segunda-feira, 3 de setembro de 2012

NÃO SE PODE ABDICAR DA VERDADE (I)

Em artigo recente publicado no jornal Gazeta do Povo (Paraná), o colunista Carlos Ramalhete expôs os problemas éticos e morais associados à adoção de crianças por duplas homossexuais, travestidas num contexto de casamentos e famílias. Evidentemente, recebeu uma chuva de impropérios e ameaças de todo o tipo, fruto das 'minorias injustiçadas', outro 'epíteto travesti' para movimentos internacionais muito bem orquestrados contra a civilização cristã. De um lado, a postura cristã autêntica que, sabendo-se detentora da Verdade, não pode abdicar destes princípios em hipótese alguma. Do outro lado, uma maciça oposição dos que clamam a igualdade de direitos, quaisquer que sejam suas (des)crenças, à luz da jurisprudência oficial.

Nada é mais intrinsecamente cristão do que a família: pai, mãe e filhos convivendo as suas dolorosas e belas utopias humanas em um ambiente familiar. Nada substitui a família; qualquer outra organização que se pretenda ser uma alternativa à família é insustentável e destinada ao fracasso retumbante. Não é à toa que a família tem sido tão atacada e dilacerada em seus princípios pelos movimentos anti-católicos e contrários à doutrina cristã. Eles podem ser hereges, mas não são burros. Mas não basta desestruturar ou solapar as famílias, é imprescindível também destruí-las por completo, seja por meio de seu aviltamento, seja por meio de sua mera inserção no contexto social como uma estrutura 'possível' (se possível, bem pouco 'possível'). Divórcio, aborto e drogas são ingredientes comuns que esfacelam famílias. O amor livre e o hedonismo as invalidam. 

Neste desvario completo, crianças e adolescentes são as vítimas da hora. São os filhos 'sem família', porque elas verdadeiramente não mais existem, sejam por abandono puro e simples dos filhos, seja porque estes passam a ter pais de mais e amor filial de menos. É neste cenário de falta crônica dos valores cristãos, que surgem as possibilidades de adoção e da criação por terceiros. E, aqui, à tentativa (sempre parcial, sempre incompleta) de reduzir as perdas de um ambiente familiar autêntico, mediante os instrumentos legais da adoção e da criação por terceiros, avilta-se, mais uma vez, a concepção cristã da família, concedendo a casais homossexuais a mesma conformidade das ações de um pai e uma mãe. Nos planos humanos, as mesmas leis que não privilegiam os deveres e responsabilidades da paternidade responsável, formulam soluções abusivas e anti-naturais, mesmerizadas à galope pelos feudos jurídicos de plantão. Para os descrentes, isso nada tem de absurdo; pelo contrário, é indício óbvio da civilização. Para um católico, é inconcebível sob quaisquer pontos de vista. 

Isto porque, para um católico, a família é, acima de tudo, a igreja doméstica, na qual os pais recebem a responsabilidade maior de batizar e evangelizar os filhos na doutrina católica, pois o dever máximo da família cristã é a salvação eterna da alma dos seus filhos. E os católicos devem lutar, oportuna ou inoportunamente, pela salvação do próximo, seja no mosteiro, seja na babel mundana. Diante da Verdade, calar-se ou omitir-se é que se caracteriza a afronta. Num Brasil cristão, presume-se que os valores cristãos deveriam nortear as políticas sociais, resguardados os direitos de todos. No Gueto Brasil, o paradigma da diversidade define os valores laicos, em que tudo pressupõe a estrita observância das igualdades de todos, sem nada no meio. Nada de novo sob o sol: o colunista apenas expôs o seu amor à Verdade e defendeu os valores cristãos de sempre (porque se não falarmos, as pedras falarão por nós); o gueto automaticamente regurgita o que não lhe convém às entranhas. 

sábado, 1 de setembro de 2012

EUCARISTIA - V


V - COMUNHÃO NA MÃO?

Não há dúvida de que as práticas mais abusivas e lesivas à dignidade do santo sacramento da eucaristia ocorrem no ato da comunhão propriamente dita, durante a distribuição das hóstias. Estas práticas, embora frequentes, tendem a ser profundamente transgressoras à vontade divina, como atestado por diferentes alocuções papais e um sem número de angustiantes lamentações de Jesus e de Maria em aparições e manifestações diversas aos homens dos tempos atuais.

