sábado, 3 de agosto de 2024

PELA GRAÇA DE DEUS FOMOS SALVOS

Felizes de nós, se o que ouvimos e cantamos, também executamos. A audição é nossa semeadura e, nossos atos, frutos da semente. Disse isto de antemão para exortar vossa caridade a não entrardes sem fruto na igreja, ouvindo tantas coisas boas sem realizá-las. Porque por sua graça fomos salvos, assim diz o Apóstolo, não por nossas obras, para que não aconteça alguém se ensoberbecer (Ef 2,8-9) pois por sua graça fomos salvos (Ef 2,5). Pois não precedeu nenhuma vida virtuosa que Deus pudesse amar e dizer: 'Ajudemos, socorramos estes homens porque vivem bem'. Desagradava-lhe nossa vida, desagradava-lhe em nós tudo o que fazíamos, mas não lhe desagradava o que Ele mesmo fez em nós. Por isto, o que nós fizemos, ele o condenará; o que Ele próprio fez, Ele o salvará.

Não éramos bons. Mas ele se compadeceu de nós e enviou seu Filho para morrer não pelos bons, mas pelos maus, não pelos justos, mas pelos ímpios. Na verdade Cristo morreu pelos ímpios (Rm 5,6). E como continua? Mal se encontra alguém que morra por um justo, pois talvez alguém se atreva a morrer por um bom (Rm 5,7). Quiçá haja alguém que ouse morrer por um bom. Mas pelo injusto, pelo ímpio, pelo iníquo, quem quererá morrer? Só Cristo, para que, justo, justifique até mesmo os injustos.

Não tínhamos, meus irmãos, nenhuma obra boa, mas todas eram más. E sendo tais os atos dos homens, sua misericórdia não abandonou os homens. Deus enviou seu Filho, para remir-nos, não por ouro, não por prata, mas ao preço de seu sangue derramado, cordeiro imaculado levado como vítima pelas ovelhas maculadas, se é que só maculadas e não totalmente corrompidas! Recebemos então esta graça. Vivamos de modo digno dessa graça e não façamos injúria à grandeza do dom que recebemos. Tão grande médico veio a nós e perdoou todos os nossos pecados. Se quisermos recair na doença, não só nos prejudicaremos a nós mesmos, mas seremos ingratos ao próprio médico.

Sigamos os caminhos que Ele próprio indicou, muito em especial a via da humildade, via que Ele mesmo se fez por nós. Mostrou-nos pelos preceitos o caminho da humildade e criou-o padecendo por nós. Com o intuito de morrer por nós – e sem poder morrer – o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14), para poder morrer por nós, aquele que não podia morrer. E, com a sua morte, matar nossa morte.

Fez isto o Senhor, isto nos concedeu. O excelso humilhou-se, humilhado foi morto e, ressurgindo, foi exaltado, a fim de não nos deixar mortos nas profundezas, mas de exaltar em si na ressurreição dos mortos aqueles que já agora exaltou pela fé e o testemunho dos justos. Deu-nos então a humildade como caminho. Se nos agarrarmos a ela, confessaremos o Senhor e com toda razão cantaremos: 'Nós te confessaremos, Senhor, confessaremos e invocaremos teu nome' (Sl 74,2).

(Dos Sermões de Santo Agostinho)

sexta-feira, 2 de agosto de 2024

TESOURO DE EXEMPLOS (356/360)


356. A CONFISSÃO DÁ-NOS A PAZ

A condessa Hahn-Hahn percorreu muitos países, visitando cidades, museus, teatros, para ver se encontrava a tranquilidade que desejava. Foi tudo inútil. Por fim, um dia entrou numa igreja e confessou-se, declarando o pecado que como enorme pedra lhe oprimia o coração. A confissão deu-lhe a paz e a tranquilidade que em vão buscara em suas viagens.

357. ELE ERA DESCENDENTE DE MACACO

A senhora Brossard, anciã rica e piedosa, tinha só um parente, o senhor Aumaitre, grande propagandista do darwinismo. Ao morrer aquela senhora, o senhor darwinista não faltou aos funerais da parenta rica, cuja fortuna esperava.

