quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

ANTÍFONAS DO Ó

As Antífonas do Ó são sete orações especialmente cantadas durante o tempo do Advento, particularmente ao longo da semana que antecede o Natal. A autoria das antífonas, que remontam aos séculos VII e VIII, tem sido comumente atribuída ao papa Gregório Magno. São sete orações extremamente curtas, sempre iniciadas pela interjeição Ó, correspondendo a sete diferentes súplicas manifestadas a Jesus Cristo, na expectativa do nascimento do Menino - Deus entre os homens, que é invocado sob sete diferentes títulos messiânicos tomados do Antigo Testamento. 

17 de dezembro

O Sapientia
quæ ex ore Altissimi prodisti,
attingens a fine usque ad finem,
fortiter suaviter disponens omnia:
Veni ad docendum nos viam prudentiae   


Ó Sabedoria
que saístes da boca do altíssimo
atingindo de uma a outra extremidade
e tudo dispondo com força e suavidade:
Vinde ensinar-nos o caminho da prudência

18 de dezembro

O Adonai
et Dux domus Israel,
qui Moysi in igne flammæ rubi apparuisti
et ei in Sina legem dedisti:
Veni ad redimendum nos in brachio extento
 

Ó Adonai
guia da casa de Israel,
que aparecestes a Moisés na chama do fogo
no meio da sarça ardente e lhe deste a lei no Sinai
Vinde resgatar-nos pelo poder do Vosso braço.
 
19 de dezembro 

O Radix Jesse
qui stas in signum populorum,
super quem continebunt reges os suum,
quem gentes deprecabuntur:
Veni ad liberandum nos; jam noli tardare  


Ó Raiz de Jessé
erguida como estandarte dos povos,
em cuja presença os reis se calarão
e a quem as nações invocarão,
Vinde libertar-nos; não tardeis jamais.  

20 de dezembro 

O Clavis David
et sceptrum domus Israel:
qui aperis, et nemo claudit;
claudis et nemo aperit:
Veni, et educ vinctum de domo carceris,
sedentem in tenebris et umbra mortis   


Ó Chave de Davi
o cetro da casa de Israel
que abris e ninguém fecha;
fechais e ninguém abre:
Vinde e libertai da prisão o cativo
assentado nas trevas e à sombra da morte. 

21 de dezembro

O Oriens
splendor lucis æternæ, et sol justitiæ
Veni et illumina sedentes in tenebris
et umbra mortis.  


Ó Oriente
esplendor da luz eterna e sol da justiça
Vinde e iluminai os que estão sentados
nas trevas e à sombra da morte. 

22 de dezembro

O Rex gentium
et desideratus earum
lapisque angularis,
qui facis utraque unum:
Veni et salva hominem quem de limo formasti  


Ó Rei das nações
e objeto de seus desejos,
pedra angular
que reunis em vós judeus e gentios:
Vinde e salvai o homem que do limo formastes.  

23 de dezembro

O Emmanuel,
Rex et legifer noster,
exspectatio gentium,
et Salvador earum:
Veni ad salvandum nos, Domine Deus noster  


Ó Emanuel,
nosso rei e legislador,
esperança e salvador das nações,
Vinde salvar-nos,
Senhor nosso Deus. 

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

TESOURO DE EXEMPLOS (37/39)


37. UMA PRIMEIRA COMUNHÃO E UMA CURA

Luís e Zélia Martin, pais de Santa Teresinha, tinham uma filhinha chamada Maria, que se preparava para a primeira comunhão. Ao mesmo tempo a Irmã Maria Dositeia, tia da pequena, estava afetada de tuberculose. Um dos conselhos mais veementes que Zélia dava à filha era o de arrancar a Deus a cura da Irmã Dositeia.

'No dia da primeira comunhão', repetia ela a cada passo, 'alcança-se tudo o que se pede'. A criança assim o entendeu. Estudou o catecismo com entusiasmo e fez uma verdadeira ofensiva de orações e sacrifícios. Estava certa do milagre como se já o visse feito. O que ela queria, em sua ingênua teimosia, era , se fosse necessário, fazer mudar a vontade de Deus. São José servia-lhe de advogado.

