domingo, 22 de julho de 2018

22 DE JULHO - SANTA MARIA MADALENA


Maria Madalena. Para se fazer distinção do nome Maria tão comum entre os habitantes de Israel (esse era o nome, por exemplo, da irmã de Moisés), os textos bíblicos nomeavam as diferentes Marias por um acréscimo singular do personagem - assim, Maria Madalena é a Maria de Magdala, povoado situado às margens do Lago da Galileia e próximo à cidade de Tiberíades. Eis as pouquíssimas referências a ela nas Sagradas Escrituras:

[Lc 8, 2-3]: 'Os Doze estavam com ele, como também algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e curadas de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes; Susana e muitas outras, que o assistiram com as suas posses'.

[Jo 19, 25]: 'Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena'.

[Mc 15,40-41; 47]: 'Achavam-se ali também umas mulheres, observando de longe, entre as quais Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé, que o tinham seguido e o haviam assistido, quando ele estava na Galileia; e muitas outras que haviam subido juntamente com ele a Jerusalém... Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde o depositavam'.

[Mc 16, 1; 5-6; 9-10]: 'Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para ungir Jesus... Entrando no sepulcro, viram, sentado do lado direito, um jovem, vestido de roupas brancas, e assustaram-se. Ele lhes falou: Não tenhais medo. Buscais Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Ele ressuscitou, já não está aqui. Eis o lugar onde o depositaram... Tendo Jesus ressuscitado de manhã, no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria de Magdala, de quem tinha expulsado sete demônios. Foi ela noticiá-lo aos que estiveram com ele, os quais estavam aflitos e chorosos'.

[Jo 20, 1-2; 18]: 'No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro. Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram! ... Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos que ela tinha visto o Senhor e contou o que ele lhe tinha falado'.

Ela é a figura bíblica 'Maria de Magdala', da qual Jesus havia expulsado sete demônios. Esta acepção não implica a interpretação direta de 'uma grande pecadora'. O fato de ter-se livrado de 'sete demônios' (sete é o número da perfeição, da plenitude) implica que ela foi curada de todos os seus males tanto físicos (enfermidades) como espirituais (pecados, estes de naturezas quaisquer). É absolutamente forçada e despropositada a conjectura de que Maria Madalena pudesse ter sido uma 'prostituta' na sua condição pregressa antes do seu encontro com Jesus. Desta interpretação espúria, nasceram inúmeras outras lendas e desdobramentos fantasiosos da participação e do envolvimento desta mulher singular na vida pública de Jesus e dos seus apóstolos. 

sábado, 21 de julho de 2018

INTERPRETAÇÕES DOS SONHOS DE DOM BOSCO (V/Final)


A estreita correlação entre as visões dos sonhos de Dom Bosco com as mensagens e profecias de Fátima é bastante incisiva quando se considera a suposta descrição (certamente apenas parcial) do Terceiro Segredo de Fátima, em manuscrito da Irmã Lúcia, como revelado pelo Vaticano em 26 de junho de 2000:

(i) Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora, um pouco mais alto, um Anjo com uma espada de fogo na mão esquerda; ao cintilar, despedia chamas que pareciam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contato do brilho que, da mão direita, expedia Nossa Senhora ao seu encontro.
(ii) O Anjo, apontando com a mão direita para a terra, com voz forte, disse: Penitência, Penitência, Penitência! 

Na suposta continuação das três partes que constituem o chamado Segredo de Fátima, as duas partes anteriores e já descritas pela vidente corresponderiam ao Primeiro Segredo - a perda eterna das almas e a visão do inferno e o Segundo Segredo - a revelação de castigos universais e os meios para evitá-los. A visão propriamente dita tem origem no Anjo empunhando uma espada de fogo, que remete de imediato a um cenário apocalíptico: 'as chamas pareciam incendiar o mundo'. Não se trata mais de um mundo imerso nas trevas, nem mais o mundo em que fulgurou outrora a luz portentosa da igreja; é apenas um mundo mergulhado num incêndio colossal, num mar de fogo. 

O Anjo empunha a espada de fogo com a mão esquerda e brada à humanidade por conversão apontando para a Terra com a mão direita. A mão direita é símbolo do poder e da justiça de Deus, instrumento da ira santa de Deus. Na invocação dirigida aos homens, a exortação angélica é um brado retumbante e vigoroso dirigido aos homens do pecado, sem mais concessões ou delongas possíveis: Penitência, Penitência, Penitência! 

