramento. Se eles tivessem querido, discerniriam a verdade, pois possuíam a ciência sagrada. Por justiça padecem mais. Mas infelizmente os maus sacerdotes não o compreendem. Com um pouco de entendimento sobre a própria condição, evitariam tais desgraças. Viveriam no modo conveniente. Embora esteja o mundo todo corrompido, os sacerdotes são hoje piores que os leigos. Eles mancham a própria alma, corrompem os súditos, enfraquecem a santa Igreja. Empalidecem-na com seus defeitos, negam-lhe amor, gostam só de si mesmos. Da Santa Igreja querem apenas desfrutar cargos e rendas, esquecidos do dever de procurar as almas. Suas vidas tornam os leigos desrespeitosos e desobedientes, muito embora tal atitude não se justifique pelos defeitos dos ministros.

Sumário e exortação:

Teria eu ainda muitos defeitos dos sacerdotes para contar-te, mas não quero ferir teus ouvidos.(...) Filha querida, quero convidar-te, e também os outros servidores meus, a que choreis sobre esses (sacerdotes) mortos. Permanecei na Santa Igreja, alimentai-vos com o desejo santo e contínuas orações. Oferecei-as a mim em favor deles. Quero ser misericordioso para com o mundo. Não deixeis de fazê-lo! Nem por motivos de dificuldades, nem de comodidade; não desejo ver em vós reações de impaciência ou de exagerada alegria. Com humildade, aplicai-vos em dar-me honra, em salvar as almas, em reformar a Santa Igreja. Será esse o sinal de que tu e os demais servidores realmente me amais.

Certa vez eu te manifestei o seguinte: 'Quero que tu e os outros servidores sejais sempre ovelhas da Santa Igreja, suportando adversidades até o momento da morte'. Se fizerdes tal coisa, cumprirei os teus desejos.

(Excertos da obra 'Diálogo' de Santa Catarina de Siena)

sexta-feira, 5 de julho de 2013

A MORTE DO BOM SACERDOTE

Palavras de Deus a Santa Catarina de Siena (I)

Santa Catarina de Siena (1347 - 1380), doutora da Igreja

Sabes que o sofrimento existe por causa da vontade; ninguém padeceria, se a vontade de todos fosse reta e estivesse em conformidade com a minha. Com isto não quero dizer que iriam desaparecer as dificuldades. É o sofrimento que não existiria, pois as contrariedades seriam voluntariamente aceitas por meu amor. As pessoas aceitariam-nas, por saber que são queridas por mim. O homem conformado à minha vontade é desapegado de si mesmo, vence o mundo, o demônio e a carne; ao chegar o momento da morte, seu falecimento acontece na paz. Como seus inimigos foram vencidos durante a vida, já renunciou a seus prazeres; a carne enfraquecida não se ergue para o acusar, uma vez que foi dominada pela mortificação, vigílias, oração humilde e contínua. Graças à renúncia ao pecado e apego à virtude, não sente mais tendências para o que é sensível e amor pelo corpo, atitudes essas que tornam a morte indesejável. Por um sentimento natural, o homem teme a morte; o justo supera esse sentimento, vence o medo natural mediante o desejo de alcançar a meta. Desaparece, pois, todo sofrimento que vem do apego natural ao corpo.

A consciência do homem justo que agoniza está tranquila; durante a vida ela montou boa guarda, dera o alarme quando os inimigos da alma queriam assaltar a cidade interior. Como o cachorro late à chegada dos inimigos e acorda os guardas, assim ela sempre advertia a razão. Esta última, em ação conjugada com o livre arbítrio, distinguia quem era o inimigo, quem não. Diante dos amigos - virtudes e santos desejos do coração - acolhia-os com atenções; quanto aos inimigos - vício e maus pensamentos - eram afastados com a espada do ódio e do amor. Dessa forma, na hora da morte a consciência não atormenta. O interior da pessoa constitui uma família feliz, tudo está em paz. É verdade que o homem humilde, que conhece o valor do tempo e das virtudes, acusa-se na hora da morte por não ter aproveitado melhor a própria vida. Mas tal atitude não causa aflição; é mesmo meritória. Leva a pessoa a concentrar-se e a considerar o sangue do Cordeiro imaculado e humilde. Naquele instante a alma não fica a pensar nas virtudes práticas; sabe que não pode confiar nelas, mas unicamente no sangue de Cristo, onde achou o perdão. Mas como a lembrança do sangue sempre a acompanhara, também naquele último instante nele se inebria e afoga.

