domingo, 9 de novembro de 2014

TEMPLOS VIVOS DO ESPÍRITO SANTO

Páginas do Evangelho - Festa da Dedicação da Basílica de Latrão


Neste domingo, a Igreja celebra a  a festa da Dedicação da Basílica de São João de Latrão, primeira basílica da cristandade (proclamada pelo papa São Silvestre em 324), a catedral do papa até o exílio dos papas em Avignon, no século XIV. Ao dedicar uma festa solene ao primeiro santuário da cristandade, a Igreja nos confirma a sua unidade eclesial e nos lembra que todos nós, que somos a Igreja, em Cristo e por meio de Cristo, também somos santuários de Deus e templos vivos do Espírito Santo.

As leituras do Evangelho deste domingo são profundamente simbólicas da harmonia da construção da graça divina entre estes templos físicos e espirituais. A primeira leitura, tirada da profecia de Ezequiel (Ez 47, 1-2.8-9.12), mostra a sua visão diante o Templo de Jerusalém, de onde vê emanar um rio de águas puras que, derramadas sobre o mundo, fecunda as suas margens e produz fartura em abundância. Eis aí a imagem da fundação da Igreja Católica e da ação do Espírito Santo sobre o mundo: um rio de graças e mais graças capazes de santificar a humanidade inteira e produzir frutos de salvação eterna porque, em suas margens, 'crescerá toda espécie de árvores frutíferas; suas folhas não murcharão e seus frutos jamais se acabarão' (Ez 47, 12).

Na primeira carta aos coríntios (I Cor 3,9c-11.16-17), São Paulo ratifica que nós somos as pedras vivas da construção do templo espiritual do Santuário de Deus, que tem por pedra angular e por alicerce o próprio Cristo. Ai daqueles que, usurpando da graça do livre arbítrio, negam a sua realidade espiritual e convertem as suas vidas em construir templos de barro e produzir frutos sazonais, ditados apenas pelos interesses humanos. Serão réus e depositários da santa ira de Deus, porque 'se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá, pois o santuário de Deus é santo e vós sois esse santuário' (1 Cor 3, 17).

Esta santa ira de Deus foi concretamente manifestada por Jesus em relação ao episódio dos vendilhões do templo (Jo 2, 13 - 22). Tomado de santo furor, diante a balbúrdia e o tumulto dos homens que profanavam o santuário de Deus, Jesus faz um chicote de cordas e os expulsa com peremptória indignação: 'Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!' (Jo 2, 16). Paralisados e tomados de pavor, aqueles homens que se atropelam para fugir diante de Jesus e da profanação revelada, ainda ousam pedir um sinal ao Senhor por tais ações. E Jesus lhes dá a resposta pela revelação do mistério da ressurreição do seu corpo, templo perfeitíssimo de Deus: 'Destruí este Templo, e em três dias o levantarei (Jo 2, 19). Jesus não falava do templo físico, mas do templo espiritual que habita em nós, e que contém em plenitude o Corpo, Sangue, Alma e Divindade do Senhor. O primeiro será destruído, porque não era santo. O segundo, por méritos e graças do Salvador, nos abriu as portas da redenção e da eternidade com Deus.