domingo, 14 de janeiro de 2024

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'Eu disse: "Eis que venho, Senhor!" Com prazer faço a vossa vontade' 
(Sl 39)

Primeira Leitura (I Sm 3,3-10.19) - Segunda Leitura (1Cor 6,13-15.17-20)  -  Evangelho (Jo 1,35-42)

 14/01/2024 - Segundo Domingo do Tempo Comum 

7. APÓSTOLOS SOB A CÁTEDRA DE PEDRO


Estando naquele dia em presença de dois dos seus discípulos mais amados, João Batista vai manifestar, uma vez mais, o testemunho do Messias, aquele de quem dissera pouco antes: 'Eu não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias' (Jo 1, 27). A grandeza do Precursor é enfatizada por Jesus naquele que recebeu privilégios tão extraordinários para ser o profeta da revelação de tão grandes mistérios de Deus à toda a humanidade: Jesus Cristo é o Unigênito do Pai, o Filho de Deus Vivo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. E, desta vez, dá testemunho direto dele, 'vendo Jesus passar' (Jo 1, 35): 'Eis o Cordeiro de Deus!' (Jo 1, 36).

Ao ouvir estas palavras, André e João, não vacilam um único instante e tomam a firme disposição de seguir Jesus. Seguir Jesus! Eis aí o amoroso convite de Jesus a todos os homens: assumir o jugo suave do Senhor em todos os nossos caminhos, ao longo de toda a nossa vida! Para seguir Jesus, temos que responder a pergunta dos dois discípulos que ecoa pelos tempos: 'Onde moras?' (Jo 1, 38). 'Onde moras, Jesus?' Seguir Jesus é ir onde Jesus está, para que Jesus possa morar em nós. Eis o mistério da graça que cada um deve percorrer nesta vida para a plena busca da Verdade e a contemplação definitiva do Reino de Deus.

Mas os dois discípulos fizeram ainda mais do que isso; o zelo e o fervor pelos novos ensinamentos do Messias fizeram deles os primeiros apóstolos. E a Verdade exaltada, vivida e compartilhada pela pregação humana das primícias do apostolado cristão vai chegar a ninguém menos que Simão Pedro, irmão de André, e que viria a ser a pedra angular da futura Igreja de Cristo. Pedro não vacilou também, não fez concessões e nem imposições, mas acreditou! E imediatamente foi ter com Jesus.

Jesus, que conhecia Pedro desde a eternidade e Pedro, que nascia para a eternidade, estavam juntos pela primeira vez: 'Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas' (Jo 1, 42). Jesus estabelece neste primeiro momento, a vinculação direta entre a ação do apostolado e a pedra (Cefas) fundamental sobre a qual haveria de edificar a sua Igreja, mistério da graça muito além da possível percepção histórica daqueles homens. O apostolado é, pois, missão inerente a toda a cristandade e deve estar indissoluvelmente ligada à pedra fundamental da Igreja, como dizia Santo Ambrósio de Milão: 'Não podem ter a herança de Pedro os que não vivem sob a cátedra de Pedro'.

sábado, 13 de janeiro de 2024

SERMÕES DO CURA D'ARS (XVI)

 SOBRE O PODER E GLÓRIA DO SANTO NOME DE JESUS

 'humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes' (Fp 2, 8-9)

Caríssimos no Senhor! Neste domingo, celebramos de modo especial a festa em honra do Santo Nome de Jesus, aquele nome que é, para cada cristão, o mais nobre e querido, o mais santo e o mais consolador. Ao honrar e amar o nome do nosso Salvador, mostramos o nosso respeito e amor por Aquele que tem este nome abençoado. Neste sentido, honramos e louvamos os nomes dos santos cuja memória nunca morrerá, mas será sempre honrada por Deus e pelos homens; pensamos com alegria nas suas excelsas e heroicas virtudes, na sua fé viva e inabalável, no seu amor abnegado ao próximo, no seu incansável zelo em ajudar os seus semelhantes a alcançar a verdadeira felicidade e a salvação que só provém de Deus - sim, verdadeiramente os nomes dos santos, e sobretudo o da Rainha dos Santos, e os nomes de todos os eleitos de Deus, nos são caros e os pronunciamos com reverência e amor pois, de fato, seria um pecado não o fazer.