Chegou, enfim, o grande dia da primeira comunhão: 2 de julho de 1869. A pequenina ainda não havia completado nove anos e meio. Falando a neo-comungante, dizia a mãe: 'Oh! como ela estava bem preparada; parecia uma santinha!' O Pe. capelão disse que estava muito satisfeito com ela e deu-lhe o primeiro prêmio de catecismo.

Maria, após a comunhão, dizia que havia rezado tanto pela tia Dositeia que tinha a certeza de ser ouvida por Deus. Realmente, a tia começou a melhorar; as lesões pulmonares foram cicatrizando rapidamente. Mais tarde, não sem uma certa melancolia, havia de dizer à sobrinha: 'A você é que devo estes sete anos de vida'. A pequenina, por seu lado, atribuía as honras da cura a São José e, na confirmação, quis que acrescentassem ao seu nome o de Josefina.

38. NÃO VOS AFASTEIS DOS SACRAMENTOS

Havia em Tolouse (França) uma família pouco religiosa. Como o colégio dos jesuítas era sem dúvida o melhor da cidade, os pais resolveram internar nele o primeiro filho. O menino, mais dado à piedade que os seus pais, começou a frequentar os sacramentos e disso tirava grande proveito espiritual. Tendo notícia desse fato, correu a mãe do menino ao diretor do colégio e lhe disse: 'Padre, o senhor está fazendo de meu filho um beato, um carola. Saiba que não quero que ele seja um frade ou um vigário'.

Não contente com isso, e para vigiá-lo melhor, mudou-se para a cidade e pôs o filho no colégio como externo. Assim poderia impedir as suas comunhões frequentes. Pobre mãe! Tinha medo que o menino se desse todo a Deus e que fosse um cristão fervoroso. Que é, porém, que aconteceu? Eis: pouco a pouco, as comunhões do jovem foram ficando mais raras... até que, afinal, nem uma por ano, nem pela Páscoa. O mais se pode adivinhar facilmente. A corrupção invadira o coração do rapaz e tomara o lugar da virtude e da piedade.

Quando percebeu isso, a infeliz mãe correu alvoroçada a suplicar ao diretor que fizesse seu filho voltar à comunhão e à moral cristã. Mas o padre deu-lhe esta resposta: 'Minha senhora, é demasiado tarde: o seu filho está perdido. Cumpri com o meu dever; era preciso que a senhora cumprisse com o seu'. E o padre tinha razão. Não levou muito tempo o desgraçado jovem morreu consumido de vícios horrendos e vergonhosos.

39. UMA CURA EM LOURDES

Quando Jesus andava pelo mundo, bastava a sua palavra e, às vezes, um olhar seu para curar os doentes e ressuscitar os mortos. A hóstia consagrada, onde se acha oculto, tem o mesmo poder, quando Ele assim o quer. E' muito notável um caso referido pelo célebre médico Dr. Boissarie, em seu relatório dos milagres de Lourdes.

Margarida de Saboia chegou à gruta em estado lastimável: entrevada, metida num caixão como se fosse um cadáver, pálida, sem voz e raquítica; tendo embora 25 anos, pesava apenas 16 quilos. Quando partiu para Lourdes, os médicos lhe disseram que não teria mais de 15 dias de vida; e os da gruta não se atreveram a tocá-la, porque ainda mal respirava. Nem sequer pensaram em levá-la à piscina, mas contentaram-se em a colocar diante da Virgem ali mesmo.

Ao passar o Santíssimo, uma sacudidela forte e irresistível a tirou para fora da sua maca. Quando Margarida se deu conta de que estava de joelhos ao pé da maca, levantou-se por si mesma, sem auxílio de ninguém, e gritou com toda a força: 'Estou curada!' A mãe, atônita, correu ao encontro da filha que a abraçou e gritou com voz forte: 'Mãe, estou curada!'

