sexta-feira, 27 de julho de 2018

BREVIÁRIO DIGITAL - ILUSTRAÇÕES DE NADAL (XV)

quae gessit Christus descendens ad inferos

131. Evangelho (Zc 9, Eclo 24, Ef 4): Jesus desce aos infernos

deponitur Christi corpus e cruce

132. Evangelho (Mt 27, Mc 15, Lc 23, Jo 19): o corpo de Jesus é descido da cruz

de Christi sepultura

133. Evangelho (Mt 27, Mc 15, Lc 23, Jo 19): Jesus é sepultado

resurrectio Christi gloriosa

134. Evangelho (Mt 28, Mc 16, Lc 24, Jo 20): a ressurreição de Jesus 

 eodem die apparet matri Mariae Virgin

135. Evangelho (sem referências): mesmo dia - Jesus se manifesta à Virgem Maria

eodem die, de primo adventu mulierum as sepulcrum

136. Evangelho (Mt 28, Mc 16, Lc 24, Jo 20): mesmo dia - as mulheres chegam ao sepulcro de Jesus

 eodem die, dominico Angeli apparent mulieribus

137. Evangelho (Mt 28, Mc 16, Lc 24, Jo 20): mesmo dia - Anjos se manifestam às mulheres no sepulcro de Jesus

eodem die veniunt Petrus et Ioannes ad sepulcrum

138. Evangelho (Lc 24, Jo 20): mesmo dia - Pedro e João chegam ao sepulcro de Jesus 

 eodem die apparet Magdalenae

139. Evangelho (Mc 16, Jo 20): mesmo dia - Jesus  se manifesta à Madalena

eodem die apparet mulieribus

140. Evangelho (Mt 28, Mc 16, Jo 20): mesmo dia - Jesus  se manifesta às mulheres 


 eodem die apparet Iesus duobus discipulis euntibus Emaunta

141. Evangelho (Mc 16, Lc 24): mesmo dia - Jesus  se manifesta a dois discípulos no caminho para Emaús 


 eodem die apparet discipulis absente Thoma

142. Evangelho (Lc 24, Jo 20): mesmo dia - Jesus  se manifesta aos discípulos na ausência de Tomé

quinta-feira, 26 de julho de 2018

26 DE JULHO - SÃO JOAQUIM E SANTA ANA

Sagrada Família com São Joaquim e Santa Ana (Nicolás Juarez, 1699)

De acordo com a Tradição Católica e documentos apócrifos antigos, os pais de Maria foram São Joaquim e Santa Ana. Ana, em hebraico Hannah, significa 'Graça' e Joaquim equivale a 'Javé prepara ou fortalece'. Ambos os nomes indicam, portanto, a  missão divina de realização das promessas messiânicas, com o nascimento da Mãe do Salvador. Segundo a mesma Tradição, os pais de Maria teriam nascido na Galileia, transferindo-se depois para jerusalém, onde Maria nasceu e onde ambos morreram e foram enterrados.

O culto aos pais de Maria Santíssima é antiquíssimo na Igreja Oriental (como revelados nos escritos de São Gregório de Nissa e Santo Epifânio, em hinos gregos e em homilias dos Santos Padres). Os túmulos de São Joaquim e Santa Ana em Jerusalém foram honrados até o final do Século IX, numa igreja construída no local onde viveram. No Ocidente, o culto de Santa Ana é muito mais recente, com sua festa litúrgica tendo início na Idade Média, sendo formalizada no Missal Romano apenas em 1584, no tempo de Gregório XIII. A devoção a São Joaquim foi ainda mais tardia no Ocidente.

Como pais de Nossa Senhora, São Joaquim e Santa Ana são nossos avós espirituais e o calendário litúrgico instituiu a festa conjunta destes dois santos em 26 de julho, que ficou também conhecida como 'dia dos avós'. Eles são também os santos protetores da Ordem dos Carmelos Descalços (fundada no Século XVI por Santa Teresa de Ávila). No dia dos avós, o blog presenteia os nossos irmãos mais velhos com estas duas orações.

