terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

AS TRÊS FASES DA VERDADEIRA MISERICÓRDIA


1. A misericórdia começa por ver o infortúnio do próximo

Não ver a miséria é coibir a misericórdia. A cegueira sobre o infortúnio do outro pode ser provocada pelo egoísmo e pelo individualismo, que nos tornam indiferentes. Não cuidar dos outros e do que os atinge: eis a razão principal dessa insensibilidade.

Para ser misericordioso verdadeiramente, o cristão deve fixar sobre os homens um olhar de fé. A fé leva a compreender profundamente o mal das almas. Por ela, a misericórdia focará em um pecado, uma desordem moral. Ao contrário, uma misericórdia falsificada pelo relativismo pretende ver no pecado e no erro apenas fraquezas, um bem menor. 

2. A visão da miséria do outro produz na alma um movimento de tristeza que a leva a se compadecer dessa miséria

Porém, a emoção da verdadeira misericórdia não é aquela da filantropia. A misericórdia cristã nasce da caridade, ela é teologal, em razão de Deus. Em particular, ela é tomada de compaixão pelos pecadores. E compadecer-se pelo pecado do outro não é certamente encorajá-lo em sua falta. É contemplar a santidade de Deus ofendida pela falta, e pensar na pena eterna que espera o pecador endurecido. 

3. A compaixão não basta a si mesma; a compaixão autêntica passa aos atos, ela tende a aliviar essa miséria, ela faz o que está ao seu alcance para socorrer o outro de modo eficaz

Aqui também o olhar da fé permite discernir as verdadeiras misérias do próximo. Algumas pessoas generosas gostariam de aliviar todas as misérias do mundo, mas se limitam às misérias materiais. Ora, o maior mal é o afastamento de Deus. 

A obra de misericórdia por excelência é, portanto, o testemunho da fé, o que chamamos de misericórdia da verdade. Somente o ensino da verdadeira religião tirará os homens da grande desgraça na qual eles se fecharam, por sua ignorância involuntária ou culposa. O liberalismo e o relativismo que se calam e mantém os homens em suas ilusões não são somente erros, mas uma assustadora indiferença.

(Pe. Hervé Gresland, texto publicado originalmente no blog Dominus Est)