segunda-feira, 10 de setembro de 2012

DA VIDA ESPIRITUAL (25)

Lembra-te daquela palavra dura e injusta com que analisaram sua atitude de buscar alternativas a um fato quase consumado? Lembra-te da ironia do teu colega ao comentar tua pequena vitória? Lembra-te da intolerância de tantos que não queriam que você se posicionasse de forma tão ética naquele episódio? Lembra-te da covardia de muitos na hora de assumir de forma plena a defesa da verdade na análise daquele problema? Se lembras de tudo isso, tens um coração aflito e cheio de amargura. Sabes onde reter tantas lembranças amargas?  Nas muralhas gigantescas e nos portentosos contrafortes de um gesto de perdão...

domingo, 9 de setembro de 2012

EUCARISTIA - VI

VI - COMUNHÃO DE PÉ?

Eis outro elemento indiscutível da dessacralização do maior dos sacramentos: a eliminação do genuflexório e a introdução da prática nociva da comunhão em pé. Infelizmente, tornou-se regra generalizada nas missas, a ponto de um comungante de joelhos passar por ‘rebelde’, para dizer o mínimo. Diante do Santíssimo exposto, como os fiéis devotos podem estar de pé? Ao passarmos diante do altar, não se faz um ato de genuflexão em profundo respeito ao Santíssimo exposto? Por que, então, quando não apenas estamos diante de Jesus, mas vamos ter parte efetiva com Ele, no nosso próprio corpo e alma, não nos prostramos de joelhos, como aliás foi a prática comum da Igreja desde os primórdios da cristandade? Que amor e reverência se prestam mais à criatura diante o Criador, prostrado de joelhos ou empertigado em pé?

Que argumento, coerente com os princípios de uma bela e  verdadeira devoção cristã, poderia justificar esta atitude? Mesmo diante de autoridades civis ou eclesiásticas, um mero cerimonial não impõe normas rígidas em termos de atitudes, reverências e vênias diversas? Não é de praxe a continência do pelotão em posição rígida diante de um presidente em visita a outro país? Diante do papa, um bispo não se reclina com espírito de obediência e humildade? E não seriam muito mais rígidos os protocolos solenes diante do próprio Deus, no momento maior da Santa Eucaristia? De pé, fica-se diante dos homens; de joelhos em terra, no chão, em qualquer chão, fica-se diante de Deus. Trata-se precipuamente de um ato intrínseco de humildade. Tal zelo, por certo, evitaria em muito as comunhões sacrílegas por aqueles que, não estando preparados para a recepção do sacramento, sentem-se absolutamente à vontade para participar da procissão eucarística dos que comungam de pé.

Mas a prática piedosa tornou-se motivo de escândalo e rebeldia. Talvez porque o zelo trocou de lado e refugiou-se nas veleidades do respeito humano por partes dos sacerdotes, na tola crença de que todo cuidado é pouco para se ferir susceptibilidades pessoais. E, assim, tornam-se os próprios sacerdotes cúmplices do estúpido orgulho humano... Talvez seja a necessidade premente de se agilizar a comunhão? Mas agilizar por quê? Se fosse esse o caso, não seria mais fácil simplesmente fazer sermões menos prolixos ou, então, limitar a cantoria excessiva? Mesmo porque distribuir aleatoriamente as sagradas espécies, no meio de grandes concentrações de fiéis, constitui risco enorme de profanações contra o Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, vulgarizando-se o sacramento e violando as premissas da eucaristia como ceia espiritual. Sacerdotes de Cristo: a sagrada eucaristia precisa ser exclusivamente santa e não servil às limitações humanas em termos de tempo, lugar ou deslocamento dos fiéis até a mesa eucarística. E, para isso, que se retorne com urgência santa à prática da comunhão tradicional e que todo homem se prostre e dobre os seus joelhos diante de Deus na santa eucaristia.

Eucaristia I: Primeira Parte (Primeiro Domingo de Agosto)
Eucaristia II: Segunda Parte (Segundo Domingo de Agosto)
Eucaristia III: Terceira Parte (Terceiro Domingo de Agosto)
Eucaristia IV: Quarta Parte (Quarto Domingo de Agosto)
Eucaristia V: Quinta Parte (Primeiro Domingo de Setembro)
Eucaristia VI: Sexta Parte (Segundo Domingo de Setembro)

sábado, 8 de setembro de 2012

HISTÓRIAS QUE OUVI CONTAR (II)...

