sábado, 13 de agosto de 2022

ORAÇÃO DE REPARAÇÃO CONTRA AS BLASFÊMIAS (PIO XII)


Ó Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo que, mesmo sendo infinitamente feliz em Vós e por Vós por toda a eternidade, vos dignais acolher com benevolência o louvor que se eleva de toda a Criação até o Vosso trono!

Fechai, pois, os Vossos olhos, vos rogamos; e fechai, pois, Vossos ouvidos divinos àqueles infelizes que, cegos de paixão ou movidos por um impulso diabólico, blasfemam perversamente contra o o Vosso santo nome e os da Puríssima Virgem Maria e dos Santos.

Obstai, ó Senhor, o braço da Vossa justiça, que poderia reduzir a nada aqueles que ousam ser culpados de tal impiedade. Acolhei o hino de glória que incessantemente se eleva de toda a natureza: da água da fonte que corre limpa e silenciosa às estrelas que brilham e percorrem órbitas imensas no mais alto dos céus, movidas pelo Vosso Amor.

Aceitai em reparação o coro de louvores que, como incenso diante do altar, brota de tantas almas santas que andam, sem nunca se desviarem, pelos caminhos da Vossa Lei e que, com assíduas obras de caridade e penitência, procuram aplacar a Vossa justiça ofendida. Ouvi o canto de tantos espíritos escolhidos que consagram a vida para celebrar a Vossa glória, e o louvor perene que a Igreja Vos oferece em todos os tempos e em todos os lugares.

E tornai a Vós, convertidos um dia, aqueles corações blasfemos, para que todas as línguas e todos os lábios possam cantar em harmonia nesta terra aquele canto que ressoa sem cessar nos coros dos anjos: Santo, Santo, Santo é o Senhor, Deus dos Exércitos. Céu e terra estão cheios da Vossa glória. Amém.

(dada, de viva voz, pelo papa Pio XII pela Rádio Vaticano, em 11 de setembro de 1954 e contemplada com 1000 dias de indulgência)

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

PARA SER UM HOMEM ETERNO... (VI)

   ... SEJA UM HOMEM VIVENDO PARA A ETERNIDADE

Ontem, hoje e amanhã. Oferendas de um tempo que passa com medição prevista e contada. A litania das horas tem começo, meio e fim: o ontem, o hoje e o amanhã que não vai mais existir. O tempo que passou pode ter, como perspectiva, apenas a reflexão dos caminhos andados e as coisas feitas e não feitas. Somos senhores do hoje, deste minuto que se esvai como a água que escorre entre os dedos. Somos homens de amanhãs eternos.

Somos chamados a pensar e a viver com os olhos e a alma voltados para a eternidade. O amanhã tornado hoje sem ontem ou anteontem. Sobreviventes do tempo, como criaturas imortais junto de Deus ou como exilados para sempre num mundo de trevas e de dor infinita. Santo Agostinho clamava: 'Ó eternidade! Ó eternidade, quem pensa em ti e não se converte a Deus, perdeu a fé ou a razão!' Perdeu a fé, perdeu a razão, perdeu o tempo, perdeu a vida, perdeu a alma, perdeu tudo!  

No momento em que a morte fechar para nós a cortina do tempo, não há mais mudança, nem livre arbítrio, nem amanhã. E tudo o que seremos na eternidade, está moldado no homem eterno que nascer naquele dia tremendo, naquela manhã cinzenta ou naquela madrugada fria. Não há mais o domínio tangível do espaço e do tempo, não cabe mais os assomos da graça ou a perplexidade dos sentidos, basta-nos o nada absoluto como herança das moradas eternas. Céu, Inferno, Purgatório. Essa é a realidade que conta, essa é a nossa história humana que fica, que perpassa, que vence o mundo e o tempo. Essa é a nossa eternidade.

A criatura de Deus nascida com os poderes divinos da razão e da vontade ousou assumir para si a razão e a vontade como próprio Criador. E, nesse desvario, sucumbe aos desvãos das crenças mais infames e diabólicas sobre a sua própria natureza: já não são homens e mulheres, mas seres sexuais e assexuados de toda sorte; não mais famílias e comunidades, mas egos infernizados dos delírios da fama, poder, riqueza e prazer a todo custo; não mais a vida caseira e costumeira, mas o arrebatamento de uma cultura universal adestrada aos valores impostos pelo sistema dominante, às custas do empoderamento tosco de minorias; não mais o zelo da caridade e do recolhimento, mas a rebeldia a tudo e a perda de todas as referências morais vigentes. O ser humano rebelado contra o Criador e as criaturas e, ainda mais, contra si mesmo.

