quarta-feira, 12 de setembro de 2012

ORAÇÃO DO CALVÁRIO

Dai-me, Senhor, a Vossa angústia no Monte das Oliveiras, para que eu me surpreenda com o Vosso horror ao pecado;

Dai-me, Senhor, o Vosso suor de sangue para que eu possa apagar o fogo das minhas inquietudes;

Dai-me, Senhor, as marcas dos Vossos flagelos, para que eu possa curar-me das feridas da vaidade;

Dai-me, Senhor, a dor lancinante dos espinhos que perfuraram a Vossa fronte para que possa aliviar os Vossos filhos que sofrem;

Dai-me, Senhor, a Vossa agonia na subida do Calvário para que eu seja capaz de abrir caminhos nas marcas de Vossas sandálias;

Dai-me, Senhor, o desfalecimento das Vossas quedas para que eu possa erguer da terra com mais perseverança;

Dai-me, senhor, o peso do madeiro que vergaste Vossos braços no Calvário, para que eu me desfaleça diante da minha miséria;

Dai-me, Senhor, a rigidez dos pregos cortando Vossos membros, para que eu tenha a ternura dos que constroem a paz;

Dai-me, Senhor, o assombro de Vossos espasmos para que a sombra do orgulho não acompanhe os meus passos;

Dai-me, Senhor, a Vossa sede atroz para que eu possa saciar a muitos com o refrigério da esperança;

Dai-me, Senhor, a Vossa compaixão diante dos Vossos algozes, para que eu saiba amar sem medida alguma;

Dai-me, Senhor, o Vosso peito aberto à lança que mata, para que eu defenda a vida ainda que no ventre;

Dai-me, Senhor, a água que brota do Vosso coração dilacerado para que eu possa lavar todas as minhas faltas;

Dai-me, Senhor, a Vossa Cruz bendita para que um dia, diante de Vós, eu não chegue de mãos vazias...
                                                                                                                        (Arcos de Pilares)

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

QUANDO O INFERNO É AQUI...

06.09.2012: RIO TINTO DE SANGUE

Na China, o Rio Yangtze, o mais extenso e o mais largo da China (e o terceiro do mundo em extensão) amanheceu com as águas completamente rubras, por causas que ainda são desconhecidas (contaminação por agentes contendo corantes particularmente agressivos, capazes de alterar por completo a cor das águas, mesmo em volume e vazões tão elevadas?). Embora o estranho acontecimento tenha sido observado principalmente em Chongqing (no encontro das águas do Rio Yangtze com as do Rio Jialin), foi  também relatado em vários outros locais do curso do rio. Qualquer que seja a razão, o evento faz lembrar claramente um cenário apocalíptico.


DA VIDA ESPIRITUAL (25)

Lembra-te daquela palavra dura e injusta com que analisaram sua atitude de buscar alternativas a um fato quase consumado? Lembra-te da ironia do teu colega ao comentar tua pequena vitória? Lembra-te da intolerância de tantos que não queriam que você se posicionasse de forma tão ética naquele episódio? Lembra-te da covardia de muitos na hora de assumir de forma plena a defesa da verdade na análise daquele problema? Se lembras de tudo isso, tens um coração aflito e cheio de amargura. Sabes onde reter tantas lembranças amargas?  Nas muralhas gigantescas e nos portentosos contrafortes de um gesto de perdão...

domingo, 9 de setembro de 2012

EUCARISTIA - VI

VI - COMUNHÃO DE PÉ?

Eis outro elemento indiscutível da dessacralização do maior dos sacramentos: a eliminação do genuflexório e a introdução da prática nociva da comunhão em pé. Infelizmente, tornou-se regra generalizada nas missas, a ponto de um comungante de joelhos passar por ‘rebelde’, para dizer o mínimo. Diante do Santíssimo exposto, como os fiéis devotos podem estar de pé? Ao passarmos diante do altar, não se faz um ato de genuflexão em profundo respeito ao Santíssimo exposto? Por que, então, quando não apenas estamos diante de Jesus, mas vamos ter parte efetiva com Ele, no nosso próprio corpo e alma, não nos prostramos de joelhos, como aliás foi a prática comum da Igreja desde os primórdios da cristandade? Que amor e reverência se prestam mais à criatura diante o Criador, prostrado de joelhos ou empertigado em pé?