Oração a Santa Ana

Santa Ana, mãe da Santíssima Virgem, pela intercessão da Vossa Filha e do Meu Salvador, dai-me obter a graça que Vos peço, o perdão dos meus pecados, a força para cumprir fielmente os meus deveres de cristão e a perseverança eterna no amor de Jesus e de Maria. Amém.

Oração a São Joaquim

Senhor! Pela intercessão de São Joaquim, pai da Santíssima Virgem, velai pelos Vossos filhos idosos, especialmente... (nomes) que, tendo cumprido na Terra uma vida longa, possa(m) merecer de Vós a Vida Eterna no Céu. Senhor, dai-lhes o conforto de uma idade avançada, saúde do corpo e da alma, a sabedoria de envelhecer e um coração inquieto enquanto não repousar em Vós. Amém.  

quarta-feira, 25 de julho de 2018

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

'Ó alma, o teu exemplo é Deus, beleza infinita, luz sem sombras, esplendor que supera aquele da lua e do sol. Eleva os olhos a Deus, em quem se encontram os arquétipos de todas as coisas e do qual, como de uma fonte de fecundidade infinita, deriva essa variedade quase infinita das coisas. Portanto, deves concluir: quem encontra a Deus, encontra tudo; quem perde a Deus, perde tudo.

Se tens sabedoria, compreendes que foste criado para a glória de Deus e para a tua salvação eterna. É este o teu objetivo, este é o centro da tua alma, este é o tesouro do teu coração. Por isso, considera como verdadeiro bem para ti aquilo que te conduz ao teu fim, e verdadeiro mal aquilo que te priva dele. Acontecimentos favoráveis ou adversos, riquezas e pobrezas. saúde e doença, honras e ofensas, vida e morte, o sábio não deve nem procurá-los, nem rejeitá-los por si mesmo. Mas só serão bons e desejáveis se contribuírem para a glória de Deus e para a tua felicidade eterna; são maus e devem ser evitados, se a impedirem'.
(São Belarmino)

terça-feira, 24 de julho de 2018

POR QUE ESTÁ JESUS NA EUCARISTIA?

'Por que está Jesus Cristo na Eucaristia?' Tal pergunta, se pode ter muitas respostas, tem no entanto uma que a todas resume: Jesus Cristo está na Eucaristia porque nos ama e quer que nós o amemos. O Amor, eis a razão de ser da instituição da Eucaristia.

Sem ela, o Amor de Jesus Cristo seria apenas um Amor de Morte, passado, esquecido dentro em breve – e isso sem culpa de nossa parte. Só a Eucaristia satisfaz plenamente as leis e as exigências do amor. Jesus Cristo, dando-nos nela provas de Amor infinito, tem direito de ser nela amado. Ora, o amor natural, tal qual Deus pôs nos corações, requer três coisas. A presença ou sociedade de vida, a comunhão de bens, a união perfeita.

I. A ausência é a aflição, o tormento da amizade. O afastamento diminui e, ao ser prolongado, dissipa a mais forte amizade. Estivesse Nosso Senhor ausente, afastado, o amor que lhe temos passaria, em virtude do efeito dissolvente dessa mesma ausência. É da essência, da natureza do amor humano reclamar, para viver, a presença do objeto amado.

Olhai para os pobres Apóstolos, enquanto Nosso Senhor jaz no túmulo, para os discípulos de Emaús, que confessam terem quase perdido a fé. Não gozam mais da presença do divino Mestre. Ah! Não nos tivesse Nosso Senhor deixado outro legado de seu Amor senão Belém e o Calvário e quão depressa o teríamos esquecido! Que indiferença! O amor quer ver, ouvir, conversar, apalpar.

Nada substitui o ente querido, nem lembrança, nem dons, nem retratos; nada disso tem vida. E quão bem sabia Nosso Senhor que nada poderia tomar seu lugar, pois carecemos dele mesmo. Não nos basta então sua palavra? Não, já não vibra, já não ouvimos as tocantes expressões dos lábios do Salvador. E o seu Evangelho? É um testamento. E os Sacramentos, não dão ele Vida? Só o autor da Vida poderia entretê-la em nós. E a Cruz? Ah! Sem Jesus quão triste é! E a esperança? Sem Jesus é uma agonia. Os protestantes têm tudo isso e quão frio e quão glacial é o protestantismo!

