9. SANTO AGOSTINHO CONFISSÕES
Santo Agostinho (354 - 430) escreveu as suas 'Confissões' como um tributo a Deus pelo seu processo de conversão, evolução espiritual e de busca das verdades da autêntica fé cristã. O livro é essencialmente uma autobiografia, na qual são explorados intensamente os estados interiores da mente humana e a relação mútua existente entre os primados da graça e da liberdade humana. O livro deve ter sido escrito em algum tempo situado entre os anos de 397 e 401, sendo a data mais provável os primeiros anos desse período.
A obra pode ser subdividida, de uma maneira geral em três partes: os livros 1 a 9 compõem a vida passada de Agostinho; o livro 10 expõe a situação atual de Agostinho e os livros 11 a 13 são um comentário sobre o livro do Gênesis (1, 1-31). O princípio geral da obra é ordenado pelo espírito da confissão: confissão dos pecados cometidos e lamentados, confissão como testemunho do estado atual, confissão de fé e de louvor na glória de Deus. No primeiro parágrafo da obra, este princípio é revelado pelo santo, com palavras que se tornaram perenes: 'Nos fizestes, Senhor, para ti, e nosso coração está inquieto até que descanse em ti'.
A obra pode ser subdividida, de uma maneira geral em três partes: os livros 1 a 9 compõem a vida passada de Agostinho; o livro 10 expõe a situação atual de Agostinho e os livros 11 a 13 são um comentário sobre o livro do Gênesis (1, 1-31). O princípio geral da obra é ordenado pelo espírito da confissão: confissão dos pecados cometidos e lamentados, confissão como testemunho do estado atual, confissão de fé e de louvor na glória de Deus. No primeiro parágrafo da obra, este princípio é revelado pelo santo, com palavras que se tornaram perenes: 'Nos fizestes, Senhor, para ti, e nosso coração está inquieto até que descanse em ti'.
Os diversos livros das Confissões descrevem a infância, a fase
de menino e a incipiente adolescência de Agostinho, a sua vinculação às seitas do maniqueísmo e do ceticismo, a sua relação com uma mulher da Numídia que não conhecemos sequer o nome e que lhe deu o filho Adeodato, bem como da sua conversão ao cristianismo. Os capítulos 7 e 8 são os mais importantes da obra porque discutem exatamente a conversão de Santo Agostinho: a sua conversão intelectual (capítulo 7) e a sua conversão moral (capítulo 8).
No livro 9 das Confissões, Agostinho descreve o período transcorrido
desde o momento de sua conversão
até à morte de sua mãe, no final do ano 387, enquanto que, no livro seguinte, confessa o estado atual de sua alma, livro que serve como transição aos últimos três, que constituem uma exegese alegórica do texto do Gênesis 1, 1-31. Santo Agostinho, ao tratar de sua história
parcial, reflete nas 'Confissões' o simbolismo universal da perene e incontornável disputa de cada homem na superação dos limites mundanos em busca de valores espirituais mais elevados e forjados na crença da necessidade absoluta da intervenção da graça divina para a salvação humana.
10. SANTA TERESA DE ÁVILA CASTELO INTERIOR
'Castelo Interior' (ou Livro das Moradas) foi redigido em 1577, num curto espaço de seis meses, quando Santa Teresa de Ávila (1515 - 1582) contava, então, 62 anos, em plena maturidade espiritual, pelo que a obra representa o tratado místico mais importante da extensa produção escrita da freira carmelita. Eleita padroeira da Espanha em 1617, foi canonizada em 1622 e declarada doutora da Igreja em 1970. É conhecida como a Santa dos Êxtases por causa de suas extraordinárias experiências místicas.
Escrito numa concepção de guia espiritual para instrução geral das carmelitas descalças, o 'Castelo' traduz, em linguagem fortemente metafórica, a busca transformadora capaz de libertar o homem de sua dimensão limitada em busca da realização plena de uma vida santificada em Deus. Nesta concepção, ela utiliza sistematicamente os símbolos do castelo e do casamento. O castelo representa a alma humana, sólida e determinada e suas elevadas torres expressam, assim como os templos, o desejo de aproximação com Deus e da canalização das graças divinas em favor da humanidade. O casamento expressa o compromisso de fidelidade a Deus e da certificação de uma nova vida espiritual, alicerçada em valores de perenidade, constância, comunhão de vida e indissolubilidade.
Santa Teresa concebe a alma humana como um castelo de sete pavimentos ou andares, com muitos e variados aposentos, que constituem diferentes graus da perfeição cristã. Mais que 'entrar no castelo' (ou seja, refugar-se no íntimo do recolhimento da alma com Deus), é preciso ir além, galgando as várias moradas do castelo, no sentido da plenitude da iluminação da graça pela libertação dos níveis mais inferiores (ou terrenos) para a posse dos patamares mais superiores (ou divinos). O livro divide-se em sete partes ou moradas, cada uma com vários capítulos (exceto as segundas moradas, que tem apenas um capítulo).
As Primeiras Moradas (2 capítulos) são as almas que têm desejos de perfeição, mas ainda estão comprometidas com as preocupações do mundo. As Segundas Moradas (1 capítulo) são as almas com grande determinação de viver em graça e que se entregam, portanto, à oração e a alguma mortificação, embora com muitas tentações por não deixarem de todo o mundo. As Terceiras Moradas (2 capítulos) são para as almas que exercitam a virtude e a oração, mas pondo nisso um amor dissimulado a si mesmas e que precisam, portanto, de humildade e obediência. As Quartas Moradas (3 capítulos) são já o começo das coisas 'sobrenaturais': a oração de quietude e um início da união.
As Quintas Moradas (4 capítulos) já são aquelas de plena vida mística, caracterizadas pela chamada oração de união sobrenatural e que é dada por Deus quando quer e como quer e que exige das almas uma grande fidelidade. As Sextas Moradas (11 capítulos) implicam uma elevada purificação interior da alma, e, entre as graças que nela se dão, totalmente sobrenaturais, estão as locuções, êxtases e m grande zelo pela salvação das almas. As Sétimas Moradas (4 capítulos) são o cume da vida espiritual, em que se recebe a graça do matrimônio espiritual e uma íntima comunicação com a Trindade, que resulta em uma grande paz à alma, ao mesmo temo ativa e contemplativa, que a faz esquecer-se de si e a entregar-se completamente a Cristo e à Igreja.