No dia seguinte apresentou-se em casa do tabelião, que leu para ele o testamento da defunta, redigido na seguinte forma: 'Deixo tudo ao Hospital. Acreditava ter um parente, Luis Aumaitre, a quem deixaria minha fortuna. Ele me fez saber, entretanto, que descende do macaco; ora eu sei que nem meus pais, nem meus avós e nenhum outro membro de minha família descendem de macacos; portanto, não podemos ser parentes'.

358. MODÉSTIA DE UM PRÍNCIPE

Um missionário convertera um príncipe de certo país do Oriente. Tendo, em seguida, de assistir a uma função na igreja, indicaram-lhe um genuflexório preparado especialmente para ele. O príncipe negou-se a ocupá-lo, dizendo: 'Fora da igreja poderei ser um príncipe real; mas aqui não sou mais que um pecador'. E foi colocar-se no meio dos simples fieis.

359. A MISSA OBTÉM GRAÇAS

João Sobieski, antes de dar combate aos turcos, mandou celebrar a santa missa com seu exército formado em ordem de batalha, e quis acompanhá-la ele mesmo com os braços em cruz. Preparado com a santa missa, atacou os turcos e ganhou a memorável batalha de Viena, que a História imortalizou.

360. OUVIA A MISSA DE JOELHOS

A imperatriz Eleonora, esposa de Leopoldo I, ouvia sempre a santa missa de joelhos. Dissseram-lhe que se assentasse ao menos durante a prática; mas ela respondeu: 'Se meus cortesãos não se atrevem a sentar-se em minha presença, apesar de ser eu uma pobre pecadora, hei de atrever-me a assentar-me diante de Deus?'

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

01 DE AGOSTO - SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO

 

 'Quem reza se salva, quem não reza se condena!'

Hoje é o dia da celebração da festa de Santo Afonso Maria de Ligório, fundador da Congregação do Santíssimo Redentor e autor de 'Glórias de Maria', obra prima de devoção mariana. Nasceu em Marianella, pequena comunidade próxima a Nápoles, em 27 de setembro de 1696, de família nobre e, aos 16 anos, já era doutor em direito civil e canônico. Abandonando uma promissora carreira de advogado, consagrou-se a Nossa Senhora e ordenou-se sacerdote em 1726. Em 09 de novembro de 1732, fundou a Congregação do Santíssimo Redentor. Em 1762, foi nomeado Bispo de Santa Ágata dos Godos, cidade perto de Nápoles, retornando à devoção exclusiva à sua ordem somente em 1775. Faleceu no dia 1º de agosto de 1787, aos 91 anos, sendo canonizado pelo Papa Gregório XVI em 1839; Pio IX o declarou Doutor da Igreja em 1871 .

A santificação não é um processo único e específico, mas todos os santos têm em comum um extraordinário senso de auto-sacrifício e uma devoção ardente à Vontade Divina. Santo Afonso correspondeu à graça vencendo dolorosas doenças, perseguições e tentações.  A pior de todas as suas doenças foi um ataque terrível de febre reumática durante o seu episcopado, que durou de maio de 1768 a junho de 1769, que o deixou paralisado até o fim de seus dias. Por esta razão, a sua imagem é comumente retratada com seu queixo avançando proeminente em direção ao peito, reflexo da violenta curvatura que dobrou sua coluna vertebral para a frente e que limitava enormemente seus movimentos. As perseguições vieram principalmente do seu zelo fervoroso no combate às heresias do jansenismo e as tentações surgiram principalmente no final de sua vida quando, ao longo de três anos, passou por terríveis provações e diabólicas tentações contra todas as suas virtudes.

Tão notável quanto a intensidade com que Santo Afonso trabalhou é a enorme quantidade de trabalhos que produziu, sendo que esta prodigiosa coleção de obras teve início quando o santo já contava com cerca de 50 anos de idade. O primeiro esboço de sua obra 'Teologia Moral', por exemplo, só apareceu por volta de 1748. Entre o grande número de suas obras dogmáticas e ascéticas, 'Glórias de Maria', 'A Selva' e 'Meditações para Todos os Dias e Festas do Ano' são as mais conhecidas. Foi também poeta, músico e até pintor (o crucifixo abaixo foi pintado pelo santo). Amparava-se no princípio de não ser admissível perder um único momento do seu tempo em render graças a Deus, como ilustrado exemplarmente neste seu sermão sobre o valor do tempo.