Bonifrates era um simples eschola, aprendiz de aprendiz do mestre de ofícios. E, como mero eschola, cabia ao próprio as tarefas menos nobres de acabamento da igreja barroca, na qual entregava diariamente sua pesada lida há quase um ano. Trabalhara, é verdade, na marcação das volutas e demais peças de alto-relevo dos altares laterais, particularmente nos anjinhos em torno das imagens dos santos franciscanos de Santa Rosa de Viterbo e de Santa Isabel da Hungria. E chegara mesmo a tornear peças da fachada lateral e do fronstispício  do altar da capela. Mas o que almejava mesmo era ombrear-se com Zaqueu Beato, lendário mestre dos mestres de ofício, que trabalhara, anos e anos, na conformação dos entalhes finais de acabamento em ouro do altar principal. Eis aí a sua seletiva ambição: superar o mito e ingressar na história. Eis aí também o desconsolo de sua fértil imaginação: sabia-se insignificante diante do tão grande mestre, e a simples vista de tais obras primas minavam o gigantismo de suas pretensões remotas.

E, repetidas vezes, apoderava-se dele aquele enorme estado de abatimento, um misto de incerteza diante dos dotes presumidos e da frustração em face às suas realidades patentes. Que moldura de ouro caberia no retrato insípido de um simples serviçal? Bem, e para ser bem honesto, a perseverança não era muito o seu forte. Para que se esmerar no trabalho de preparação da madeira bruta, esmerilhar um alto-relevo que passaria pelas minúcias do acabamento, cinzelar o quartzito e o esteatito com polimento e curvaturas perfeitas se a glória da arte final caberia sempre ao artesão ilustre? E como a impaciência é filha-mor do orgulho, deixou de lado macete e cinzel, e deitou-se amuado, a conjecturar como o mundo tramava contra as suas mais belas fantasias.

O mestre-construtor, porém, não tinha nem paciência e nem pretensões algumas que não fossem as de garantir o pronto andamento dos trabalhos; e, para maior desconsolo de Bonifrates, não estava num dia dos mais interessantes. E, sem forja e talhe algum, mandou o serviçal ir trabalhar em outra freguesia, o que se traduz por ir fazer o seu ofício nas cornijas mais recônditas das duas torres arredondadas da igreja. Era o mesmo que ser condenado à solitária: um serviço absolutamente inútil e inexpressivo, num local de acesso restritíssimo que nenhuma alma de mínima prudência nem chegaria perto, o 'fim do mundo' daquela soberba construção.

O golpe foi duro e o fato sem razão de delongas. Armado de uma ira nada santa, Bonifrates galgou os degraus da escada em caracol pisando nos cascos, subindo, subindo sem fim. Atravessou o vão das torres, esgueirou-se pelas aberturas da guarita, avançou pelo trecho aberto do engradamento do telhado e se aprumou como pôde no ápice da cumeeira exposta. Lívido, arquejante, agoniado. E, então, viu o velho debruçado na cornija mais íngreme e esconsa da segunda torre. O corpo envelhecido mas rijo, contorcido mas aprumado, cinzel nas mãos desbastando a alvenaria e as pernas engastadas no madeirame da cobertura. Bonifrates não podia acreditar no que tinha diante os olhos: as espirais perfeitas, em simetria absoluta, conformando o beiral da abóboda ainda nua, com a ornamentação exuberante da fachada logo acima. O cinzel do velho homem não golpeava a matéria, mas antes a moldava, com paciência e com destreza extremas e, hipnotizado, o serviçal acompanhou o delicado ritual do rude metal delineando a minúscula voluta na pedra bruta. Que trabalho de mestre, que precisão de gênio, destinado ao nada, feito em lugar nenhum, sem testemunhas e sem história...

- Perdão, senhor - a voz do aprendiz feriu o silêncio mortal das horas, vejo que és um mestre dos ofícios, de tão grande e exímia destreza e habilidade, mas que fazes aqui?

- O que faço aqui, respondeu com voz firme e suave o velho artesão, é a arte que sempre fiz, em todos os lugares e desde muito tempo; é a mesma arte que já fiz nos altares, no lavabo em pedra-sabão da sacristia, na fachada da igreja, nas imagens de santos e anjos, nos púlpitos da capela...

- 'Zaqueu Beato!' O pensamento de Bonifrates perscrutou em segundos a visão do mito e as obras primas de sua criação na portada e na nave da igreja abaixo. E, mal expressando tantos pensamentos em desalinho súbito, perguntou:

- Mas, aqui? Para quê, se homem algum vai conseguir chegar a este local inacessível? Para quê, se ninguém vai ver esta obra de arte pelos séculos, se valor algum será dado por trabalho que ninguém vai nem saber que existiu?

