terça-feira, 29 de janeiro de 2019

COMPÊNDIO DE SÃO JOSÉ (III)


11. Como podemos deduzir o dia-a-dia de José no seu ambiente cultural?

Todas as pessoas simples, como José, viviam dentro de um ambiente marginalizador e classista. Claro que quem mais sofria eram as mulheres, consideradas inferiores aos homens, sem nenhuma incidência no meio social. Restava-lhes cozinhar, lavar roupa, buscar água no poço ou na fonte e dedicar-se à limpeza. Não participavam das funções nas sinagogas e, quando iam ao Templo, ocupavam os lugares depois dos homens. Elas não tinham permissão para ler a Torá no Templo e nem o testemunho de uma mulher podia ser levado em consideração; inclusive em público, nenhum homem de boa reputação cumprimentava uma mulher.

Naturalmente José, homem justo, não podia ter como práxis de seu comportamento estas atitudes discriminadoras e sobretudo para Maria, com a qual viveu uma profunda vida de amor e de doação, compartilhando toda a sua vida, nutrindo por ela um profundo respeito, uma grande ternura e uma perfeita comunicação de seu afeto, amando-a com amor intenso.

12. Qual o significado do nome José?

Este nome deriva da língua hebraica Yosef, forma abreviada de Yehosef que significa: 'Javé acresce, aquele que acrescenta a Yavé'; em latim Ioseph (ou Iosephus).

13. Qual era a profissão de José?

José foi um trabalhador e sua característica de homem trabalhador refletiu-se inclusive no Filho de Deus, o qual era conhecido como fabri filius (Mt 13,55) [filho do carpinteiro]. Como era o costume de então, José seguramente recebeu esta profissão de seu pai; portanto, ainda adolescente, já era um artesão. Como realçam os evangelhos, José possuía uma pequena oficina em Nazaré, um lugarejo perdido nas montanhas, lugar de lavradores, de gente simples e pobre. Portanto, ele não fabricava móveis refinados ou objetos de consumo da aristocracia ou da gente rica de seu país.

14. Não seria melhor classificá-lo como artesão?

Certamente, aliás, o texto evangélico usa uma expressão genérica para designar a sua profissão, ou seja, o qualifica como artesão. Desta forma, ele não fabricava somente móveis, mas também portas, janelas e tudo aquilo que era de necessidade das moradias de Nazaré. Com a categoria de artesão, podemos concluir que José era um artífice que manuseava a madeira e o ferro. Por isso, ele executava o seu trabalho não apenas recluso na sua carpintaria, mas também para fora, consertando um arado, uma roda de carroça, ou fazendo o fundamento de uma casa, etc. Naturalmente, esta sua profissão facilitava muito o seu contato com o povo de Nazaré e de toda a região que também solicitava os seus trabalhos. Por isso, José era uma pessoa bem relacionada, conhecia bem os problemas, os desejos e os sofrimentos do seu povo.

15. Será por isso (ser José um artesão) que José é tido como o protetor dos trabalhadores?

Não simplesmente por isso, porque outros santos trabalharam também tanto quanto ou até mais que ele, mas sim porque o seu trabalho teve uma função especial: aquela de nutrir o Filho de Deus e de educá-lo, da mesma forma também para sustentar Maria, sua esposa. O trabalho de José tem ainda uma outra qualificação particular: com ele Jesus aprendeu uma profissão e sustentou-se por trinta anos. 'Aquele que, sendo Deus, tornou-se semelhante a nós em tudo, dedicava a maior parte de sua vida sobre a terra, no trabalho manual, junto a um banco de carpinteiro' (Encíclica Laborem Exercens, 6).

('100 Questões sobre a Teologia de São José', do Pe. José Antonio Bertolin, adaptado)