segunda-feira, 1 de outubro de 2012

01 DE OUTUBRO - SANTA TERESA DE LISIEUX


Chamada de ‘maior santa dos tempos modernos’ e recentemente elevada à glória de doutora da Igreja Católica, Teresa de Lisieux transformou-se num dos personagens mais venerados no mundo católico como ‘Santa Teresinha do Menino Jesus’. Feitos extraordinários para uma simples carmelita, que viveu no mais absoluto ostracismo e morreu com apenas 24 anos de idade. Marie Françoise Thérèse Martin nasceu em Alençon, em 02/01/1873, e faleceu em Lisieux, em 30/09/1897. Foi canonizada em 17 de maio de 1925 pelo Papa Pio XI, que posteriormente a declarou ‘Patrona Universal das Missões Católicas’ em 1927. O Papa João Paulo II tornou-a Doutora da Igreja no dia 19 de outubro de 1997. 

Por desígnios divinos, Santa Teresinha foi a preceptora de um particular caminho de santificação: a chamada ‘pequena via’, a via de confiança absoluta à vontade de Deus. Na plena aceitação dos desígnios divinos sobre as almas de cada um de nós, no abandono de nossas vidas nos braços de Jesus Cristo, na entrega total de nossas ações e pensamentos à proteção da Santíssima Virgem: eis aí a pequena via, o caminho da infância espiritual, a gloriosa trilha de santificação para os homens comuns, o espantoso atalho ao Céu, proposto e vivido intensamente pela santa carmelita. Eis a sua pequena via maravilhosa de santificação: basta aceitar a nossa própria pequenez, a imensa fragilidade humana que nos domina, as enormes limitações de viver em plenitude os desígnios de Deus sobre as nossas almas; fazer de tantas imperfeições e fragilidades, não meros obstáculos, mas as próprias pedras do caminho, rejuntadas e consolidadas firmemente num imenso amor e numa confiança sem limites na bondade e misericórdia de Deus. 

Além de cartas e poesias (e outros documentos registrados por suas irmãs do Carmelo), o legado de Santa Teresinha está por inteiro em sua famosa obra ‘História de uma alma’ (publicado originalmente em 1898), que registra, além de seus manuscritos autobiográficos e de suas proposições espirituais, as premissas e os fundamentos do seu caminho da infância espiritual. 

Nesta pequena via, a santificação começa e termina pelo propósito de fazer, de cada dia, mais um passo na peregrinação ao Céu, transformando cada ação diária, cada ato da nossa vida mundana, por mais simples e despojado que seja, em obra de perfeição cristã, compartilhado e vivido para a plena glória do Pai (‘sede perfeitos como vosso Pai do Céu é perfeito’). Nesta pequena via, a santificação é caminho simples e fácil para todos os homens e mulheres dos nossos tempos, e precisa apenas da resolução tão claramente expressa na curta vida da carmelita de Lisieux: ‘nunca distanciar a minha alma do olhar de Jesus’.

domingo, 30 de setembro de 2012

EUCARISTIA - IX


IX -  NÃO PROFANAR OS SANTOS MISTÉRIOS

A Sagrada Eucaristia é a incorporação mística e espiritual da nossa alma com Jesus, tornada possível através do nosso contato físico com as sagradas espécies. Jesus Cristo, por inteiro, corpo, sangue, alma e divindade, está presente na Sagrada Eucaristia, sob as aparências do pão e do vinho, sob a reverberação das palavras do Mestre na sinagoga de Cafarnaum e na última Ceia, diante de seus apóstolos: a minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida. O ato eucarístico é, pois, um ato de profunda adoração a Deus e é inadmissível que a adoção de determinadas práticas abusivas e a negligência espiritual  possam comprometer e desfigurar a alma da Igreja de Cristo e o cerne de nossa vida cristã.

