segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

O DOM DE LER OS CORAÇÕES (CURA D'ARS)


Por volta de 1833, Marguerite Humbert, de Ecully, então Madame Fayolle, fez uma visita - a primeira em quinze anos - ao seu primo, Jean-Marie Vianney. Ela estava então sob os cuidados das Filhas da Providência, a pedido do próprio cura, particularmente porque ela tinha cuidado dele durante o tempo dos seus estudos. Ela relata o ocorrido: 'Pouco antes de partir [da cidadezinha de Ars], retornei à igreja [onde o cura atendia confissões] e me perguntei se deveria ou não confessar-me com o meu primo. Neste exato momento, alguém me chamou e me comunicou que o cura estava à minha espera. Fiquei muito surpresa porque ele não podia ver onde eu me encontrava ... Deixei Ars cheia de uma grande alegria interior'.

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Um dia, o servo de Deus estava ouvindo confissões na sacristia. O relato é de M. Oriol: 'De repente ele apareceu na entrada da sacristia e, dirigindo-se a mim, falou: 'Meu amigo, peça aquela senhora que está nos fundos da igreja para vir até aqui'. E me disse então como eu deveria reconhecê-la. Sem encontrar tal pessoa no local onde ele havia indicado, retornei e lhe comuniquei o fato. Ele respondeu então: 'Vá depressa ... Ela está passando na frente de tal casa [e a descreveu rapidamente para mim]. Eu corri e alcancei a senhora no lugar mencionado; ela estava indo embora, muito decepcionada por não ter podido confessar, porque não podia esperar mais. A pobre mulher, que por excessiva timidez tinha perdido a oportunidade de se confessar com o cura umas duas ou três vezes anteriormente, estava há oito dias em Ars sem conseguir uma nova oportunidade de se confessar. Agora o próprio santo havia ido buscá-la; mais do que isso, ele a conduziu desde a entrada da igreja até a Capela de São João Batista para receber a sua confissão. O santo sabia que a graça tem os seus momentos e que ela pode passar e não voltar mais. Neste caso em especial, ele literalmente apanhou essa alma com as asas'.

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No ano de 1853, um alegre bando de jovens partiu de Lyon para ir em peregrinação a Ars. Todos eles eram bons cristãos, exceto um, um velho homem que havia se juntado ao grupo 'simplesmente para agradar aos jovens'. Eles chegaram à aldeia por volta das três horas da tarde. 'Vocês podem ir à igreja, se quiserem', disse o incrédulo aos demais 'quanto a mim, vou pedir o jantar'. Ele caminhou alguns passos e parou: 'Não, pensando bem, eu vou com vocês, porque isto não deve demorar muito'. Em seguida, todo o grupo entrou na igreja. Neste momento, o Cura d'Ars saiu da sacristia e entrou na capela-mor. Ele se ajoelhou, levantou-se e virou-se; seus olhos estavam procurando alguém próximo à pia de água benta; finalmente, ele sinalizou para alguém se aproximar. 'É você que ele está chamando' disseram os jovens ao velho incrédulo. Este se dirigiu titubeante ao cura, no relato da freira que nos conta esta história. O Cura apertou as suas mãos, dizendo: 'Tem muito tempo que você não faz uma confissão?' 'Meu bom cura, tem uns trinta anos, eu acho...' 'Trinta anos, meu amigo?'... acho que são trinta e três anos ... e você a fez em tal lugar [mencionando o lugar]. 'Você está certo, senhor'. 'Ah, bem, então nós vamos fazer nossa confissão agora, não vamos?' O velho homem confessou mais tarde que ele estava tão surpreso com o convite que não se atreveu a dizer não; mas acrescentou: 'Eu experimentei uma sensação de conforto indescritível'. A confissão levou cerca de vinte minutos, e fez dele um novo homem.