VALOR DO TEMPO

Fili, conserva tempus et devita a malo: 'Filho, guarda o tempo e evita o mal' (Ecl. 4, 23)

Sumário. Um só momento de tempo vale tanto como Deus, porque o homem pode a cada instante, por um ato de contrição ou de amor, adquirir a graça de Deus e aumentar a glória eterna. E tu, meu irmão, em que empregas o tempo tão precioso? Porque adias sempre para amanhã o que podes fazer hoje?... Reflete que o tempo passado já não te pertence; que o futuro não está em tua mão. Só tens o tempo presente para fazeres o bem, e este é brevíssimo! Mister é, pois, que o aproveites depressa, se não o quiseres chorar depois como perdido irremediavelmente.

I. Meu filho, diz o Espírito Santo, sê cuidadoso em conservar o tempo, porque é a coisa mais preciosa e o maior dom que Deus pode dar ao homem na terra. Até os próprios pagãos sabiam o que vale o tempo. Dizia Sêneca que não há valor igual ao do tempo: Nullum temporis pretium. Os Santos, porém, avaliaram muito melhor ainda o valor do tempo. Diz São Bernardino de Sena que um só momento vale tanto como Deus; porque o homem pode a cada instante, por um ato de contrição ou de amor, adquirir a graça de Deus e aumentar a glória eterna: Tempus tantum valet, quantum Deus.

O tempo é um tesouro que só se acha nesta vida; não se encontra na outra, nem no inferno, nem no céu. No inferno o grito contínuo dos réprobos é este: Oh, si daretur hora! 'Oxalá se nos desse uma hora!' Comprariam por todo o preço uma hora de tempo, que lhes bastaria para reparar a sua ruína; mas essa hora não a terão mais. No céu não há tristeza; mas se os bem-aventurados pudessem estar tristes, a sua única tristeza seria de terem perdido tempo nesta vida, tempo em que podiam adquirir maior glória e que não existe mais para eles.

Uma religiosa beneditina apareceu, depois da morte, com a auréola da glória, a uma pessoa e disse-lhe que estava plenamente contente; mas, se pudesse desejar alguma coisa, seria voltar à terra e sofrer para merecer mais glória. Acrescentou que de boa mente consentiria em sofrer até o dia do juízo a doença dolorosa que tinha sofrido antes de morrer, para adquirir a glória que corresponde ao merecimento de uma só Ave-Maria. - 'E tu, meu irmão, em que empregas o tempo? Porque adias sempre para amanhã o que podes fazer hoje?'

II. Reflete que já não te pertence o tempo passado; que o futuro não está em teu poder: só tens o tempo presente para praticares o bem. Pelo que te avisa São Bernardo: 'Desgraçado! como ousas contar com o futuro, como se Deus tivesse posto o tempo à tua disposição?' E Santo Agostinho acrescenta: 'Diem tenes, qui horam non tenes?' ('Como te podes prometer o dia de amanhã, se nem sequer sabes se te é dada mais uma hora de vida?') Em suma, conclui Santa Teresa: 'Se não estás pronto hoje para a morte, teme morrer mal'.

Ó meu Deus, agradeço-Vos o tempo que me dais para reparar as desordens da minha vida passada. Se chegasse a morte neste momento, uma das minhas maiores penas seria pensar no tempo que perdi. Ah! meu Senhor, destes-me o tempo para Vos amar, e empreguei-o em Vos ofender! Merecia ser enviado ao inferno desde o instante em que Vos voltei as costas; Vós, porém, me chamastes à penitência e me perdoastes. Prometi nunca mais ofender-Vos, mas quantas vezes tornei a injuriar-Vos, e Vós ainda me perdoastes! Bendita seja para sempre a vossa misericórdia! Se não fosse infinita, como poderíeis suportar-me tanto tempo? Quem poderia ter para comigo a paciência que Vós tivestes? Quanto sinto ter ofendido um Deus tão bom!