A espada na mão esquerda reflete uma condição ainda potencial do castigo universal imposto a uma humanidade transtornada pelo pecado, que se tornou indiferente a todos os avisos e manifestações amorosas da Mãe de Deus e que desdenhou por completo das dores e sofrimentos anunciados e vividos tão tragicamente pelos homens e mulheres das gerações anteriores. O flagelo está ainda em suspenso. A luz emanada da mão direita da Virgem tem o poder de estancar e de apagar o fogo da justiça divina, mas este aceno da graça é condicional e depende da resposta da humanidade aos apelos de conversão universal.

(iii) E vimos, numa luz imensa que é Deus, 'algo semelhante a como se vêem as pessoas em um espelho quando lhe passam por diante' um Bispo vestido de branco e 'tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre'. 
(iv) Vários outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas a subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fora de sobreiro com a casca.
(v) o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meio em ruínas, e meio trêmulo e com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho. 

A 'luz imensa que é Deus' e pressentimentos sobrenaturais já eram experiências vivenciadas pelos videntes de Fátima durante aparições anteriores de Nossa Senhora [por exemplo, eles pressentiram que a visão do Imaculado Coração de Maria cravejado de espinhos, na segunda aparição, não devia ser revelado por eles naquele momento]. Os videntes vêem, com clareza cristalina (como a imagem refletida em um espelho), o Santo Padre como um bispo vestido de branco. O pressentimento sobrenatural confirma a natureza desta visão. 

O Santo Padre está em meio a uma longa e penosa caminhada atravessando cidades em ruínas e montes de cadáveres, sob angústia mortal e passos vacilantes. Nesta caminhada, é seguido por uma legião de sacerdotes e religiosos [e também leigos, como nomeados nesta multidão, em trecho mais adiante da mensagem] que se mantiveram fieis à Igreja. É uma imagem muito similar à da procissão do exílio que chega a uma praça cheia de mortos e feridos,  como narrada no segundo sonho de Dom Bosco. A mesma referência à quebra da fé, à transgressão do sagrado pelo profano, ao relativismo moral, ao catolicismo morno e sociológico, ao abandono da Igreja ao primado de Pedro ('a precipitação vertiginosa do sol em direção à Terra', na sexta aparição). O papa caminha sobre destroços e cadáveres (terríveis consequências* do flagelo do fogo, sinal inequívoco que o apelo triplo do Anjo à penitência terá sido em vão), sob penosos sofrimentos e aflições (a via crucis da Igreja).

* Em visões particulares, logo após a Terceira Aparição da Virgem, Jacinta revelou a Lúcia ter visto o Santo Padre a chorar numa casa muito grande, de joelhos e com as mãos no rosto, enquanto lá fora havia muita gente que lhe atiravam pedras ou que lhe rogavam pragas. Em outra ocasião, teve a visão do Santo Padre, a rezar diante do Imaculado Coração de Maria junto com uma multidão, enquanto uma outra multidão faminta se arrastava pelas estradas sem ter nada para se alimentar. Diante desse relato, Lúcia a instou a permanecer calada, porque senão isso poderia revelar o teor do Terceiro Segredo.

Mas a Paixão ainda está por vir. E a Igreja, à semelhança de Cristo, há de perpassar integralmente pelos padecimentos do seu próprio Calvário. O Sumo Pontífice e a multidão chegam, então, ao trecho final da caminhada - uma encosta íngreme e acidentada com uma cruz tosca no cimo. A Igreja descobre e sobe, trêmula, vacilante e desolada, o seu Gólgota. Amargo preço por ter abandonado os portos seguros da graça para ir de encontro à civilização moderna ('a grande cidade meio em ruínas') como uma nau sem rumo em mar revolto. A cruz - tosca cruz - é o símbolo de uma Igreja esmaecida do seu fulgor mas que, apesar de tudo, não perdeu a sua herança divina. Num mundo conturbado pelo pecado, dilacerado pelo pecado, ainda permanece firme sobre o Gólgota a Cruz de Cristo!

(vi) chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz, [o papa] foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas.
(vii) e, assim mesmo, foram morrendo, uns trás dos outros, os bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e várias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias classes e posições. 
(viii) Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos, cada um com um regador de cristal na mão, e neles recolhiam o sangue dos mártires e com eles regavam as almas que se aproximavam de Deus'.

