sábado, 17 de junho de 2017

OS GRANDES MÍSTICOS DA IGREJA (I)

TERESA NEUMANN

Thérèse Neumann (pronuncia-se 'nóiman' em alemão) nasceu em Konnersereuth, na Baviera, em 9 de abril de 1898, numa sexta-feira da Paixão, de uma família pobre e muito católica. Desde nova, fizera a opção por se tornar uma religiosa franciscana e atuar fora da Alemanha, mas um acidente aos 20 anos mudou radicalmente a sua vida. 

Em 1918, no intuito de ajudar a apagar as chamas de um violento incêndio ocorrido em uma propriedade vizinha, carregando baldes de água, sofreu uma gravíssima lesão na medula espinal, que lhe provocou a paralisia das pernas e a cegueira total. Prostrada numa cama por vários anos, cega e sem poder se locomover, encheu-se de feridas por todo o corpo. Conformada e submissa à vontade de Deus, ofereceu os seus sofrimentos pela conversão dos pecadores. 


Em 1923, a mística de Konnersereuth teve a visão de uma grande luz e a locução de Santa Teresa de Lisieux, que lhe revelou que ela seria curada mas que iria assumir sofrimentos muito maiores, desde que ela assim o aceitasse; respondeu placidamente que aceitava e que se cumprisse nela apenas a Santa Vontade de Deus. A sua cura ocorreu em dois momentos distintos: a recuperação milagrosa da visão deu-se em 29 de abril de 1923, data da beatificação de Santa Teresa de Lisieux e a cura definitiva da paralisia e das feridas do corpo ocorreu em 17 de maio de 1925, data da canonização da santa. Em novembro de 1925, Teresa passou a sentir dores fortíssimas e foi diagnosticada com apendicite e, novamente, após outra visão e a ratificação de sua vontade à vontade de Deus, foi milagrosamente curada mais uma vez.

A partir de 1926, tiveram início os impressionantes carismas que a acompanharam até a sua morte em 1962, que incluíram, visões, êxtases (quando a hóstia desaparecia instantaneamente assim que era colocada sobre a sua língua, sem necessidade de nenhum movimento de deglutição), bilocações, conhecimento interior das almas e, particularmente, os estigmas, chagas permanentes que lhe apareceram nos pés, nas mãos e nas costas, resistentes a todas as curas possíveis e que não se infeccionavam nunca. 


Em 5 de março de 1926, primeira Sexta-Feira da Quaresma, uma chaga surgiu acima de seu coração e Teresa teve uma visão de Nosso Senhor Jesus Cristo no Monte das Oliveiras, acompanhado de três dos seus Apóstolos. Na sexta-feira seguinte, dia 12 de março, uma outra visão: desta vez viu Nosso Senhor no Monte das Oliveiras, coroado de espinhos e a ferida acima do coração tornou a aparecer, fato que se repetiu na sexta-feira seguinte. Em 26 de março, além da chaga no peito, uma segunda chaga surgiu em sua mão esquerda e, neste dia, Teresa viu Nosso Senhor carregando a Cruz. A presença de sangue já era intensa na sua roupa e, desta forma, os fenômenos místicos deixaram de ser um segredo dela. No Domingo de Páscoa, ela teve a visão da Ressurreição de Cristo. Em 05 de novembro de 1926, apareceram feridas adicionais na cabeça, nas costas e nos ombros.



Estas chagas e os fluxos de sangue iriam acompanhá-la então por toda a vida. E o mais extraordinário de tudo, Teresa iria viver em plenitude o fenômeno eucarístico: durante 36 anos não se alimentou mais de quaisquer alimentos sólidos ou líquidos, que ficaram restritos a um pequeno gole de água para facilitar a sua comunhão diária e, mesmo revivendo nos seus estigmas a Paixão de Cristo a cada semana (desde quinta-feira até a manhã do domingo) e mesmo vertendo litros de sangue nestas ocasiões, recuperava rapidamente o seu peso corporal de 55 kg sem padecer de nenhuma fraqueza ou debilidade física como consequência.