Meu amado Salvador, a vossa paciência para comigo deveria ser suficiente para me inflamar de amor para convosco. Por quem sois, não permitais que viva por mais tempo ingrato ao amor que me haveis dedicado. Desligai-me de tudo, e atraí-me todo ao vosso amor. Não, meu Deus, não quero perder outra vez o tempo que me dais para reparar o mal que fiz; quero empregá-lo todo em vosso serviço e em vosso amor. Fortalecei-me, dai-me a santa perseverança. Amo-Vos, ó bondade infinita, e espero amar-Vos sempre. Graças vos dou, ó Maria! Tendes sido a minha advogada para impetrar-me o tempo que estou gozando. Assisti-me agora, e fazei que o empregue sem reserva a amar o vosso divino Filho, meu Redentor, e a vós, minha Rainha e minha Mãe (II 50).

Santo Afonso Maria de Ligório: 'Valor do tempo' em Meditações para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II. Herder & Cia, 1921, p. 252-254, disponível em www.obrascatolicas.com

Santo Afonso de Ligório, rogai por nós!

quarta-feira, 31 de julho de 2024

SOBRE OS BENS MATERIAIS

O cristão que possui bens devem utilizá-los com humildade, sem orgulho, como coisa emprestada, não própria. Dou-vos os bens para o uso. Tanto possuis, quanto concedo; tanto conservais, quanto permito; e tanto permito, quanto julgo útil à vossa salvação. Tal há de ser a vossa atitude quanto ao uso dos bens materiais. Assim fazendo, o cristão obedece aos mandamentos - amando-me sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo - e conserva o coração desapegado das riquezas, afetivamente, como nada possuindo. Não se apega aos bens, não os possui em oposição aos meus desígnios.

Possui externamente, ao passo que seu íntimo é pobre. Tais pessoas, como disse, eliminam o veneno do egoísmo. São os cristãos da 'caridade comum'. Os bens materiais são bons em si mesmo; foram criados por mim, bondade infinita. Os homens hão de usá-los como lhes aprouver, mas no temor e no amor autênticos. Os cristãos não devem virar escravos dos prazeres sensíveis. Se querem ter posses, as temham; mas como dominadores delas, não como dominados. O afeto do coração deve estar em mim, não nas coisas externas; elas não pertencem aos homens, são dadas em empréstimo. Não tenho preferência por pessoas ou posição social, somente pelos desejos do coração.

Quem afastar de si o apego desregrado e se orientar para mim na caridade e no santo temor, tal pessoa poderá escolher o estado de vida que quiser. Em qualquer um deles alcançará a vida eterna. Suponhamos que seja mais perfeito e mais agradável a mim que o homem viva interior e exteriormente despojado dos bens materiais. Se uma pessoa não sentir a coragem de abraçar tal perfeição devido a alguma fraqueza pessoal, que permaneça 'na caridade comum' qualquer que seja seu estado de vida. Em minha bondade dispus que assim fosse para que nenhuma pessoa viesse a desculpar-se por pecados cometidos em determinadas situações. Ninguém poderá dar desculpa, Sou condescendente com as tendências e fraquezas humanas. Se as pessoas desejam viver no mundo, possuir bens, ocupar altas posições sociais, casar-se, ter filhos, trabalhar por eles, façam-no. É lícito viver em qualquer posição social; contanto que se evite o veneno da sensualidade, o qual pode conduzir à morte perpétua.

Se prestares atenção verás que quase todos os males procedem do desordenado apego e ganância da riqueza. Disto nasce o orgulho de quem pretende ser maior que os outros, a injustiça para consigo mesmo e o próximo. A riqueza empobrece e destrói a vida da alma, torna o homem cruel consigo mesmo, prejudica sua dignidade espiritual infinita, faz amar as coisas transitórias. Todos têm obrigação de amar-me, bem infinito. Com a riqueza, o homem perde o gosto pela virtude, o amor da pobreza, o domínio sobre si, torna-se escravo dos bens materiais. Ao amar realidades inferiores a si, torna-se insaciável. Só a mim deve o homem servir, pois sou o seu fim último.

