domingo, 24 de março de 2024

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?' (Sl 21)

Primeira Leitura (Is 50,4-7) - Segunda Leitura (Fl 2,6-11) -  Evangelho (Mc 15,1-39)

 24/03/2024 - Domingo de Ramos

17. 'HOSANA AO FILHO DE DAVI!' 


No Domingo de Ramos, tem início a Semana Santa da paixão, morte e ressurreição de Nosso senhor Jesus Cristo. Jesus entra na cidade de Jerusalém para celebrar a Páscoa judaica com os seus discípulos e é recebido como um rei, como o libertador do povo judeu da escravidão e da opressão do império romano. Mantos e ramos de oliveira dispostos no chão conformavam o tapete de honra por meio do qual o povo aclamava o Messias Prometido: 'Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito seja o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!' (Mc 11, 9 - 10).

Jesus, montado em um jumento, passa e abençoa a multidão em polvorosa excitação. Ele conhece o coração humano e pode captar o frenesi e a euforia fácil destas pessoas como assomos de uma mobilização emotiva e superficial; por mais sinceras que sejam as manifestações espontâneas e favoráveis, falta-lhes a densidade dos propósitos e a plena compreensão do ministério salvífico de Cristo. Sim, eles querem e preconizam nEle o rei, o Ungido de Deus, movidos pelas fáceis tentações humanas de revanche, libertação, glória e poder. Mas Jesus, rei dos reis, veio para servir e não para reinar sobre impérios forjados pelos homens: '... meu reino não é deste mundo' (Jo 18, 36). Jesus vai passar no meio da multidão sob ovações e hosanas de aclamação festiva; Jesus vai ser levado sob o silêncio e o desprezo de tantos deles, uns poucos dias depois, para o cimo de uma cruz no Gólgota.

Neste Domingo de Ramos, o Evangelho evoca todas as cenas e acontecimentos que culminam no calvário de Nosso Senhor Jesus Cristo: os julgamentos de Pilatos e Herodes, a condenação de Jesus, a subida do calvário, a crucificação entre dois ladrões e a morte na cruz...'Eli, Eli, lamá sabactâni?' (Mc 15,34). Na paixão e morte de cruz, Jesus revela seu amor desmedido pela criação do Pai e desnuda a perfídia, a ingratidão, a falsidade e a traição dos que se propõem a amar com um amor eivado pelos privilégios e concessões aos seus próprios interesses e vantagens.

A fé é forjada no cadinho da perseverança e do despojamento; sem isso, toda crença é superficial e inócua e, ao sabor dos ventos, tende a se tornar em desvario. Dos hosanas de agora ao 'Crucifica-o!' (Mc 15,13) de mais além, o desvario humano fez Deus morrer na cruz. O mesmo desvario, o mesmo ultraje, a mesma loucura que se repete à exaustão, agora e mais além no mundo de hoje, quando, em hosanas ao pecado, uma imensa multidão, em frenesi descontrolado, crucifica Jesus de novo em seus corações!

COMEÇA A SEMANA SANTA MAIOR!


CHRISTVS VINCIT - CHRISTVS REGNAT - CHRISTVS IMPERAT –

CHRISTVS AB OMNI MALO PLEBEM SVAM DEFENDAT

CRISTO VENCE - CRISTO REINA - CRISTO IMPERA - CRISTO DEFENDE SEU POVO DE TODO MAL

(Inscrição na base do obelisco da Praça de São Pedro em Roma)

sábado, 23 de março de 2024

NOSSO SENHOR DOS PASSOS

Nosso Senhor dos Passos é a devoção celebrada pela Santa Igreja, desde a Idade Média, em memória à Via Crucis percorrida por Jesus na sua Paixão e Morte no Calvário. Jesus é representado com a cruz às costas, símbolo maior da fé cristã: pela cruz, fomos resgatados do pecado; pela cruz, nos foi legada a salvação da humanidade. A devoção teve início com a visita dos cruzados aos lugares santos do caminho para o Calvário percorrido por Jesus, fixados nas 14 estações da Via sacra, no século XVI:

I. Jesus é condenado à morte
II. Jesus carrega a Cruz às costas
III. Jesus cai pela primeira vez
IV. Jesus encontra a sua Mãe
V. Simão Cirineu ajuda Jesus a carregar a Cruz
VI. Verônica limpa o rosto de Jesus
VII. Jesus cai pela segunda vez
VIII. Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
IX. Terceira queda de Jesus
X. Jesus é despojado de suas vestes
XI Jesus é pregado na Cruz
XII. Morte de Jesus na Cruz
XIII. Descida do corpo de Jesus da Cruz
XIV. Sepultamento de Jesus

Neste tempo da Quaresma e às vésperas da Semana Santa, esta devoção é comumente celebrada sob a forma de duas procissões distintas:

(i) a primeira é a chamada 'Procissão do Depósito' (comumente realizada no 'Sábado dos Passos', que antecede o Domingo de Ramos), em que a imagem velada de Nosso Senhor dos Passos é conduzida até uma determinada igreja (procissão similar é comumente realizada no dia anterior, com a imagem de Nossa Senhora das Dores);

(ii) a segunda é a chamada 'Procissão do Encontro', na qual a imagem do Senhor dos Passos é levada ao encontro de sua Mãe Santíssima (representada em outra procissão, vinda de direção diferente, como Nossa Senhora das Dores), que haviam sido previamente encerradas em igrejas próximas, pelas respectivas procissões de depósito.

A procissão do encontro, em muitas regiões, acontece na Quarta-feira Santa à noite; em outras, é comumente realizada na tarde do Domingo de Ramos. De acordo com uma tradição muito antiga, são as mulheres que devem fazer a procissão que conduz a imagem de Nossa Senhora das Dores, com cantos penitenciais e com figuras bíblicas representando Maria Madalena, Verônica e outras mulheres que acompanharam a caminhada de Jesus para o Calvário. A outra procissão fica ao encargo dos homens, que carregam a imagem do Senhor dos Passos, figura de Jesus Cristo coroado de espinhos e carregando uma cruz.

As duas procissões, convergem, então, para o local do encontro, onde é proferido o chamado 'Sermão do Encontro', no qual são relembrados os fatos ocorridos na Sexta-feira Santa e se recorda as dores de Nossa Senhora e o sofrimento de Jesus, conclamando o povo à penitência e à conversão. Nesta exortação, o pregador proclama o chamado 'Sermão das Sete Palavras', alusão direta às sete breves frases pronunciadas por Jesus durante a sua crucificação:

1. 'Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem' (Lc 23,34 a);
2. 'Hoje estarás comigo no paraíso' (Lc 23,43);
3. 'Mulher eis aí o teu filho, filho eis aí a tua mãe' (Jo 19,26-27);
4. 'Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonastes?!' (Mc 15,34);
5. 'Tenho sede' (Jo 19,28 b);
6. 'Tudo está consumado' (Jo 19,30 a);
7. 'Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito' (Lc 23,46 b).

Após o sermão, Verônica entoa um hino e mostra a toalha ensanguentada com a face de Cristo. A parte final da procissão consiste na condução conjunta de ambas as imagens até um destino final, representando os Passos da Paixão no caminho do Calvário. O evento é, então, finalizado, com o chamado 'Sermão do Calvário', que proclama as dores e sofrimentos de Jesus ao longo de sua condenação, paixão, crucificação e morte na cruz.

ORAÇÕES A NOSSO SENHOR DOS PASSOS

'Ó Jesus, relembro tua Paixão, teu Calvário e tuas dores. Olhando as imagens do Senhor carregando a Cruz, imagens com as quais te invocamos sob o título de Nosso Senhor dos Passos e veneramos como símbolos de teu sacrifício e representação de teu ato de amor salvífico, que foi teu sacrifício na cruz, te pedimos como teu discípulo Pedro: Senhor, salva-nos! Salva-nos por tua Cruz, salva-nos por teu sangue; salva-nos por tua misericórdia; salva-nos por teu amor e cura-nos de nossas feridas tanto físicas quanto espirituais, emocionais e psíquicas. Amém'.