Neste contexto, a deposição das hóstias consagradas na mão dos fiéis constitui uma concessão perigosíssima e totalmente estranha às mais autênticas tradições da Igreja. É um ato direto contra a sacralização devida para com o Divino e Imaculado Corpo de Cristo. Desde a Igreja primitiva, os diáconos lavavam suas mãos após dispor as oferendas do vinho e do pão sobre a mesa eucarística, antes mesmo da consagração, origem do ato do lavabo que o sacerdote faz no rito da Missa atual. O sacerdote, mesmo tendo as suas mãos consagradas, tem que lavá-las previamente ao contato com as sagradas espécies. Que razões poderiam sustentar o relaxamento moral que permite que as mãos não consagradas e não lavadas dos fiéis possam tocar no Corpo Santo de Deus?

Estas razões, infelizmente, são apenas humanas, baseadas em questões de higiene e de uma insensata e equivocada ideia de uma busca de maior intimidade com Deus. Esse segundo argumento tange o absurdo: a disposição interior, com os cuidados exteriores mencionados previamente, é uma certeza da existência dessa intimidade e despojamento entre a criatura e o seu Criador. A manjedoura que acolhe o nosso renascimento espiritual em Cristo na eucaristia deve ser provida pelo estado de graça da nossa alma ávida de Deus e não pelas palmas de mãos pecadoras e não consagradas.

E que preocupação desmedida com a higiene e o conforto dos fiéis (o sacerdote pode, por exemplo, tocar inadvertidamente com os dedos nos lábios ou na língua dos penitentes) pode sublimar por completo qualquer objeção a tocar as sagradas espécies com mãos impuras? Ou será que, durante a missa, os sentidos humanos de repente desaparecem e não são incorporados a atos tão banais quanto coçar a cabeça ou os ouvidos, usar um lenço, apertar os cadarços do sapato, apoiar-se simplesmente nos bancos da igreja e até mesmo no apertar das mãos dos vizinhos durante o cumprimento da paz? 

Outros argumentam ainda que, como o próprio Jesus deu a comunhão nas mãos dos apóstolos durante a Última Ceia, a comunhão na mão deveria ser a praxe geral. Não há dúvida disso, esta praxe é geral para aqueles que são semelhantes aos apóstolos, ou seja, para os sacerdotes de Cristo, consagrados para perdoar pecados e realizar o extraordinário milagre da transubstanciação a cada Missa. Nós, os fiéis, não somos herdeiros dos apóstolos, somos as sucessivas gerações do povo de Deus. Para nós, a  comunhão na mão está, pois, claramente em contradição com o verdadeiro espírito de amor, respeito e devoção que devemos para com Nosso Senhor e Nosso Deus. E existe ainda o gravíssimo perigo decorrente das partículas consagradas que se desprendem das hóstias e das mãos e que, caindo ao chão, são pisoteadas e profanadas. 

Mas os problemas advindos da comunhão na mão podem assumir gravidade muito maior, propiciando sacrilégios de toda natureza. Em quantas missas, sob um afluxo intenso e descontrolado dos fiéis, o sacerdote atua meramente como um repassador autômato das hóstias consagradas, em flagrante desrespeito e vulgarização à cerimônia eucarística, como se tivesse distribuindo aleatoriamente fichas ou prendas a um punhado de  mãos estendidas. Em quantas missas, o sacerdote não tem o controle do destino das hóstias colocadas em mãos não consagradas? Hóstias consagradas já foram encontradas em bancos de igreja, dentro de missais, em sacristias e em estacionamentos, em álbuns de fotografias... em que lugares terríveis não poderiam ser colocadas... ou mesmo usadas em atos sacrílegos como as chamadas ‘missas negras’? Seria difícil perceber as muitíssimas possibilidades de profanações das sagradas espécies em mãos não consagradas no caso das missas campais, com grande afluência de pessoas, envolvendo, em certos casos, verdadeiras multidões?

Nesta senda de insensatez, obscurantismo e omissão impressionantes, some-se a concessão medonha que permite ao próprio fiel tomar diretamente a hóstia do cibório. Nesta toada, para que sacerdotes? Ou bastará que o presidente da assembleia disponha uma bandeja de pães e uma jarra de vinho sobre o altar, a fim de que os próprios fiéis possam servir-se à vontade, transformando-se  a eucaristia em ágape, mero símbolo de uma filantropia universal?

