Pai,
confortai os vossos filhos que choram,
tantos que padecem de dores físicas e espirituais,
os que se perderam pelos caminhos do mundo
e não sabem voltar às fontes da graça.
Olhai com especial misericórdia
os que se inclinam sob o peso dos erros
pela insensatez de conhecer pela malícia
os limites do nada.
Fazei com que os réprobos e os cativos do mal
conheçam a vossa misericórdia
e se refaçam como arautos de todo o bem;
envolvei com carinho paternal
os desiludidos do mundo
os que não têm mais sentido de viver
porque perderam a capacidade de sonhar.
Tornai a volver aos vossos olhos clementes
os que se angustiam nas visões do inferno
e se debatem nas trevas do pecado,
e plantai nos corações eunucos do silêncio
a suavidade do vosso chamado,
reerguendo da lama dos vozerios da terra
a vossa cruz bendita e salvadora.
Retende nos contrafortes de tantas misérias
a doçura do vosso clamor de perdão;
Atraí para o Céu os desmemoriados da vida
ensandecidos de prazeres e volúpias
e mostrai a todos os vossos filhos
que toda e qualquer glória humana
é mais vã que o tempo que passou.
Penetrai no mais íntimo das almas
e refazei vontades e arbítrios,
transformai em preces e bênçãos
tantas pedras deixadas nos caminhos;
levantai do chão as vossas criaturas
e fazei com que a Jerusalém celeste
seja de todos o único destino.
E, então, nos limites da divina providência,
os que se consolam sejam consolados,
de uma a outra extremidade da terra,
para que possam cantar por toda a eternidade
a vossa glória, ó Pai!
(Arcos de Pilares)