domingo, 11 de agosto de 2019
sábado, 10 de agosto de 2019
PALAVRAS DE SALVAÇÃO

(São Pio X)
sexta-feira, 9 de agosto de 2019
DA PRÁTICA DA CARIDADE PELA MANSIDÃO
1. Antes de tudo, procurai nas ocasiões refrear a
ira, quanto puderdes. Guardai-vos, depois, de dizer
palavras desabridas, e ainda mais de usar de maneiras altivas e grosseiras, porque, às vezes, mais desagradam os modos ásperos do que as próprias palavras injuriosas.
Se vossas irmãs [o texto foi dirigido originalmente à orientação espiritual de religiosas] dirigirem algumas palavras de
desprezo, um pouco de coragem! sofrei-o; sofrei tudo
por amor de Jesus Cristo, que suportou muitos outros
desprezos maiores por amor de vós.
Meu Deus! que
miséria ver certas religiosas, que vão todos os dias à
oração e tantas vezes à comunhão, mostrarem-se tão
sensíveis e delicadas a toda palavra de pouco respeito e a todo ato pouco atencioso que se lhes fazem! Sóror Maria da Ascensão, quando recebia alguma afronta, corria logo ao altar do Santíssimo Sacramento e dizia: 'Meu divino Esposo, eu vos ofereço este mimo. Dignai-vos aceitá-lo e perdoar a quem me ofendeu'. Por que não havereis de fazer assim? É necessário
sofrer tudo para conservar a caridade.
2. Quando alguma pessoa vos falar com cólera, vos
injuriar ou censurar de alguma coisa, respondei-lhe
com doçura, e a vereis logo aplacada, porque está
escrito: 'Uma resposta branda detém e acalma a ira' (Pv 15,1). 'Assim como o fogo não pode ser extinto pelo fogo',
nota São João Crisóstomo, 'assim também a ira não
pode ser apaziguada pela ira'. Aquela pessoa vos
fala com ira e vós lhe respondeis com cólera, como
quereis que se acalme? Ainda que acendereis nela o
furor, e ofendereis ainda mais a caridade.
Eis o
que Sofronio refere a este propósito: 'Dois monges
em viagem tendo errado o caminho, entraram, por
acaso, em um campo semeado. O camponês, guarda
do território, ao vê-los andando naquele sítio, os cobriu de injúrias. Eles, a princípio, calaram-se, mas
vendo que o guarda se enfurecia cada vez mais e
engrossava as afrontas, disseram-lhe: Irmão, nós erramos, nós fizemos mal. Por amor de Deus, perdoai-nos. Essa resposta tão humilde o fez entrar em si,
de modo que, por sua vez, se pôs a pedir perdão das
injúrias irrogadas; e se compungiu tanto, que deixou
o mundo e se fez monge com eles'.
3. Algumas vezes, talvez vos pareça razoável,
ou mesmo necessário rebater a insolência de qualquer irmã, respondendo-lhe com vivacidade, sobretudo se sois superiora e ela vos tenha faltado como
respeito. Mas, cuidado com a ilusão! Sabei que
nesse caso é antes a paixão, do que a razão, que vos
leva a falar. Não nego que, especulativamente falando, às vezes, seja lícito irar-se, com tanto que faça sem defeito, como disse o rei profeta (Sl 4,5). Mas a dificuldade está em pôr-se isto em prática. Entregar-se à ira é como montar em um cavalo fogoso que não obedece ao freio, sem saber onde nos levará.
Por isso escreve sabiamente São Francisco de Sales na sua Filoteia: 'Os movimentos da cólera devem ser reprimidos, por maior que seja a causa que os justifique'. E acrescenta o santo: 'É melhor que se diga de vós que nunca vos irais, do que se afirme que vos encolerizais com razão'. E Santo Agostinho nota que é difícil lançar fora da alma a cólera que uma vez se deixou ali entrar; e por isso exortava a fechar-se a porta todas as vezes que tentasse lá entrar. Um certo filósofo, chamado Agripino, tendo perdido todos os seus bens, dizia tranquilo: 'Se perdi tudo, não quero perder também a paz'.
