quinta-feira, 14 de setembro de 2023

14 DE SETEMBRO - EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ

 

'Quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim' (Jo 12, 32)

A festa da Exaltação da Santa Cruz tem origem na descoberta do Sagrado Lenho por Santa Helena, mãe do imperador Constantino, e na dedicação de duas basílicas construídas por ele, uma no Calvário e outra no Santo Sepulcro, dedicação esta realizada no dia 14 de setembro do ano de 335. No ano de 629, a celebração tomou grande vulto com a restituição da Santa Cruz pelo imperador Heráclio, retomada dos persas que a haviam furtado. Levada às costas pelo próprio imperador, de Tiberíades até Jerusalém, a Santa Cruz foi entregue, então, ao Patriarca Zacarias de Jerusalém.

O imperador Constantino e sua mãe, Santa Helena, veneram a Santa Cruz 

Conta-se, então, que o imperador Heráclio, coberto de ornamentos de ouro e pedrarias, não conseguia passar com a cruz pela porta que conduzia até o Calvário; quanto mais se esforçava nesse sentido, mais parecia ficar retido no mesmo lugar. Zacarias, diante desse fato, ponderou ao imperador que a sua ornamentação luxuosa não refletia a humildade de Cristo. Despojado, então, da vestimenta, e com pés descalços, o imperador completou sem dificuldades o trajeto final, encimando no lugar próprio a Cruz no Calvário, de onde tinha sido retirada pelos persas.

A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo converteu a Cruz de um objeto de infâmia e repulsa na glória maior da fé cristã. A Festa da Exaltação da Cruz celebra, portanto, o triunfo de Jesus Cristo sobre o mundo e a imprimação do Evangelho no coração de toda a humanidade.

SALVE CRUX SANCTA

Salve, crux sancta, salve mundi gloria,
vera spes nostra, vera ferens gaudia,
signum salutis, salus in periculis,
vitale lignum vitam portans omnium.

Te adorandam, te crucem vivificam,
in te redempti, dulce decus sæculi,
semper laudamus, semper tibi canimus,
per lignum servi, per te, lignum, liberi.

Originale crimen necans in cruce
nos a privatis, Christe, munda maculis, 
humanitatem miseratus fragilem 
per crucem sanctam lapsis dona veniam.

Protege salva benedic sanctifica 
populum cunctum crucis per signaculum, 
morbos averte corporis et animae 
hoc contra signum nullum stet periculum.

Sit Deo Patri laus in cruce filii 
sit coequalis laus sancto spiritui, 
civibus summis gaudium et angelis 
honor sit mundo crucis exaltatio. Amen.


Salve Santa Cruz, salve ó glória do mundo, nossa verdadeira esperança que traz verdadeira alegria, sinal da salvação, proteção nos perigos, árvore viva que suporta a vida de todos nós. 

Nós vos adoramos, em vós nos vivificamos; por vós redimidos, no esplendor perene dos séculos, vos saudamos e louvamos para todo o sempre, escravos pelo lenho e, por vós, ó Lenho, libertados.

Vós que vencestes o pecado original na cruz, livrai-nos, ó Cristo, de nossas próprias culpas, tende piedade da nossa miséria humana e, pela Santa Cruz, perdoai os que caíram.  

Protegei, salvai, abençoai e santificai todo o vosso povo pelo Sinal da Cruz, protegei-nos contra todo o mal do corpo e da alma e que perigo algum prevaleça diante este Sinal.

Louvado seja Deus Pai na Cruz do seu Filho! Louvor igual seja dado ao Espírito Santo! Que a Exaltação da Cruz seja a suprema alegria dos eleitos e dos anjos no Céu e um esplendor de glória para o mundo. Amém.
(tradução do autor do blog)

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

A CRUZ: ESCADA PARA O CÉU!


Disse o Senhor: 'Que todos compreendam que a graça acompanha a tribulação. Saibam que, sem o peso das aflições, não se pode alcançar a plenitude da graça. Entendam que, quanto mais se trabalha, mais aumenta a medida dos carismas. Ninguém se engane: esta é a única verdadeira escada do paraíso e, fora da cruz, não há caminho pelo qual se possa subir ao céu!'

