segunda-feira, 14 de junho de 2021

ENCHIRIDION E OS DOGMAS DA IGREJA CATÓLICA

Enchiridion (Manual) é uma compilação de todos os textos básicos sobre os dogmas e ordenamentos doutrinários da Santa Igreja desde a Era Apostólica, tendo sido implementado em 1854 pelo papa Pio IX e, desde então, regularmente atualizado. Foi originalmente publicado como Enchiridion Symbolorum et Definitionum (referido, às vezes, como Denzinger, em homenagem ao seu primeiro editor, Heinrich Denziger) e atualmente publicado como Enchiridion symbolorum, definitionum et statementum de rebus fidei et morum (Manual de credos, definições e declarações sobre questões de fé e moral). Os parágrafos correspondentes ao texto das primeiras edições são comumente expressos pela abreviação Dz - referência direta a Denzinger).

As postagens anexas apresentam uma relação de 250 dogmas da Igreja Católica compiladas a partir do Enchiridion e já publicadas pelo blog (as dez primeiras são reproduzidas abaixo nesta postagem, indicando as principais fontes de sua prescrição pelo Denzinger).


PARTE I - A UNIDADE E A TRINDADE DE DEUS

1. Deus, nosso Criador e Senhor, pode ser conhecido, com absoluta certeza, pela luz natural da razão das coisas criadas.

Constituição dogmática Dei Filius (1870), pós-Concílio Vaticano I, que assim definiu: Si quis dixerit, Deum unum et verum, creatorem et Dominum nostrum, per ea quae facta sunt naturali rationis humanoe lumine certo cognosci non posse (Dz 1806; cf. 1391, 1785).

2. A existência de Deus não é meramente um objeto de conhecimento racional, mas também um objeto da fé sobrenatural.

Constituição dogmática Dei Filius (1870), pós-Concílio Vaticano I, que assim definiu: Si quis dixerit, in revelatione divina nulla vera et proprie dicta mysteria contineri, sed universa fidei dogmata posse per rationem rite excultam e naturalibus principiis intelligi et demonstrari; anathema sit (indicando que  que a razão não basta para conhecer quem é Deus, pois a fé vai além da razão). Por outro lado, O Credo começa por dizer Credo in unum Deum.

3. A Natureza de Deus é incompreensível para os homens.

O IV Concílio de Latrão (1215) e o Concílio Vaticano I chamam Deus de 'incompreensível' (incompreensibilis); o Concílio de Latrão define Deus como 'inefável' (inefabilis).

4. Os bem-aventurados no Céu possuem um conhecimento intuitivo imediato da Essência Divina.

Constituição dogmática Benedictus Deus (Bento XII, 1336): Vident (sc, animae sanctorum), divinam essentiam visione intuitiva et etiam faciali, nulla por criatura em ratione objeti visi se habente, sed divina essentia imediata se nude, clare et aprte eis ostendente - as almas dos bem aventurados veem a essência divina em visão intuitiva e face a face, sem nenhuma criatura intervir como meio de visão, mas mostrando-lhes a essência divina de imediato e com absoluta transparência e clareza (Dz 530); o Concílio de Florença (1438/45), assim especificou qual era o objeto do conhecimento de Deus que os bem-aventurados possuem: Intueri (sc. Animas sanctorum) clare ipsum Deum trinum et unum, sicuti est"- as almas dos bem aventurados intuem claramente o Deus trino e único como Ele o é (Dz 693).

5. A visão imediata de Deus transcende a força natural da percepção da alma humana e é, portanto, sobrenatural.

O Concílio de Viena, pela constituição Ad Nostrum Qui (1312), condenou expressamente os erros dos begardos e beguinas [comunidades semirreligiosas que praticavam uma vida espiritual alheia aos ensinamentos da Igreja]:  Quod anima non indiget lumine gloriae ipsam elevante ad Deum videndum et eo beate fruendum (Dz 475): é heresia considerar que a alma, destituída da luz da glória, seja capaz de  ver e se deleitar de Deus em êxtase.

6. A alma requer a luz da glória para a visão imediata de Deus.

(Enchiridion, Dz 475)

7. A Essência de Deus é igualmente incompreensível para o bem-aventurado no Céu.

(Enchiridion, Dz 428, 1782) 

8. Os atributos divinos são realmente idênticos entre si e com a Divina Essência.

O sínodo de Reims (1148) desaprovou a doutrina de Gilbert de Poitiers: Credimus et confitemur simplicem naturam divinitatis esse Deum, nec aliquo sensu católico posse negari, quin divinitas sit Deus et Deus divinitas… credimus, nonnisi e a sapientia, quae est ipse e a sapientia, quae est ipse, sapientem esse, nonnisi e a magnitude, quae est ipse Deus, magnum esse ' (Dz 389). O Concílio de Florença declarou no Decretum pro Iacobitis (1441): 'Em Deus tudo é um, desde que não haja oposição relativa' (Dz 703).

9. Deus é absolutamente perfeito.

O Concílio Vaticano I ensina que Deus é infinito em toda perfeição (omni perfectione infinitus), conforme Dz 1782.

10. Deus é verdadeiramente infinito em toda a perfeição.

O Concílio Vaticano diz que Deus é infinito em compreensão e vontade em toda perfeição (intellectu ac volunt omnique perfectione infinitus - Dz 1782).

250 DOGMAS DE FÉ DA IGREJA CATÓLICA

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