sexta-feira, 7 de novembro de 2014

UM ENCONTRO PARA A ETERNIDADE


29 de agosto de 1914: em Taintrux (Vosges, Lorraine), um soldado católico francês agoniza em uma enfermaria improvisada no front de guerra, sob intenso bombardeio alemão. Angustiado, implora pela assistência espiritual de um sacerdote que passa por um momento por ele. Mas não se trata de um padre católico, e sim, do rabino-chefe de Lyon no final do século XIX e início do XX, Abraham Bloch, que servia, então, como capelão militar dos soldados franceses na guerra e que, a exemplo, dos padres católicos, usava também uma longa batina preta. 

Na sua extrema agonia, o soldado pede ao 'padre' um crucifixo, símbolo de sua fidelidade à fé cristã. O rabino, longe de se desconsertar diante do pedido de cuja fé não compartilha e que em princípio renega, apressa-se em buscar e oferecer ao soldado agonizante a imagem do Senhor Crucificado. No momento seguinte, uma grande explosão atinge em cheio a enfermaria improvisada, matando instantaneamente o soldado e o rabino. A pintura acima, famosa por retratar o singular encontro derradeiro, é de autoria de Lucien Lévy-Dhurmer.

(Cf. Maurice Barrès, em 'Les diverses familles spirituelles de la France')