domingo, 20 de dezembro de 2020

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor!' (Sl 88)

 20/12/2020 - Quarto Domingo do Advento

4. A ANUNCIAÇÃO

'Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!' (Lc 1, 28). A saudação do Anjo Gabriel é dirigida àquela que levou à perfeição nesta terra o amor de Deus. Cheia de graça Maria está desde a sua concepção, cheia de graça Maria passou cada momento de sua vida, cheia de graça Maria praticou cada ação ou pensamento nesta terra. Cheia de graça está Maria, portanto, diante a saudação do Anjo, como templo de santidade e da ciência infusa de todas as virtudes, dons e graças possíveis e imagináveis à natureza humana.

E Maria de todas as graças perturbou-se. As revelações do Anjo, provavelmente muito mais detalhadas que as palavras transcritas nos textos bíblicos, colocava Maria no centro de todas as profecias messiânicas que ela tanto conhecia e em nome das quais tantas orações e súplicas já teria feito a Deus. Num relance, percebeu a extraordinária manifestação daquela revelação angélica, que descortinava séculos de profecias, que inseria naquele lugar e naquele tempo a Natividade de Deus, que a tornava a co-redentora da humanidade, a bendita entre todas as mulheres, a Mãe de Deus: 'Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi' (Lc 1, 31 - 32).

E Maria de todas as graças perturbou-se. Diante do extraordinário mistério da graça e dos desígnios extremos da Providência, a Virgem de toda pureza e castidade e obra prima do Espírito Santo, se inquieta: 'Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?' (Lc 1, 34). A virgindade de Maria é o relicário de Deus. No imaculado corpo de Maria, o Espírito de Deus há de projetar a sua luz, cuja sombra faz nascer o Verbo encarnado. E o Anjo, mensageiro das coisas impossíveis e triviais para Deus, revela ainda a Maria a graça da gravidez tardia de Isabel, no 'sexto mês daquela que era considerada estéril' (Lc 1, 36).

E a Virgem de Nazaré, antes de ser a Mãe, oferece-se como serva e escrava do seu Senhor e do seu Deus: 'Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!' (Lc 1, 38). O Céu e a terra, as miríades dos anjos e dos homens de todos os tempos, hão de bendizer e louvar a glória daquele dia e a consumação daquele 'Fiat!' Sim, porque naquele momento, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus Verdadeiro de Deus Verdadeiro se fez, então, carne na carne de Maria e se fez carne a Nossa Salvação.

sábado, 19 de dezembro de 2020

ORAÇÃO: VENI CREATOR SPIRITUS

Veni, Creator Spiritus, um dos mais belos hinos da Igreja, tem autoria atribuída a Rabanus Maurus (776-856), e é cantado especialmente na Festa de Pentecostes, bem como outras festividades solenes como Confirmação, ordenações sacerdotais, dedicação de uma Igreja ou na profissão de fé de Ordens Sagradas. Uma indulgência parcial é sempre concedida aos fieis que a recitam. A indulgência plenária é concedida ao fiel se o hino for recitado com devoção e publicamente no dia 1º de janeiro ou na festa de Pentecostes.


VENI CREATOR SPIRITUS

Veni, Creator Spiritus,
mentes tuorum visita,
imple superna gratia,
quae tu creasti pectora.

Vinde, Espírito Criador,
tomai posse das almas vossas
infundi de graça celestial,
os corações que criastes.

Qui diceris Paraclitus,
altissimi donum Dei,
fons vivus, ignis, caritas,
et spiritalis unctio.

Vós que sois chamado Paráclito
o dom do Deus Altíssimo,
fonte viva, fogo, caridade,
e unção espiritual.

Tu septiformis munere,
digitus paternae dexterae,
tu rite promissum Patris,
sermone ditans guttura.

Vós, presente dos sete dons,
o dedo da mão direita de Deus,
promessa solene do Pai,
para inspirar nossas palavras. 

Accende lumen sensibus;
infunde amorem cordibus,
infirma nostri corporis
virtute firmans perpeti.

Acendei a luz dos sentidos;
derramai o amor nos corações,
a fragilidade do nosso corpo
fortalecei com virtude perene.

Hostem repellas longius,
pacemque dones protinus;
ductore sic te praevio
vitemus omne noxium.

Repeli para longe o inimigo,
dai-nos a paz sem demoras;
que, assim guiados por Vós,
possamos evitar todo o mal.

Per te sciamus da Patrem,
noscamus atque Filium;
teque utriusque Spiritum
credamus omni tempore. Amen.

Por Vós, conhecendo o Pai,
nos é revelado o Filho;
e por ambos, e no mesmo espírito,
dai-nos acreditar sempre em Vós. Amém.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

2020 ANOS DO NASCIMENTO DE CRISTO!


Como todos sabem, a.C. refere-se a 'antes de Cristo' e, portanto, é confuso ouvir os acadêmicos dizer que Cristo nasceu em 4 a.C. Isto significaria que Cristo teria nascido quatro anos antes de Cristo. No entanto, estudos cronológicos recentes e mais precisos validaram a data tradicional do nascimento de Cristo a 25 Dezembro do ano 1 a.C. 

Revendo os fundamentos, a datação de a.C. (antes de Cristo) e d.C. (depois de Cristo) provêm dos cálculos de Dionísio ExiguusExiguus significa pequeno, por isso ele é muitas vezes chamado de Dionísio, o Pequeno. Dionísio era um monge que vivia em Roma e que morreu por volta de 544 d.C.  Em Roma, Dionísio trabalhava com os melhores registos romanos e documentos da Igreja para calcular o nascimento de Cristo. Este novo cálculo dividia o tempo em antes e depois de Cristo. Dionísio não incluiu um ano zero. Assim, 31 de dezembro do ano 1 a.C. deveria passar para primeiro de janeiro do ano 1 d.C. 