Eucaristia I: Primeira Parte (Primeiro Domingo de Agosto)
Eucaristia II: Segunda Parte (Segundo Domingo de Agosto)
Eucaristia III: Terceira Parte (Terceiro Domingo de Agosto)
Eucaristia IV: Quarta Parte (Quarto Domingo de Agosto)
Eucaristia V: Quinta Parte (Primeiro Domingo de Setembro)

DA VIDA ESPIRITUAL (24)

(A morte de um desconhecido me encontrando numa tarde qualquer de trabalho de campo)

No meio de meus afazeres profissionais, em algum lugar perdido da civilização, paro diante da necessidade imperiosa de me alimentar junto a um pequeno restaurante de uma rua qualquer e me deparo de repente com a incerteza da fragilidade humana: a casa simples, um grupo de pessoas, as vozes baixas, o sol causticante, o velório, a poeira, o morto, a morte e a vida no agreste chão. Eis o homem de corpo só, enfim tornado igual a todos os homens mortos, quer fossem reis ou escravos, imperadores ou soldados, magnatas ou miseráveis andarilhos, criaturas humanas com histórias próprias, almas criadas pela graça de Deus. Não me é possível saber coisa alguma deste homem, atravessando sem vida a minha vida em um breve momento, mas ficou a minha oração: ‘que Deus te conceda a graça da salvação eterna e que teus olhos gloriosos brilhem para sempre na luz infinita da Plena Visão!’ E que eu, Pai, que fico aqui mais algum tempo encontre, entre afazeres e almoços tardios, a graça de sempre viver de acordo com a Vossa Santa Vontade!

PRIMEIRO SÁBADO DE SETEMBRO


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

Em 10 de dezembro de 1925, logo depois do jantar, a jovem postulante Lúcia, então com 18 anos, voltou à sua cela e aí recebeu a visita de Nossa Senhora e do Menino Jesus. A Santíssima Virgem pousou a mão no ombro de Lúcia e mostrou-lhe um Coração cercado de espinhos que tinha na outra mão. Neste momento, assim falou o Menino Jesus:
‘Tem pena do Coração de tua Mãe Santíssima, que está coberto de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Lhe cravam, sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar’.
Em seguida, a Santíssima Virgem revelou a Lúcia a grande promessa da Devoção dos Cinco Primeiros Sábados:
‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem*, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
* Com base em aparições posteriores, esclareceu-se que a confissão poderia não se realizar no sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte.

Cinco Sábados para Reparação Contra:

1 – as blasfêmias contra a imaculada conceição da Virgem Maria;
2 – as blasfêmias contra sua virgindade;
3 – as blasfêmias contra sua maternidade divina, recusando ao mesmo tempo reconhecê-la como mãe dos homens;
4 – as blasfêmias daqueles que procuram publicamente por no coração das crianças a indiferença ou o desprezo, ou mesmo o ódio em relação a esta Mãe imaculada;
5 – as ofensas dos que a ultrajem diretamente nas suas santas imagens. 

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

QUO VADIS, DOMINE?

Nero, o sanguinário imperador romano, perseguia sem tréguas os cristãos da nascente Igreja. Temendo que São Pedro caísse nas garras do imperador, os primeiros cristãos o exortavam a sair de Roma para se proteger. E dúvidas tremendas tolhiam as ações de São Pedro: ficar e correr o risco de desaparecer junto com a Igreja nascente tão atrozmente perseguida ou fugir, levando consigo o pequeno resto para lugar seguro, na Galileia ou em Tiberíades, e proclamar bem longe de Roma as verdades de Cristo? Salvar a verdade que se temia perder ou abandonar o triunfo da fé de tantos mártires e de tanto sangue derramado? Pedro gemia a angústia dos homens raros. 


- Vá, meu Senhor, vá para longe da loucura de Nero e de Roma, não permita que o poder do anticristo aniquile a glória de Deus; que nós sejamos as vítimas consentidas da crueldade humana, mas que o Vigário de Cristo não caia por terra diante do mal  suplicavam os fiéis em agonia.

Pedro envelhecido e cansado, curvado sob o peso de 30 anos de pregação contínua e peregrinações sem fim para levar adiante a mensagem de Jesus: 'Ide e Ensinai', agora mal podia conter as mãos trêmulas e os passos claudicantes. Mas não fôra a ele que Jesus tomara como pedra, fundamento da Sua Santa Igreja? Como pedra, qual destino lhe cabia: morrer pela espada ou manter viva a fé cristã longe dos portões de Roma?  