'Meu Jesus, Senhor dos Passos, açoitado, coroado de espinhos, escarnecido e cuspido, condenado à morte, carregado com a cruz, caído por terra, pregado no madeiro! Vós sois a Vítima das nossa iniquidades. Eu quero acompanhar os vossos dolorosos passos rumo ao Calvário, em cujo cimo consumiu-se a vossa vida. Mas, do vosso sacrifício, brotou a nossa salvação. Senhor dos Passos, perdoai as minhas maldades e apagai os pecados de todo o mundo. Meu Jesus, Senhor dos Passos, tende piedade de nós. Amém'.

sexta-feira, 22 de março de 2024

TESOURO DE EXEMPLOS (311/315)

 

311. AMABILIDADES ENTRE ESPOSOS

Ao falecer uma rainha da Espanha, dizia o rei: 'Com a sua morte, causou-me o primeiro desgosto após vinte e dois anos de casados'. Oxalá se pudesse dizer o mesmo de todas as esposas... e de todos os maridos!

312. PREFERIR UM ESPOSO RELIGIOSO

Aconselharam à jovem Joana Francisca de Chantal, hoje venerada sobre os altares, que se casasse com um moço muito nobre. A isso estava a santa muito inclinada quando, um dia, da janela de seu castelo, viu que aquele nobre senhor, no momento em que passou o sacerdote levando o santo Viático, não se ajoelhou. 'Não se ajoelhou' - exclamou ela indignada - 'nem sequer se descobriu. Não será jamais o meu marido'.

313. TRATO AFÁVEL ENTRE ESPOSOS

Ao grande Franklin chamou a atenção um trabalhador que sempre aparecia alegre e sorridente. Perguntou-lhe um dia: 'Por que estais sempre tão contente?' 'É porque em casa vivemos com muita paz; tenho uma esposa que vale mais do que pesa. Quando saio de casa, despede-me muito amável; quando volto, recebe-me muito alegre. Traz tudo em ordem: a casa limpa como uma taça de prata; a comida preparada, que é uma delícia. Minha mulher - eis o segredo da minha alegria'.

314. NÃO SE DEIXAR ENGANAR PELA FORMOSURA

Uma jovem, não obstante as advertências de seu pároco, obstinou-se em casar-se com um perdido. 'Senhor Vigário' - afirmava ela - 'depois de casados, eu o converterei... Êle é rico, e sobretudo é a figura mais elegante que conheço; no casamento é preciso haver também alguma coisa que entre pelos olhos'. Calou-se o vigário. Celebrou-se o casamento. Passados alguns meses, o vigário encontra-se com a recém-casada. Ela tem um dos olhos feridos e horrívelmente inchado. 'Veja, senhor vigário, o que me fez meu marido!' 'Filha' - respondeu o padre - 'não dizias que no casamento precisa haver alguma coisa que entre pelos olhos? Pois aí o tens; não te podes queixar'.

315. O QUE OS ESPÍRITAS DEVEM SABER

Em 1875, o Cardeal Bonnechése, arcebispo de Ruão (França), desejando informar-se pessoalmente acerca do espiritismo, assistiu a uma sessão espírita na residência do barão de Guldenstube. Ao iniciar-se a sessão, o cardeal colocou um crucifixo sôbre a mesa. A sagrada imagem foi imediatamente atirada ao chão, sem que se pudesse verificar por quem. 

Colocado novamente sobre a mesa, repetiu-se a mesma cena. Teve o cardeal uma prova de que os tais espíritos não são amigos nem sequer das imagens de Jesus Cristo. É isso. Nas sessões, em muitos casos atua o demônio e, em muitos outros, impera a fraude. Desculpam-se os espíritas, dizendo que são cristãos. 'É por isso mesmo que eu aborreço os invocadores de espíritos e os detesto, porque abusam do nome de Deus e o desonram; chamam-se cristãos, e fazem obras de pagãos'.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)


quinta-feira, 21 de março de 2024

SOBRE A ELEVAÇÃO DA MENTE A DEUS


Senhor, prometes aos que guardam os mandamentos um prêmio, coisas mais desejáveis que ouro em abundância e mais doces que o favo de mel? Sim, prometes um prêmio imenso, nas palavras de teu apóstolo Tiago: 'O Senhor preparou a coroa da vida para os que o amam' (Tg 1,12). E que é a coroa da vida? É o maior bem que nem podemos imaginar e desejar. Com efeito, assim fala São Paulo, citando Isaías: 'Os olhos não viram, os ouvidos não ouviram nem subiu ao coração do homem o que Deus preparou para os que o amam' (1 Cor 2,9; cf Is 64, 1-3; 65,17).

