sábado, 6 de maio de 2023

TESOURO DE EXEMPLOS (220/222)

  

220. A RECOMPENSA DO MUNDO

A rainha Isabel da Inglaterra, de triste memória, tinha entre os nobres de sua corte um extraordinário bailarino, chamado Tomás Pando. Quando bailava, todos gritavam com delírio: 'Outra vez! Bis, bis!' E ele continuava bailando. Mas um dia estava tão cansado que suas pernas não lhe permitiam nenhum esforço a mais. 

Mas a fanática rainha gritou: 'Outra vez! Outra vez!'. E Tomás, para fazer-lhe a vontade, bailou, nas últimas voltas, porém, teve vertigem e caiu ao solo. Puseram-se todos a rir, e a rainha gritou: 'Levanta-te boi!' O pobre bailarino ouviu o insulto, mordeu os lábios e levantou-se. No dia seguinte desapareceu da corte. Fugiu para os montes e nunca mais foi visto bailar.

Assim são as recompensas do mundo. Aos aplausos, louvores e sorrisos sucedem quase sempre o abandono, o desprezo e o insulto amargo: 'Levanta-te, boi!'

221. A ORAÇÃO NAS TENTAÇÕES

Em Roma foi metida no cárcere Daria, a santa esposa de Crisanto, por ser cristã e haver convertido inúmeras mulheres da idolatria à verdadeira religião. Empregaram contra ela os mais dolorosos tormentos; puseram em prática todas as astúcias infernais para arrebatar-lhe a virtude, mas tudo em vão.

Levaram-na, finalmente, a um lugar infame; mas Daria, levantando as mãos e os olhos aos céus, pôs-se a orar. Nem bem começara a rezar e eis que aparece, ao lado dela, um majestoso leão disposto a despedaçar a quem quer que se atrevesse a molestá-la (Leonis tutela contumedia divinitus defenditur). Nossa alma está rodeada de terríveis inimigos, como estava a de Santa Daria. Qual será a nossa defesa? A oração. Sem ela não há salvação.

22. SÃO E SALVO NO MEIO DOS LEÕES

O rei Dario proibira severamente toda e qualquer oração. Ora, numa casa com a janela aberta, viu-se um homem orando de joelhos e com o rosto voltado para Jerusalém, a cidade santa. Quem orava era Daniel, o grande ministro do rei.

Espiaram-no muito os inimigos e viram que três vezes ao dia (de manhã, ao meio-dia e à noite), naquela humilde atitude, ele fazia a sua recolhida oração. Foi denunciado e condenado a morrer despedaçado pelos leões. Meteram-no na cova dessas feras e fecharam a abertura da mesma com uma grande pedra marcada com o selo real.

Ao amanhecer Dario, que não pregara os olhos, correu à cova e encontrou Daniel ileso e sorridente. O homem que ora em nome de Jesus será sempre vitorioso. Nem o mundo, nem o leão mais feroz (o demônio) poderão causar-lhe algum dano.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)