Mas há um nome que está acima de todos os outros nomes, um nome que devemos sempre pronunciar com a maior reverência, com a maior alegria e o mais terno amor; e esse é o Nome de Jesus.  E porque todos nós guardamos, nos nossos corações, um respeito tão profundo, um amor e uma devoção tão grandes por este Nome Santíssimo? Em primeiro lugar, por causa da sua glória e excelência e, em segundo lugar, por causa do seu maravilhoso poder e abundância de graça. Façamos disto o objeto da nossa meditação no nome de Jesus: 'Que se humilhou a si mesmo, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou e lhe deu um nome que está acima de todo o nome'.

I - Amado no Senhor! Ninguém é capaz de explicar o grande mistério revelado na terra por Cristo, o Filho de Deus encarnado. Segundo a expressão do Apóstolo São Paulo, na sua carta aos colossenses, este mistério, que o Apóstolo diz ser o próprio Cristo, está escondido desde toda a eternidade em Deus. Quando, na plenitude dos tempos, foi revelado, recebeu um nome que nos mostrou distintamente, à luz da fé, o grande e maravilhoso significado da Encarnação do Filho de Deus e da nossa redenção. Deus, o Pai Eterno, quis escolher Ele mesmo o nome que o seu Filho bem-amado deveria levar sobre a Terra e Ele anunciou esse nome ao mundo por um anjo do Céu.

Com efeito, outorgado e enviado por Deus, o arcanjo Gabriel trouxe a mensagem à Santíssima Virgem Maria: 'Eis que conceberás no teu ventre e darás à luz um filho, e o seu nome será Jesus'. E o anjo disse a José: 'José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados' (Mt 1, 20-21). E, novamente, como ouvimos na Festa da Circuncisão de Nosso Senhor: 'Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, como lhe tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno' (Lc 2,21).

O nome de Jesus, portanto, não foi dado ao nosso Salvador por um homem ou um anjo, mas pelo próprio Deus. Este nome santíssimo estava desde toda a eternidade escondido sob o mistério da Encarnação no seio, no coração do Pai, foi revelado ao mesmo tempo com a realização deste mistério do Céu, para que nós, homens, pudéssemos exprimir de forma digna o nosso respeito e a nossa gratidão por aquilo que o Filho de Deus, na sua natureza humana, pelo seu incompreensível amor por nós, tinha feito e sofrido pela nossa salvação: 'a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados' (Mt 1,21); mas não somente o povo eleito, mas toda a humanidade, como diz o Apóstolo São João, de modo a reunir todos os filhos de Deus dispersos, para serem feitos um só aqui na terra e um só no Céu.

'Jesus Cristo' - diz este mesmo Apóstolo - é a propiciação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo' (I Jo 2,2). Como diz São Paulo, Cristo Jesus é o único mediador entre Deus e os homens.  O nome de Jesus significa, portanto, Salvador, Redentor e Mediador, e lembra-nos tudo o que o Filho de Deus realizou aqui na terra para nos redimir e nos tornar eternamente felizes.  Lembra-nos toda a sua vida terrena, desde o seu nascimento até à sua morte, todos os passos que deu, os milagres que fez, todos os doentes que curou, todos os mortos que ressuscitou, os pecadores que perdoou, os sacramentos que deixou na sua Igreja; em uma palavra, tudo o que o Filho de Deus encarnado fez, e continua a fazer, não só para nos tornar felizes aqui na terra, mas também para nos tornar felizes e nos abençoar por toda a eternidade.  O nome de Jesus é, portanto, para nós, o nome mais querido e o mais glorioso.