Foge, meu Senhor, foge de Roma pagã e maldita!

E Pedro fugiu. Nas primeiras horas da madrugada, furtivos e envoltos pelas sombras, Pedro e Nazario, servo fiel, tomaram o rumo da Via Appia em direção perdida. E andaram a passo rápido, ainda que o bastão do velho apóstolo tendesse a escorregar sobre as pedras polidas e entrelaçadas da via, temerosos de qualquer ruído, temerosos ainda mais do silêncio opressivo. E veio a manhã, e o sol ficou a pino, e a caminhada tornou-se ainda mais dura.   


- Vês aquela luz vindo em nossa direção, que ofusca a vista...

Não vejo nada meu senhor - respondeu Nazario.

Mas Pedro via uma luz brilhante, uma claridade ofuscante vindo em sua direção, pelo estreito caminho da Via Appia. E, cobrindo os olhos com ambas as mãos, buscava ver melhor o que não via.

Alguém está vindo e traz o sol consigo...

E havia apenas o silêncio da planície vazia. E havia apenas o sol inclemente da manhã já avançada. E havia o suave movimento dos galhos das árvores mais altas. E aí, então, começou um rumor de uma brisa, e logo de um vento mais forte que tomou toda a planície... Nazario assustado perguntou:

Senhor, o que está acontecendo? 

Pedro deixara cair o bastão e se prostrara erguendo os braços. A Pedra da Igreja tombou para a frente até quase tocar as pedras do caminho. Levantou o rosto, tomado de grande espanto, de êxtase incontido, de medo desregrado, de excitação febril, de comoção tremenda. Diante dele, Cristo o fitava com olhar compassivo. Com voz incerta e balbuciante, Pedro disse a Jesus: 

Quo vadis, Domine? 


A Nazario não chegou resposta alguma, apenas o rumor do vento suave que soprava agora. Mas Pedro ouviu a voz tão conhecida de Jesus, tão doce embora parecendo triste, mas tão clara como a manhã de sol que os envolvia: 

Vou a Roma para ser crucificado novamente, uma vez que você abandonou a minha messe.

Pedro ficou prostrado em terra, mudo, paralisado, olhando as pedras polidas da Via Appia. Nazario temeu pela vida do seu senhor e mestre e percebeu assustado que não havia mais vento, nem brisa, apenas o silêncio, o sol, e a planície nua. Pedro pediu o bastão e se levantou da terra. Olhou o sol tão alto no céu e sacudiu sua roupa, volvendo o passo atrás, em direção à Cidade das Sete Colinas.

- Aonde vais, senhor? 

Para Roma, para Roma! 

E ambos tomaram o caminho de volta. 



Capela à entrada da cidade de Roma, em cujas paredes se lê a inscrição com a pergunta que Pedro teria dito a Cristo e que ecoa pelos séculos: Quo vadis, Domine?

(tradução livre de excerto da obra QUO VADIS?, romance do escritor polonês Henryk Sienkiewicz (1846 - 1916), Prêmio Nobel da Literatura de 1905, sobre fotos tomadas do site ad memoriam rei perpetuam).

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

28 DE AGOSTO: SANTO AGOSTINHO DE HIPONA


"...Inquieto está o nosso coração enquanto não repousar em Ti."

Dia 28 de agosto é a festa de um dos grandes santos da Igreja, um dos fundadores da chamada Patrística (a fase inicial da formação da Teologia Cristã e seus dogmas). Santo Agostinho nasceu a 13 de novembro de 354, na pequena cidade de Tagaste, perto de Hipona, na Numídia (atual Argélia), filho de Patrício e Mônica (santa da Igreja Católica, cuja festa é celebrada em 27 de agosto). Da vida promíscua ao desvario da sua inclusão em seitas maniqueístas, Santo Agostinho experimentou desde a indiferença até a descrença completa nas coisas de Deus. A resposta da sua mãe, profundamente dolorosa diante a perspectiva da perda eterna da alma do filho amado, foi sempre a mesma: oração, oração, oração! E a conversão de Agostinho foi lenta e profunda: no ano de 382, em Milão, então com 32 anos de idade, o santo foi finalmente batizado, junto com um amigo e o seu filho Adeodato (que morreria pouco tempo depois) por Santo Ambrósio. E que conversão! Sobre o tapete dos pecados passados, da vida desregrada da juventude (que descreveria com imenso desgosto em sua obra máxima ‘Confissões’), nasceria um santo dedicado por inteiro à glória de Deus, pregando como sacerdote e, mais tarde, como bispo de Hipona, que a verdadeira fonte da santidade nasce, renasce e se fortalece na humildade. Combateu com tal veemência as diversas frentes de heresias do seu tempo, incluindo o arianismo e o maniqueísmo, que foi alcunhado de Escudo da Fé e Martelo dos Hereges. Santo Agostinho, Doutor da Igreja e Defensor da Graça, morreu em 28 de agosto de 430, aos 76 anos de idade.