Para muitos sacerdotes e leigos, as considerações prévias têm sido objeto de uma descrédito generalizado, associado a um enorme ceticismo e  uma completa inconsciência diante dos fatos e das realidades dos tempos atuais, quando não a um desdém puro e simplesEste impressionante estado de letargia e relaxamento moral tem propiciado um ambiente de profunda deterioração moral, que favorece em larga escala a  perda da verdadeira fé e a difusão de uma apostasia cada vez maior e mais profunda.

Por outro lado, embora em número bem mais reduzido, há igualmente sacerdotes e leigos bastante preocupados com esta avalanche de concessões ilícitas que ofendem direta e gravemente  o Santíssimo Corpo de Jesus. Entretanto, por desânimo ou comodismo, “tocam” o barco e a transposição das reflexões à ação concreta dilui-se nas preocupações cotidianas e no bochorno do fácil anonimato. Para estes, são especialmente dirigidas as palavras de perseverança e de  fidelidade, expressas pelo insistente pedido de São Paulo a Timóteo (2Tm 4,2): “proclama a palavra, insiste oportuna e inoportunamente, argumenta, repreende, aconselha, com toda a paciência e doutrina”.

O que não vem de Deus é obra de satanás e ele, mais do que os homens, sabe e reconhece o manancial de graças e de misericórdias que se desprendem dos céus sobre a Terra a cada santa e digna comunhão. Não é de estranhar, portanto, a sua ação diabólica e concentrada sobre o mistério eucarístico, conspurcando os santos costumes  e minando drasticamente as práticas da sã doutrina de Deus e usando para isso, o orgulho, a vaidade e a cegueira impressionantes desta geração de homens tolos e insensatos.

E os céus esperam uma resposta e um “basta” do Corpo Místico de Cristo a esse flagelo de dores e profanações. Em quantas igrejas, tem-se pedido insistentemente pela paz, pela fraternidade e pela justiça? Quantos filhos de Deus têm repetidamente invocado as graças e a misericórdia do Pai sobre o mundo e toda a humanidade? Quanta oração, jejum, penitência são recolhidos diariamente pelo tesouro espiritual da Igreja? Menos pelo mérito humano e muito mais pela misericórdia do Pai, tudo se torna graça abundante, livre para retornar aos filhos de Deus. Que responsabilidades pessoais e comunitárias nos cabem para que a Santa Eucaristia seja uma porta aberta e generosa para canalizar a miríade de graças e dádivas que os céus despejam sobre os homens a cada dia?

Por fim, dois aspectos cruciais, relativos aos ritos da Última Ceia, deveriam merecer de nossa parte absoluta reflexão e ponderação, quando transplantados ao sacramento atual da Sagrada Eucaristia. O primeiro deles se refere à passagem  do aviso da traição de Judas. Embora expresso de forma diferente no Evangelho de São João, é interessante observar e refletir sobre a estranha e sintomática forma que Jesus utilizou para indicar o apóstolo da traição, conforme os relatos dos Evangelhos de São Mateus, São Marcos e São Lucas: “um de vós que come comigo há de me entregar ... (o) que coloca a mão no mesmo prato comigo.” Na sagrada eucaristia, milhares de homens e mulheres tomam também hoje o Santíssimo nas mãos e reproduzem, com malícia diabólica, o gesto tresloucado e suicida da traição de Judas.

O segundo aspecto é ainda mais perturbador para a Igreja atual. Por que Nossa Senhora, presente a cada minuto da vida e da pregação pública de Jesus, das bodas de Caná às dores do Calvário, da Anunciação do Anjo à Páscoa da Ressurreição, como Medianeira Universal e Co-Redentora, poderia estar ausente exatamente no momento crucial da instituição da eucaristia por Jesus? É uma pergunta, como tantas outras, que extrapola a nossa condição humana e se contextualiza nos desígnios do Pai. Mas uma certeza absoluta nós podemos ter, isso não ocorreu por acaso e nem por esquecimento. Seria muito prudente que as mulheres que estão hoje nos altares, tocando e distribuindo as sagradas espécies, ainda que com as melhores intenções, refletissem profundamente sobre este mistério e reavaliassem, no contexto do verdadeiro papel da mulher na Igreja de Cristo,  se não estão sendo causa apenas de juízo e condenação. 