Isto não a livraria, porém, de inúmeros sofrimentos que padecia durante a cena rediviva do Calvário a cada semana, e oferecia estes sofrimentos a Deus pela conversão dos pecadores. Esta foi a sua missão extraordinária, cumprir no limite a Santa Vontade de Deus e se fartar única e exclusivamente do pão do Céu. O Padre Josef Naber, que acompanhou a vida da estigmatizada e lhe dava a comunhão diária, disse que em Teresa se manifestaram em plenitude as palavras de Cristo: 'a minha carne é verdadeiro alimento e o meu sangue é verdadeira bebida'. Teresa Neumann morreu em 18 de setembro de 1962, de um ataque cardíaco.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

AS SETE COLUNAS DA IGREJA DOMÉSTICA (V)

'A Sabedoria edificou sua casa, talhou sete colunas' (Pv 9, 1)

QUINTA COLUNA: A SANTA MISSA

Uma peça de admirável suntuosidade, uma coluna de pedras preciosas, atravessada por veios de ouro, mostra-nos a santa fé. Daí se reflete por toda a casa luz e beleza. É a Santa Missa. Não é apenas um crucifixo sem vida; não! É o próprio Salvador que se torna presente, sacrificando-se por nós na cruz, Ele consuma de novo o sangrento sacrifício da cruz. É o mais importante acontecimento do mundo, o sacrifício do Gólgota, que se re­nova na Igreja! O altar torna-se um monte Calvário.

Lá se encontra o mesmo Salvador, o mesmo amor, a mesma imolação como outrora na primeira sangrenta Sexta-feira da Paixão! E quão de perto se tocam a ideia do sacrifício divino do Gólgota e a da vida de sacrifício no matrimônio! A vida matri­monial significa vida de sacrifício. O matri­mônio, conscienciosamente compreendido, é até um grande e contínuo sacrifício, que por vezes se eleva até o heroísmo. A renúncia e a paciência no sofrimento podem, às vezes, exigir algo de sobre-humano; onde iriam os cônjuges buscar força para isso, de onde lhes pro­vêm maior consolo e mais fortaleza que ao pé da cruz, do altar, onde dia após dia se consuma o mais doloroso sacrifício?

A esposa e mãe sente particularmente no Santo Sacrifício da cruz e do altar ressoar cordas afins! Ela também precisa de maior força. Toda a sua vida, toda a sua condição é propriamente apenas de dedicação, de ab­negação, de sacrifício; é viver e consumir-se pelos outros. Se não se aproxima do altar, em companhia da Mãe Dolorosa e sob a Cruz do Filho de Deus, então não sei de onde lhe virá a alegria no espírito de sacrifício e a co­rajosa força de vontade para a sua vida de renúncia.

Grandiosa e bela como o brilho do sol, brilha a Santa Missa, iluminando a família. Mas ain­da não é essa toda sua bênção. Nela sussurra também misteriosamente sobre nossos altares uma fonte de felicidade. No lago de Achen encontrei, há muitos anos, uma nobre senhora protestante de Würzburg, que um domingo me acompanhou à Santa Missa. Desde a moléstia do marido, frequentava a Igreja Católica. Então, dizia ela, sentia a necessidade de orar pelo esposo mortalmente enfermo. Como as suas igrejas estavam todas fecha­das durante o dia, tinha ido ao templo católico. Lá se rezava tão bem que recebera muitas bênçãos e, por fim, a conversão à Igreja Católica se de­via à frequência assídua à Santa Missa. Nada ela lamentava mais do que ter Lutero fechado para tantas almas esta fonte de bênçãos. Tinha razão. 

Imaginamos que viesse hoje al­guém e alta noite derramasse ouro num lugar dificilmente acessível. Todos poderiam ir buscá-lo, quando quisessem. Quem deixaria de ir? Ninguém: na Santa Missa, dia após dia, não somente aos domingos, se derrama coisa de maior valor ainda. Na consagração corre de novo sobre nossos altares o precioso San­gue do Salvador, como outrora na cruz. De novo se lhe abre o amoroso Coração para derramar, juntamente com torrentes de seu Sangue sagrado, as bênçãos de suas graças sobre a terra sequiosa. Cada gotinha desse Sangue preciosíssimo vale mais que um mundo inteiro, cheio de ouro e pe­dras preciosas. Comodamente podes hauri-lo. Não é uma hora impossível; quase a to­das as horas da manhã mana a fonte, abre-se misteriosamente a torrente de graças para cada um que vem. É preciso muitas vezes apenas um pouquinho mais de compreensão para o tesouro supremo de nossa Igreja, e alguma boa vontade.