Para ser um homem eterno... seja um homem vivendo para a eternidade. Que molde a sua vida pequena com a dimensão da eternidade. Que tenha o Céu como único zelo, o Céu por razão, o Céu como destino e como herança. Não, este mundo não é uma casa, é uma hospedaria; o mundo não é uma fonte de alegrias e nem uma taça de prazer; o mundo não é a praça de nossos sonhos, mas atalhos de muitos desencontros. Descartamos meditar sobre a eternidade sem tempo, enquanto nos agarramos ao mundo que nos descarta no tempo. O preço do mundo é um tempo que nos é dado e que nos será tirado, pois tem como frutos a velhice, a perda da saúde e a morte. Para todos e em tudo, com mais ou menos tempo.

Seja, homem de uma vida que almeja ser eterno, um homem que viva para a eternidade. Um cristão no mundo, à espera da grande travessia para o encontro definitivo da criatura com o seu Criador, com Deus em tudo e em todos. Com os olhos na eternidade, você será um homem melhor, você viverá uma vida melhor. As práticas do bem e da caridade serão mais fáceis, o amor ao próximo será um dom natural. Viva a eternidade na terra, agora, no hoje, no único momento em que se pode ser o senhor do tempo. Para que o ontem tenha sido caminho para o Céu. Para que o amanhã seja o dia perpétuo da alma com Deus. 

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XXXVI)

 

TORRE DE DAVI, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

O SANGUE DE CRISTO É DO TIPO AB

'Tomai, todos, e bebei: este é o cálice do meu Sangue, o Sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados. Fazei isto em memória de Mim'

Os estudos científicos completos e abrangentes que foram realizados sobre o sangue presente no Sudário de Turim,  no corporal de Bolsena e nos milagres eucarísticos que foram investigados criteriosamente pela Igreja ao longo dos séculos, pelos quais as espécies eucarísticas se transformaram em carne e sangue visivelmente humanos, explicitam um dado singularmente comum: o tipo sanguíneo do Senhor Jesus Cristo é AB.

Do Catecismo da Igreja Católica: 

1335. Os milagres da multiplicação dos pães, quando o Senhor disse a bênção, partiu e distribuiu os pães pelos seus discípulos para alimentar a multidão, prefiguram a superabundância deste pão único da sua Eucaristia. O sinal da água transformada em vinho em Caná já anuncia a 'Hora' da glorificação de Jesus. E manifesta o cumprimento do banquete das núpcias no Reino do Pai, onde os fiéis beberão do vinho novo tornado sangue de Cristo.

Os diferentes tipos sanguíneos expressam a variedade dos antígenos proteicos que se ligam à superfície dos nossos glóbulos vermelhos (ou hemácias), que são as células do sangue responsáveis principalmente por transportar o oxigênio pelo organismo. Estas hemácias podem incorporar ou não uma proteína conhecida como fator Rh: quando a proteína está presente nas hemácias indica que o sangue é Rh positivo (Rh+) ou quando não existe essa proteína na hemácia, indica que o sangue da pessoa é Rh negativo (Rh-). Estes elementos, incluindo outros fatores de complexidade, definem e estabelecem os padrões de compatibilidade das transfusões de sangue. 


Nestes padrões, o tipo sanguíneo AB+ está associado à receptividade universal. De um modo geral, como o sangue AB+ carrega os antígenos mais comuns, aqueles que têm esse tipo sanguíneo podem receber com segurança o sangue de qualquer pessoa. Há um baixo risco de reação – o sangue do receptor já incorpora em grande parte os tipos de antígenos anexados que receberia numa transfusão. Se pensarmos então que o sangue de Jesus seja AB+, podemos expressar a ideia de todos e cada um de nós possa receber o vinho novo tornado sangue de Cristo. Que a salvação é um plano divino que se abre e e se estende para toda a humanidade.

Do Catecismo da Igreja Católica: 

1396. A unidade do corpo Místico: a Eucaristia faz a Igreja. Os que recebem a Eucaristia ficam mais estreitamente unidos a Cristo. Por isso mesmo, Cristo une todos os fiéis num só corpo: a Igreja. A Comunhão renova, fortalece e aprofunda esta incorporação na Igreja já realizada pelo Batismo... Tu ouves esta palavra: 'O corpo de Cristo'; e respondes: 'Amém'. Então, sê um membro de Cristo, para que o teu 'Amém' seja verdadeiro.