Eucaristia I: Primeira Parte (Primeiro Domingo de Agosto)
Eucaristia II: Segunda Parte (Segundo Domingo de Agosto)
Eucaristia III: Terceira Parte (Terceiro Domingo de Agosto)
Eucaristia IV: Quarta Parte (Quarto Domingo de Agosto)
Eucaristia V: Quinta Parte (Primeiro Domingo de Setembro)
Eucaristia VI: Sexta Parte (Segundo Domingo de Setembro)
Eucaristia VII: Sétima Parte (Terceiro Domingo de Setembro)
Eucaristia VIII: Oitava Parte (Quarto Domingo de Setembro)

sábado, 29 de setembro de 2012

PALAVRAS DE SALVAÇÃO





‘Quem (é) como Deus?’

(SÃO MIGUEL ARCANJO)

29 DE SETEMBRO - SÃO MIGUEL ARCANJO

(São Miguel com elmo e armadura medieval - Catedral de Bruxelas)

'Houve uma batalha no Céu: Miguel e os seus Anjos guerrearam contra o Dragão. O Dragão batalhou, juntamente com os seus Anjos, mas foi derrotado e não se encontrou mais um lugar para eles no Céu.' (Apoc. 12, 7-8).

'Naquele tempo, surgirá Miguel, o grande Príncipe, constituído defensor dos filhos do seu povo e será tempo de angústia como jamais houve.' (Dan. 12, 1).

Assim como Lúcifer é o chefe dos demônios, Miguel é o maior dentre os anjos, Príncipe das milícias celestes, protetor da Santa Igreja e da humanidade contra as forças do inferno. Assim, a designação de arcanjo (oitavo coro dos anjos) tem sentido genérico e nominativo, pois certamente São Miguel, sendo o primeiro dentre os Anjos, é o maior dos serafins. Dentre os vários santuários destinados ao Príncipe das milícias celestes, destaca-se aquele localizado no Monte Saint Michel na França, cuja foto constitui a abertura e o símbolo deste blog.

(Santuário de São Miguel - Monte Saint Michel/França)



sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A ORAÇÃO A SÃO MIGUEL ARCANJO (PAPA LEÃO XIII)

Papa Leão XIII (1810 - 1903)

A ‘Oração a São Miguel Arcanjo’, composta pelo Papa Leão XIII, tem origem num fato bastante singular. Em 25 de setembro de 1888, após a missa da manhã, o Papa Leão XIII sofreu um desmaio, e muitos o julgaram morto. Assim que recuperou a consciência,  o Santo Padre descreveu um diálogo espantoso que parecia provir do tabernáculo, cujas vozes identificou claramente como sendo as de Cristo e do demônio. Na conversa, o diabo se vangloriava de que era capaz de destruir a Santa Igreja, desde que lhe fosse concedido um prazo fatídico de 100 anos para fazê-lo e que lhe fosse dado maior poder de influência sobre aqueles que o serviam. Em resposta, tal poder e tempo lhe foram concedidos por Jesus Cristo. Sob o impacto profundo destes fatos, o Papa Leão XIII compôs a ‘Oração a São Miguel’, que incorpora um profundo caráter profético, impondo a sua recitação ao final da Santa Missa, como medida de proteção da Igreja contra a ação das forças malignas. A oração completa de São Miguel é transcrita abaixo.

ORAÇÃO A SÃO MIGUEL ARCANJO

'Ó glorioso príncipe da milícia celeste, São Miguel Arcanjo, defende-nos no combate e na luta terrível contra os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os espíritos malignos espalhados pelos ares (Ef. 6)! Vem em auxílio dos homens que Deus criou imortais, feitos à sua imagem e semelhança e que remiu por alto preço da tirania do demônio (Sab. 2; I Cor. 6). 