Assim dizei também vós, quando receberdes algum desprezo. Se já sofrestes a afronta, quereis perder também a paz, entregando-vos à cólera? Irritar-vos seria causar-vos a vós mesmas um dano muito maior do que a perda da estima ocasionada pela injúria. Santo Agostinho diz ainda que encolerizar-se com o insulto é castigar-se a si mesmo. É sempre nocivo perturbar-se, ainda que fosse por ter cometido alguma falta, porque, como diria São Luiz Gonzaga, 'na água turva, isto é, na alma inquieta, o demônio sempre acha que pescar'.
4. Eu vos disse que, quando vos irrogarem alguma injúria ou vos falarem com ira, vós devereis responder com mansidão; entretanto, se, na ocasião, vos sentirdes perturbadas, será melhor guardar silêncio. Então a paixão vos fará parecer justo e razoável tudo o que disserdes. Observa São Bernardo: 'Os olhos ofuscados pela indignação não vêem mais o que é justo e o que é injusto'. Figurai-vos que a paixão é como um véu preto posto diante dos olhos, que vos não deixa discernir o torto do direito.
5. Se acontecer que uma irmã, depois de vos ter ofendido, se arrependa e venha vos pedir perdão, guardai-vos de recebê-la de semblante carregado ou lhe responder com meias palavras, ou de fitar os olhos no chão ou pôr-nos a olhar as estrelas. Fazendo assim, ofendereis muito a caridade e dareis ensejo a essa irmã de mais vos odiar, e além disso dareis um grande escândalo a todo o mosteiro. Ao contrário, testemunhai-lhe uma sincera estima e se, por humildade, ela se ajoelhar diante de vós, dobrai também os joelhos; e quando começar a pedir-vos perdão, cortai-lhe a palavra na boca, dizendo: 'Ó minha irmã, para que fazer isto? Sabeis quanto vos amo e estimo. Pedis perdão a mim? Eu é que vos devo pedir perdão de vos ter inquietado, pela minha ignorância e descuido, não usando da atenção que vos devia. Desculpai-me, pois, e perdoai-me'.
6. Se, porém, vos suceder ofender alguma de vossas irmãs, empregai logo todos os esforços para apaziguá-la e tirar-lhe do coração todo o rancor. Diz São Bernardo, que não há meio mais próprio para reparar a caridade ofendida, do que humilhar-se. E fazei isto o mais cedo possível. Esforçai-vos por vencer a repugnância que experimentais; porque quanto mais demorardes, mais crescerá a vossa repugnância e depois nada fareis. Sabeis o que disse Jesus Cristo: 'Se estiverdes já diante do altar para ofender a vossa oblação, isto é para comungar ou para ouvir Missa, e vos lembrardes que vosso próximo está desgostoso convosco, deixai o altar e ide primeiro reconciliar-vos com ele (1Jo 3, 18). Advirta-se porém que, às vezes, não convém usar deste ato de humilhação, quando se julga que isso ocasione novo dissabor à pessoa ofendida. Neste caso, espere-se uma ocasião mais oportuna ou empregue-se a intervenção de outra irmã, e tenha-se cuidado de demonstrar-lhe uma atenção e respeito particular.
(Excertos da obra 'A Verdadeira Esposa de Jesus Cristo', de Santo Afonso Maria de Ligório)
quinta-feira, 8 de agosto de 2019
FOTO DA SEMANA
'O Senhor, teu Deus, vai conduzir-te a uma terra excelente, cheia de torrentes, de fontes ... que brotam nos vales e nos montes' (Dt 8, 7)
quarta-feira, 7 de agosto de 2019
TRÊS PERGUNTAS SOBRE AS VIRTUDES QUE NOS FALTAM
Primeira:
'Onde está o teu tesouro, lá também está o teu coração' (Mt 6,21)
'Tesouro” é aquilo que mais prezamos, que mais valorizamos. Pode ser uma pessoa querida, ou o nosso sucesso, ou o dinheiro, ou o prazer... O 'coração' – o mundo íntimo dos nossos pensamentos, sonhos, projetos e desejos – está centrado naquilo que mais estimamos e julgamos necessário para a nossa felicidade. Qual é seu ' tesouro'? Qual é o 'rei' que reina em seu mundo íntimo? Para muitas pessoas, o 'tesouro' são os três esses: Sucesso, Satisfação, Sossego. Se você se enquadra aí, não duvide: precisa urgentemente começar a lutar contra o egoísmo.
