quinta-feira, 8 de junho de 2023

CORPUS CHRISTI 2023

Corpus Christi, expressão latina que significa Corpo de Cristo, é uma festa litúrgica da Igreja sempre celebrada na quinta–feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, que acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa. 

O pão é pão e o vinho é vinho
como frutos do homem em oração;
é o que trazemos, é tudo o que temos,
como oferendas da nossa devoção. 

Não é mais pão, nem é mais vinho
quando espécies na consagração;
alma e divindade que se reconciliam
a cada missa, em cada comunhão.

Aparente pão, aparente vinho,
é mais que vinho, muito mais que pão;
o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo
 é o alimento da nossa salvação.

(Arcos de Pilares)

INDULGÊNCIAS DO DIA DA SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI

  

Nesta quinta-feira, dia da solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, o católico pode ser contemplado com as seguintes indulgências:

(i) Indulgência parcial: rezar, com piedosa devoção, a oração 'Alma de Cristo':

Alma de Cristo, santificai-me.
Corpo de Cristo, salvai-me.
Sangue de Cristo, inebriai-me.
Água do lado de Cristo, lavai-me.
Paixão de Cristo, confortai-me.
Ó bom Jesus, ouvi-me.
Dentro de vossa chagas, escondei-me.
Não permitais que eu me separe de vós.
Do espírito maligno, defendei-me.
Na hora da morte chamai-me e
mandai-me ir para vós,
para que com vossos Santos vos louve
por todos os séculos dos séculos.
Amém. 

(ii) Indulgência plenária: rezar, com piedosa devoção, a oração 'Tantum Ergo' ou 'Tão sublime Sacramento':

Tão sublime sacramento
vamos todos adorar,
pois um Novo testamento
vem o antigo suplantar!
Seja a fé nosso argumento
se o sentido nos faltar.
Ao eterno Pai cantemos
e a Jesus, o Salvador,
igual honra tributemos,
ao Espírito de amor.
Nossos hinos cantaremos,
chegue aos céus nosso louvor.
Amém.

Do céu lhes deste o pão,
Que contém todo o sabor.

Oremos: Senhor Jesus Cristo, neste admirável Sacramento, nos deixastes o memorial da vossa Paixão. Dai-nos venerar com tão grande amor o mistério do vosso corpo e do vosso sangue, que possamos colher continuamente os frutos da vossa redenção. Vós que viveis e reinais para sempre. Amém.

quarta-feira, 7 de junho de 2023

BREVIÁRIO DIGITAL - LEGENDA ÁUREA (VIII)


1. Um dia, durante a construção de um mosteiro, os irmãos queriam erguer uma pedra, mas não conseguiam. O grande número de homens que lá se encontrava tampouco o conseguia, quando chegou São Bento, o escravo de Deus, e benzeu a pedra, que pôde então ser erguida com facilidade. Todos entenderam que tinha sido o diabo, sentado sobre a pedra, que não permitira ser anteriormente movida. Quando o muro alcançou certa altura... o antigo inimigo reapareceu e fez derrubar o muro, cuja queda esmagou um jovem monge. Mas o escravo de Deus mandou trazer em um saco o rapaz morto e destroçado, ressuscitou-o com uma prece e mandou-o de volta para o trabalho.


2. Uma noite em que São Bento, o escravo de Deus, olhava por uma janela e orava ao Senhor, viu difundir-se pelo ar uma luz que dissipou todas as trevas da noite. Subitamente pareceu aos seus olhos que todo o mundo estava sob um único raio de sol, e ele viu sendo levada ao Céu a alma de Germano, bispo de Cápua, cuja morte, soube mais tarde, ocorrera no momento daquela visão.

