segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

A LITURGIA DA SANTA MISSA (III)

3.  RITOS INICIAIS: O INTROITO

A Missa vai começar. É importante ressaltar que uma missa possui certas partes comuns a todas as missas - é o chamado Ordinário da Missa, que compreende 5 orações: Kyrie (Senhor, tende piedade), o Gloria, o Credo, o Sanctus (Santo, Santo, Santo) e o Agnus Dei (Cordeiro de Deus), orações que podem ser omitidos em algumas missas específicas. Por outro lado, uma determinada missa apresenta algumas orações que são apenas dela, é o chamado Próprio da Missa, que também compreende 5 orações: Introito (Entrada), Salmo Responsorial (ou Gradual), Aleluia (com um versículo específico para a missa), Ofertório e Comunhão. 

Convém que, já antes da própria celebração, se conserve o silêncio na igreja, na sacristia, na secretaria e mesmo nos lugares mais próximos, para que todos se disponham devota e devidamente para celebrarem os sagrados mistérios. Os ritos iniciais da Santa Missa, que precedem a liturgia da palavra, compõem-se da entrada (introito), saudação, ato penitencial, Kyrie, Glória e oração do dia e têm o propósito de introdução e de preparação dos fieis reunidos em assembleia para ouvir com devoção a palavra de Deus e celebrar dignamente os sagrados mistérios.

O Introito (do latim introitus - que significa entrada) consiste, portanto, na primeira oração do Próprio da Missa e sempre consistiu, desde as suas origens, no canto de um hino religioso na forma de um salmo, compatível com a natureza gozosa, penitente ou triunfante da Santa Missa. Nos primeiros tempos, a procissão do introito era bastante solene e se cantava um salmo completo durante a mesma. A partir do século VIII, o rito do introito passou a ser bastante mais simplificado. Acompanhemos as instruções correspondentes ao atual Missal Romano [com colchetes adicionais]:

47. Reunido o povo [em silêncio prévio], enquanto o sacerdote entra com o diácono e os ministros [procissão de entrada], começa o canto da entrada [natureza e forma de execução detalhadas na sequência das instruções do Missal]. A finalidade desse canto é abrir a celebração, promover a união da assembléia, introduzir no mistério do tempo litúrgico ou da festa, e acompanhar a procissão do sacerdote e dos ministros.

Procissão de Entrada: O sacerdote e os ministros – concelebrantes, diáconos, acólitos – dirigem-se ao presbitério, diretamente da sacristia ou em procissão a partir do fundo da igreja, com os auxiliares portando exclusivamente, os seguintes elementos: a cruz processional, o Missal ou o Evangeliário e o turíbulo com incenso, pois estes são símbolos inerentes ao caráter sacrificial da Santa Missa. Quaisquer outros elementos são vedados de inserção na procissão de entrada, por não se enquadrarem com a essência do rito sagrado (e, por isso, não discriminados em rubricas específicas do Missal), sejam cartazes, trajes e vestimentas especiais ou elementos de quaisquer outra natureza, ainda que com simbologia religiosa.

Canto de Entrada: o canto compreende a antífona (melodia) do Próprio da Missa com o seu salmo (em latim) ou 'outro canto condizente', comumente na língua vernácula, desde que aprovado pela Conferência dos Bispos do país (a CNBB, no caso do Brasil), podendo ser executado de três maneiras: por um grupo de cantores e o povo, por um cantor e o povo ou somente por um grupo de cantores (neste caso, sem a participação do povo). 

Na primeira opção, são utilizados cantos gregorianos (que são sempre em latim) obtidos em livros próprios (os chamados Gradual Romano ou Gradual Simples) ou prescritos pelo próprio Missal, em documentos anexos (os chamados Lecionários). Poucos católicos têm conhecimento formal desta possibilidade de introito gregoriano nas Santas Missas, já que a segunda opção, na forma de um 'canto condizente' na língua vernácula (do lugar), ao qual se impõe o aval dos bispos locais, é de absoluta e generalizada aplicação no Brasil.

O 'canto condizente' seria, por exemplo, em língua nativa, a tradução da antífona original em latim ou mesmo um canto apropriado à dignidade e ao rigor litúrgico, amparado pelo aval dos bispos do país. Este contexto é claramente deturpado em um grande número de missas, pela repetição exaustiva do mesmo canto de entrada em diferentes missas, pelo imiscuir da música profana para incrementar 'a participação do povo' na celebração, pela inclusão de matéria melódica ou textual completamente divorciada do conteúdo litúrgico do dia ou pela simples mesmerização do culto sagrado.

Existe, ainda, uma terceira opção, que é o introito sem canto de entrada. Neste caso, a antífona proposta no Missal (por exemplo) é recitada pelos fiéis, por alguns deles, por um leitor indicado ou ainda pelo próprio sacerdote (neste caso após a Saudação), que também pode cantar a antífona ou até mesmo adaptá-la a modo de exortação inicial. 

Chegando ao presbitério, o celebrante e seus auxiliares fazem uma genuflexão se houver tabernáculo ou uma vênia (inclinação profunda) ao altar, em caso contrário. Após a genuflexão ou a vênia, o celebrante dirige-se ao altar, inclina-se e beija o altar. Em missas específicas, o sacerdote procede ainda à incensação do altar.