Poderá então Jesus reduzir-nos a um estado tão triste, qual o de viver e combater sozinhos? Ah! Sem Jesus, presente entre nós, seríamos por demais desgraçados. Exilados, sós no mundo, obrigados a privar-nos dos bens, das consolações terrestres, enquanto aos mundanos é dado satisfazerem todos os seus desejos, a vida se tornaria insuportável.

Mas com a Eucaristia... Com Jesus em nosso meio, quantas vezes sob o mesmo teto, dia e noite, a todos acessível, a todos esperando na sua morada sempre aberta; admitindo as crianças, chamando-as com acentuada predileção, a vida torna-se menos amarga. É o pai amoroso, rodeado dos filhos. É a vida de sociedade com Jesus. E que sociedade, quanto nos engrandece e nos eleva! E quão fáceis são as relações de sociedade, de recurso ao Céu, a Jesus Cristo em pessoa! Convivência suave, simples, familiar e íntima, assim como Ele a quis.

II. O amor quer comunhão de bens, quer tudo possuir em comum. Quer partilhar da felicidade e da infelicidade. É-lhe natural, instintivo dar, dar com alegria, com júbilo. E com que profusão, que prodigalidade concedera Jesus Cristo, no Santíssimo Sacramento, seus merecimentos, suas graças, sua própria glória! Que desvelo em dar, sem jamais recusar!

Dá-se a si mesmo, a todos e a todo momento, espalhando pelo mundo as Hóstias consagradas para que todos os seus filhos as recebam. No deserto, dos cinco pães multiplicados, sobraram doze cestas cheias, e todos deles participaram. Jesus-Eucaristia quereria envolver o mundo na sua nuvem sacramental, fecundar os povos com essa água vivificante, que, depois de ter desalterado e reconfortado o último de seus eleitos, se perderá no oceano eterno. Ah! Jesus-Hóstia é nosso, todo nosso!

III. O amor tende essencialmente à união entre os amantes, à fusão de dois seres num só ser, de dois corações num só coração, de dois espíritos num só espírito, de duas almas numa só alma (...) Jesus submete-se a essa lei de amor por Ele mesmo estabelecida. Depois de ter compartilhado do nosso estado e de nossa vida, dá-se-nos ele na comunhão, incorporando-nos a Ele.

União, cada vez mais perfeita e mais íntima, das almas, segundo a maior ou menor vivacidade dos desejos. In me manet, et ego in eo - Permanecemos nele e Ele em nós. Fazemos um só com Ele, até consumir-se no Céu, na união eterna e gloriosa, a união inefável, começada na terra pela graça e aperfeiçoada pela Eucaristia. O amor vive, pois, com Jesus presente no Santíssimo Sacramento do altar, compartilha de todos os bens de Jesus, une-se a Jesus e assim satisfazem-se as exigências de nosso coração, que mais não pode pedir.
(São Pedro Julião Eymard)

segunda-feira, 23 de julho de 2018

CATECISMO MAIOR DE PIO X (IX)

SEGUNDA PARTE

RESUMO DA HISTÓRIA DO NOVO TESTAMENTO

Anunciação da Virgem Maria

81. Reinando Herodes, cognominado o Grande, viveu em Nazaré, pequena cidade da Galileia, uma Virgem santíssima chamada Maria, desposada com José, a quem o Evangelho chama 'varão justo'. Embora ambos descendessem dos reis de Judá e, portanto, da família de Davi, viviam contudo pobremente e ganhavam o sustento com o seu trabalho.

82. A esta Virgem foi enviado o Arcanjo Gabriel, que a saudou cheia de graça e lhe anunciou que seria Mãe do Redentor do mundo. Ao ouvir estas palavras e tendo em vista o Anjo, Maria perturbou-se de início, mas, em seguida, assegurada por ele, respondeu: 'Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra'. No mesmo instante, o Filho de Deus, por obra do Espírito Santo, encarnou-se em seu puríssimo ventre, e sem deixar de ser verdadeiro Deus, começou a ser verdadeiro homem. Este foi o princípio da redenção da raça humana.