Quantos perigos enfrenta o homem, por terra e por mar, a fim de adquirir riqueza e poder voltar à sua cidade natal entre satisfações e honras; já para conseguir a virtude, é incapaz do menor esforço, não aceita dificuldade alguma! E dizer que as virtudes são a riqueza da alma. Diz meu Filho no Evangelho que 'é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que o rico entrar na vida eterna' (Mt 19,24) quando referia-se àqueles que possuem ou desejam possuir riquezas com desordenado e pecaminoso apego a elas. Afirmei também existirem pobres que, se pudessem, possuiriam com desordenado apego o mundo inteiro. Também eles não passarão pela porta estreita e baixa (agulha). Se não se abaixarem até o chão, se não dominarem o próprio apego, se não dobrarem humildemente a cabeça, como poderão atravessá-la? Outra porta não existe que conduza à vida eterna. Pelo contrário, é larga aquela que conduz à eterna condenação (Mt 7,13).

As realidades terrenas são menores que o homem, para ele foram criadas, não vice-versa. Por tal motivo os bens materiais não o satisfazem; somente Eu sou capaz de saciar o homem. Já os infelizes pecadores, como cegos, afadigam-se continuamente, à procura de uma felicidade fora de mim, e sofrem... Querem saber como sofrem? Quando alguém perde algo com que se identificara, seu apego faz sofrer. É o que acontece com os pecadores, identificados por vários modos, com os bens materiais. Eles se materializam. Uns se identificam com a riqueza, outros com a posição social, outros com os filhos; uns se afastam de mim por apego a uma pessoa; outros transformam o próprio corpo em animal imundo e impuro. Todos eles assim se nutrem de bens terrenos. Gostariam que tais realidades fossem duradouras, mas não o são. Passam como o vento. São perdidas por ocasião da morte e de outros acontecimentos dispostos por mim. Diante de tais perdas, os pecadores entram em sofrimento atroz, pois a dor da separação se compara a desordenada afeição à posse.

Todos estes se carregam com a cruz do diabo e experimentam nesta vida a certeza da condenação. Vivem doentes e, se não se corrigirem, vão para a morte eterna. São homens feridos pelos espinhos das contradições a torturarem-se interna e externamente. E, por cima, sem merecimento algum! Sofrem na alma e no corpo, nada merecem; é sem paciência que padecem estes males. Vivem revoltados, apegando-se aos bens materiais com desordenado amor. É preciso encher a alma de virtudes sob o alicerce da caridade.

(Das Revelações de Santa Catarina de Sena)