Para outras, o 'tesouro' consiste em acumular riquezas, entrar na lista dos 'mais'. Não entendem que, se os bens materiais são o seu Tesouro – assim, com maiúscula – estão a caminho de um suicídio moral, e podem despedir-se da felicidade que Cristo promete: 'Felizes os pobres em espírito [os que são desprendidos e generosos, ainda que tenham bens], porque deles é o Reino dos céus' (Mt 5,3). Para outros é a liberdade. Por enquanto, vou limitar-me a perguntar: Liberdade para quê? Dependendo da resposta, você vai conhecer seu coração. Se é liberdade para 'fazer o que eu quero', você é um lamentável egoísta; se for liberdade para poder dar-se mais a Deus e dedicar-se a grandes ideais em favor dos outros, você tem a virtude da generosidade.
Segunda:
'A boca fala daquilo de que o coração está cheio' (Lc 6,45)
De que fala mais você? De você mesmo? Fala demais e escuta pouco? Não precisa refletir muito: você tem que lutar contra a vaidade. Talvez o despertem estas palavras de Caminho: 'Obstinas-te em ser o sal de todos os pratos... e – não te zangues se te falo claramente – tens pouca graça para ser sal... Falta-te espírito de sacrifício. E sobra-te espírito de curiosidade e de exibição' (n. 48). Você critica muito os outros? Acha logo defeito em tudo o que dizem ou fazem? Precisa adquirir a virtude da compreensão. E, se curte mágoas e rancores, precisa – mais do que o ar que respira – aprender a virtude da misericórdia.
Você é boca-suja, que não pára de falar de sexo e baixarias? Precisa descobrir e começar a praticar uma virtude que provavelmente ignora, e até despreza, a castidade; e precisa também praticar a veracidade, isto é, lutar para não ficar enganando, traindo os compromissos de fidelidade que assumiu. Você pensa até dormindo – como se fosse um ingrediente imprescindível da felicidade – em requintes de comida, em bebidas, em prazeres do gosto que não consegue largar? Também é urgente que aprenda como se adquire a virtude da temperança.
Terceira:
'Por que estais tristes?' (Lc 24,17)
Essa é a primeira pergunta que Jesus ressuscitado fez aos discípulos de Emaús, quando voltavam para casa desesperançados, depois do 'fracasso' de Jesus na Cruz. As alegrias e as tristezas (não falo das que procedem do amor a Deus aos outros) são excelentes radiografias das doenças do coração. Causa-lhe alegria o que é 'fácil' ou o que é 'certo'? Diz, todo feliz: 'Consegui driblar um compromisso'? Então, no seu coração há um buraco negro no lugar que deveria ocupar a virtude da responsabilidade.
Causa-lhe muito mais alegria o que recebe do que aquilo que dá? Há um vazio no lugar da caridade e da abnegação. Quando se porta mal, entristecem-no as ofensas feitas a Deus e ao próximo, ou só a humilhação de se ver fraco e ruim? Precisa, então, ganhar as virtudes da humildade e do arrependimento. Alegra-se com o fracasso dos outros, quando faz brilhar mais o seu sucesso? Não demore a iniciar uma luta séria contra os feios vícios da inveja e da vanglória.
As perguntas poderiam prosseguir e continuarão em outros capítulos. Mas vou terminar agora com palavras de um sermão de Quaresma de São Bernardo, que inspiraram as perguntas acima: 'Examina com cuidado o que é que amas, o que é que temes, de que te alegras, com que te entristeces. Todo o coração consiste nestes quatro afetos' (Sermão no começo do jejum, n. 2-3). As virtudes que nos faltam são um cartaz luminoso. Cada uma delas nos lança um apelo: veja o caminho que ainda deve percorrer, e comece a andar. Pense. Reze. Peça luz a Deus e procure ver a verdade no fundo do seu coração (Sl 50, 8).