Ao ouvir essas palavras, tomou conta de mim um poderoso impulso de me postar no meio da praça e bradar com grande clamor, exortando a todas as pessoas, de qualquer idade, sexo, estado ou condição:

'Ouvi, meu povo, ouvi, toda gente: em nome de Cristo e com palavras tiradas de sua própria boca, eu vos exorto: a graça não se adquire sem se padecer aflições; há necessidade de trabalho, trabalho intenso, para se alcançar a íntima participação da natureza divina, a glória dos filhos de Deus e a beleza perfeita da alma'.

Este mesmo ímpeto me impulsionava a pregar a beleza da graça divina, enchendo-me de ânsias e de suores. Era como se a alma não pudesse mais permanecer na prisão do meu corpo mas, que rompendo os aguilhões, livre e soberana, fosse capaz de rodar o mundo com enorme rapidez, clamando:

'Quem dera aos mortais conhecer quão grande é a graça divina, quão bela, quão nobre, quão preciosa; quantas riquezas esconde dentro de si, quantos tesouros ocultos, quantas alegrias e delícias! Viveriam em cuidados e insônias na busca de tristezas e aflições; caminhariam pelo mundo à procura de aborrecimentos, doenças e provações, em lugar de aventuras, para alcançar a gema preciosa da perseverança no sofrimento. Ninguém reclamaria da cruz ou das provações enfrentadas se acaso conhecessem a balança no qual são pesados ​​para serem distribuídos entre os homens'.
(Dos escritos de Santa Rosa de Lima)

terça-feira, 12 de setembro de 2023

QUANDO OS SINOS TOCAM...


A origem do sinos é muitíssimo remota, uma vez que o som de um metal ressoando foi sempre um artifício ou um sinal de chamamento ou de comunicação às comunidades sobre épocas de festas, eventos públicos ou aberturas de mercados. Na Igreja Católica, com o edito de Constantino (ano 313), os sinos assumiram um papel fundamental para a divulgação e assimilação dos novos cultos religiosos. Mas foi apenas no século VI que os sinos assumiram definitivamente o caráter de objetos litúrgicos, passando a ser automaticamente incorporados à arquitetura religiosa, comumente encravados no cimo de torres elevadas (chamadas torres sineiras), na forma de campânulas percutidas por badalos internos ou martelos externos. Como sinalizador das cerimônias cristãs e oficializados como elementos fundamentais ao contexto do culto católico, os sinos são formalmente entronizados nos ritos litúrgicos da Igreja por meio de bênçãos especiais com uso dos santos óleos. 

Existe, portanto, uma relação extremamente particular entre os repiques dos sinos e os ritos litúrgicos da Igreja. Existem dezenas de toques distintos (muitos hoje absolutamente relegados ao esquecimento) associados às diferentes naturezas das festas litúrgicas (que podem ser toques mais vibrantes, toques mais concatenados, dobrados mais tristes e solenes). Em geral, o sino menor (ou garrida) é mais agudo para fazer tipicamente a marcação sonora; o sino médio ou meião é destinado à transição e ao repique dos diversos timbres, ao passo que o sino maior (som grave) é o definidor do diapasão sonoro final. A harmonização e as inúmeras variações rítmicas proporcionadas por este arranjo geral de sinos (que pode incluir ainda um quarto sino, chamado contra-meião) constituem um acervo de complexidade única ao código sonoro dos sinos.

Para que os sinos dobram nas igrejas? Pelas mesmas razões de sempre: chamar ou convocar o povo cristão para as missas, para as festas litúrgicas, para acontecimentos singulares para a comunidade local ou para a Igreja universal. Os sinos tocam para serem ouvidos pelo povo de Deus, como sinal inequívoco de um chamamento espiritual, para uma fuga ainda que passageira das coisas mundanas. Os toques podem incluir de simples badaladas a dobres mais requintados, sejam picados, encadeados ou  repenicados, mas constituem sempre uma linguagem sonora perfeitamente compreendida pelas comunidades cristãs, que sabem diferenciar muito bem os repiques festivos de uma dada festa litúrgica dos chamados 'dobrados fúnebres' indicativos dos funerais de alguma pessoa. 