Os olhos do velho artesão não exprimiam culpa nem justificação alguma. Apenas olharam o aprendiz com a sabedoria dos homens que sabem que ideal algum se constrói sem a constância e a perseverança plenas. 

- Os homens certamente não saberão nunca. Deus o saberá pela eternidade.

E, voltando-se ao trabalho árduo, na constância dos santos e no anonimato dos tempos, Zaqueu Beato continuou a escrever a sua história humana.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DE SETEMBRO


LADAINHA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
                                                                                                              (São Luís Grignion de Montfort)

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai celeste que sois Deus,
tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus,
tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus,
tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus,
tende piedade de nós.
Coração de Jesus, Filho do Pai Eterno, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe,...
Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus,...
Coração de Jesus, de majestade infinita,...
Coração de Jesus, templo santo de Deus,...
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo,...
Coração de Jesus, casa de Deus e porta do céu,...
Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade,...
Coração de Jesus, receptáculo de justiça e de amor,...
Coração de Jesus, cheio de bondade e de amor,...
Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes,...
Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor,...
Coração de Jesus, Rei e centro de todos os corações,...
Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência,...
Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade,...
Coração de Jesus, no qual o Pai põe as suas complacências,...
Coração de Jesus, de cuja plenitude nós todos participamos,...
Coração de Jesus, desejo das colinas eternas,...
Coração de Jesus, paciente e misericordioso,...
Coração de Jesus, rico para todos os que vos invocam,...
Coração de Jesus, fonte de vida e santidade,...
Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados,...
Coração de Jesus, saturado de opróbrios,...
Coração de Jesus, atribulado por causa de nossos crimes,...
Coração de Jesus, feito obediente até à morte,...
Coração de Jesus, atravessado pela lança,...
Coração de Jesus, fonte de toda a consolação,...
Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição,...
Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação,...
Coração de Jesus, vítima dos pecadores,...
Coração de Jesus, salvação dos que esperam em vós,...
Coração de Jesus, esperança dos que expiram em vós,...
Coração de Jesus, delícia de todos os santos, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
perdoai-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
tende piedade de nós.
V. Jesus, manso e humilde de coração,
R. Fazei nosso coração semelhante ao vosso.

Oremos. Deus onipotente e eterno, olhai para o Coração de vosso Filho diletíssimo e para os louvores e as satisfações que ele, em nome dos pecadores vos tributa; e aos que imploram a vossa misericórdia concedei benigno o perdão em nome do vosso mesmo Filho Jesus Cristo, que convosco vive e reina por todos os séculos dos séculos. Amém.

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS...


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque  durante a oitava da festa de Corpus Christi  de 1675...

         “Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra”.

... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

    Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

    Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

    De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente da licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

    Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

    Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número de almas possível.

    Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

POEMAS PARA REZAR - III


Robert Southweel (1561 – 1595), sacerdote da Ordem da Companhia de Jesus. Nasceu em Norfolk (1561) e morreu a 15 de fevereiro de 1595 em Londres, com a idade de apenas 33 anos, após ter sido cruelmente torturado, enforcado e esquartejado por ordem da Rainha Elisabeth I. Foi canonizado pelo Papa Paulo VI, em 25 de outubro de 1970. Foi poeta lírico e compôs vários hinos religiosos, que já eram muito populares à época. ‘The Burning Babe’, transcrito abaixo, é o seu poema mais famoso, com livre tradução.

The Burning Babe

As I in hoary winter's night stood shivering in the snow,
Surprised I was with sudden heat which made my heart to glow ;
And lifting up a fearful eye to view what fire was near,
A pretty babe all burning bright did in the air appear;
Who, scorched with excessive heat, such floods of tears did shed
As though his floods should quench his flames which with his tears were fed.
Alas, quoth he, but newly born in fiery heats I fry,

Yet none approach to warm their hearts or feel my fire but I !

My faultless breast the furnace is, the fuel wounding thorns,
Love is the fire, and sighs the smoke, the ashes shame and scorns;
The fuel justice layeth on, and mercy blows the coals,
The metal in this furnace wrought are men's defiled souls,
For which, as now on fire I am to work them to their good,
So will I melt into a bath to wash them in my blood.
With this he vanished out of sight and swiftly shrunk away,
And straight I called unto mind that it was Christmas day. 