(Excertos da obra 'A Conquista das Virtudes', de Francisco Faus)
terça-feira, 6 de agosto de 2019
COMPÊNDIO DE SÃO JOSÉ (XVIII)
86. São José entrou também no folclore?
A piedade popular e o amor a São José que os fiéis demonstraram teve um gosto folclorístico em muitos lugares. Na Sicília (Itália), por ocasião do dia 19 de março, os fiéis organizavam o 'Banquete de São José', convidando alguns pobres para almoçarem em suas casas. Ainda na Sicília, costumava-se vestir um velho de bons costumes com uma túnica e um manto, tendo nas mãos uma vara florida, com a qual abençoava o povo. Em outras localidades levam-se, neste dia, pães às Igrejas para serem abençoados e distribuídos aos pobres ou comidos em família. Ainda na Itália, numa localidade de nome Gela, costuma-se no dia 1º de maio levar à Igreja o 'Prato de São José', cheio de vários tipos de alimentos. Este é leiloado e a renda revertida para as obras de caridade. Da mesma forma, em Riccia (Itália), os fiéis praticam a devoção a São José, convidando para o almoço três pessoas: um casal e um adolescente ou jovem, representando a Sagrada Família. Em Siracusa, no dia 19 de cada mês, os devotos celebravam o chamado 'dezenove', onde doze devotos preparam, cada um, três roscas grandes e várias roscas pequenas e as levavam diante da imagem do santo durante a missa do dia; as três roscas grandes eram distribuídas uma para um idoso, outra para uma moça e a terceira para uma criança, enquanto que as pequenas eram dadas aos amigos.
Em outros lugares, no dia 19 de março, as famílias preparam uma farta mesa convidando cinco pessoas representando Jesus, Maria , José, Santa Ana e São Joaquim, ou também preparam uma farta mesa na praça pública às 12 horas, onde participam dela os mais pobres e idosos. No dia 23 de janeiro, Festa dos Esponsais de São José com Maria, costuma-se mandar benzer muitos doces e confeitos para depois levá-los aos doentes e distribuí-los entre os amigos. Outro costume em Nápoles (Itália) é o de, na ocasião da festa do santo, organizar a 'Violeta de São José', onde os devotos oferecem estas flores ao santo nas igrejas ou diante das imagens que possuem em suas casas. Existe ainda o costume de organizar procissões que partem de duas igrejas, uma com a imagem de São José e outra de Nossa Senhora, e estas se encontram na praça principal, onde Nossa Senhora oferece um ramalhete de flores a São José. Atualmente no Brasil, em várias igrejas, celebra-se a 'Novena de São José' nos dias 19 de cada mês, onde os devotos costumam levar alimentos, folhas de chá, flores para serem abençoadas e depois levadas para as suas casas ou distribuídas.
87. São José é relacionado a alguma crença particular?
Na Escócia, ele é tido como Patrono do Tempo, por isso a sua estátua é colocada fora de casa e coberta com um guarda-chuva para indicar o tempo que se deseja. Na Austrália sua estátua é colocada para fora com um guarda-chuva aberto. No nordeste do Brasil, ele é tido como o santo que envia a chuva; se não chove no dia de São José, o povo acredita que aquele ano será de seca, mas se chover no dia 19 de março ou proximidades desde dia, o tempo será bom e haverá boa colheita. Neste dia o povo faz uma procissão com sua imagem e solta muitos fogos de artifício. Na Califórnia (EUA), mantém-se viva a tradição de que, no dia 19 de março, os pássaros retornam para a primavera. São José disputa também com Santo Antônio o título de santo casamenteiro. No Brasil, desde o século XVIII, é invocado pelas mulheres grávidas, as quais sempre recorrem a Nossa Senhora do Bom-parto, mas com a participação de São José. Ainda no Brasil, sobretudo no Nordeste, é invocado como protetor para um bom casamento, ou para se livrar de um casamento indesejado. Sobretudo no Nordeste o povo faz procissões de penitência durante a seca onde cantam 'Bendito, louvado seja, Senhor São José, leva Deus Menino para Nazaré'.