E se vós mesmos não podeis, mandai então ao menos vossos filhos. Assim era no tempo antigo, quando ainda se pensava catolicamente e se apreciavam as graças da Igreja: alguém da família devia também nos dias de trabalho ir à Santa Missa. Este era o por­tador de bênçãos para todos os outros membros da família. Procedes acaso prudentemente deixando de ir? Convencestes que per­des assim ocasião de buscar a felicidade tua e dos teus filhos?

(Excertos da obra 'As colunas de tua Casa - um Plano para a Felicidade da Família', do Vigário José Sommer, 1938, com revisão do texto pelo autor do blog)

quinta-feira, 15 de junho de 2017

CORPUS CHRISTI 2017


O pão é pão e o vinho é vinho
como frutos do homem em oração;
é o que trazemos, é tudo o que temos,
como oferendas da nossa devoção. 

Não é mais pão, nem é mais vinho
quando espécies na consagração;
alma e divindade que se reconciliam
a cada missa, em cada comunhão.

Aparente pão, aparente vinho,
é mais que vinho, muito mais que pão;
o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo
 é o alimento da nossa salvação.

(Arcos de Pilares)

CORPUS CHRISTI


Corpus Christi, expressão latina que significa Corpo de Cristo, é uma festa litúrgica da Igreja sempre celebrada na quinta–feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, que acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa. Abaixo, duas orações características desta data litúrgica:

Anima Christi

Anima Christi, sanctifica me.
Corpus Christi, salva me.
Sanguis Christi, inebria me.
Aqua lateris Christi, lava me.
Passio Christi, conforta me.
O bone Iesu, exaudi me.
Intra tua vulnera absconde me.
Ne permittas me separari a te.
Ab hoste maligno defende me.
In hora mortis meæ voca me.
Et iube me venire ad te,
ut cum Sanctis tuis laudem te
in sæcula sæculorum. 
Amen.


Tantum Ergo

Tantum ergo Sacramentum 
Veneremur cernui:
Et antiquum documentum 
Novo cedat ritui: 
Praestet fides supplementum 
Sensuum defectui. 
Genitori, Genitoque 
Laus et iubilatio, 
Salus, honor, virtus quoque 
Sit et benedictio: 
Procedenti ab utroque 
Compar sit laudatio. 
Amen.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

INDULGÊNCIAS DO DIA DA SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI


Amanhã, dia da solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, o católico pode ser contemplado com as seguintes indulgências:

(i) Indulgência parcial: rezar, com piedosa devoção, a oração 'Alma de Cristo':

Alma de Cristo, santificai-me.
Corpo de Cristo, salvai-me.
Sangue de Cristo, inebriai-me.
Água do lado de Cristo, lavai-me.
Paixão de Cristo, confortai-me.
Ó bom Jesus, ouvi-me.
Dentro de vossa chagas, escondei-me.
Não permitais que eu me separe de vós.
Do espírito maligno, defendei-me.
Na hora da morte chamai-me e
mandai-me ir para vós,
para que com vossos Santos vos louve
por todos os séculos dos séculos.
Amém. 

(ii) Indulgência plenária: rezar, com piedosa devoção, a oração 'Tantum Ergo' ou 'Tão sublime Sacramento':

Tão sublime sacramento
vamos todos adorar,
pois um Novo testamento
vem o antigo suplantar!
Seja a fé nosso argumento
se o sentido nos faltar.
Ao eterno Pai cantemos
e a Jesus, o Salvador,
igual honra tributemos,
ao Espírito de amor.
Nossos hinos cantaremos,
chegue aos céus nosso louvor.
Amém.

Do céu lhes deste o pão,
Que contém todo o sabor.

Oremos: Senhor Jesus Cristo, neste admirável Sacramento, nos deixastes o memorial da vossa Paixão. Dai-nos venerar com tão grande amor o mistério do vosso corpo e do vosso sangue, que possamos colher continuamente os frutos da vossa redenção. Vós que viveis e reinais para sempre. Amém.

terça-feira, 13 de junho de 2017

13 DE JUNHO - SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA



SÍNTESE BIOGRÁFICA

1195: Nasce em Lisboa, filho de Maria e Martinho de Bulhões. É batizado com o nome de Fernando. Reside na frente da Catedral.

1202: Com sete anos de idade, começa a frequentar a escola, um privilégio raro na época.

1209: Ingressa no Mosteiro de São Vicente, dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, perto de Lisboa. Torna-se agostiniano. 

