sexta-feira, 16 de junho de 2017

AS SETE COLUNAS DA IGREJA DOMÉSTICA (V)

'A Sabedoria edificou sua casa, talhou sete colunas' (Pv 9, 1)

QUINTA COLUNA: A SANTA MISSA

Uma peça de admirável suntuosidade, uma coluna de pedras preciosas, atravessada por veios de ouro, mostra-nos a santa fé. Daí se reflete por toda a casa luz e beleza. É a Santa Missa. Não é apenas um crucifixo sem vida; não! É o próprio Salvador que se torna presente, sacrificando-se por nós na cruz, Ele consuma de novo o sangrento sacrifício da cruz. É o mais importante acontecimento do mundo, o sacrifício do Gólgota, que se re­nova na Igreja! O altar torna-se um monte Calvário.

Lá se encontra o mesmo Salvador, o mesmo amor, a mesma imolação como outrora na primeira sangrenta Sexta-feira da Paixão! E quão de perto se tocam a ideia do sacrifício divino do Gólgota e a da vida de sacrifício no matrimônio! A vida matri­monial significa vida de sacrifício. O matri­mônio, conscienciosamente compreendido, é até um grande e contínuo sacrifício, que por vezes se eleva até o heroísmo. A renúncia e a paciência no sofrimento podem, às vezes, exigir algo de sobre-humano; onde iriam os cônjuges buscar força para isso, de onde lhes pro­vêm maior consolo e mais fortaleza que ao pé da cruz, do altar, onde dia após dia se consuma o mais doloroso sacrifício?

A esposa e mãe sente particularmente no Santo Sacrifício da cruz e do altar ressoar cordas afins! Ela também precisa de maior força. Toda a sua vida, toda a sua condição é propriamente apenas de dedicação, de ab­negação, de sacrifício; é viver e consumir-se pelos outros. Se não se aproxima do altar, em companhia da Mãe Dolorosa e sob a Cruz do Filho de Deus, então não sei de onde lhe virá a alegria no espírito de sacrifício e a co­rajosa força de vontade para a sua vida de renúncia.

Grandiosa e bela como o brilho do sol, brilha a Santa Missa, iluminando a família. Mas ain­da não é essa toda sua bênção. Nela sussurra também misteriosamente sobre nossos altares uma fonte de felicidade. No lago de Achen encontrei, há muitos anos, uma nobre senhora protestante de Würzburg, que um domingo me acompanhou à Santa Missa. Desde a moléstia do marido, frequentava a Igreja Católica. Então, dizia ela, sentia a necessidade de orar pelo esposo mortalmente enfermo. Como as suas igrejas estavam todas fecha­das durante o dia, tinha ido ao templo católico. Lá se rezava tão bem que recebera muitas bênçãos e, por fim, a conversão à Igreja Católica se de­via à frequência assídua à Santa Missa. Nada ela lamentava mais do que ter Lutero fechado para tantas almas esta fonte de bênçãos. Tinha razão. 

Imaginamos que viesse hoje al­guém e alta noite derramasse ouro num lugar dificilmente acessível. Todos poderiam ir buscá-lo, quando quisessem. Quem deixaria de ir? Ninguém: na Santa Missa, dia após dia, não somente aos domingos, se derrama coisa de maior valor ainda. Na consagração corre de novo sobre nossos altares o precioso San­gue do Salvador, como outrora na cruz. De novo se lhe abre o amoroso Coração para derramar, juntamente com torrentes de seu Sangue sagrado, as bênçãos de suas graças sobre a terra sequiosa. Cada gotinha desse Sangue preciosíssimo vale mais que um mundo inteiro, cheio de ouro e pe­dras preciosas. Comodamente podes hauri-lo. Não é uma hora impossível; quase a to­das as horas da manhã mana a fonte, abre-se misteriosamente a torrente de graças para cada um que vem. É preciso muitas vezes apenas um pouquinho mais de compreensão para o tesouro supremo de nossa Igreja, e alguma boa vontade.

E se vós mesmos não podeis, mandai então ao menos vossos filhos. Assim era no tempo antigo, quando ainda se pensava catolicamente e se apreciavam as graças da Igreja: alguém da família devia também nos dias de trabalho ir à Santa Missa. Este era o por­tador de bênçãos para todos os outros membros da família. Procedes acaso prudentemente deixando de ir? Convencestes que per­des assim ocasião de buscar a felicidade tua e dos teus filhos?

(Excertos da obra 'As colunas de tua Casa - um Plano para a Felicidade da Família', do Vigário José Sommer, 1938, com revisão do texto pelo autor do blog)