Combate neste dia, com o exército dos santos anjos, a batalha que o Senhor outrora combateu contra Lúcifer, o chefe dos orgulhosos, e contra os anjos caídos que foram impotentes para resistir e para os quais não há mais lugar no céu. Sim, este grande dragão, esta antiga serpente chamada demônio ou Satanás, que seduz o mundo inteiro, foi precipitado com os seus anjos no fundo do abismo (Ap 12). Mas eis que agora este velho inimigo, este mesmo homicida, levanta ferozmente a cabeça. Disfarçado como um anjo de luz e seguido pela turba inteira dos espíritos malignos, percorre o mundo inteiro para dele se apoderar e banir o nome de Deus e do seu Cristo, para perseguir, matar e levar à perdição eterna as almas destinadas à glória eterna. Sobre os homens de espírito perverso e de coração corrupto, este dragão do mal derrama também, como uma torrente de lama impura, o veneno de sua malícia infernal, ou seja, o espírito da mentira, da impiedade, da blasfêmia e o hálito envenenado da impureza, dos vícios e de todas as abominações.

Os inimigos cheios de astúcia têm acumulados opróbrios e amarguras à Igreja, esposa do Cordeiro imaculado e lhe dado a beber absinto; sobre seus bens mais sagrados impõem suas mãos criminosas para a realização de todos os seus ímpios desígnios. Lá, no lugar sagrado onde está instituída a sede de São Pedro e a Cátedra da Verdade para iluminar os povos, foi instalado o trono da abominação de sua impiedade, com o desígnio iníquo de ferir o Pastor e dispersar as ovelhas.

Nós te suplicamos, ó príncipe invencível, ajuda o povo de Deus e concede-lhe a vitória contra os ataques destes espíritos dos réprobos. Este povo te venera como seu protetor e padroeiro, e a Igreja se gloria de tê-lo como defensor contra os poderes malignos do inferno. A ti Deus confiou a missão de conduzir as almas para a felicidade celeste. Roga, portanto, ao Deus da paz que submeta Satanás aos nossos pés, tão derrotado e subjugado, que nunca mais possa impor a escravidão aos homens, nem prejudicar a Igreja! Apresenta as nossas orações à vista do Todo-Poderoso para que as misericórdias do Senhor nos alcancem o quanto antes. Submete o dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás, e o precipite acorrentado no abismo para que não mais possa seduzir as nações (Ap 20). Amém.

Desde já confiados à sua assistência e proteção, com a sagrada autoridade da Santa Igreja e em nome de Jesus Cristo, Deus e Nosso Senhor, comprometemo-nos com fé e segurança repelir aos ataques da astúcia diabólica.'

Oremos: ‘Ó Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, nós invocamos vosso Santo Nome e imploramos insistentemente a Vossa clemência para que, pela intercessão da Imaculada sempre Virgem Maria, nossa Mãe, e do glorioso São Miguel Arcanjo, de São José, esposo da mesma Santíssima Virgem, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e de todos os santos, dignai-vos proteger contra Satanás e contra todos os espíritos malignos que vagueiam pela terra para destruir a humanidade e fazer perder as almas. Amém’.

Em 1934, a oração original do Papa Leão XIII foi alterada sem maiores explicações. O trecho relativo ao avanço da apostasia universal até as portas da Igreja, ou seja, ao próprio Vaticano (‘a sede de São Pedro’) foi eliminado (Em La Salette, em 1846, Nossa Senhora já havia vaticinado que ‘Roma perderá a fé e se converterá na sede do Anticristo’, demonstrando, assim, cabalmente, a vinculação profética de La Salette com a ‘visão’ de Leão XIII, bem como a gravíssima situação a que estaria submetida a Santa Igreja). Adicionalmente, a oração completa foi substituída por uma versão bem mais sucinta (dada abaixo), que traduz de forma muito difusa o espírito e a força da oração original:

'São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede o nosso refúgio contra as maldades e ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos, e vós, príncipe da milícia celeste, pela virtude divina, precipitai no inferno a satanás e a todos os espíritos malignos, que andam pelo mundo para perder as almas. Amém'.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

VERSUS: FALSAS APARIÇÕES X APARIÇÕES AUTÊNTICAS

No acervo enorme das aparições de Nossa Senhora nos últimos tempos, há que se considerar sempre o aspecto da autenticidade de tais eventos. Acreditar ou não em uma determinada aparição?  O problema, na verdade, não é este. O antigo Código Canônico (cânones 1399 e 2318) proibia a edição e a divulgação de manifestações e revelações de natureza particular, mas ambos foram suprimidos pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, no pontificado de Paulo VI. Neste novo cenário, estas mensagens podem ser publicadas e divulgadas publicamente, ainda que sem a licença formal de uma autoridade eclesiástica, desde que estejam em plena conformidade com os ensinamentos da moral cristã, expressa pelas mensagens bíblicas e pela tradição da Santa Igreja. Assim, é tão razoável acreditar quanto não acreditar. 

Por outro lado, as ações do demônio são, substancialmente, as de atacar e violentar as práticas cristãs mais autênticas, particularmente as que trazem mais frutos de graças para a salvação eterna do homem. Os inimigos mortais do demônio são sobejamente conhecidos: o Santo Rosário, a Santa Missa, os Santos Sacramentos, a Vida de Santidade. E, evidentemente, as autênticas manifestações de Maria a alguns de seus filhos muitíssimo privilegiados. Tais ações nunca parecem intrinsecamente más e têm sempre impactos diretos e imediatos no comportamento humano dos crentes em geral, particularmente sobre aspectos emotivos e dos sentimentos mais superficiais, gerando, quase que automaticamente, percepções de 'energia interior', euforia, pseudo-êxtases, palpitações, crises de choro ou de ansiedade, arrebatamentos místicos e outros tantos sinais de 'enlevo espiritual'. Deus nunca age assim: nas revelações sobrenaturais, a natureza humana mantém-se íntegra e a essência da aparição encontra-se nas mensagens. A certos videntes, em caráter muito especial, Deus faz experimentar arrebatamentos e êxtases que extrapolam em muito os limites da natureza humana dos meros sentidos.   

Os sinais mais evidentes das falsas aparições estão, entretanto, associadas a mensagens heréticas (o demônio pode macaquear, mas não reproduzir plenamente os desígnios divinos), entranhadas em mensagens bucólicas e com aparência de douta doutrina católica. Não se pode olvidar a essência diabólica do pai da mentira: a aberração vem edulcorada em mimos religiosos, o vômito perpassa em nuances desapercebidas em mensagens de paz, a manipulação da verdade meandra-se de forma ambígua nos próprios contrafortes da verdade. Aqui, não há exceção, e as evidências não demandam provas: a pasteurização doutrinária ditada por uma única heresia conforma a heresia do todo e bastaria conspurcar o monturo para exalar tantas outras pseudo-revelações.