Nosso Salvador mereceu esse nome para si mesmo. É o nome de honra, que pertence ao Filho de Deus, que morreu na cruz para salvar o mundo decaído. Esse nome é a recompensa, o preço da vitória, que Ele recebeu do seu Pai Celestial; o louvor e o renome que Ele receberá para sempre do mundo cristão agradecido. Isto nos é ensinado e proclamado pelo grande Apóstolo do povo, nas palavras mais emocionantes, quando ele diz de Cristo: 'Ele humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso também Deus o exaltou e lhe deu um nome que está acima de todo o nome, para que em nome de Jesus se dobre todo o joelho daqueles que estão nos céus, na terra e debaixo da terra; e toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor' (Fl 2, 8-11).

E eis que, como foi dito, assim aconteceu.  O nome de Jesus foi colocado sobre a cabeça do Salvador crucificado no Gólgota: Jesus Nazarenus, Rex Judoeorum - Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus, mas agora brilha sobre o céu e a terra, para glória de Deus Filho.  Todos os anjos e santos do céu pronunciam este nome glorioso com um júbilo e um arrebatamento indescritíveis. Todos os fiéis na terra louvam o nome do seu maior benfeitor com a mais profunda reverência e intensa gratidão. As almas sofredoras do Purgatório suspiram com jubilosa esperança sempre que pensam neste Santo Nome, e o seu desejo é louvar e glorificar este Santo Nome com todos os eleitos do Céu. Quem de nós se atreveria a pronunciar este Santíssimo Nome com indiferença ou sem circunspeção? Não, ó Jesus, como poderíamos ser culpados de tal ofensa contra Vós? Com a mais profunda reverência e o mais ardente amor, conservaremos para sempre o vosso Nome Glorioso em nossos corações e o pronunciaremos com as nossas línguas; e também o invocaremos com a mais completa confiança.

II. Por esta razão, amados cristãos, escutai algumas palavras sobre o maravilhoso poder do nome de Jesus. Em primeiro lugar, é o próprio Salvador que nos assegura o maravilhoso poder do seu nome divino, pois diz dos que nele crêem: 'expulsarão os demônios em meu nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados' (Mc 16, 17-18). Sobre o poder do seu nome, Jesus diz, ainda que toda a oração feita em seu nome será ouvida. 'Em verdade, em verdade vos digo' - diz Ele aos seus discípulos - 'se pedirdes alguma coisa ao Pai em meu Nome, Ele atenderá o vosso pedido' (Jo 14,13). Até agora não pedistes nada em meu nome, mas orai, para que possais receber, para que a vossa alegria seja perfeita. 

A Sagrada Escritura e as tradições da nossa Santa Igreja ensinam-nos as inúmeras vezes que o Senhor cumpriu esta sua promessa, e quão poderoso e cheio de bênçãos é o seu Santo Nome. Pedro e João, nos primeiros tempos da Igreja, subiram ao Templo para rezar. Um homem coxo de nascença estava sentado à porta do Templo e pediu uma esmola aos Apóstolos. Pedro sentiu-se possuidor de tesouros que ultrapassavam todas as riquezas da terra e, fortalecido pela promessa do Salvador, dirigiu-se ao coxo: 'Olha para nós!' Este fez isso, na esperança de receber algo deles. Mas Pedro disse-lhe: 'Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho isso te darei: em Nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda!' E o coxo levantou-se e entrou com eles no Templo para louvar a Deus.

São Paulo tinha chegado a Filipos, a capital da Macedônia. Percorreu as ruas da cidade em direção a uma casa de oração.  No caminho, encontrou uma criada que estava possuída por um espírito mau. O Santo Apóstolo teve pena da infeliz rapariga e, confiando nas promessas do Senhor, disse ao espírito mau: 'Eu te ordeno, em nome de Jesus Cristo, que saias dela!'. E o demônio saiu imediatamente de dentro dela. Quando foi entregue ao Apóstolo São João uma taça cheia de veneno; ele pronunciou o nome de Jesus sobre ela, e o veneno não lhe fez mal algum.

