sábado, 7 de abril de 2018

CATECISMO MAIOR DE PIO X (IV)

A torre de Babel

29. Os descendentes de Noé multiplicaram-se rapidamente e cresceram em tão grande número, que não podendo estar juntos, começaram a pensar em separar-se. Mas antes determinaram levantar uma torre tão alta que chegasse ao céu. O trabalho seguia em frente a passos largos, quando Deus, ofendido de tanto orgulho, baixou e confundiu as línguas dos soberbos construtores, que não entendendo uns aos outros, tiveram de se dispersar sem concluir o seu ambicioso projeto. A torre foi chamada de 'Babel', que significa confusão.

O povo de Deus

30. Os homens após o dilúvio não permaneceram fiéis a Deus por muito tempo, mas logo caíram nas maldades do passado, e foram tão longe a ponto de perderem o conhecimento do verdadeiro Deus e de entregar-se à idolatria, que consiste em reconhecer e adorar como divindade as coisas criadas.

31. Por isso, Deus, para preservar na terra a verdadeira religião, escolheu um povo e tomou a si governá-lo com especial providência, preservando-o da corrupção geral.

Princípio do Povo de Deus - Renova-se com Abraão o antigo pacto

32. Para pai e tronco do novo povo de Deus escolheu um homem da Caldeia, chamado Abraão, descendente dos antigos Patriarcas pela linhagem de Héber. O povo que dele teve origem chamou-se povo hebreu. Abraão conservou-se justo em meio do seu povo, entregue ao culto dos ídolos, e para que preservasse na justiça, Deus lhe ordenou que saísse de sua terra e se dirigisse para Canaã, também chamada Palestina, prometendo-lhe que lhe faria cabeça de um grande povo e que de sua descendência nasceria o Messias. Em confirmação à palavra de Deus, Abraão teve com sua esposa Sara, embora de idade avançada, um filho, que se chamou Isaac.

33. Para testar a fidelidade e obediência de seu servo, Deus ordenou-lhe que lhe sacrificasse este seu único filho, a quem tanto amava e em quem recaíam as divinas promessas. Mas Abraão, seguro dessas promessas, não hesitou na fé e, como está escrito na Sagrada Escritura, esperou contra toda a esperança; dispôs tudo conforme deveria ser o sacrifício e estava para executá-lo. Mas um anjo deteve sua mão, e como recompensa por sua fidelidade, Deus o abençoou e anunciou que daquele seu filho nasceria o Redentor do mundo.

34. Isaac, chegado aos quarenta anos, casou-se com Rebeca, sua prima, mãe depois a um mesmo tempo de dois filhos: Esaú e Jacó. Como primogênito, tocava a Esaú a bênção paternal; mas o Senhor dispôs que, pela solicitude de Rebeca, Isaac abençoasse Jacó, a quem anteriormente Esaú dera o direito de primogenitura por uma mísera compensação.

35. Jacó, então, para escapar da ira de Esaú, teve que fugir para Haran, a casa de seu tio Labão, que lhe deu por esposas suas duas filhas, Lia e Raquel, e depois de vinte anos regressou para sua casa muito rico e com numerosa família. De volta pelo caminho, antes que se reconciliasse com seu irmão, em uma visão que teve, foi mudado o nome de Jacó pelo de Israel.

36. Jacó foi pai de doze filhos, dos quais os dois últimos, José e Benjamin, eram filhos de Raquel. Entre os filhos de Jacó, o mais discreto e reto era José, queridíssimo, mais que todos, de seu pai. Por esse motivo seus irmãos o aborreciam, e este aborrecimento os levou a tramar contra ele, primeiro a morte, e depois, sua venda a certos mercadores ismaelitas, que o conduziram ao Egito e venderam, por sua vez, a Potifar, ministro de Faraó.

(Do Catecismo Maior de Pio X)