terça-feira, 30 de julho de 2024

50 JACULATÓRIAS A DEUS PAI

1. Deus tudo pode.
2. Minha alma tem sede de Deus.
3. Deus meu, meu Deus, meu tudo!
4. Deus seja louvado!
5. Deus Pai do Céu, tende piedade de nós!
6. Dai-me, ó meu Deus, cumprir sempre a vossa Santa Vontade!
7. Dai-me, ó meu Deus, a vossa misericórdia!
8. Ó Deus, tende piedade de mim, pecador!
9. Meu Deus, eu creio, adoro, espero e vos amo. Peço perdão por aqueles que não creem, não adoram, não esperam e não vos amam.
10. Deus Pai, eu tenho confiança em Vós!
11. Deus Pai, eu me abandono e descanso em Vós!
12. Meu Deus, dai-me humildade e a verdadeira sabedoria!
13. Meu Senhor e Meu Deus!
14. Meu Senhor e Meu Deus, protegei-me de todo mal!
15. Meu Senhor e meu Deus, dai-me a graça da perseverança em Vós!
16. Meus Deus, eu vos amo.
17. Eterno Pai, permanecei em mim nesta vida, para que eu seja vosso na eternidade.
18. Ó meu Deus, vós sois o meu refúgio.
19. Ó meu Deus, a vós me entrego de todo coração, de todo espírito, de toda alma.
20. Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeirio de Deus verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai, por Ele todas as coisas foram feitas.
21. Tudo posso no Deus que me fortalece!
22. Eu vos amo, ó meu Deus, de todo o meu coração.
23. Eterno Pai, eu vos ofereço as Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo para curar as chagas dos meus pecados.
24. Pai Eterno, dai-me um coração inquieto enquanto não repousar em Vós!
25. Meu Deus, vós sois a minha salvação.
26. Meu Deus, que a vossa misericórdia seja a minha bêncão!
27. Meu Senhor e meu Deus, dai-me a vossa paz!
28. Eterno Pai, eu vos ofereço a dolorosa Paixão de Jesus em expiação dos nossos pecados e do mundo inteiro.
29. Ó meu Deus, nada desejo, a não ser o cumprimento de Vossa Vontade.
30. Deus, meu Deus, em vossas mãos entrego o meu espírito!
31. Meu Criador e meu Deus, eu vos dou o meu nada.
32. Meu Deus, eu vos ofereço o meu nada e, neste nada, todo o meu amor humano.
33. Meu Deus, dai-me a graça das moradas eternas na vossa glória!
34. Meu Senhor e meu Deus, que os vossos desígnios sobre mim sejam misericórdia, misericórdia e misericórdia.
35, Recebei, ó meu Deus, a minha miséria e volvei para mim a vossa misericórdia.
36. Eu vos ofereço a  minha vida, ó meu Deus, pela eternidade convosco.
37. Senhor, meu Deus, vós sabeis tudo, sabeis que eu vos amo.
38. Glória a Deus nas alturas!
39. Ao Deus único, Salvador nosso, por Jesus Cristo, Senhor nosso, sejam dados louvor, poder e glória, desde antes de todos os tempos, agora e para sempre.
40. Deus é luz e nele não há treva alguma.
41. Ó meu Deus e meu rei, eu vos glorificarei, e bendirei o vosso nome pelos séculos dos séculos.
42. Que minha boca proclame o louvor do Senhor meu Deus, e que todo ser vivo bendiga eternamente o seu santo nome.
43. Meu Deus, vós sois o meu rochedo, em quem me refugio; Vós sois o meu escudo e o poder que me salva.
44. Provai e vede quão suave é o Senhor, meu Deus!
45. A minha confiança está no nome do Senhor, que fez o céu e a terra.
46. Eu creio, Senhor meu Deus, mas aumentai a minha fé!
47. Se Deus é por nós, quem será contra nós?
48. Deus de Deus, eu vos dou graças pela minha vida e pela minha fé católica.
49. Tende piedade de mim, ó Senhor, misericórdia!
50. Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido. Ó Senhor, não me afasteis da Vossa Face, nem retireis de mim o Vosso Santo Espírito!

segunda-feira, 29 de julho de 2024

O PENSAMENTO VIVO DE TERESA DE LISIEUX (III)


'A lembrança das minhas faltas humilha-me, leva-me a nunca me apoiar na minha força que só é fraqueza, mas esta lembrança fala-me mais de misericórdia e de amor. Quando lançamos as nossas faltas com uma confiança inteiramente filial no braseiro devorador do Amor, como não seriam elas consumidas para sempre? 


'Coloquemo-nos então humildemente entre os imperfeitos, consideremo-nos almas pequenas que Deus tem de amparar a cada instante: desde que Ele nos vê bem convencidas do nosso nada estende-nos a mão; se ainda queremos tentar fazer alguma coisa de grande mesmo com o pretexto de zelo, Jesus deixa-nos sozinhos... Sim, basta humilhar-se, suportar com doçura as próprias imperfeições. Eis a verdadeira santidade! ... Corramos para o último lugar, pois ninguém nos virá disputar com ele'. 