Visita a Santa Isabel e nascimento de São João Batista

83. No colóquio com o Arcanjo, Maria soube que sua prima Isabel, mulher de um sacerdote chamado Zacarias, apesar de idade avançada, estava para ter um filho. Com santa solicitude foi Maria visitar sua prima nas montanhas da Judeia, para congratular-se com ela e mais ainda para servi-la como humilde criada, como de fato o fez por três meses. Foi então que Maria, respondendo à saudação da prima, que, inspirada pelo Espírito Santo, saudou a Mãe de Deus, com aquele sublime cântico: Magnificat, muitas vezes cantado pela Igreja.

84. O filho de Isabel foi João Batista, o santo Precursor do Messias.

Nascimento de Jesus Cristo e circunstâncias daquele grandioso acontecimento

85. Naquele tempo publicou-se um edito através do qual o Imperador César Augusto ordenava um recenseamento a todos os súditos do Império Romano e, que, portanto, cada um se dirigisse para a cidade de sua origem. Maria e José, por serem da casa e família de Davi, tiveram que ir para a cidade de Belém, onde Davi havia nascido; mas não encontrando hospedagem, pelo grande número de pessoas que ia recensear-se, foram forçados a se recolherem dentro de uma espécie de caverna, que servia como estábulo, não muito longe da cidade.

86. Foi ali, à meia-noite, que nasceu o Filho de Deus, feito homem para a salvação dos homens, nascido da Virgem Maria, a qual, enrolando-O em panos, deitou-o numa manjedoura, ou cocho de animais. Nesta mesma noite, um Anjo apareceu a uns pastores que velavam naquela região e guardavam o seu rebanho, e anunciou-lhes que nascia o Salvador do mundo. Os pastores correram atônitos ao estábulo, encontraram o Menino Jesus e foram os primeiros a adorá-lo.

Obediência de Jesus e de Sua Mãe Santíssima à Lei

87. No oitavo dia após o nascimento, em obediência à Lei, o menino foi circuncidado e lhe dado o nome de Jesus, como havia indicado o Anjo a Maria, quando anunciou-lhe o mistério da Encarnação. Além disso, em conformidade com a lei, a Santíssima Virgem, embora não fosse obrigada, apresentou-se no Templo no quadragésimo dia, oferecendo por si o sacrifício das mulheres pobres, que era um par de rolas ou pombos, e pelo Menino Jesus o preço do resgate.

88. Havia no Templo um santo ancião chamado Simeão, que teve a revelação do Espírito Santo de que não morreria sem primeiro ver o Cristo Senhor. Tomou em seus braços o divino Menino e reconhecendo-O por seu Redentor, abençoou-O com grande alegria e o bendisse com grande alegria, saudando-o com aquele terno canto Nunc dimitis que a Igreja canta ao terminar o ofício de cada dia. Ao mesmo tempo, acudiu uma piedosa viúva idosa, que vendo o divino Menino regozijou-se em seu coração, e assim dizia maravilhas dEle a todos os que esperavam a redenção de Israel.

Os Magos

89. Algum tempo depois do nascimento de Jesus, vieram a Jerusalém três Magos ou sábios, vindos do Oriente, e perguntaram onde havia nascido o rei dos judeus. Estando em sua terra, eles haviam observado uma estrela extraordinária, e por ela, segundo uma antiga profecia conhecida no Oriente, entenderam que devia ter nascido na Judeia o Desejado das gentes, e inspirados por Deus, seguindo o caminho indicado pela estrela, vieram adorá-lo. Reinava naquele tempo em Jerusalém Herodes, o Grande, homem ambicioso e cruel. Grandemente perturbado com as palavras dos Magos, informou-se dos príncipes dos sacerdotes em que lugar havia de nascer o Messias. Tendo sabido que o local indicado pelos profetas era Belém, despachou os Magos recomendando-lhes que retornassem rapidamente, fingindo que queria ir lá também para adorar o Menino recém-nascido.