As pés da Cruz, dá-se o martírio de papa e de uma multidão de fieis. Na verdade, acontece um massacre porque não se trata de um atentado a uma parte da Igreja, a um corolário da fé cristã, a algum dos seus dogmas, mas de uma guerra tremenda contra toda a Igreja. As armas podem disparar tiros e os arcos podem disparar setas: para arruinar desde os fundamentos da Igreja de Jesus Cristo, os inimigos investem para matar o corpo e a alma de milhões e de milhões, seja pelos conflitos armados, seja pelo cipoal de heresias, pela incredulidade, pelo ateísmo, pelo agnosticismo, pelo materialismo e por tantas outras doutrinas sectárias, 'setas' que matam a alma de tantos e tantos filhos da Igreja. O 'grupo de soldados' é um símbolo de uma ação planejada e implementada sob uma sólida e diabólica estratégia militar. Ao martírio de sangue está associado o martírio espiritual, cujos frutos serão cuidadosamente recolhidos pelos anjos para se regar as novas vinhas do Senhor e para gerar sementes de uma humanidade renovada. 

E este será um evento espantoso, fruto de uma intervenção direta e extraordinariamente sobrenatural, que sabemos há de vir por meio daquela 'que combate e dispersa os mais fortes exércitos da terra'. A Igreja vai padecer enormemente e viver o seu Calvário, porque Roma desprezou as profecias e se aviltou nos seus erros e contradições, mas renascerá triunfante porque Deus 'reservou a vitória sobre os seus inimigos a Si mesmo' (Pio IX). Esta confirmação do triunfo da Igreja e a explicação destes eventos por Nossa Senhora certamente devem estar incluídos no contexto do que ainda não se sabe do chamado Terceiro Segredo de Fátima.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

O PENSAMENTO VIVO DE SANTA TERESA DE LISIEUX (I)

'Estamos vivendo num século de grandes inventos. Já não custa fadigas galgar degraus de uma escadaria; as casas abastadas tem lá ascensores que as substituem vantajosamente. Quisera eu também descobrir um ascensor para me levar até Jesus, pois sou tão pequenina que me falecem as forças para vingar até o topo da escada íngreme da perfeição.

Pedi logo aos Livros Sagrados que me indicassem o ascensor cobiçado, e depararam-se-me estas palavras da mesma Sabedoria eterna: 'Todo aquele que é simples e pequenino venha a mim!' (Pv 9,4). Cheguei-me, portanto, a Deus, persuadida de ter, enfim, descoberto o que andava procurando; e, desejosa de saber ainda o que o Senhor faria a esse pequenino, prossegui nas minhas pesquisas e encontrei o seguinte: 'Hei de trazer-vos ao colo, embalar-vos sobre meus joelhos. Do mesmo modo que uma mãe acaricia o seu filhinho, assim eu vos consolarei' (Is 66,12). Ah, mas ternas e melodiosas palavras nunca soaram para deleitar a minha alma. O ascensor que me há de guiar até o céu são os vossos braços, ó Jesus! Para isto não é necessário que eu cresça, devo antes ficar sempre pequenina e empenhar-me em o ser cada vez mais. Meu Deus, fostes muito além de quanto eu podia esperar e quero agora celebrar as vossas misericórdias! 'Ensinaste-me, ó meu Deus, desde a minha mocidade; e eu publicarei as tuas maravilhas que tenho experimentado até agora. E até a velhice e idade avançada, ó Deus, não me desampares, até que anuncie a força do teu braço todas as gerações que hão de vir!' (Sl 70,17).
'O coração de Jesus é muito mais magoado por causa das mil pequenas imperfeições dos seus amigos do que das próprias faltas graves cometidas por seus inimigos. No entanto, parece-me que é somente quando os seus adquirem um hábito dessas indelicadezas e não lhe pedem perdão por elas que se pode aplicar a palavra: 'Estas chagas que vedes em minhas mãos, eu as recebi daqueles que me amavam' (Zc 13,6).
'Por aqueles que o amam e que, depois de cada pequena falta, vêm lançar-se em seus braços e lhe pedem perdão, Jesus vibra de alegria. Ele diz a seus anjos o que o pai do Filho pródigo dizia aos seus servos: 'Metei-lhe um anel no dedo e regozijemo-nos!' Ah! Como são pouco conhecidos a bondade e o amor misericordioso do Coração de Jesus! É verdade que, pra fruir destes tesouros, é necessário conhecer o seu nada e humilhar-se - e é justamente isso o que muitas almas não querem fazer!...'