O Bebê em Chamas

Quando, em uma noite de inverno glacial, eu tremia na neve,
um súbito calor me ofuscou fazendo meu coração mais leve,
ao erguer os olhos, receoso do fogo tão desconhecido,
vi um lindo bebê suspenso no ar e em chamas envolvido,
abrasado em calor intenso, chorava em prantos sua dor,
como se, com as lágrimas, fosse possível apagar o fogo abrasador.
‘Ai de mim’, disse ele, ‘sou recém-nascido a consumir em fogo ardente,
já que ninguém se importa em suavizá-lo um pouco, fico eu somente,
meu peito é um forno, e são muitos os espinhos que o mantém aceso:
o amor é o fogo, e suspiros a fumaça; as cinzas, vergonha e desprezo;
a justiça incendeia as brasas e a misericórdia sopra as chamas que fumegam,
e o metal na forja são as almas corrompidas dos homens que me negam,
estou a me consumir em fogo para torná-los bem aventurados,
e, como metal fundido, lavar, no meu sangue, tantos pecados’.
Desvaneceu-se, então, em minha frente sem deixar qualquer sinal,
e eu percebi imediatamente que era o Dia de Natal.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

3 DE SETEMBRO - SÃO GREGÓRIO MAGNO


Doutor da Igreja e um dos maiores papas da história da Santa Igreja, São Gregório Magno nasceu no ano 540 em Roma. Defensor incansável da sã doutrina, combateu duramente as seitas heréticas, promovendo um amplo trabalho de reestruturação da liturgia católica e do canto eclesiástico (que hoje é conhecido como canto gregoriano, em sua homenagem). Introduziu o Kyrie eleison na Missa, a oração do Pai Nosso antes da fração da hóstia pelo sacerdote e os cantos de aleluias nos ofícios divinos, mesmo fora do tempo pascal. Mais do que isso, estabeleceu, nos primórdios do Século VII, as bases de uma nova e sólida civilização cristã, atuando decisivamente na conversão dos lombardos, da Espanha e da Grã-Bretanha. De tão grandioso pontificado, preferiu apenas o humilde título de servus servorum Dei - servo dos servos de Deus. Faleceu em Roma, no dia 12 de março de 604, depois de treze anos, seis meses e dez dias de pontificado.


Ave mundi spes Maria, ave mitis, ave pia, ave plena gratia. 
Ave virgo singularis, quæ per rubum designaris non passus incendia.
Ave rosa speciosa, ave Jesse virgula:
Cujus fructus nostri luctus relaxavit vincula.
Ave cujus viscera contra mortis foedera ediderunt filium.
Ave carens simili, mundo diu flebili reparasti gaudium.
Ave virginum lucerna, per quam fulsit lux superna his quos umbra tenuit.
Ave virgo de qua nasci, et de cujus lacte pasci res cælorum voluit.
Ave gemma coeli luminarium.
Ave Sancti Spiritus sacrarium. 
Oh, quam mirabilis, et quam laudabilis hæc est virginitas!
In qua per spiritum facta paraclitum fulsit foecunditas.
Oh, quam sancta, quam serena, quam benigna, quam amoena esse virgo creditur!
Per quam servitus finitur, porta coeli aperitur, et libertas redditur.
Oh, castitatis lilium, tuum precare filium, qui salus est humilium:
Ne nos pro nostro vitio, in flebili judicio subjiciat supplicio.
Sed nos tua sancta prece mundans a peccati fæce collocet in lucis domo.
Amen dicat omnis homo.

Ave Maria, esperança do mundo; salve ó benigna, salve ó piedosa; salve ó cheia de graça!
Salve ó virgem singular, roseira que arde sem se consumir!
Salve ó rosa especiosa! Salve ó vara de Jessé cujo fruto quebrou as correntes de nossa prisão!
Salve, cujo ventre teve um filho que venceu a lei da morte.
Salve, Virgem sem igual, que trouxeste a alegria para o mundo que gemia em prantos.
Salve, ó lâmpada das virgens, através da qual a luz celestial brilhou para aqueles que jaziam nas trevas.
Salve, ó Virgem de quem quis nascer e de cujo leite quis se alimentar o Rei do Céu.
Salve, ó gema preciosa das luminárias do céu!
Salve, ó santuário do Espírito Santo!
Ó que maravilha, como é louvável essa virgindade em que o Espírito Paráclito fez brilhar a fecundidade!
Ó quão santa e serena, abençoada e amena é esta virgem, por quem foi encerrada nossa escravidão, foi nos aberta a porta do Céu e ganhamos nossa liberdade.
Ó lírio da castidade, intercedei por nós junto a vosso filho, que é a salvação dos humildes: para não sermos condenados eternamente por causa de nossos pecados no dia de nosso justo juízo.
Antes, que vossa oração nos lave das máculas do pecado e nos leve à casa da luz eterna.
Digam todos os homens: Amém!