3. Uma outra ocasião em que São Bento visitava sua irmã e estavam à mesa, ela lhe pediu que passasse a noite em sua casa e, como ele não queria aceitar, ela inclinou-se, apoiou a cabeça nas mãos para orar ao Senhor e, quando se ergueu, produziram-se tantos relâmpagos e trovões e a chuva caiu com tanta abundância que não se podia sair fora de casa, embora um instante antes o céu estivesse perfeitamente sereno. Fôra a torrente de lágrimas dela que havia transformado a serenidade do ar em chuva. Contristado, o homem de Deus falou: 'Que Deus todo poderoso te perdoe, minha irmã. O que você fez?' Ela respondeu: 'Eu pedi e você não quis me ouvir; pedi ao Senhor e Ele me ouviu. Saia agora, se puder!' Isso aconteceu para que eles pudessem passar a noite inteira edificando-se mutuamente em santas conversas. Três dias depois de voltar ao mosteiro, ao erguer os olhos, o santo viu a alma da irmã que penetrava nas profundezas do Céu sob a forma de uma pomba; mandou então trazer o seu corpo para o mosteiro, onde foi colocado em um túmulo que ele tinha preparado para si próprio.

(Excertos da obra 'Legenda Áurea - Vidas de Santos, de Jacopo de Varazze)

Legenda Áurea constitui meramente um livro de devoção católica, acessível às pessoas comuns de todas as épocas, sem nenhum propósito de abordagem biográfica da vida dos santos sob o escopo da veracidade ou da confiabilidade histórica. Trata-se, portanto, de uma coletânea de fatos ficcionais e inverídicos (lendários) que, uma vez associados às virtudes heroicas específicas dos diferentes santos da Igreja, tinha por objetivo incrementar a devoção católica do leitor pelos santos para a sua própria santificação pessoal. Alguns deles serão publicados no blog. A excelência dos objetivos e resultados alcançados pela obra pode ser aferida pelo enorme sucesso das muitas e diversas versões e traduções realizadas desde a sua publicação original no século XIII. 

terça-feira, 6 de junho de 2023

POEMAS PARA REZAR (XLVI)


MORTE E RESSURREIÇÃO

Que dor hei de levar por sobre estes meus ombros, que medonha aflição dos meus sentidos?
Minhas mãos não estarão vazias e meu coração silencioso como a noite que se finda?
Que dor hei de levar?
Na imensidão dos meus atalhos inúteis, na busca desenfreada pelas horas forjadas da falta de tempo,
pela sombras onde ousei me descansar da luz,
que nada hei de levar?
Dos risos fáceis ou das manhãs de sol, do vento no rosto, das passadas febris,
caminhos que fiz sem saber onde chegar por tantos caminhos sem fim, 
que passo além hei de levar?
Olhando sobre as cabeças com a luneta do orgulho, encimado na torre da vanglória,
serei vestígio das minhas crenças vazias ou refém das minhas próprias mordaças?
Que serei eu então diante de Vós?

Que ai poderia eu gemer neste momento; que olhos terei para vos contemplar?
Não tenho mais para onde ir e coisa alguma para recomeçar o que não tem mais tempo de ser.
O que serei então?
Nesse livro de poucas páginas e de frases soltas feitas dos sussurros dos sentidos,
que ousaria chamar de minha vida sem autoria alguma, estarei miseravelmente só com meus pecados.
E Vós ainda tereis parte comigo?
Ansiaria por luz quem vislumbrou senão sombras; ansiaria por glória quem vacilou penumbras?
O que restou de mim da argila prima não será senão um barro disforme e sem peso algum, o nada que restou.
O que há de acontecer então?

Sairei do chão como barro arremessado aos ares, flecha galgada por arco retesado a sopesar alturas,
pleno da forma divina que me antecipa a glória do espírito que não retém limites.
Estareis ao meu lado nesta fuga.
Permanecerei espasmo de vida num segundo, e então toda a plenitude da graça como herança,
como fruto da redenção que amadureceu de repente para sempre, para sempre, para sempre...
Terei eu então a dimensão dos santos.
Contemplarei o meu Deus face a face e não terei mais sopro algum da humana sorte,
pois entrarei em prados verdejantes ressuscitado e revivido e, como louvor de todos os louvores,
Vós estareis comigo eternamente.