88. E o que dizer da presença de São José na arte?
Juntamente com Nossa Senhora, São José é sem dúvida um dos personagens bíblicos mais presentes na arte. A arte espelha aquilo que foi pregado e ensinado aos fiéis ao longo dos séculos nos diversos lugares; a arte testemunha a catequese. Vemos São José sempre presente nas representações do nascimento de Jesus em Belém; vemo-lo ao lado de Maria, em sonho, com o Menino Jesus nos braços; apresentando o Menino no Templo; fugindo para o Egito; dentro da sua carpintaria com serrote nas mãos; ensinando Jesus, com o martelo nas mãos; em adoração diante do Menino; com o livro nas mãos ensinando Jesus… Apreciamos na arte um São José velho, com cabelos e barba brancos, com um bastão ou vara florida nas mãos, com uma auréola na cabeça, com um lírio na mão direita, na cena do casamento com Maria… Mas vemos também um São José jovem, jovial, alegre, robusto, sereno, afável, dócil, como aquele apresentado pelo diretor de cinema Franco Zeffirelli em seu filme: 'Jesus de Nazaré', no exercício de sua profissão de carpinteiro, inserido dentro de uma família, atraente, hebreu profundamente religioso… Podemos dizer que a presença de São José na arte é bastante satisfatória a ponto de possibilitar variadas exposições denominadas 'José na arte' em diversos lugares.
89. Por que José é representado na arte com um bastão florido na mão?
A origem do bastão florido é bíblica, está ligada à eleição de Araão para o serviço do tabernáculo (Nn 17,6-16). O bastão é símbolo de autoridade, é um instrumento para exprimir o juízo de Deus. Com o florescimento do próprio bastão, Araão foi divinamente eleito para o serviço do Santuário. A José foi reservada uma missão mais importante do que a de Araão, pois ele foi designado para servir o 'tabernáculo verdadeiro, constituído pelo Senhor, e não por um homem' (Hb 8,2; 9,11.24). Se para escolher aquele que devia servir o antigo Tabernáculo foi necessária uma eleição divina, com muito mais razão houve a necessidade da escolha divina para aquele que devia servir a realidade mesma da Nova Aliança, ou seja, Jesus.
90. Por que, às vezes, os artistas representam o bastão de São José com flores de amendoeira e outras vezes com um lírio?
Esta diferente representação é devida ao fato de uma prevalente interpretação moral sobre uma interpretação religiosa. A interpretação artística do bastão florido é símbolo de sua divina eleição como esposo de Maria e pai de Jesus e foi entendida como prova de sua castidade virginal e portanto representada pelo lírio. O simbolismo da flor de amendoeira recebe a explicação com o fato de que, na língua hebraica, a amendoeira é chamada saqed, que significa 'vigilante', porque é a primeira planta que floresce na primavera e aqui se entende a ligação do simbolismo com o fato descrito em Jeremias (Jr 1,11) entre o ramo de uma amendoeira visto pelo profeta e a vigilância que Deus exercita sobre a sua palavra. José é justamente aquele que deve estar sempre vigilante sobre Jesus e Maria, realizando assim a vigilância de Deus sobre as suas promessas.
('100 Questões sobre a Teologia de São José', do Pe. José Antonio Bertolin, adaptado)
segunda-feira, 5 de agosto de 2019
O TESOURO DAS INDULGÊNCIAS
Para um católico seriamente praticante, que conhece pelo menos os pontos básicos do Catecismo, a Santa Igreja é de uma beleza incomparável. Seus tesouros espirituais, descobertos a cada dia, são sempre motivo de encantamento, alegria e admiração. Para os não católicos ou os indiferentes à Igreja, mas principalmente para aqueles que lhe têm um ódio profundo, qualquer pequena calúnia levantada contra Ela ou o mau procedimento de algum de seus filhos é pretexto para arroubos de indignação e deblateração. É o que sucede, por exemplo, com a doutrina sobre as indulgências.