Para a Igreja, em termos universais, há apenas uma restrição ao toque dos sinos, que compreende o período desde Quinta-Feira Santa até à Vigília Pascal. Até os sinos se calam durante o tempo da Paixão de Jesus. É a sua forma de dizer e proclamar que se associam também às dores e sofrimentos da morte do Redentor.

Diante o avanço de tantas tecnologias dos meios de comunicação atuais, os sinos se calam cada vez mais. A linguagem e o código dos sinos se fragmentam, perdem espaço, tendem ao esquecimento. Quando muito, são apenas ouvidos; o som repicado do metal não evoca quase nunca algum eco nas almas dos ouvintes. Infelizmente. O antiquíssimo repertório sonoro dos sinos, na sua exponencial dimensão, é somente preservado ainda em algumas poucas cidades do interior do Brasil. Ali, sim, é possível ainda a harmonia do som e da alma: quando os sinos tocam, as almas se tocam. As almas se calam. As almas se excluem por instantes do mundo à sua volta e se voltam para Deus.

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

GALERIA DE ARTE SACRA (XXXIV)

Galeria de Ícones da Natividade da Mãe de Deus

Tua natividade, ó Mãe de Deus, anunciou a alegria ao mundo inteiro; pois de ti nasceu o Sol da justiça, o Cristo nosso Deus, o qual, abolindo a maldição, nos deu a bênção, e destruindo a morte, deu-nos a vida eterna.








DOUTORES DA IGREJA (XXIV)

  24Santo Efrém, o Sírio, Diácono (†373)

Cítara do Espírito Santo

(306 - 373)

Concessão do título: 1920 - Papa Bento XV

Celebração: 08 de junho (Memória Facultativa)

 Obras e Escritos 

  • Comentário sobre o Gênesis
  • Comentário sobre o Êxodo
  • Comentário sobre os Atos dos Apóstolos
  • Comentário sobre as Epístolas Paulinas
  • Refutações contra Bardesanes e outros
  • Hinos contra as Heresias
  • Hinos Diversos
  • Homilias

domingo, 10 de setembro de 2023

EVANGELHO DO DOMINGO

'Não fecheis o coração, ouvi, hoje, a voz de Deus!' (Sl 94)

Primeira Leitura (Ez 33,7-9) - Segunda Leitura (Rm 13,8-10)  -  Evangelho (Mt 18,15-20)

 10/09/2023 - Vigésimo Terceiro Domingo do Tempo Comum

42. A VIRTUDE DA CORREÇÃO FRATERNA 


O Evangelho deste domingo é um tributo sobre o dever da correção fraterna. Reconhecer o erro e assumir o ônus da responsabilidade pelo erro cometido, são os atributos básicos do perdão. Mas o erro reverbera além daquele que o pratica e é dever - dever cristão - a sua pronta caracterização, a sua expressa condenação, o seu combate efetivo, a sua oportuna ou inoportuna contenção. A correção do erro é uma virtude cristã por excelência, quando praticada e vivida sob os ditames do reto juízo, da prudência caritativa, do verdadeiro amor fraterno: 'Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo!' (Mt 18, 15).

Jesus nos adverte sobre a insensatez da omissão, do menosprezo, da condenação exaltada e pública do pecador que nos ofendeu: 'a sós contigo!' é uma proposição enfática e contundente pela correção fraterna, emanada pelo zelo apostólico e pela prudência cristã. Corrigir o erro para não se omitir em defesa da verdade; corrigir o erro sem destruir as pontes e as passagens que possam fazer o pecador retomar o caminho da verdade: 'Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão' (Mt 18, 15). Benditos aqueles que levarem consigo para Deus os que puderam fazer o caminho de volta!

A correção fraterna é oportuna e inoportuna, porque a salvação de uma alma tem valor infinitamente maior que todos os nossos queixumes ou sentimentos desprezados. Não basta a correção, é preciso insistir nela mais uma vez, e outra vez, e outra ainda. A insistência moldada pelo zelo extremado na salvação da alma do próximo é o cimento que agrega as pedras frouxas de nossa própria caminhada para Deus.