Excertos da Obra: 'Confissões', de Santo Agostinho:

“Amo-te, Senhor, com uma consciência não vacilante, mas firme. Feriste o meu coração com a tua palavra, e eu amei-te. Mas eis que o céu, e a terra, e todas as coisas que neles existem me dizem a mim, por toda a parte, que te ame, e não cessam de o dizer a todos os homens, de tal modo que eles não têm desculpa. Tu, porém, compadecer-te-ás mais profundamente de quem te compadeceres,e concederás a tua misericórdia àquele para quem fores misericordioso: de outra forma, é para surdos que o céu e a terra entoam os teus louvores. Mas que amo eu, quando te amo? Não a beleza do corpo, nem a glória do tempo, nem esta claridade da luz, tão amável a meus olhos, não as doces melodias de todo o gênero de canções, não a fragrância das flores, e dos perfumes, e dos aromas, não o maná e o mel, não os membros agradáveis aos abraços da carne. Não é isto o que eu amo, quando amo o meu Deus, E, no entanto, amo uma certa luz, e uma certa voz, e um certo perfume, e um certo alimento, e um certo abraço, quando amo o meu Deus, luz, voz, perfume, alimento, abraço do homem interior que há em mim, onde brilha para a minha alma o que não ocupa lugar, e onde ressoa o que o tempo não rouba, e onde exala perfume o que o vento não dissipa, e onde dá sabor o que a sofreguidão não diminui, e onde se une o que o que a saciedade não separa. Isto é o que eu amo, quando amo o meu Deus.”

“Aterrorizado com os meus pecados e com o peso da minha miséria, tinha considerado e meditado no meu coração fugir para a solidão, mas tu proibiste-me e encorajaste-me, dizendo: Cristo morreu por todos, a fim de que os que vivem já não vivam para si, mas para aquele que morreu por eles. Eis, Senhor, que eu lanço em ti a minha inquietação, a fim de que viva, e considerarei as maravilhas da tua Lei. Tu conheces a minha incapacidade e a minha fragilidade: ensina-me e cura-me. O teu Unigênito, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência, redimiu-me com o seu sangue. Não me caluniem os soberbos, porque penso no preço da minha redenção, e como, e bebo, e distribuo, e, pobre, desejo saciar-me dele entre aqueles que dele se alimentam e saciam: e louvam o Senhor aqueles que o procuram”. 

QUANDO O INFERNO É AQUI...

Nestes tempos de tão grande apostasia, em que a Santa Igreja e o Catolicismo são tão vilipendiados, uma insensatez sem limites mina por completo a fé de uma grande porção dos católicos, tornando-os fantoches de crenças vulgares e heréticas. Generaliza-se a loucura de que a salvação eterna é algo quase que automático, que o inferno e o demônio são coisas de pura ficção científica. Em alguns casos, porém, Deus permite que o inferno seja aqui, e que o demônio seja exposto, ainda que infinitamente mitigado, para que tantos insensatos se dêem conta do quanto estão enganados.

Exorcismo de uma menina italiana (vídeo em italiano com tradução em inglês): o sacerdote mostra as medidas adotadas previamente para prender a menina numa cadeira durante a sessão do exorcismo e depois explica que é o demônio que receia, reage e grita ante a ação do exorcista;  no final, explica ainda que o exorcismo é um embate entre o sacerdote e o demônio, em que, contra a tática do demônio de 'parar a luta' para tomar fôlego e ganhar forças, a ação do sacerdote deve ser sempre a do pugilista que nunca pára de golpear até conseguir a vitória final. As cenas fortes do vídeo, entretanto, são as do próprio exorcismo, mostradas entre as diferentes falas do sacerdote.

(vídeo com cenas reais de exorcismo)