1211: Transfere-se para Coimbra, importante centro cultural, onde se dedica de corpo e alma ao estudo e à oração, pelo espaço de dez anos.

1219: É ordenado sacerdote. Pouco depois conhece os primeiros franciscanos, vindos de Assis, que ele recebe na portaria do mosteiro. Fica impressionado com o modo simples e alegre de viver daqueles frades.

1220: Chegam a Coimbra os corpos de cinco mártires franciscanos. Fernando decide fazer-se franciscano como eles. É recebido na Ordem com o nome de Frei Antônio, enviado para as missões entre os sarracenos de Marrocos, conforme deseja.

1221: Chegando a Marrocos, adoece gravemente, sendo obrigado a voltar para sua terra natal. Mas uma tempestade desvia a embarcação arrastando-a para o sul da Itália. Desembarca na Sicília. Em maio do mesmo ano participa, em Assis, do capítulo das Esteiras, uma famosa reunião de cinco mil frades. Aí conhece o fundador da Ordem, São Francisco de Assis. Terminado o Capítulo, retira-se para o eremitério de Monte Paolo, junto aos Apeninos, onde passa 15 meses em solidão contemplativa e em trabalho braçal. 

1222: Chamado de improviso a falar numa celebração de ordenação, Frei Antônio revela uma sabedoria e eloquência extraordinárias, que deixam a todos estupefatos. Começa a sua epopéia de pregador itinerante.

1224: Em brevíssima Carta a Frei Antônio, São Francisco o encarrega da formação teológica dos irmãos. Chama-o cortesmente de 'Frei Antônio, meu bispo'.

1225: Depois de percorrer a região norte da Itália, passa a pregar no sul da França, com notáveis frutos. Mas tem duras disputas com os hereges da região.

1226: É eleito custódio na França e, um ano depois, provincial dos frades no norte da Itália.

1228: Participa, em Assis, do Capítulo Geral da Ordem, que o envia a Roma para tratar com o Papa de algumas questões pendentes. Prega diante do Papa e dos Cardeais. Admirado de seu conhecimento das Escrituras, Gregório IX o apelida de 'Arca do Testamento'.

1229: Frei Antônio começa a redigir os 'Sermões', atualmente impressos em dois grandes volumes.

1231: Prega em Pádua a famosa quaresma, considerada como o momento de refundação cristã da cidade. Multidões acorrem de todos os lados. Há conversões e prodígios. Êxito total! Mas Frei Antônio está exausto e sente que seus dias estão no fim. Na tarde de 13 de junho, mês em que os lírios florescem, Frei Antônio de Lisboa morre às portas da cidade de Pádua. Suas últimas palavras são: 'Estou vendo o meu Senhor'. As crianças são as primeiras a saírem pelas ruas anunciando: 'Morreu o Santo'.

1232: Não tinha bem passado um ano desde sua morte, quando Gregório IX o inscreveu no catálogo dos santos.

1946: Pio XIII declara Santo Antônio Doutor da Igreja, com o título de 'Doutor Evangélico'.

MILAGRE DOS PEIXES



Certa vez quando o Frei Antônio pregava o Evangelho na cidade de Rímini, Itália, os moradores locais não queria escutá-lo e começaram a ofendê-lo a ponto de ameaçá-lo de agressão física. Santo Antônio saiu da praça e caminhou em direção à praia e, dando as costas aos seus detratores, falou em voz alta. 'Escutai a Palavra de Deus, vós que sois peixes e vives no mar, já que os infiéis não a querem ouvir.' Diversos peixes agruparam-se à beira da praia e, postando suas cabeças para fora d’água, ficaram em posição como de escuta das palavras do santo: 'Bendizei ao Senhor, vós que sois também criaturas de Deus!' E aqueles que presenciaram este milagre espantoso creram e se converteram ao cristianismo!

EXCERTOS DE UM SERMÃO: 'A CEGUEIRA DAS ALMAS '
(SERMÃO DO DOMINGO DA QUINQUAGÉSIMA) 

3. Um cego estava sentado, etc. Omitidos todos os outros cegos curados, só queremos mencionar três: o primeiro é o cego de nascença do Evangelho, curado com lodo e saliva; o segundo é Tobias que cegou com excremento de andorinhas, e se curou com fel de peixe; o terceiro é o bispo de Laodicéia, ao qual diz o Senhor no Apocalipse: Não sabes que és um infeliz e miserável, pobre, cego e nu. Aconselho-te que me compres ouro provado no fogo, para te fazeres rico, e te vestires com roupas brancas, e não se descubra a  tua nudez, e unge os teus olhos com um colírio, para que vejas. Vejamos o que significa cada uma destas coisas.