Os Magos partiram, e imediatamente, a estrela que tinham visto no Oriente apareceu-lhes, guiando-os até a morada do Divino Menino, em Belém. Entraram e encontraram o Menino com Maria sua Mãe; prostrados O adoraram e, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe ouro, incenso e mirra, reconhecendo-O como rei, como Deus e como homem mortal. À noite, avisados em sonho para não voltarem a Herodes, regressaram por outro caminho para sua terra.

Morte dos inocentes e fuga para o Egito

90. Herodes esperou em vão pelos Magos. Vendo-se ridicularizado, encolerizou-se ao extremo, e esperando em sua bárbara astúcia matar Jesus, ordenou a morte de todos os meninos abaixo de dois anos que havia em Belém e seus arredores. Antes, porém, um Anjo apareceu em sonhos a José para avisá-lo e lhe dar ordens para que fugisse para o Egito. José obedeceu imediatamente e com Maria e Jesus fugiu para o Egito, onde permaneceu até a morte de Herodes; depois da qual, avisado novamente pelo Anjo, ele não retornou a Belém, na Judeia, mas para Nazaré, na Galileia.
(Do Catecismo Maior de Pio X)

domingo, 22 de julho de 2018

A DUALIDADE DA GRAÇA

Páginas do Evangelho - Décimo Sexto Domingo do Tempo Comum


O Evangelho deste domingo reflete as dimensões opostas da vida cristã em comunidade e em isolamento, feitas das santas alegrias do convívio social ou moldadas pelas graças do recolhimento absoluto, tangidas pelo frenesi de multidões em marcha ou pelo silêncio contemplativo dos claustros mais inacessíveis. Como nos são diversos os desígnios do Senhor! Quão diversos são os caminhos e os meios que imprimem a santidade no coração e na alma daqueles que buscam sinceramente a Deus!

Os Apóstolos haviam sido enviados por Jesus em missão, 'dois a dois' (Mc 6,7), com a recomendação expressa de levarem muito pouca coisa: 'nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura' e nem 'duas túnicas' (Mc 6, 8 - 9) e providos pela graça do dom da cura e do 'poder sobre os espíritos impuros' (Mc 6, 7). E estes homens, pescadores sem erudição, sem alforge e sem preparos retóricos, cumpriram com coragem heróica e humildade santa os ditames proclamados pelo Mestre: levar a Boa Nova a todos os povos e a todas as nações! E, na santa alegria da primeira missão apostólica cumprida, retornam agora ao convívio do Senhor e, cheios de júbilo, 'contaram tudo o que haviam feito e ensinado' (Mc 6, 30).

No convívio do Senhor! Na santa alegria do convívio do Senhor e dos demais Apóstolos, as primícias da Igreja são matizadas naqueles tempos pioneiros da evangelização universal. Uma comunidade viva, moldada pelos princípios das sólidas virtudes da humildade, do despojamento, da fraternidade e da partilha. Uma comunidade que crescia, que exigia novas pregações, que demandava zelo e tempo... Jesus, então, chama os seus discípulos: 'Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco' (Mc 6, 31). No meio da multidão, Jesus os exorta a viver a outra dimensão da realidade cristã, moldada pelo anonimato, pelo silêncio e pela solidão com Deus.

Nesse encontro pessoal com Deus, Jesus nos ensina a buscar a barca, os montes ou o deserto. Sim, na busca de uma maior intimidade com as coisas sobrenaturais, impõe-se afastar do burburinho e da agitação do mundo, para se mergulhar a alma no repouso físico e na contemplação do espírito. Eis, assim, a síntese da perfeição cristã, que associa ação e contemplação, convívio fraterno e recolhimento interior! E, como um círculo de perfeição, refaz-se em seguida a dualidade da graça: as multidões acercam-se uma vez mais do Mestre e este, movido pela compaixão, cerne da verdadeira devoção cristã, recomeça a sua pregação divina 'porque eram como ovelhas sem pastor' (Mc 30, 34).