segunda-feira, 11 de junho de 2018

CATECISMO MAIOR DE PIO X (VII)

Os hebreus sob os juízes

56. Tendo os hebreus liderados por Josué apoderado da Palestina, não mais a abandonaram; sendo regidos segundo a lei de Moisés, ou pelos anciãos do povo, ou por juízes e, mais tarde, por reis. Os juízes eram pessoas (entre elas duas mulheres: Débora e Jael) suscitadas e escolhidas por Deus de tempos em tempos para livrar os hebreus, sempre que caíam sob a dominação de seus inimigos como punição por seus pecados.

57. Os dois juízes mais famosos foram Sansão e Samuel. Sansão, dotado de uma força extraordinária e maravilhosa, durante muitos anos molestou e causou mil estragos aos filisteus, inimigos de Deus muito poderosos. Traído depois e perdidas suas prodigiosas forças, reuniu as que lhe restavam para sacudir e derrubar um templo de seus inimigos, sob cujos escombros foi sepultado com muitos deles. Samuel, o último dos juízes, venceu os filisteus e, por ordem de Deus, reuniu o povo que se revoltou e exigiu um rei que, em sua presença, escolheu e consagrou Saul, da tribo de Benjamim, primeiro rei de todo o povo hebreu.

Os hebreus sob os reis

58. Saul reinou muitos anos mas, após os dois primeiros anos, foi rejeitado por Deus por causa de uma gravíssima desobediência, e um jovem chamado Davi, da tribo de Judá, foi ungido e consagrado rei e, mais tarde, tornou-se célebre matando em um único combate um gigante filisteu chamado Golias, que insultou o povo de Deus posto em ordem de batalha.

59. Saul, derrotado pelos filisteus, foi dado a morte. Então, subiu ao trono Davi, que reinou sobre o povo de Deus por quarenta anos. Acabou por conquistar toda a Palestina, subjugando os infiéis que ali estavam, e, especialmente, assenhorou-se da cidade de Jerusalém, que ele escolheu para cadeira de sua corte e capital de todo o reino.

60. A Davi sucedeu Salomão, que foi o homem mais sábio que já existiu. Edificou o templo de Jerusalém e gozou de longo e glorioso reinado. Mas, nos últimos anos de sua vida, em razão das artes insidiosas de mulheres estrangeiras, caiu em idolatria, e alguns temem por sua salvação eterna.

Divisão do reino

61. Sucedeu ao Rei Salomão seu filho Roboão. Por não querer este aliviar a carga duríssima dos impostos cobrados por seu pai, dez tribos se lhe rebelaram, que tomaram por rei a Jeroboão, chefe dos rebeldes e somente duas tribos permaneceram fiéis a Roboão, as de Judá e Benjamim. O povo hebreu viu-se deste modo dividido em dois reinos, o reino de Israel e o reino de Judá. Estes dois reinos não se uniram mais, mas cada um teve a sua própria história.

Reino de Israel e sua destruição

62. Os reis de Israel, em número de 19, todos perversos e impregnados de idolatria, que arrastaram a maior parte do povo das tribos, governaram durante duzentos e cinquenta e quatro anos. Finalmente, em punição por suas enormes iniquidades, parte do povo foi disperso, parte levado cativo para a Assíria por Salmaneser, rei da Síria, e o reino de Israel caiu para não mais se levantar. (a.C 722). Para repovoar o país, foram enviadas colônias de gentios, que foram associados em tempos posteriores a alguns israelitas que retornaram do exílio e a alguns maus judeus, e juntos formaram depois um povo, que se chamou samaritano, inimigo acérrimo da nação judaica. Entre os israelitas levados cativos a Nínive, capital da Assíria, havia Tobias, varão santíssimo de quem se encontra nos Livros Sagrados uma história particular, própria para fazer-nos cobrar a alta estima do santo temor de Deus e das disposições de sua providência.

Reino de Judá e cativeiro na Babilônia

63. Os reis de Judá, em número de 20, dos quais alguns foram piedosos e bons e outros ímpios, reinaram durante trezentos e oitenta e oito anos.

64. No tempo de Manassés, um dos últimos reis de Judá, aconteceu o que está escrito no livro que se intitula de Judite, a qual, matando Holofernes, capitão general do rei dos assírios daquele tempo, livrou a cidade de Betúlia e toda a Judeia. Mais tarde, outro rei dos assírios, Nabucodonosor, pôs fim
ao reino de Judá; apoderou-se de Jerusalém e a destruiu totalmente, junto com o templo de Salomão; fez prisioneiro e arrancou os olhos de seu último rei, Zedequias, levando o povo cativo para a Babilônia.

Daniel

65. Durante o cativeiro babilônico viveu o profeta Daniel. Escolhido com outros jovens hebreus para ser educado e depois destinado ao serviço pessoal do rei, com sua virtude conquistou a estima e o afeto de Nabucodonosor, principalmente depois de ter interpretado um sonho que este tivera e que depois esquecera. Ele também foi muito amado pelo rei Dario, mas seus adversários acusaram-no de adorar o seu Deus, desobedecendo ao edito real que o proibia, e lograram que fosse arrojado ao fosso dos leões, dos quais Deus o livrou milagrosamente.

(Do Catecismo Maior de Pio X)