Os que recebem... Na Eucaristia, ao 'receber' Jesus na Sagrada Comunhão, partilhamos desse plano de redenção e Jesus literalmente se une e se torna um conosco, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. No nosso 'Amém', reconhecemos que estamos, pelo Sangue de Cristo, unidos e mais parecidos com Ele e que somos, pelo Sangue de Cristo, irmãos na Igreja de Cristo. Cristo é o Tabernáculo universal das graças divinas.

Do Catecismo da Igreja Católica: 

1410. É o próprio Cristo, sumo e eterno sacerdote da Nova Aliança, que, agindo pelo ministério dos sacerdotes, oferece o sacrifício eucarístico. E é ainda o mesmo Cristo, realmente presente sob as espécies do pão e do vinho, que é a oferenda do sacrifício eucarístico.

Esta é nossa crença, e para tal nos basta os Evangelhos e a Tradição da Igreja. Mas é particularmente interessante constatar uma tal condição recorrente do tipo de sangue de Jesus ratificando a realidade dogmática, como um elo adicional e simbólico dos tremendos mistérios inclusos na Sagrada Comunhão e na nossa união sacramental com o Preciosíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus como fonte de misericórdia para nós, eu confio em Vós!

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XXXV)

ROSA MÍSTICA, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

terça-feira, 9 de agosto de 2022

TESOURO DE EXEMPLOS (164/166)

 

164. AMOR AOS ENFERMOS

Os missionários católicos não encontram campo mais difícil de conquistar para a fé do que entre os maometanos. Quantas experiências não terminaram em sangue? Escolheram, então, o método de praticar a caridade antes de a ensinar. Ante os missionários que curam os enfermos e protegem os infelizes, também o orgulho muçulmano se dobra. 

Irmã Rosália, filha da caridade, trabalhava num dispensário. Para extrair os dentes daqueles pobrezinhos, era mister primeiro vencer o horror às pinças, e a lrmã usava das mais carinhosas expressões árabes: Coragem, meu coração, minha alma, meus olhos! E a pobre mulher, depois de curada, retirava-se dizendo: 'Que Alá conserve suas mãos!'

Alguns muçulmanos, que esperavam seu turno, diziam: 'Se todos os infiéis (chamam assim aos cristãos) vão para o inferno, para lrmã Rosália far-se-á uma exceção'. Quando, em Damasco, a religiosa cuidava de um doente, este lhe disse: 'Estou reduzido à última miséria; tenho esposa e filhos e nenhum dos meus pensa em consolar-me. Tu, que és estrangeira, vens à minha pobre casa para me socorrer; tua religião é melhor do que a minha'.

Assistindo a uma jovem muçulmana, Irmã Rosália deu-lhe uma medalha de Nossa Senhora que a enferma beijou e pôs ao pescoço. A Irmã criou coragem e apresentou-lhe um Crucifixo. É coisa inaudita para um muçulmano beijar o Crucifixo... entretanto a jovem o beijou; e os parentes e amigos não só não o impediram, como até o aprovaram. Ó quanto bem se pode fazer, tratando os doentes com amor e com verdadeira caridade cristã...

165. TENS O NOME DE CRISTÃO...

O pobre 'rei de Roma', o pálido filho de Napoleão I, teve que passar na Áustria os poucos anos de sua juventude. Foram dias dolorosos para ele. O ministro Metternich, quando queria mortificá-lo, dizia-lhe que não tinha nada de seu Pai, nada que o fizesse capaz de governar. 'Tens o chapéu, mas não tens a cabeça de teu pai'.

A quantos que se dizem cristãos se poderia repetir a mesma reprimenda: 'Tens o nome, mas não o coração de Jesus Cristo'. Por quê? Porque não ajudas o teu próximo nem te compadeces dele.

166. O QUE FALTAVA ERA A HUMILDADE

Serapião, o famoso santo do deserto, recebeu um dia a visita de certo monge que continuamente se dizia pecador, e pedia-lhe conselhos de perfeição. O santo, depois de havê-lo feito assentar-se à sua mesa, permitiu-se fazer-lhe algumas observações para o bem de sua alma. 'Filho' - disse-lhe com grande mansidão e caridade - 'estás no reto caminho, mas se queres progredir na perfeição, não andes demais por aqui e acolá; fica em tua cela, atende à oração, ao trabalho, ao recolhimento interior, do contrário...'

Não pôde nem acabar a frase, porque o monge ficou pálido, agitado e gritava como um possesso. 'lrmão meu' - disse Serapião - 'o que te falta é a humildade'. 

Vá alguém fazer a mesma correção a uma senhora, a uma jovem, e diga-lhe: 'Criatura de Deus, estás sempre fora de casa, de manhã, de tarde e à noite, gastando horas inteiras sem fazer nada, proseando inutilmente...' Então vereis como o tempo esquenta...

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)