No mesmo dia - diz o Dr. Boissarie - entrou em nosso escritório, bem segura sobre os próprios pés, embora meio morta pela debilidade. O seu contentamento era tão grande e a sua alegria tal que nem sentia fraqueza. Dissemos que pesava 16 quilos; poucos dias após a cura, pesava já 44. O crescimento tomou o seu curso natural e a estatura aumentou de sete a oito centímetros. Isto na idade de 25 anos! Aqui não se trata de uma cura, mas de uma ressurreição. A virtude do Deus da Eucaristia operou este milagre.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

ver PÁGINA: TESOURO DE EXEMPLOS

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

14 DE DEZEMBRO - SÃO JOÃO DA CRUZ

 

(1542 - 1591)

João de Yepes, 'uma das almas mais puras da Igreja' no dizer de Santa Teresa, nasceu, assim como a própria Santa Teresa, na província de Ávila (Fontiveros) na Espanha, em 1542. Formado desde o berço na escola da pobreza e do sofrimento, estudou com os padres jesuítas e ingressou na Ordem Carmelita aos 21 anos,  ordenando-se sacerdote em 1567. Com decisão tomada para se transferir para a Ordem dos Cartuxos, então de hábitos bem mais austeros que o Carmelo, teve um encontro com Santa Teresa que mudou a sua vida. Diante da proposta da santa de reformar a Ordem Carmelita, abraçou esta causa com desmedido zelo e devoção por mais de 20 anos, assumindo, então, o nome de João da Cruz. 

Apesar de ter sido o primeiro padre da reforma carmelita, foi duramente perseguido pela Ordem, sendo isolado e privado de todas as suas funções originais. Nesse período de duras provações, ascese e contemplação, moldou-se a extraordinária poesia mística do santo, expressa em obras como  'Subida do Monte Carmelo', 'Noite escura da alma', 'Cântico Espiritual' e 'Chama de amor viva'. Num ambiente de perseguição, doenças e grandes sofrimentos, veio a falecer aos 49 anos de idade, no dia 14 de dezembro de 1591. O Papa Clemente X o beatificou em 1675; Bento XIII o canonizou em 27 de dezembro de 1726 e o Papa Pio XI o declarou 26º Doutor da Igreja Universal no princípio do século XX.

São João da Cruz, rogai por nós!

domingo, 13 de dezembro de 2020

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'A minh’alma se alegra no meu Deus!' (Ct Lc 1)

 13/12/2020 - Terceiro Domingo do Advento

3. TESTEMUNHA DA LUZ


Neste domingo, Terceiro Domingo do Advento, mais uma vez, a mensagem profética que ressoa pelos tempos vem da boca de João Batista. Em Betânia, além do Jordão, diante da expectativa da chegada do Messias e da interrogação dos sacerdotes e dos levitas sobre a sua identidade, João Batista foi sucinto e categórico em suas respostas: 'Eu não sou o Cristo'. 'Eu não sou Elias'. 'Eu não sou o Profeta' (Jo 1, 20 - 21). E sintetiza tudo: 'Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis, e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias' (Jo 1, 26 - 27). Eis o primado de João: Jesus vem, a sua Vinda é iminente: alegrai-vos todos porque o céu vai tocar a terra e fazer novas todas as coisas.

Eis o Advento do Senhor: depois da vigilância e da conversão, vivenciados nos domingos anteriores, segue agora o ressoar das trombetas da legítima alegria cristã neste terceiro domingo. Sim, alegria cristã, alegria plena do amor de Cristo, proclamada nas palavras do Profeta Isaías: 'Exulto de alegria no Senhor e minh’alma regozija-se em meu Deus; ele me vestiu com as vestes da salvação, envolveu-me com o manto da justiça e adornou-me como um noivo com sua coroa ou uma noiva com suas joias' (Is 61, 10) e também na Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses: 'Estai sempre alegres! Rezai sem cessar. Dai graças em todas as circunstâncias, porque essa é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo'' (1 Ts 5, 16 - 18).