Que argumento, coerente com os princípios de uma bela e  verdadeira devoção cristã, poderia justificar esta atitude? Mesmo diante de autoridades civis ou eclesiásticas, um mero cerimonial não impõe normas rígidas em termos de atitudes, reverências e vênias diversas? Não é de praxe a continência do pelotão em posição rígida diante de um presidente em visita a outro país? Diante do papa, um bispo não se reclina com espírito de obediência e humildade? E não seriam muito mais rígidos os protocolos solenes diante do próprio Deus, no momento maior da Santa Eucaristia? De pé, fica-se diante dos homens; de joelhos em terra, no chão, em qualquer chão, fica-se diante de Deus. Trata-se precipuamente de um ato intrínseco de humildade. Tal zelo, por certo, evitaria em muito as comunhões sacrílegas por aqueles que, não estando preparados para a recepção do sacramento, sentem-se absolutamente à vontade para participar da procissão eucarística dos que comungam de pé.

Mas a prática piedosa tornou-se motivo de escândalo e rebeldia. Talvez porque o zelo trocou de lado e refugiou-se nas veleidades do respeito humano por partes dos sacerdotes, na tola crença de que todo cuidado é pouco para se ferir susceptibilidades pessoais. E, assim, tornam-se os próprios sacerdotes cúmplices do estúpido orgulho humano... Talvez seja a necessidade premente de se agilizar a comunhão? Mas agilizar por quê? Se fosse esse o caso, não seria mais fácil simplesmente fazer sermões menos prolixos ou, então, limitar a cantoria excessiva? Mesmo porque distribuir aleatoriamente as sagradas espécies, no meio de grandes concentrações de fiéis, constitui risco enorme de profanações contra o Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, vulgarizando-se o sacramento e violando as premissas da eucaristia como ceia espiritual. Sacerdotes de Cristo: a sagrada eucaristia precisa ser exclusivamente santa e não servil às limitações humanas em termos de tempo, lugar ou deslocamento dos fiéis até a mesa eucarística. E, para isso, que se retorne com urgência santa à prática da comunhão tradicional e que todo homem se prostre e dobre os seus joelhos diante de Deus na santa eucaristia.

Eucaristia I: Primeira Parte (Primeiro Domingo de Agosto)
Eucaristia II: Segunda Parte (Segundo Domingo de Agosto)
Eucaristia III: Terceira Parte (Terceiro Domingo de Agosto)
Eucaristia IV: Quarta Parte (Quarto Domingo de Agosto)
Eucaristia V: Quinta Parte (Primeiro Domingo de Setembro)
Eucaristia VI: Sexta Parte (Segundo Domingo de Setembro)

sábado, 8 de setembro de 2012

HISTÓRIAS QUE OUVI CONTAR (II)...

Bonifrates era um simples eschola, aprendiz de aprendiz do mestre de ofícios. E, como mero eschola, cabia ao próprio as tarefas menos nobres de acabamento da igreja barroca, na qual entregava diariamente sua pesada lida há quase um ano. Trabalhara, é verdade, na marcação das volutas e demais peças de alto-relevo dos altares laterais, particularmente nos anjinhos em torno das imagens dos santos franciscanos de Santa Rosa de Viterbo e de Santa Isabel da Hungria. E chegara mesmo a tornear peças da fachada lateral e do fronstispício  do altar da capela. Mas o que almejava mesmo era ombrear-se com Zaqueu Beato, lendário mestre dos mestres de ofício, que trabalhara, anos e anos, na conformação dos entalhes finais de acabamento em ouro do altar principal. Eis aí a sua seletiva ambição: superar o mito e ingressar na história. Eis aí também o desconsolo de sua fértil imaginação: sabia-se insignificante diante do tão grande mestre, e a simples vista de tais obras primas minavam o gigantismo de suas pretensões remotas.

E, repetidas vezes, apoderava-se dele aquele enorme estado de abatimento, um misto de incerteza diante dos dotes presumidos e da frustração em face às suas realidades patentes. Que moldura de ouro caberia no retrato insípido de um simples serviçal? Bem, e para ser bem honesto, a perseverança não era muito o seu forte. Para que se esmerar no trabalho de preparação da madeira bruta, esmerilhar um alto-relevo que passaria pelas minúcias do acabamento, cinzelar o quartzito e o esteatito com polimento e curvaturas perfeitas se a glória da arte final caberia sempre ao artesão ilustre? E como a impaciência é filha-mor do orgulho, deixou de lado macete e cinzel, e deitou-se amuado, a conjecturar como o mundo tramava contra as suas mais belas fantasias.

O mestre-construtor, porém, não tinha nem paciência e nem pretensões algumas que não fossem as de garantir o pronto andamento dos trabalhos; e, para maior desconsolo de Bonifrates, não estava num dia dos mais interessantes. E, sem forja e talhe algum, mandou o serviçal ir trabalhar em outra freguesia, o que se traduz por ir fazer o seu ofício nas cornijas mais recônditas das duas torres arredondadas da igreja. Era o mesmo que ser condenado à solitária: um serviço absolutamente inútil e inexpressivo, num local de acesso restritíssimo que nenhuma alma de mínima prudência nem chegaria perto, o 'fim do mundo' daquela soberba construção.