Verdadeiramente, há grande recompensa em guardar os teus mandamentos. E não apenas o primeiro e máximo mandamento é de proveito para quem obedece, e não para Deus que ordena; mas também todos os outros aperfeiçoam, ornam, instruem, ilustram aquele que obedece e, por fim, o tornam bom e feliz. Se és sensato entende que foste criado para a glória de Deus e tua salvação eterna. É este o teu fim, este o centro de tua alma, este o tesouro de teu coração. Se chegares a este fim, serás feliz; se nele falhares, serás infeliz.

Por conseguinte, tem por verdadeiro bem aquilo que te leva ao teu fim; e por mal, o que te separa deste fim. Prosperidade e adversidade, riqueza e indigência, saúde e doença, honras e vexames, vida e morte, nem uma delas o sábio procura por si mesmo nem delas foge. Mas se concorrem para a glória de Deus e tua eterna felicidade, são boas e desejáveis; se as impedem, são más; e deve-se fugir delas.

(Excertos da obra 'Do Tratado sobre a elevação da mente a Deus', de São Roberto Belarmino)

quarta-feira, 20 de março de 2024

FRASES DE SENDARIUM (XXV)

 

'O demônio teme uma alma unida a Deus como ao próprio Deus'

(São João da Cruz)

Senhor! Que o meu corpo não exale odor de obra temporária, mas que as minhas ações confirmem que a minha alma está destinada à vida eterna.

terça-feira, 19 de março de 2024

19 DE MARÇO - SÃO JOSÉ

   

São José, esposo puríssimo de Maria Santíssima e pai adotivo de Jesus Cristo, era de origem nobre e sua genealogia remonta a Davi e de Davi aos Patriarcas do Antigo Testa­mento. Pouquíssimo sabemos da vida de José, além de suas atividades de carpinteiro em Nazaré. Mesmo o seu local de nascimento é ignorado: poderia ser Nazaré ou mesmo Belém, por ter sido a cidade de Davi. Ignora-se igualmente a data e as condições da morte de São José, mas existem fortes razões para afirmar que isso deve ter ocorrido an­tes da vida pública de Jesus. Com certeza, José já teria falecido quando da morte de Jesus, uma vez que não se explicaria, então, a recomendação feita aos cuidados mútuos à mãe e ao filho, dados, da cruz, por Jesus a Maria e a São João Evangelista.

Não existem quaisquer relíquias de São José e se desconhece o local do seu sepultamento. Muitos pais da Igreja defendiam que, devido à sua missão e santidade, São José, a exemplo de São João Batista, teria sido consagrado antes do nasci­mento e já gozava de corpo e alma da glória de Deus no céu, em companhia de Jesus e sua santíssima Esposa. As virtudes e as graças concedidas a São José foram extraordinárias, pela enorme missão a ele confiada pelo Altíssimo. A dig­nidade, humildade, modéstia e pobreza, a amizade íntima com Je­sus e Maria e o papel proeminente no plano da Redenção, são atributos e méritos extraordinários que lhe garantem a influência e o poder junto ao tro­no de Deus. Pedir, portanto, a intercessão de São José, é garantia de ser ouvido no mais alto dos céus. Santa Tereza, ardorosa devota de São José, dizia: 'Não me lembro de ter-me dirigido a São José sem que tivesse obtido tudo que pedira'.

A devoção a São José na Igreja Ca­tólica é antiquíssima. A Igreja do Oriente celebra esta festa, desde o século nono, no domingo depois do Natal. Foram os carmelitas que in­troduziram esta solenidade na Igreja Ocidental; os franciscanos, já em 1399, festejavam a comemoração do Santo Pa­triarca. Xisto IV inseriu-a no bre­viário e no missal; Gregório XV ge­neralizou-a em toda a Igreja. Cle­mente XI compôs o ofício, com os hinos, para a celebração da Festa de São José em 19 de março e colocou as missões na China sob a proteção do Santo. Pio IX introdu­ziu, em 1847, a festa do Patrocínio de São José e, em 1871, declarou-o Pa­droeiro da Igreja; muitos pontífices promoveram solenemente a devoção a São José, por meio de orações, homilias, encíclicas e devoções diversas.