João Batista 'não era a luz, mas veio dar testemunho da luz' (Jo 1, 8). Ele é a voz passageira que anuncia a Palavra Eterna, como nos ensina Santo Agostinho: 'O som da voz te faz entender a palavra; e, quanto te fez entendê-la, o som desaparece, mas a palavra que foi transmitida permanece em teu coração' (Sermão 293, 3). Neste deleite da graça, esparge-se a luz do entendimento da fé e amolda-se suavemente a paz divina ao coração humano que palpita inquieto enquanto não repousar definitivamente em Deus.

O testemunho de João Batista é a nossa herança de fé, na alegria daqueles que acolhem o Messias, a Luz do mundo. Eis aí o verdadeiro caminho da felicidade, trilhado apenas por aqueles que vivem a alegria da espera do Senhor Que Vem, perseverantes na oração e na fé que move montanhas e que inquieta o coração humano até o encontro definitivo com Deus. Benditos sejam os homens e mulheres que se consumem de alegria nesta via de santidade, porque possuirão para sempre as moradas na Casa do Pai. Nascidos para a eternidade, e herdeiros da Visão Beatífica, no Céu todos se tornarão testemunhas da Luz ainda maiores que o João Batista deste mundo.

sábado, 12 de dezembro de 2020

VERSUS: VÍRUS X VÍRUS

 

Um outdoor em rodovia na Polônia: 'Pare a comunhão nas mãos!' 

Por um lado, um vírus novo e terrível se espalha e ataca centenas de milhões (bilhões!) de pessoas no mundo inteiro, numa pandemia crescente e persistente desde o início do ano, ceifando vidas, trazendo dor e sofrimento sem conta, confinando populações inteiras, refazendo cotidianos e relações pessoais. Mas existe um outro vírus, muitíssimo mais velho e muitíssimo mais temível que infecta a humanidade há décadas e se espalha como uma sombra de morte. Mas de morte espiritual.  

O primeiro se aloja no corpo, é transmitido pelo contato físico, tem dimensões microscópicas e flui em ondas sucessivas. É combatido com álcool, com máscaras, com higienização constante das mãos, com água e sabão. E mata, mata muitas pessoas, milhões de pessoas. E outras tantas milhões, muitas milhões a mais, conseguem escapar à sanha desse vírus terrível e continuar as suas vidas após a vitória decisiva: 'Eu venci o vírus!'.

O outro vírus não tem o calor das manchetes escancaradas e nem de longe o burburinho das conversas e discussões. Não tem palco e nem claques de plantão. É um vírus silencioso e mortal que se resvala por entre ruas e cotidianos sem alardes e sem suspeição. Não vem em ondas sucessivas, é um mar morto. E mata, mata milhões e milhões de pessoas e muitíssimo poucas escapam da sua sanha mortal. Porque esse vírus é o vírus do pecado que mata a alma e induz a morte espiritual. Não pode ser combatido com máscaras ou com sabão; precisa de uma armadura espiritual que somente pode revestir o homem ciente da sua pequenez de criatura e da sua glória extremada de ser filho de Deus.

Esse vírus está de tal maneira disseminado na humanidade atual que se tornou parte dela, de modo que nem é mais percebido como mal ou um agente do mal mas, simplesmente, uma parte integrante e natural do próprio ser humano. A morte espiritual não aflige, não desespera, não é fim de coisa alguma e nem começo de nada. Não tolhe os sentidos, não limita a fala, não cansa o corpo, não dificulta a respiração. Vive-se pelo comodismo, tudo é tolerado sem quaisquer contraposições, respira-se o indiferentismo em golfadas. Então, tudo é nada, tudo é um grande vazio. Esse grande vazio é a loucura do mundo. 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

A VIDA OCULTA EM DEUS: SILÊNCIO E SOLIDÃO DO CORAÇÃO


Enquanto existir alguém ou alguma coisa entre a alma e Deus, a união perfeita não será possível. E somente ela nos pode dar a verdadeira paz. Temos que fazer de nós um vazio. A alma verdadeiramente apaixonada por Deus sente prazer em viver nas alturas de si mesma, em profunda solidão. Não há melancolia ou tristeza nisso, mas a convicção muito clara de que, para encontrar Deus, para falar com Ele e para amá-lo, torna-se necessário, ao mesmo tempo, isolar-se e elevar-se. 