Quanta calúnia se levantou contra a Igreja a propósito do famigerado heresiarca Lutero, com sua revolta baseada em uma suposta 'venda da salvação eterna pelas indulgências'! Quanta invenção, mentira, superficialidade e ignorância histórica!
Dedicando-me à formação religiosa de adolescentes, tenho observado uma atenção e um interesse especial deles pelo assunto, o que me levou muitas vezes a orientá-los. Recentemente fui convidado a expor a doutrina sobre as indulgências para pessoas já bem longe da adolescência, conhecedores da doutrina católica e com décadas na prática séria da religião. Para surpresa minha, o interesse dos componentes desse público era igual ou até maior que o dos jovens, mas observei também, da parte deles, um conhecimento insuficiente e não aprofundado sobre a matéria, que os leva a não aproveitar esta riqueza incomparável da Igreja.
A grande Santa Teresa d’Ávila teve uma visão de Nosso Senhor, durante a qual ela viu no Céu uma religiosa de sua Ordem que era pouco fervorosa. Espantada, quis saber por que a mesma se livrou tão rapidamente do Purgatório. O Divino Redentor então lhe respondeu: 'Ela soube aproveitar bem as indulgências que a Santa Igreja lhe concedia'. Explicarei do modo mais sucinto e didático possível como um católico pode obter facilmente uma indulgência plenária, e também como ele pode ir diretamente para o Céu sem passar pelo Purgatório, bastando rezar algumas orações durante a vida.
Nada disso é impossível aos católicos que têm uma vida de piedade normal. Não se requerem méritos nem 'truques' pessoais, pois os benefícios advindos das indulgências nos são fornecidos pelos méritos infinitos de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Virgem Santíssima e dos santos. Tudo está claramente definido no Manual das Indulgências, documento oficial da Santa Igreja, do qual colhi as condições, normas e vantagens para a obtenção durante a vida da remissão das próprias penas, bem como as vantagens decorrentes, como exponho a seguir.
A remissão das penas temporais devidas aos pecados já perdoados pode ser obtida de várias maneiras: por atos de penitência voluntária, jejuns, sofrimentos no Purgatório ou através das indulgências. São seis as condições para se receber uma indulgência plenária:
1. Ter a intenção de recebê-la; pode ser uma intenção genérica, enunciada no começo do dia, uma vez por semana ou até uma vez por mês.
2. Confessar-se; uma única confissão vale para muitas indulgências plenárias.
3. Comungar; uma comunhão vale apenas para uma indulgência plenária.
4. Rezar pelas intenções do Santo Padre; pode ser um Pai-Nosso e uma Ave-Maria.
5. Não ter apego ao pecado, mesmo venial; isto não significa a exigência de a pessoa não cometer pecado, mas sim de não ter apego a ele e desejar abandoná-lo.
6. Execução da obra; dou cinco exemplos de atos fáceis de serem realizados:
a) Meia hora de visita ao Santíssimo Sacramento;
b) Rezar um terço em família, em grupo ou com algum amigo;
c) Ler durante meia hora um dos livros da Bíblia Sagrada;
d) Ensinar o Catecismo durante meia hora;
e) Assistir a uma Primeira Comunhão.
Além de ganhar uma indulgência plenária todos os dias, o fiel que ao longo de sua vida rezar — uma vez por semana, por exemplo — uma oração (a 'Alma de Cristo' ou qualquer outra) fazendo uso de um crucifixo, receberá uma indulgência plenária no momento de sua morte.
Uma dádiva como esta constitui uma verdadeira misericórdia de Deus, desde que queiramos e nos esforcemos para viver na sua amizade. Ela nos induz a abandonar o pecado e nos livra dos pesos de consciência que sempre acompanham o estado de pecado grave. Aproveitemos todas as indulgências que nos são concedidas para o nosso proveito, o bem das almas e as necessidades da Santa Igreja, mas principalmente para a maior glória de Deus Nosso Senhor.
(Sérgio Bertoli, Revista Catolicismo n. 805, janeiro de 2018)
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