De uma maneira geral, podem ser sistematizados alguns elementos que podem nortear a caracterização de falsas aparições:
 - centralização do ambiente na figura do vidente ou videntes, com ampla divulgação da ação pessoal (as aparições autênticas geram, ao contrário, uma profunda inflexão na vida do vidente, caracterizadas por um grau elevado de despojamento aos interesses mundanos e valorização extremada da vida de oração);
- mensagens tipicamente centradas em premissas do racionalismo, com direcionamento a uma explicitação  recorrente dos mistérios de Deus em modos de interpretação essencialmente humanos (conceitos genéricos de paz universal, fraternidade, respeito humano, etc);
- aparições repetitivas, contínuas e de longa duração, levando a uma banalização do mistério e a uma perda cabal do foco das mensagens (cada um escolhe a mensagem mais relevante dentre centenas, num processo de livre arbítrio, muito similar ao das seitas protestantes em relação à interpretação dos preceitos bíblicos);
- mensagens específicas em relação a fatos ou lugares em especial, desfocadas de um caráter histórico ou de uma amplitude universal (como o caso da Consagração à Rússia nas mensagens de Fátima), com abordagem detalhada e sistêmica de tais eventos; 
- presença de linguagem estranha à fala nativa do vidente;
- mensagens com forte cunho profético, caracteristicamente apocalíptico ou mediante a condenação explícita de  cunho pessoal (papas, por exemplo); as mensagens autênticas referem-se particularmente à humanidade, a determinados povos, a determinados processos históricos, a determinados pecados vinculados a uma dada classe de homens ou aos homens em geral);
- mensagens de origens e naturezas diversas (as aparições realmente autênticas provêm quase que exclusivamente de Nossa Senhora, feita preanunciadora por excelência da graça divina, como atestado pelos eventos de La Salette, Lourdes e Fátima). 
  
Não é fácil convencer um católico, crente de uma determinada aparição, que tal aparição é falsa: a reação será sempre agressiva e quase sempre sem efeito prático nenhum (um protestante apresenta a mesma reação diante de uma objeção à 'verdade' em que ele tanto acredita). Em geral, os argumentos mais utilizados na defesa de pseudo-revelações são aqueles em que o indivíduo manifesta-se em termos do que ele próprio 'sentiu' e dos possíveis 'frutos de devoção' que ele vê. Péssimo sinal. Se há uma coisa clara, claríssima, na ação do demônio, é o poder de manipular os sentidos e os sentimentos  humanos (definitivamente, somos apenas tolos na escala da inteligência maligna). As aparições autênticas são reduzidas e emblemáticas, e devem apenas ser olhadas e meditadas com os olhos da fé e da alma da maturidade cristã. Sem isso, corre-se apenas os riscos de se transformar ceifadores em semeadores do joio no meio do trigo.
  

terça-feira, 25 de setembro de 2012

MÃOS ENSANGUENTADAS DE JESUS

Não bastassem todos os escárnios, ofensas e sofrimentos, os verdugos ataram as mãos de Jesus Cristo. E o despiram. E o esbofetearam. E dele blasfemaram. Tudo isso e mais ainda: as mãos de Jesus foram presas, amordaçadas, tolhidas, como instrumento máximo de sujeição, capitulação e imobilidade, de impotência absoluta. As mãos de Jesus foram amarradas na coluna para a infâmia da flagelação. As mãos feridas de Jesus foram liberadas para carregar a cruz na procissão do calvário. As mãos de Jesus foram espalmadas para serem abertas pelos pregos da crucificação e para ligar, na cruz, o amor à misericórdia infinita. Mãos atadas, mãos feridas, mãos ensanguentadas de Jesus!


                 ORAÇÃO ÀS MÃOS ENSANGUENTADAS DE JESUS                                                                                                              (Santa Teresa de Los Andes) 


‘Aqui venho com a fé de uma alma cristã para buscar a vossa misericórdia, em situação tão angustiante para mim. Não me desampares e que as portas abertas no meu caminho sejam as Vossas mãos poderosas que as deixem abertas, para me trazer a paz tão desejada. A vossos pés deixo esta súplica de minha alma angustiada e somente pode vir em meu auxílio as Vossas mãos poderosas. Ajudai-me a ser um bom cristão, a fazer boas obras em palavras e atos e, assim, obter a Vossa infinita misericórdia e o perdão de todos os pecados e faltas cometidas em minha vida.’

Rezar um ‘Pai Nosso’.

Senhor Jesus Cristo, pesa-me de todo o meu coração Vos haver ofendido, tão bom e digno que sois em ser amado; prometo, com a Vossa graça, nunca mais pecar. Amém.

Esta oração deve ser rezada por 15 dias. Após 8 dias, a graça é alcançada, por mais difícil que pareça ser.