Dotados do poder do Santo Nome, os Apóstolos saíram para converter o mundo. Não só fizeram inúmeros milagres, mas também aqueles que acreditaram nas suas palavras fizeram milagres em nome de Jesus. Ao som deste Nome Divino, os templos dos pagãos desmoronavam-se. Perante ele, os espíritos das trevas fugiam. Por meio deste nome vitorioso, os ensinamentos de Jesus foram difundidos sobre a face da terra.  Neste nome, a Igreja desempenha a sua missão divina todos os dias até ao fim do mundo; por meio dele ensina, reza, abençoa e consagra. Mas, meus caros cristãos, cada um de nós pode experimentar em si mesmo o poder e os efeitos maravilhosos deste nome consolador.  Sim, ó alma cristã, se invocares o nome de Jesus com devoção, obterás certamente todas as coisas necessárias para a tua salvação.  Este Santíssimo Nome dar-te-á conselho nas dificuldades, coragem nos perigos, fortaleza e força nas tentações, perseverança no bem, consolação e alegria nas tribulações e nos sofrimentos. Quando os Apóstolos do Senhor foram flagelados em Jerusalém, alegraram-se por terem sido considerados dignos de sofrer a ignomínia pelo nome de Jesus.

Quanto mais devotamente reverenciarmos e invocarmos o nome de Jesus, tanto mais o nosso Salvador mostrará um amor terno e percetível para conosco.  'Meu Jesus' - exclamava Santo Agostinho - 'assim que começo a pronunciar o vosso nome, percebo uma doçura sobrenatural na minha boca e uma surpreendente mudança do coração'." 'O nome de Jesus' - diz São Bernardo - 'é como mel na boca, um som suave nos ouvidos e uma alegria para o coração'. Quão doce e consolador é o nome de Jesus, em todas as dores e sofrimentos desta vida mutável, mas é o mais doce de todos na hora da morte. Com o nome de Jesus nos lábios, os santos de Deus expiraram suas almas.  Jesus foi a sua última oração, o seu último suspiro: 'Senhor Jesus, recebe a minha alma!' Foi assim que Santo Estêvão rezou quando o estavam a apedrejar até à morte, e assim morreu no Senhor. 'Jesus, meu amor!' - assim suspirava o santo mártir Inácio, bispo de Antioquia, quando o levaram à morte, para ser despedaçado pelas feras.  Quando lhe ordenaram que negasse o nome de Jesus, respondeu, com calma e firmeza: 'Nunca deixarei de pronunciar o seu Nome. E se me pudésseis impedir de o pronunciar com a minha boca, não o poderíeis apagar do meu coração'. Confessando o Santíssimo Nome de Jesus, e pronunciando-o com todo o fervor, o santo bispo morreu a gloriosa morte de mártir.

Concedei-nos também a nós, ó Jesus, que o vosso nome seja sempre bendito para nós, enquanto vivermos, e especialmente na hora da nossa morte, a nossa consolação e a nossa esperança, e no céu a nossa eterna alegria e bem aventurança. Amém.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

ORAÇÃO: 'FICA COMIGO, SENHOR!'