quinta-feira, 19 de julho de 2018

INTERPRETAÇÕES DOS SONHOS DE DOM BOSCO (IV)


Existe um paralelismo muito grande entre os fatos narrados nos dois sonhos de Dom Bosco com as mensagens e profecias reveladas por Nossa Senhora em Fátima. Ao final da sexta aparição (13/10/1917), ocorreu uma série extraordinária de fenômenos que ficou conhecida como 'o milagre do sol', que podem ser assim sintetizados:

(i) o sol tinha a forma de um disco luminoso, com a borda claramente delineada como uma faixa luminosa e podia ser visado diretamente por longo tempo, sem cegar ou ofuscar a visão das pessoas.

O sol é o símbolo da Igreja de Cristo, claramente visível e delineada na história humana, herança firmada sobre a rocha (Pedro) e assente sobre uma doutrina sólida, conhecida e luminosa como o céu do meio dia. A Igreja de Cristo é a luz de Cristo, que não ofusca, que não cega, que não se contamina, que não enfastia, que não promove qualquer desordem ou perturbação dos espíritos ou dos sentidos, mas que é anelo intangível de graça eterna. Quando se perde esse modelo de referência, a visão fica dificultada, a limpidez se turva, a luz fica esmaecida e a Verdade se obscurece.  

(ii) o sol pareceu dançar no firmamento, passando a girar aceleradamente sobre o seu eixo para, em seguida, interromper e recomeçar outras vezes esse movimento vertiginoso.

Eis a Igreja destituída dos ornamentos puros da graça e perturbada pelos valores do mundo; o sol, ao 'dançar', abandona a sua ordem natural e avilta a ordem divina, simbolizando uma crise da Igreja, que a faz girar sobre si mesma, descontrolada e cambaleante, deixando de seguir seu curso normal. O movimento vertiginoso se repete, indicando não se tratar de uma crise passageira ou incipiente, mas de uma crise tremenda e que se estende por longo tempo e curso.

(iii) o sol começou a irradiar luzes diferentes e cambiantes, que foram disseminadas e refletidas sobre todo o ambiente da Cova da Iria (sobre as pessoas, a paisagem, os montes e as árvores).

Que Igreja é essa que não mais irradia a luz única de Cristo? Ao contrário, é uma Igreja que espalha muitas e diferentes luzes (símbolo da mistura com doutrinas estranhas, fruto do ecumenismo e do misticismo, que se espalha sobre tudo e sobre todos, indicando a natureza universal destas perdas e que, no espargir multicolor, se perde a luz da Verdade, da mesma forma que, em uma liga, quem perde mais é o metal mais puro). A irradiação ensandecida não é natural e recorda uma Igreja perplexa e igualmente ensandecida.

(iv) ao final dos eventos, o sol pareceu precipitar-se sobre a terra num movimento apocalíptico que produziu nas pessoas um enorme temor e uma impressão geral de 'fim do mundo'; interrompendo esse processo de arremetida em ziguezague, o sol retornou então à sua posição natural e passou a ser visto na sua conformação original e ofuscante à visão direta.

Ao se precipitar em direção à Terra, num movimento oblíquo e tortuoso (arremetida em ziguezague), a Igreja mostra-se servil aos interesses humanos e do mundo e esquecida da sua origem divina (abandono da sua origem e esplendor no alto do firmamento), símbolos de uma crise sem precedentes que somente pode ser exposta por uma queda brutal e vertiginosa. Crise tão grande que produz temores apocalípticos e a impressão de 'fim do mundo'. 