'Suponha que o filho de um grande médico encontre no caminho uma pedra que o faz cair e que, na queda, ele fratura um membro. O pai acorre imediatamente, levanta-o com amor, trata das suas feridas, empregando para tal todos os recursos da sua arte. Uma vez completamente curado, o filho testemunha-lhe o seu reconhecimento. Sem dúvida, esse filho tem muita razão para amar o pai! Mas vou fazer ainda outra suposição. Tendo o pai ciência que no caminho do filho havia uma pedra, apressa-se a ir à frente dele e retira-a, sem ser visto por ninguém. Certamente, este filho, objeto da sua previdente ternura, não sabendo a desgraça de que o pai o livrou, não lhe testemunhará o seu reconhecimento, e amá-lo-á menos do que se tivesse sido curado por ele… Mas, e se vier a saber o perigo do qual escapou, não o amará ainda mais? Pois bem, eu sou essa filha, objeto do amor previdente de um Pai que não enviou o seu Verbo para resgatar os justos, mas os pecadores. Quer que o ame, porque me perdoou, não muito, mas tudo. Não esperou que eu o amasse muito como Santa Madalena, mas quis que eu soubesse como me tinha amado com um amor de inefável previdência, para que agora o ame loucamente!'


domingo, 28 de julho de 2024

EVANGELHO DO DOMINGO

   

'Saciai os vossos filhos, ó Senhor!' (Sl 144)

Primeira Leitura (2Rs 4,42-44) - Segunda Leitura (Ef 4,1-6) -  Evangelho (Jo 6,1-15)

  28/07/2024 - DÉCIMO SÉTIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM

35. CINCO PÃES E DOIS PEIXES 


Depois da morte do Precursor João Batista, 'Jesus subiu ao monte e sentou-se aí, com os seus discípulos' (Jo 6, 3) para um momento de recolhimento e oração. Mas eis que uma grande multidão, uma esplêndida multidão, saiu das cidades e veio ao seu encontro. Tomado de amor e compaixão, Jesus abandona o seu intento inicial e passa a atender com zelo extremado aquela gente durante todo o dia. E, ao final do dia, famintos de Deus, a multidão agora está faminta de pão.

Jesus pergunta, então, a Filipe: 'Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?' (Jo 6, 5). Sabendo em princípio que tal resposta era insondável, o Mestre coloca o seu discípulo à prova. No meio de um campo aberto e relvado, afastado das cidades, uma enorme multidão, cansada e faminta, veio ficar perto de Deus. Não havia condições de alimentação ali e nem perto dali, porque eram centenas de centenas e 'nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um' (Jo 6, 7). Mas para Deus não existe nada que seja impossível. Movido pela compaixão, Jesus vai realizar ali, diante de todos, um dos seus mais portentosos milagres. E o Cordeiro de Deus há de saciar a todos com o pão da existência e prepará-los também para lhes dar alimento de vida eterna, na Santa Eucaristia.

Pois Deus não nos abandona nunca; não nos cria perspectivas de vida eterna pela insensibilidade de nossas necessidades humanas. Jesus vai dizer em outro momento que 'nem só de pão vive o homem'. Não só de pão, mas também de pão. E, para a incredulidade dos seus discípulos, ordena então: 'Fazei sentar as pessoas' (Jo 6, 10). E, como em tudo o mais, Deus faz uso da graça como fruto da contrapartida humana; Jesus toma o que os homens têm ali a oferecer: cinco pães e dois peixes. Diante de oferta tão singela, vai realizar a partilha do pouco (que é tudo em Deus) entre muitos (que é nada sem Deus), configurando, assim, o prenúncio da partilha do seu Corpo e Sangue na Sagrada Eucaristia.

'Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes (Jo 6, 11). E os poucos pães e os poucos peixes se multiplicaram em muitos pães e em muitos peixes, que alimentaram com fartura a multidão, a ponto de serem recolhidos ainda doze cestos cheios (símbolo da partilha universal da graça divina) no final, pois Deus usa sempre da superabundância da graça para pagar o tributo da oferta sincera do homem. Este prodígio extraordinário é o prenúncio de outro milagre ainda maior que subsiste pelos tempos, a cada Santa Missa: na multiplicação das hóstias, o mesmo Deus é entregue aos homens na plenitude da graça, hoje, ontem e até a consumação dos séculos.