terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

COMPÊNDIO DE SÃO JOSÉ (IV)


16. Quem particularmente indicou o Carpinteiro de Nazaré como modelo para os trabalhadores? 

Esta indicação nós a devemos particularmente ao Papa Pio XII, quando instituiu esta festa litúrgica no dia 1º de maio de 1955. O mesmo papa assim se expressou: 'Não houve nenhum homem assim tão próximo ao Redentor pelos vínculos familiares, pela comunhão diária, pela harmonia espiritual e pela vida divina de graça como São José, da estirpe de Davi, mas também um humilde trabalhador'. O Papa João Paulo II evidenciou a missão de José, ou seja, a sua função de Minister Salutis ao afirmar: 'Graças ao banco do trabalho junto ao qual exercia a sua profissão em companhia de Jesus, José aproximou o trabalho humano ao mistério da redenção'. 

17. A condição operária de José foi importante para Jesus na sua qualificação humana? 

A condição operária de José foi aquela que 'personifica o tipo humano, que o próprio Cristo escolheu para qualificar a sua própria posição social de Filius Fabri. Portanto, com José, Jesus assumiu uma qualificação humana e social. Tornando-se civilmente Filho de José (Lc 3,23), Jesus herdou o título real de 'filho de Davi', mas contemporaneamente assumiu também aquela condição profissional que o qualifica como o 'Filho do Carpinteiro' (Mt 13,55). 

18. Como podemos imaginar a vida de José durante a sua adolescência e juventude? 

Uma vida normal conforme viviam os jovens e adolescentes daquela época, ou seja, vivia o dia-a-dia na dedicação ao trabalho, na frequência à sinagoga, na observância das leis e costumes de seu povo e, como qualquer jovem do seu tempo, tinha os seus sonhos, e as suas aspirações de casar-se e de constituir uma família. 

19. Como José e Maria descobriram a vocação matrimonial? 

Afirmamos que tanto José como Maria foram vocacionados por Deus para a preciosa missão de realizar o mistério da Encarnação de Jesus. Jesus, o Filho de Deus, devia, no desígnio de Deus, nascer de uma mulher casada e virgem, ou seja, dentro de uma família. Daqui vemos a necessidade do matrimônio entre José e Maria, justamente para a vinda do Filho de Deus dentro de um contexto matrimonial. Deus, na sua onisciência, concedeu todas as oportunidades para que entre ambos surgisse o amor que leva à concretização da comunhão de vida entre um homem e uma mulher através do matrimônio. Portanto a presença de um na vida do outro na descoberta desta vocação não foi um simples jogo de circunstâncias, mas o resultado de uma preciosa intervenção de Deus e, assim, eles se casaram.

20. Por que frequentemente na arte São José é representado como um velho?

Durante muitos séculos, São José foi visto mais como um servo de Maria do que como seu esposo e a razão desta visão distorcida foi devido à influência dos livros apócrifos, os quais procuraram erroneamente defender a virgindade de Maria, e portanto a concepção virginal de Jesus, vendo em seu esposo um velho de cabeça branca e careca, com uns noventa anos. Um erro imperdoável, pois acreditou-se mais na incapacidade física de José sendo velho, sem a libido, do que nas suas virtudes e na graça de Deus.

Hoje pode-se afirmar com toda segurança que José casou-se com Maria com a idade própria de todos os jovens hebreus quando se casavam, ou seja, entre os dezoito e vinte e quatro anos, conforme os textos rabínicos atestam. Além do mais, Deus quis que seu Filho se inserisse na história humana da maneira mais natural possível, dentro de uma família e com pais que lhe dessem toda assistência, sustento e educação. Ora, se José fosse velho como foi apresentado, como poderia ter a força e a disposição para fugir com Jesus e Maria para o Egito, atravessando o deserto, numa longa caminhada e enfrentando os perigos, a falta de água e o cansaço? Como poderia José ter sustentado Jesus e sua esposa se não tivesse a força juvenil?

('100 Questões sobre a Teologia de São José', do Pe. José Antonio Bertolin, adaptado)