Eis que, de repente, o sol interrompe bruscamente os espasmos não naturais e incontroláveis e readquire a postura astronômica de sempre, retornando ao alto dos céus. As testemunhas da Cova da Iria foram uníssonas em afirmar que esse retorno do sol aconteceu também em ziguezague e de forma cambaleante, embora mais rápido que a descida. Ou seja, a volta da Igreja à sua posição natural (a Roma e por Cristo, com Cristo e em Cristo)  não será feita de forma rápida e decidida, mas em meio a vacilações e hesitações de toda ordem. Mas este retorno e esse reequilíbrio natural do sol constituem ecos igualmente potentes da mensagem decisiva – a definitiva e primordial mensagem de Fátima: 'Por fim o meu Imaculado Coração triunfará!' Eis o testemunho incondicional do triunfo de Deus no mundo, demarcado pelas mensagens da Virgem, no milagre do sol e nos sonhos de Dom Bosco!

quarta-feira, 18 de julho de 2018

CONSAGRAÇÃO AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA



CONSAGRAÇÃO DO MUNDO AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

Ó Rainha do Santíssimo Rosário, auxílio dos cristãos, refúgio do gênero humano, vencedora de todas as batalhas de Deus! Ante vosso Trono nos prostramos suplicantes, seguros de impetrar misericórdia e de alcançar graça e oportuno auxílio e defesa nas presentes calamidades, não por nossos méritos, mas sim unicamente pela imensa bondade de vosso maternal Coração.

Nesta hora trágica da história humana, a Vós, ao vosso Imaculado Coração, nos entregamos e nos consagramos, não apenas em união com a Santa Igreja, corpo místico de vosso Filho Jesus, que sofre e sangra em tantas partes e de tantos modos atribulada, mas sim também com todo o mundo, dilacerado por atrozes discórdias, abrasado em um incêndio de ódio e vítima de suas próprias iniquidades.

Que vos comovam tantas ruínas materiais e morais, tantas dores, tantas angústias de pais e mães, de esposos, de irmãos, de crianças inocentes; tantas vidas cortadas em flor, tantos corpos despedaçados na horrenda carnificina, tantas almas torturadas e agonizantes, tantas em perigo de se perderem eternamente.

Vós, ó Mãe de misericórdia, consegui-nos de Deus a paz; e, antes de tudo, as graças que podem converter-se em um momento os corações humanos, as graças que reparam, conciliam e asseguram a paz. Rainha da paz, rogai por nós e dai ao mundo em guerra a paz por quem suspiram os povos, a paz na verdade, na justiça, na caridade de Cristo.  Dai a paz das armas e a paz das almas, para que na tranquilidade da ordem se dilate o reino de Deus.

Concedei vossa proteção aos infiéis e a quantos jazem ainda nas sombras da morte; concedei a paz e fazei que brilhe para eles o sol da verdade e que possam repetir conosco diante o único Salvador do mundo: glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.

Dai a paz aos povos separados pelo erro ou pela discórdia, especialmente aqueles que vos professam singular devoção e nos quais não havia casa onde não se achasse honrada vossa venerada imagem (hoje talvez oculta e retirada por melhores tempos), e fazei que retornem ao único redil de Cristo sob o único verdadeiro Pastor.

Obtende a paz e liberdade completa para a Igreja Santa de Deus; contei o dilúvio inundante do neopaganismo, fomentai nos fiéis o amor à pureza, a prática da vida cristã e do zelo apostólico, a fim de que aumente em méritos e em número o povo dos que servem a Deus. 

Assim como foram consagrados a Igreja e todo o gênero humano ao Coração de vosso Filho Jesus como sinal de esperança e prenda de vitória e de salvação, de igual maneira, ó Mãe nossa e Rainha do Mundo, também nos consagramos para sempre a Vós, ao vosso Imaculado Coração, para que vosso amor e patrocínio acelerem o triunfo do Reino de Deus. E então, todas as gentes, pacificadas entre si e com Deus, Vos proclamem bem-aventurada e entoem convosco, de um extremo ao outro da terra, o eterno Magnificat de glória, de amor, de reconhecimento ao Coração de Jesus, no qual apenas se podem achar a Verdade, a Vida e a Paz. Amém.

(Pio XII)

terça-feira, 17 de julho de 2018

INTERPRETAÇÕES DOS SONHOS DE DOM BOSCO (III)


No cenário do segundo sonho de Dom Bosco, são descritas as seguintes visões:

(i) o aparecimento de uma 'luz esplendoríssima' numa noite escura.
(ii) uma multidão, como uma procissão e tendo o Sumo Pontífice à frente, abandona o Vaticano.
(iii) um furioso temporal se abate sobre a multidão, obscurecendo a luz.