Deus só mora nas alturas ou, melhor dizendo, nas profundezas da alma. É para lá que você deve ir para encontrá-Lo. De resto, não há maneira mais segura de agradar a Deus e obter as suas graças do que se colocar nesse isolamento silencioso nas alturas.

A menos de orientação contrária e segura que venha de Deus, afaste, portanto, todas as criaturas dos seus pensamentos quando você dialoga com Jesus. Deus deseja comumente uma alma 'solitária'. Assim, depois de ter rogado pelas almas que lhe são confiadas e pedir por elas junto a Nosso Senhor, recolha-se apenas à oração. Confie ao Senhor o perdão de suas dívidas e vá em frente. É necessário que a memória de alguém não se torne um obstáculo à imposição da graça em sua alma. Peça a Jesus para participar da afeição que Ele tem por você, de tal modo que a sua afeição provenha unicamente dessa fonte e tudo terá bom termo. E remova de si tudo o que você sente que não provém de lá.

Alegra-me encontrar uma alma que, embora sofrendo com o isolamento, o aceita. Nada me pode ser mais convincente porque ainda não conheci ninguém que avance na vida interior sem passar por essa prova. É dolorosa, mas necessária. Recorde-se das palavras de Santa Teresa que disse que, para receber tais favores, Deus precisa apenas de uma alma pura e inflamada do desejo de recebê-los. Parece, então, que se tem um coração submerso em lágrimas, em profundo sofrimento, mas... a recompensa está por vir.

Uma alma que não se isola não progride. Não pode subir. Quando vejo uma alma que não sabe se recolher, digo a mim mesmo: 'Não irá em frente, pois é como um camelo carregado, mito rica de si mesma'. A alma, porém, quando se vê abandonada e ferida por todas as criaturas, é como um cervo sitiado por todos os lados e que, diante de todas as saídas bloqueadas, precipita-se em direção ao lago próximo. Diante de um sofrimento, corra para Deus.

Quando Deus quer falar a uma alma, Ele a isola de tudo e a imerge em uma profunda solidão; então, ilumina a sua inteligência com algo que ela desconhece por completo. É desse algo misterioso que todo o conhecimento explícito emergirá no devido tempo, como uma tradução para a linguagem humana das realidades divinas. Tradução que não é arbitrária, pois é controlada de dentro por algo que, sendo intangível em si mesmo, é, no entanto, muito real. Ainda assim, o melhor está ainda por vir.

(Excertos da obra 'A Vida Oculta em Deus', de Robert de Langeac; Parte I -  O Esforço da Alma; tradução do autor do blog)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

Não são os que estão na luz que iluminam a luz, mas é esta que os ilumina e faz resplandecer; eles nada lhe dão, são eles que beneficiam da luz e por ela são iluminados. Do mesmo modo, o serviço que prestamos a Deus nada acrescenta a Deus, porque Ele não precisa do serviço dos homens; mas àqueles que O servem e seguem, Deus dá a vida, a incorruptibilidade e a glória eterna; favorece com os seus dons aqueles que O servem, precisamente porque O seguem; mas nenhum benefício recebe deles, porque é perfeito e de nada carece. Se Deus pede o serviço dos homens, é porque, na sua bondade e misericórdia, deseja conceder os seus dons aos que perseveram no seu serviço; de fato, Deus de nada precisa, mas o homem é que precisa da comunhão com Deus. A glória do homem consiste em perseverar e permanecer no serviço de Deus. Por isso dizia o Senhor aos seus discípulos: 'Não fostes vós que Me escolhestes, fui Eu que vos escolhi', dando assim a entender que não eram eles que O glorificavam com o seu seguimento, mas que, por terem seguido o Filho de Deus, eram por Ele glorificados. E disse ainda: 'Quero que onde Eu estou, eles estejam também comigo, para que vejam a minha glória'.

(São Irineu de Lyon)