Fica comigo Senhor, pois preciso da tua presença para não te esquecer.
Sabes o quão facilmente posso te abandonar.
Fica comigo Senhor, porque sou fraco e preciso da tua força para não cair.
Fica comigo Senhor, porque és minha vida, e sem ti perco o fervor.
Fica comigo Senhor, porque és minha luz, e sem ti reina a escuridão.
Fica comigo Senhor, para me mostrar tua vontade.
Fica comigo Senhor, para que ouça tua voz e te siga.
Fica comigo Senhor, pois desejo amar-te e permanecer sempre em tua companhia.
Fica comigo Senhor, se queres que te seja fiel.
Fica comigo Senhor, porque, por mais pobre que seja minha alma, quero que se transforme num lugar de consolação para ti, um ninho de amor.
Fica comigo, Jesus, pois se faz tarde e o dia chega ao fim; a vida passa, e a morte, o julgamento e a eternidade se aproximam. 
Preciso de ti para renovar minhas energias e não parar no caminho. 
Está ficando tarde, a morte avança e eu tenho medo da escuridão, das tentações, da falta de fé, da cruz, das tristezas. 
Ó como preciso de ti, meu Jesus, nesta noite de exílio.
Fica comigo nesta noite, Jesus, pois ao longo da vida, com todos os seus perigos, eu preciso de ti. 
Faze, Senhor, que te reconheça como te reconheceram teus discípulos ao partir do pão, a fim de que a Comunhão Eucarística seja a luz a dissipar a escuridão, a força a me sustentar, a única alegria do meu coração.
Fica comigo, Senhor, porque na hora da morte quero estar unido a ti, se não pela Comunhão, ao menos pela graça e pelo amor.
Fica comigo, Jesus. Não peço consolações divinas, porque não as mereço, mas apenas o presente da tua presença, isso sim te suplico!
Fica comigo Senhor, pois é só a ti que procuro, teu amor, tua graça, tua vontade, teu coração, teu Espírito, porque te amo, e a única recompensa que te peço é poder amar-te sempre mais. 
Com este amor resoluto desejo amar-te de todo o meu coração enquanto estiver na terra, para continuar a te amar perfeitamente por toda a eternidade. Amém.

(Santo Padre Pio de Pietrelcina)

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

SOBRE OS MAUS PENSAMENTOS

Há duas maneiras de alcançar merecimento no mau pensamento que vem de fora. A primeira, vem, por exemplo, de um pensamento de cometer um pecado mortal. Resisto-lhe prontamente, e este fica vencido.  A segunda maneira de  alcançar merecimento é quando me vem aquele mesmo mau pensamento e eu lhe resisto, e torna-me a vir, uma e outra vez, e eu resisto sempre, até que o pensamento se vai vencido. Esta segunda maneira é de mais merecimento que a primeira.

Peca-se venialmente, quando vem o mesmo pensamento de pecar mortalmente, e a pessoa lhe dá atenção, demorando-se um pouco nele, ou recebendo alguma deleitação sensual, ou havendo alguma negligência em rejeitar o tal pensamento.

E há duas maneiras de pecar mortalmente. A primeira é quando se dá consentimento ao mau pensamento, para o por logo em prática conforme consentiu, ou para o executar se pudesse. A segunda maneira de pecar mortalmente é quando se põe em ato aquele pecado; e é maior por três razões: a primeira, pelo maior espaço de tempo; a segunda, pela maior intensidade; a terceira, pelo maior dano de duas pessoas.

(Santo Inácio de Loyola)

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

GALERIA DE ARTE SACRA (XXXV)

ÍCONE DA EPIFANIA DO SENHOR


Da Galileia foi Jesus ao Jordão ter com João, a fim de ser batizado por ele. João recusava-se: 'Eu devo ser batizado por ti e tu vens a mim!' Mas Jesus lhe respondeu: 'Deixa por agora, pois convém cumpramos a justiça completa'. Então, João cedeu. Depois que Jesus foi batizado, saiu logo da água. Eis que os céus se abriram e viu descer sobre ele, em forma de pomba, o Espírito de Deus. 17.E do céu baixou uma voz: 'Eis meu Filho muito amado em quem ponho minha afeição'.

O ícone da Epifania ou Teofania do Senhor está centrado no mistério da revelação da Santíssima Trindade e de Jesus Cristo como Filho de Deus, por meio do batismo do Senhor nas águas do rio Jordão, mediante um ato de profunda humildade e submissão de Jesus a um simples homem - João Batista, o Precursor. O ícone apresenta Jesus Cristo no centro da figura imerso no Rio Jordão, em pé e com olhar frontal, dirigido diretamente para todos nós. 