No limiar da noite escura (erros doutrinários, reforma da liturgia, ressurgimento do modernismo) que tende a se abater sobre a Igreja, as aparições e as mensagens da Mãe de Deus, particularmente em Fátima, constituem a 'luz esplendoríssima' (como um sol ao meio dia) que brilha sobre o mundo, como oráculo de bênçãos e graças derramadas para um mundo destinado à paz e à conversão. Mas a mensagem não é seguida e nem sequer ouvida; o mal impera e se espalha como o joio nas vinhas do Senhor. A Igreja, ofuscada e entorpecida pelos apelos humanos, abandona o porto seguro de suas origens para se aventurar em saída para os campos do mundo. Abandona e perde o porto seguro da graça. O Pontífice torna-se, então, refém de um exílio imposto e se afasta de Roma (Dom Bosco interpretou esta profecia, mais tarde, como se referindo ao exílio de um papa), à frente de uma grande procissão (é interessante observar a ordem como as pessoas se enfileiram nesta procissão). Nesse caminho de perdas e abandonos das primícias da Fé, a Igreja é afligida, cada vez mais com maior força, por um furioso temporal que obscurece por completo as mensagens de Nossa Senhora, a Profetisa dos Tempos Finais.

(iv) passado um tempo ('duzentos levantar do sol'), a multidão, agora muito mais reduzida, dá-se conta que estava 'fora de Roma'.
(v) a multidão chega a uma praça coberta de mortos e feridos.
(vi) dois anjos conclamam ao Pontífice apelar àquela 'que combate e dispersa os mais fortes exércitos da terra' e retornar à Roma, sendo instado a reunir todos os homens na Palavra de Deus e promover a conversão de toda a humanidade.

A Igreja (o papa e a multidão dos fieis remanescentes, o 'pequeno resto' que não abandonou a sã doutrina de Cristo) percebe, depois de algum tempo, que está 'fora de Roma' (em uma praça, lugar profano, símbolo do abandono do sagrado) e, estando fora de Roma, perdeu seu porto seguro (tal como a nave-mãe afastada das duas colunas no mar revolto, no contexto do primeiro sonho, representa o mesmo entorpecimento da Fé e a perda de referências da Igreja com a sua Cabeça, que é Cristo). Uma apostasia universal fez rarear enormemente a procissão dos penitentes. Esta percepção da perda da Fé e concessões aos interesses mundanos não foi imediata e nem abrangente, mas foi dilapidando continuamente os pilares da Igreja por um longo tempo ('duzentos levantar do sol'), o que resultou em culpa tremenda aos que obraram este exílio da graça e em terríveis consequências para toda a humanidade (a praça coberta de mortos e feridos). Nesta hora tremenda das trevas, em que a humanidade e a própria Igreja padecem como naus à deriva ou multidões sem rumo, a Providência Divina intervém decisivamente pela intercessão direta daquela 'que combate e dispersa os mais fortes exércitos da terra'. Quando tudo parecer perdido, eis chegada a hora do triunfo espetacular da Igreja por intermédio de Nossa Senhora. 

(vii) o Sumo Pontífice e uma grande multidão retornam, então, a uma Roma desolada.
(ix) o Pontífice entoa em Roma o Te Deum do triunfo da graça.
(ix) a escuridão é dispersada e se manifesta em plenitude o triunfo da Virgem Maria e da Igreja.

Inflamada então pela graça sobrenatural, a Igreja retorna à Roma eterna, de onde nunca deveria ter saído (tal como a nave-mãe ruma, enfim, ao encontro das duas torres de sustentação e ali firma as suas âncoras). O retorno à Roma significa a volta da Igreja às primícias e aos dogmas da autêntica fé cristã, à Igreja Cristocêntrica, à Igreja Santa, Católica, Apostólica, firmada na rocha nascida de Pedro. Nestes tempos de redenção, há de reflorescer a graça e se redescobrir os valores simples dos Evangelhos, volvendo a criatura a se moldar ao Criador: a multidão se refaz em multidões (tal como o retorno inclusive dos navios que ficaram à margem da grande batalha no mar, após a vitória da Igreja, no cenário do primeiro sonho de Dom Bosco), reunida em torno do Pontífice e no louvor de glória a Deus, como levitas escolhidos para a reedificação do tabernáculo de Davi (At 17, 16): Te Deum aceito por Deus (confirmação dada pela resposta do coro dos anjos) que faz abrir os Céus, que dissipa todas as trevas do mundo e faz manifestar em plenitude o triunfo da Santíssima Virgem e com Jesus Cristo reinando sobre o trono de Davi (conforme Lc 1, 32). 