Quanto aos demônios, não tendo em que acusar o justo, aproximam-se à procura de qualquer coisa. São muito feios e creem atemorizar o justo por suas figuras. Como no justo não há pecado, a visão dos demônios não atemoriza. E eles, ao notar a alma mergulhada no sangue de Cristo, afastam-se atacam de longe, sem perturbar o homem. De fato, este último já começou a gozar da vida eterna. Pela fé, já contempla o bem infinito e eterno, que sou eu; pela esperança, não por méritos pessoais mas por dom gratuito, está seguro de atingir-me na virtude do sangue de Cristo; com a caridade, estende seus braços e abraça-me. Antes de chegar a mim, a alma já me possui. Imersa no sangue, atravessa a porta estreita que é Cristo e projeta-se em mim, pacífico mar. Completa é a união entre o mar, que sou eu, e aquela porta; eu e meu Filho somos uma só coisa. Que alegria sente o homem ao atingir a meta final! Alegra-se pela felicidade dos anjos, e, como passara a vida na caridade humana, participa agora da beatitude dos santos.

Esse é o prêmio de qualquer pessoa que tenha vivido santamente. Meus sacerdotes, que foram anjos na terra, gozarão muito mais. Já nesta vida fora maior seu conhecimento, maior o desejo de minha glória e de salvação da humanidade. Além da iluminação comum, possível a qualquer cristão que vive virtuosamente, meus ministros possuíram a luz da ciência, pela qual conhecem meu Filho Jesus. Ora, quem mais conhece, mais ama; e quem mais ama, mais recebe. O mérito acompanha a caridade.

Poderás perguntar: 'E uma pessoa que não possui a ciência sagrada, poderá atingir esse amor?' Respondo-te: sim, é possível atingi-lo. Mas, supondo que isso aconteça, será um caso especial, não a norma geral. Além de tudo isso, pela sua própria dignidade sacerdotal, os ministros terão maior posição no céu, uma vez que na terra tiveram por função a conquista de homens para a glória. Embora todos vós tenhais a obrigação de amar a humanidade, aos sacerdotes é confiada a guarda do sangue e, ainda, o governo dos homens. Se cumprem com zelo e virtude essa função, terão maior prêmio que os demais.

Como é feliz o bom sacerdote ao chegar o momento da morte. Tendo sido o pregador e o defensor da fé nesta vida, terminou assimilando-a no fundo do próprio ser. Pela fé, ele conhece seu lugar junto a mim. Vivera sempre esperando na minha providência, desconfiado de si mesmo; não colocara sua esperança nos próprios conhecimentos, não amara desordenadamente pessoas ou coisas criadas. Vivera na pobreza. Alegremente confiara em mim, seu coração fora um vaso de amor. Com muita caridade anunciara meu nome aos homens, confirmando suas palavras com o exemplo de uma vida honesta e santa. Eleva-se, agora, num inefável ato de caridade e abraça-me; entrega-me a pedra preciosa da justiça, com que durante sua vida tratara os outros. Com discernimento cumprira o seu dever; com humildade rende-me o preito da justiça: glorifica-me, honra-me, reconhece que a mim deve a graça de ter vivido com a consciência pura. Pessoalmente, julga-se indigno de tão sublime dom. Sua consciência testemunha em meu favor e eu, por justiça, dou-lhe a coroa (2Tm IV, 8), adornada de virtudes.

Ó anjo da terra, feliz de ti que não foste ingrato ante os favores recebidos, nem negligente ou maldoso. Com zelo, iluminado, vigilaste sobre os teus súditos; pastor corajoso, seguiste a mensagem do pastor bondoso e verdadeiro, o doce Cristo Jesus, meu Filho unigênito. Imerso no sangue tu passaste (Jo X, 9) por Ele juntamente com os súditos. Pelo ensino e bom exemplo conduziste muitos à vida eterna; outros, deixaste na terra no estado de graça! Filha querida, a presença dos demônios não perturba meus sacerdotes na hora da morte por causa da compreensão que têm de mim na fé e no amor. Eles estão isentos de pecado, por isso o negrume do diabo não os angustia, não os amedronta. Isentos do medo servil, acham-se no santo temor. Superam, pois, as ilusões diabólicas pela iluminação sobrenatural da fé e com a Sagrada Escritura. Já não padecem nenhuma obscuridade ou perturbação no espírito. Cheios de glória, embebidos no sangue, zelosos pela salvação alheia, inflamados de caridade entram pela porta do Verbo encarnado e adentram-se em mim (Pai eterno). Bondosamente os coloco em seus respectivos lugares, conforme o grau de amor com que até mim chegaram.
(Excertos da obra 'Diálogo' de Santa Catarina de Siena)

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque  durante a oitava da festa de Corpus Christi  de 1675...

         “Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra”.


... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente das licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número possível de almas.

Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.