O curso do rio é modelado pelas margens rochosas. Na margem direita, encontra-se João que, embora esteja batizando a Cristo, é ele que se inclina reverentemente diante o batizado. Perto dele, a figura da árvore e do machado em sua base evoca as palavras do próprio João Batista: 'O machado já está posto à raiz das árvores: toda árvore que não produzir bons frutos será cortada e lançada ao fogo' (Mt 3,10). Na margem oposta, um grupo de anjos, prostrados em reverência, aguardam para vestir Jesus, após a sua revelação pública como Filho de Deus. 

Junto aos pés de Cristo, são representadas pequenas criaturas que parecem fugir do Senhor porque a terra e as criaturas tremem diante a face do seu Deus: 'O mar, à vista disso, fugiu, o Jordão volveu atrás. Os montes saltaram como carneiros; as colinas, como cordeiros. Que tens, ó mar, para assim fugires? E tu, Jordão, para retrocederes para a tua fonte?' (Sl 113, 3-5).

Outros ícones similares apresentam também alguns peixes nas águas do Jordão, simbolizando os homens eleitos, aqueles que podem nadar nas águas puras da sã doutrina de Cristo, redimidos e fieis aos ensinamentos do nosso Salvador.

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

TESOURO DE EXEMPLOS (286/290)

 

286. CASTIGO SEM PRECEDENTE

Em Palma, Colômbia, deu-se um fato duplamente triste. Um velho de nome Ruben Miranda tinha um filho chamado Rogério, de péssimos antecedentes. Várias vêzes havia batido no pai.

Desta vez espancou-o brutalmente com um pau diante de muita gente. As pessoas que assistiram à cena quiseram castigar o mau filho, que, vendo-se em perigo, fugiu para um potreiro. Apenas ali chegado, abriu-se uma fenda aos pés do fugitivo. Produziram-se tremores e a terra começou a tragar o filho desnaturado. Foi tragado pouco a pouco. Nenhum dos presentes se atreveu a socorrê-lo, pois temiam afundar-se. Foi desaparecendo no meio de gritos espantosos, que cessaram quando a terra lhe fechou a boca. Os assistentes retiraram-se horrorizados.

287. FAÇO UM PRATO DE PAU

Um camponês estava ocupado a fazer um prato de pau. Seu filho, que o observava, perguntou-lhe o que fazia.
➖ Faço um prato de pau para o seu avô - respondeu o homem - porque ele sempre deixa cair e quebrar o prato de louça.
O menino replicou:
➖ Pai, faça-o resistente, para que eu o possa dar ao senhor quando for velho.
Estas palavras causaram-lhe tal impressão que imediatamente desistiu da obra e passou a tratar melhor o seu velho pai.

288. AONDES IDES?

Crates, filósofo pagão, indignava-se muito contra os pais que descuraram o dever da educação dos filhos, e costumava dizer: 'Se me fosse possível, subiria à parte mais alta da cidade e gritaria com todas as minhas forças: Aonde ides, homens, cuja única preocupação é amontoar riquezas, descuidando-vos de vossos filhos, aos quais as deixareis?'

289. COMPRA-O E ASSIM TERÁS DOIS

Um pai perguntou a Aristipo quanto lhe cobraria pela educação de seu filho:
➖ Mil dracmas - respondeu o educador.
➖ É muito - replicou o pai; por esse preço, eu posso comprar um escravo.
➖ Compra-o então e assim terás dois (o escravo e o teu filho) - acrescentou Aristipo.

290. SEI SER FIEL

Uma mulher espartana pediu emprego em uma casa. Quando lhe perguntaram o que sabia fazer, respondeu: 'Eu sei ser fiel'.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

FRASES DE SENDARIUM (XIX)

 

'Nossa vida é um presente de Deus; o que fazemos dela é o nosso presente a Deus!' 

(São João Bosco)


A nossa caminhada espiritual é um espelho de duas faces: de um lado, nós imaginamos Deus com o tempo de uma vida; do outro, Deus nos contempla com os olhos da eternidade!