O golpe foi duro e o fato sem razão de delongas. Armado de uma ira nada santa, Bonifrates galgou os degraus da escada em caracol pisando nos cascos, subindo, subindo sem fim. Atravessou o vão das torres, esgueirou-se pelas aberturas da guarita, avançou pelo trecho aberto do engradamento do telhado e se aprumou como pôde no ápice da cumeeira exposta. Lívido, arquejante, agoniado. E, então, viu o velho debruçado na cornija mais íngreme e esconsa da segunda torre. O corpo envelhecido mas rijo, contorcido mas aprumado, cinzel nas mãos desbastando a alvenaria e as pernas engastadas no madeirame da cobertura. Bonifrates não podia acreditar no que tinha diante os olhos: as espirais perfeitas, em simetria absoluta, conformando o beiral da abóboda ainda nua, com a ornamentação exuberante da fachada logo acima. O cinzel do velho homem não golpeava a matéria, mas antes a moldava, com paciência e com destreza extremas e, hipnotizado, o serviçal acompanhou o delicado ritual do rude metal delineando a minúscula voluta na pedra bruta. Que trabalho de mestre, que precisão de gênio, destinado ao nada, feito em lugar nenhum, sem testemunhas e sem história...

- Perdão, senhor - a voz do aprendiz feriu o silêncio mortal das horas, vejo que és um mestre dos ofícios, de tão grande e exímia destreza e habilidade, mas que fazes aqui?

- O que faço aqui, respondeu com voz firme e suave o velho artesão, é a arte que sempre fiz, em todos os lugares e desde muito tempo; é a mesma arte que já fiz nos altares, no lavabo em pedra-sabão da sacristia, na fachada da igreja, nas imagens de santos e anjos, nos púlpitos da capela...

- 'Zaqueu Beato!' O pensamento de Bonifrates perscrutou em segundos a visão do mito e as obras primas de sua criação na portada e na nave da igreja abaixo. E, mal expressando tantos pensamentos em desalinho súbito, perguntou:

- Mas, aqui? Para quê, se homem algum vai conseguir chegar a este local inacessível? Para quê, se ninguém vai ver esta obra de arte pelos séculos, se valor algum será dado por trabalho que ninguém vai nem saber que existiu?

Os olhos do velho artesão não exprimiam culpa nem justificação alguma. Apenas olharam o aprendiz com a sabedoria dos homens que sabem que ideal algum se constrói sem a constância e a perseverança plenas. 

- Os homens certamente não saberão nunca. Deus o saberá pela eternidade.

E, voltando-se ao trabalho árduo, na constância dos santos e no anonimato dos tempos, Zaqueu Beato continuou a escrever a sua história humana.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DE SETEMBRO


LADAINHA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
                                                                                                              (São Luís Grignion de Montfort)

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai celeste que sois Deus,
tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus,
tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus,
tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus,
tende piedade de nós.
Coração de Jesus, Filho do Pai Eterno, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe,...
Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus,...
Coração de Jesus, de majestade infinita,...
Coração de Jesus, templo santo de Deus,...
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo,...
Coração de Jesus, casa de Deus e porta do céu,...
Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade,...
Coração de Jesus, receptáculo de justiça e de amor,...
Coração de Jesus, cheio de bondade e de amor,...
Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes,...
Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor,...
Coração de Jesus, Rei e centro de todos os corações,...
Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência,...
Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade,...
Coração de Jesus, no qual o Pai põe as suas complacências,...
Coração de Jesus, de cuja plenitude nós todos participamos,...
Coração de Jesus, desejo das colinas eternas,...
Coração de Jesus, paciente e misericordioso,...
Coração de Jesus, rico para todos os que vos invocam,...
Coração de Jesus, fonte de vida e santidade,...
Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados,...
Coração de Jesus, saturado de opróbrios,...
Coração de Jesus, atribulado por causa de nossos crimes,...
Coração de Jesus, feito obediente até à morte,...
Coração de Jesus, atravessado pela lança,...
Coração de Jesus, fonte de toda a consolação,...
Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição,...
Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação,...
Coração de Jesus, vítima dos pecadores,...
Coração de Jesus, salvação dos que esperam em vós,...
Coração de Jesus, esperança dos que expiram em vós,...
Coração de Jesus, delícia de todos os santos, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
perdoai-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
tende piedade de nós.
V. Jesus, manso e humilde de coração,
R. Fazei nosso coração semelhante ao vosso.

Oremos. Deus onipotente e eterno, olhai para o Coração de vosso Filho diletíssimo e para os louvores e as satisfações que ele, em nome dos pecadores vos tributa; e aos que imploram a vossa misericórdia concedei benigno o perdão em nome do vosso mesmo Filho Jesus Cristo, que convosco vive e reina por todos os séculos dos séculos. Amém.