Esse ardor de correção perpassa por terceiros e se encerra na própria vida da Igreja, Corpo Místico de Cristo, pois a perseverança da graça atrai graças em profusão e frutos extremos de conversão, piedade e misericórdia: 'se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus. Pois, onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles' (Mt 18, 19 - 20). Porém, a obstinação determinada no erro tem natureza diabólica e, portanto, não é mais passível da graça. Aqueles que optam pelo desvario do mal e se afastam dos ensinamentos da Igreja, tornam-se, então, réus de delitos eternos: 'tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu' (Mt 18, 18).

sábado, 9 de setembro de 2023

TESOURO DE EXEMPLOS (245/250)

 

245. UM MENINO HERÓI

Não faz muito tempo, numa vila da Itália chegava em casa um menino de 12 anos, pálido e choramingando. Que acontecera? Alguns malvados, movidos de ódio contra ele porque fizera a primeira comunhão, disseram-lhe:
➖ Tens de repetir as blasfêmias que dissermos.
➖ Não - disse o menino com firmeza - eu não blasfemo.
➖ Tens de blasfemar, por bem ou por mal.
Dito e feito: atiraram-no ao chão e bateram-lhe brutalmente. Mas dos lábios do menino não saiu nenhuma blasfêmia e nem sequer uma palavra de queixa.

246. DECORAI ESTES CINCO PONTOS

O trabalho de domingo nunca enriquece.
A fortuna mal adquirida nunca se aproveita.
A esmola nunca empobrece.
O encomendar-se a Deus pela manhã e à noite nunca atrasa o trabalho.
Um filho rebelde e libertino jamais será feliz.

247. PRIMEIRO IREI À MISSA

Refere Santo Afonso que três negociantes estavam prontos para partir juntos da cidade de Gúbio. Era domingo, e um deles quis ouvir a missa; os outros, porém, não quiseram nem mesmo esperá-lo. Mas, quando atravessaram a ponte do rio Borfoune, cheio pelas últimas chuvas, caiu a ponte, perecendo afogados os dois negociantes.

248. POR UM PECADO A MENOS

Voltava da missa um domingo, em Londres, uma dama, irmã de um ministro do reino. Encontrou uma mulher a varrer a rua. Soube que era católica. Perguntou-lhe se tinha ido à missa.

Respondeu a varredoura que não tinha tempo, porque antes do meio-dia tinha de acabar a limpeza. A dama deu-lhe uma moeda e, mandando que fosse à missa, disse-lhe:
➖ Cumpra o seu dever de cristã, que eu farei seu trabalho.

E assim dizendo, pegou da vassoura e pôs-se a varrer. Interrogada por que se humilhava assim em lugar tão público, respondeu:
➖ Por um pecado a menos!

249. A ÁRVORE CRESCIA

O ermitão Nicolau, de Suíça, estando a ouvir a missa, teve uma visão. Viu uma arvorezinha que, brotando do piso da igreja, crescia rapidamente e, em poucos segundos, estava coberta de flores, resplandecentes como estrelas. Essas flores caíam sobre a cabeça dos fieis: em alguns murchavam e perdiam o brilho; em outros aumentavam de resplendor, adornando-lhes as frontes como uma cora de luz.

A árvore era figura da benção celeste e as flores simbolizavam a benção que caía sobre cada um, frutificando nos fervorosos e murchando nos distraídos e desatentos.

250. SEMPRE CHEGAVA TARDE

Um homem da Westfalia, durante muitos anos sempre chegava tarde à missa nos dias de preceito. Adoeceu para morrer e mandou chamar o padre com urgência. O vigário sem demora pôs-se a caminho, mas dizia consigo: 'Não será para estranhar que Jesus Cristo chegue tarde para ele, como castigo de sempre ter chegado tarde à missa'. E com efeito; quando o padre chegava à casa, o enfermo expirava sem os últimos sacramentos.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)