(Arcos de Pilares)

domingo, 4 de junho de 2023

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'A vós louvor, honra e glória eternamente!
(Responsório Dn3,52.53.54.55.56)

Primeira Leitura (Ex 34,4b-6.8-9) - Segunda Leitura (2Cor 13,11-13)  -  Evangelho (Jo 3, 16-18)

 04/06/2023 - Solenidade da Santíssima Trindade

28. GLÓRIA AO PAI, AO FILHO E AO ESPÍRITO SANTO


O mistério da Santíssima Trindade é um mistério de conhecimento e de amor. Pois, desde toda a eternidade, o Pai, conhecendo-se a Si mesmo com conhecimento infinito de sua essência divina, por amor gera o Filho, Segunda Pessoa da Trindade Santa. E esse elo de amor infinito que une Pai e Filho num mistério insondável à natureza humana se manifesta pela ação do Espírito Santo, que é o amor de Deus por si mesmo. Trindade Una, Três Pessoas em um só Deus.

Mistério dado ao homem pelas revelações do próprio Jesus, posto que não seria capaz de percepção e compreensão apenas pela razão natural, uma vez inacessível à inteligência humana: 'Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele (o Espírito Santo) receberá e vos anunciará, é meu' (Jo 16, 15). Mistério revelado em sua extraordinária natureza em outras palavras de Cristo nos Evangelhos: 'Em verdade, em verdade vos digo: O Filho não pode de si mesmo fazer coisa alguma, mas somente o que vir fazer o Pai; porque tudo o que fizer o Pai, o faz igualmente o Filho. Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que ele faz (Jo 5, 19-20) ou ainda 'Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho senão o Pai; nem alguém conhece o Pai senão o Filho' (Mt 11, 27).

Nosso Senhor Jesus Cristo é o Verbo de Deus feito homem, sob duas naturezas: a natureza divina e a natureza humana: 'Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele' (Jo 3, 16 - 17). Enquanto homem, Jesus teve as três potências da alma humana: inteligência, vontade e sensibilidade; enquanto Deus, Jesus foi consubstancial ao Pai, possuindo inteligência e vontade divinas.

'Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo'. Glórias sejam dadas à Santíssima Trindade: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Neste domingo da Santíssima Trindade, a Igreja exalta e ratifica aos cristãos o maior dos mistérios de Deus, proclamado e revelado aos homens: O Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho (Conselho de Florença, 1442).

sábado, 3 de junho de 2023

PORQUE DEVES CHORAR...


Deves chorar os teus pecados...

Ai! Esses pecados tão numerosos, tão enormes, de que te carregaste, já os chorastes? E não obstante, foram eles a causa da morte de Jesus, e certeza não tens tu de que não te precipitarão no inferno? Sabes se já te foram perdoados? És digno de amor ou de ódio? São Paulo, o apóstolo das nações, ignorava-os e tremia. São Bernardo, oráculo do seu século, ignorava-os e tremia, tu também os ignoras e não tremes! Treme, pois, e chora!

Deves chorar os pecados dos outros... 

Pais e mães, deveis chorar os pecados dos vossos filhos; talvez por negligência vossa ou por vossos maus exemplos sejais a causa deles; pastores de almas, chorai também os pecados das vossas ovelhas; cristãos, choremos os pecados dos nossos irmãos porque ofendem o nosso Deus.

Deves chorar o teu longo exílio sobre a terra...

Ah! Trazes em tão frágeis vasos a graça divina, que a cada instante corres risco de perdê-la. Quantos antes de ti a perderam e não a tornaram achar! Exposto sempre às tentações da carne, do mundo e do demônio, em grande perigo te achas de para sempre perderes o céu e caíres no inferno. Chora, pois, o teu exílio. Durante todo o percurso desta peregrinação, vive num grande recolhimento; excita-te à compunção, para o que nunca deixes de pensar nos pecados passados e misérias presentes; recita em português ou em latim o salmo Miserere [Salmo 50], procura compenetrar-te bem dos sentimentos de penitência que encerra. Chora, alma cristã, chora. Jesus deu-te o exemplo chorando pelos teus pecados; chora, que breve saberás quão doces são as lágrimas da penitência.

(Excertos da obra 'As Chamas do Amor de Jesus', do Abade D. Pinnard)