O cego de nascença significa, no sentido alegórico, o gênero humano, tornado cego nos protoparentes. Jesus restituiu-lhe a vista, quando cuspiu em terra e lhe esfregou os olhos com lodo. A saliva, descendo da cabeça, significa a divindade, a terra, a humanidade; a união da saliva e da terra é a união da natureza humana e divina, com que foi curado o gênero humano. E estas duas coisas significam as palavras do cego sentado à borda do caminho e a clamar: 'Tem piedade de mim (o que diz respeito à divindade), Filho de David' (o que se refere à humanidade).

4. No sentido moral, o cego significa o soberbo. A este respeito lemos no profeta Abdias: 'Ainda que te eleves como a águia e ponhas o teu ninho entre os astros, eu te arrancarei de lá, diz o Senhor'. A águia, voando mais alto que todas as aves, significa o soberbo, que deseja a todos parecer mais alto com as duas asas da arrogância e da vanglória. É a ele que se diz: 'Se entre os astros, isto é, entre os santos, que neste lugar tenebroso brilham como astros no firmamento, puseres o teu ninho, isto é, a tua vida, dali te arrancarei, diz o Senhor'. 

O soberbo, pois, esforça-se por colocar o ninho da sua vida na companhia dos santos. Donde a palavra de Job: 'A pena do avestruz, isto é, do hipócrita, é semelhantes às penas da cegonha e do falcão, isto é, do homem justo'. E nota que o ninho em si tem três caracteres: No interior é forrado de matérias brandas; externamente é construído de matérias duras e ásperas; é colocado em lugar incerto, exposto ao vento. Assim a vida do soberbo tem interiormente a brandura do deleite carnal, mas é rodeada no exterior por espinhos e lenhas secas, isto é, por obras mortas; também está colocada em lugar incerto, exposta ao vento da vaidade, porque não sabe se de tarde ou se de manhã desaparecerá. E isto é o que se conclui: 'De lá eu te arrancarei, ou seja, arrancar-te-ei para te lançar no fundo do inferno, diz o Senhor'. Por isso, escreve-se no Apocalipse: 'Quanto ela se glorificou e viveu em delícias, tanto lhe dai de tormentos'.

5. E nota que este cego soberbo é curado com saliva e lodo. Saliva é o sêmen do pai derramado na lodosa matriz da mãe, onde se gera o homem miserável. A soberba não o cegaria se atendesse ao modo tão triste da sua concepção. Daí a fala de Isaías: 'Considerai a rocha donde fostes tirados. A rocha é o nosso pai carnal; a caverna do lago é a matriz da nossa mãe. Daquele fomos cortados no fétido derrame do sêmen; desta fomos tirados no doloroso parto. Por que te ensoberbeces, portanto, ó mísero homem, gerado de tão vil saliva, criado em tão horrível lago e ali mesmo nutrido durante nove meses pelo sangue menstrual?' Se os cereais forem tocados por esse sangue não germinarão, o vinho novo azedará, as ervas morrerão, as árvores perderão os frutos, a ferrugem corroerá o ferro, enegrecerão os bronzes e se dele comerem os cães, tornar-se-ão raivosos e, com as suas mordeduras, farão enlouquecer as pessoas. 

100 ANOS DE FÁTIMA - SEGUNDA APARIÇÃO

Fátima é o acontecimento sobrenatural mais extraordinário de Nossa Senhora e a mais profética das aparições modernas (que incluíram a visão do inferno, 'terceiro segredo', consagração aos Primeiros Cinco Sábados, orações ensinadas por Nossa Senhora às crianças, consagração da Rússiamilagre do sol e as aparições do Anjo de Portugal), constituindo a proclamação definitiva das mensagens prévias dadas pela Mãe de Deus em Lourdes e La Salette. Por Fátima, o mundo poderá chegar à plena restauração da fé e da vida em Deus, conformando o paraíso na terra. Por Fátima, a humanidade será redimida e salva, pelo triunfo do Coração Imaculado de Maria. Se os homens esquecerem as glórias de Maria em Fátima e os tesouros da graça, serão também esquecidos por Deus.

'por fim, o meu Imaculado Coração triunfará'