Em relação ao tempo de 'quatrocentos levantar do sol', representativo de todo o conjunto de fatos inseridos na profecia de Dom Bosco, há que se atentar que também essa cronologia é simbólica e, assim, 'um levantar do sol' corresponde a um dado período de tempo e não exatamente a um dia. Entretanto, este período de tempo estaria aparentemente mais associado a um intervalo de dias ou de estações (movimento do sol devido à rotação da Terra em torno de seu eixo) do que de meses (ciclo das fases da lua devido à sua translação em torno da Terra) ou de anos (translação da Terra em torno do sol), mas isso é apenas uma mera conjectura [se admitirmos, por exemplo, que 1 'levantar do sol' = 1 mês, 400 'levantar do sol' corresponderiam a um intervalo de 33 anos e 4 meses, período que pode ser considerado ainda pequeno quando inserido na dimensão histórica dos fatos narrados pela profecia; pelo que esse período deve representar um 'certo número de dias' superior a 30 dias].

segunda-feira, 16 de julho de 2018

GLÓRIAS DE MARIA: MÃE E FORMOSURA DO CARMELO


No dia 16 de julho de 1251, São Simão Stock suplicava a intercessão de Nossa Senhora  para resolver problemas da Ordem Carmelita quando teve uma visão da Virgem que, trazendo o Escapulário nas mãos, lhe disse as seguintes palavras:

"Filho diletíssimo, recebe o Escapulário da tua Ordem, sinal especial de minha amizade fraterna, privilégio para ti e todos os carmelitas. Aqueles que morrerem com este Escapulário não padecerão o fogo do Inferno. É sinal de salvação, amparo e proteção nos perigos, e aliança de paz para sempre". 



Imposição e Uso do Escapulário

- Qualquer padre pode fazer a bênção e imposição do Escapulário à pessoa.

2 - A bênção e a imposição valem para toda a vida e, portanto, basta receber o Escapulário uma única vez.

- Quando o Escapulário se desgastar, basta substituí-lo por um novo.

- Mesmo quando alguém tiver a infelicidade de deixar de usá-lo durante algum tempo, pode simplesmente retomar o seu uso, não sendo necessária outra bênção.

5 - Uma vez recebido, o Escapulário deve ser usado em todas as ocasiões (inclusive ao dormir), preferencialmente no pescoço.

6 - Em casos de necessidade de retirada do Escapulário, como no caso de doenças e/ou internações em hospitais, a promessa de Nossa Senhora se mantém, como se a pessoa o estivesse usando.

7 - Mesmo um leigo pode fazer a imposição do Escapulário a uma pessoa em risco de morte, bastando recitar uma oração a Nossa Senhora e colocar na pessoa um escapulário já bento por algum sacerdote.

8 - O Escapulário pode ser substituído por uma medalha que tenha, de um lado, o Sagrado Coração de Jesus e, do outro, uma imagem de Nossa Senhora (por autorização do Papa São Pio X).
Oração a Nossa Senhora do Carmo
     Ó Virgem do Carmo e mãe amorosa de todos os fiéis, mas especialmente dos que vestem vosso sagrado Escapulário, em cujo número tenho a dita de ser incluído, intercedei por mim ante o trono do Altíssimo. 

          Obtende-me que, depois de uma vida verdadeiramente cristã, expire revestido deste santo hábito e, livrando-me do fogo do inferno, conforme prometestes, mereça sair quanto antes, por vossa intercessão poderosa, das chamas do Purgatório.

        Ó Virgem dulcíssima, dissestes que o Escapulário é a defesa nos perigos, sinal do vosso entranhado amor e laço de aliança sempiterna entre Vós e os vossos filhos. Fazei, pois, Mãe amorosíssima, que ele me una perpetuamente a Vós e livre para sempre minha alma do pecado. 

       Em prova do meu reconhecimento e fidelidade, ofereço-me todo a Vós, consagrando-Vos neste dia os meus olhos, meus ouvidos, minha boca, meu coração e todo o meu ser. E porque Vos pertenço inteiramente, guardai-me e defendei-me como filho e servidor vosso. Amém.