Dionísio identificou a Anunciação de Gabriel à Virgem e a Encarnação de Cristo no ventre da Santíssima Virgem Maria a 25 de março do mesmo ano 1 a.C. Ele reconheceu o nascimento de Cristo a 25 de dezembro do ano 1 a.C. A circuncisão de Cristo, oito dias depois do seu nascimento, teria sido em primeiro de janeiro de 1 d.C e a sua crucifixão no ano 33 d.C. Beda, o Venerável, ratificou esse esquema de datas de Dionísio, o Pequeno, na sua Ecclesiastical History of the English People, e o resto é história. Continuamos a usar o seu sistema de datação até hoje: a.C. e d.C.

Dúvidas sobre o ano de nascimento de Cristo surgiram nos anos 1600. Os acadêmicos souberam da cronologia feita pelo historiador judeu Flávio Josefo. Josefo coloca a data da morte do Rei Herodes, o Grande, em 4 a.C. Visto que Herodes tentou matar Cristo menino, seria necessário que Cristo já tivesse nascido antes da morte de Herodes. Se Herodes morreu em 4 a.C., então Cristo teria que ter nascido antes de 4 a.C. Assim, desde o século XVII, as pessoas têm dito que Dionísio teria se enganado e que Cristo nasceu quatro anos antes de Cristo.

O que é que podemos dizer disso tudo? Bem, ou Josefo está certo ou Dionísio está certo. Não podem estar ambos certos. Até recentemente, a maior parte dos acadêmicos concordava com Josefo porque: (i) Josefo viveu no século de Cristo, (ii) Josefo era judeu e (iii) Josefo era um historiador profissional. Dionísio era apenas um monge que viveu em Roma quinhentos anos mais tarde.

No entanto, existem agora boas razões para acreditar que Josefo se enganou. Vários estudos sobre Josefo revelam que ele não era consistente ou preciso a datar variados acontecimentos-chaves da história judaica e romana. De fato, Josefo contradiz história confirmada, fatos da Bíblia e mesmo a sua própria cronologia cerca de uma centena de vezes. As suas datas não são muito precisas. O arqueólogo, jurista e historiador francês Theodore Reinarch foi um dos primeiros a documentar os muitos erros factuais e cronológicos de Josefo. A tradução de Reinarch de Josefo é constantemente interrompida por comentários tais como 'isto é um erro' ou ' em outro livro as suas personagens são diferentes' [Nanteuil, 2008].

Eis um exemplo da má cronologia de Josefo. Josefo regista na sua Guerra Judaica que Hyrcanus reinou durante trinta e três anos. No entanto, na sua obra Antiguidades dos Judeus, afirma que Hyrcanus reinou trinta e dois anos. Em uma terceira menção, em outro ponto da sua obra Antiguidades, Josefo diz que Hyrcanus reinou apenas trinta anos. Isto são três alegações contraditórias - duas no mesmo livro!

Na sua obra Guerra Judaica, Josefo regista que Aristobulus colocou o diadema na sua cabeça 471 anos depois do exílio. No entanto na sua Antiguidades, ele fala em 481 anos, uma diferença de dez anos. Atualmente, os historiadores modernos sabem que foram 490 anos e, assim, Josefo está errado em todas as contas. Podiam ser dados mais exemplos. O fato é que Josefo era desleixado com as datas, especialmente nas relativas a reis. Sobre a própria data que ele dá para o Rei Herodes, descobrimos que Josefo na verdade dá duas datas contraditórias - 4 a.C. e 7 ou 8 d.C.

Josefo escreve que Herodes capturou Jerusalém e começou a reinar na data que Dionísio chama de 37 a.C., e que Herodes viveu mais 34 anos depois disto. Ao se fazer as contas, isto significa que Herodes morreu no ano 4 ou 3 a.C. Os acadêmicos citam isto como a prova de autoridade de que Jesus nasceu antes de 4-3 a.C. Ainda assim, Josefo regista uma data diferente para a morte de Herodes em outra citação. Na sua obra Antiguidades, Josefo escreve que Herodes tinha quinze anos na data que seria 47 a.C., quando César escolheu Hyrcanus como etnarca. Em duas citações distintas, Josefo afirma que Herodes tinha setenta anos quando morreu. Portanto se Herodes tinha 15 em 47 a.C., isso significa que morreu aos 70 de idade nos anos 7 ou 8 d.C.

Temos, portanto, uma discrepância séria nas datas registradas por Josefo - um janela de mais de dez anos. Mais ainda, quem é que sabe realmente se ambos os números são precisos dados os seus erros em outras datas históricas? Por que é que isto é tão importante? Revela que não devíamos deixar Josefo ter a última palavra na cronologia de Cristo. A datação de Josefo da morte de Herodes a 4 a.C. é verdadeiramente só uma versão dos seus cálculos. Porque não usar a sua data de 7 ou 8 d.C.? É um pouco arbitrário os historiadores modernos defenderem a data de 4 a.C.

A melhor maneira de datar a morte de Herodes é concentrando-nos no testemunho de que Herodes morreu poucos meses depois de um eclipse da lua bem observado. Com modelos astronômicos atuais, sabemos com certeza que um eclipse da lua como este ocorreu em Jerusalém antes do por do sol na data de 29 de dezembro de 1 a.C. Isto significaria que Herodes morreu pouco tempo depois de 1 d.C. Isto alinha-se perfeitamente com a cronologia proposta por Dionísio, o Pequeno. Isto significa que Cristo nasceu em 25 de dezembro de 1 a.C. e que foi circuncidado em primeiro de janeiro de 1 d.C.  O nosso calendário é perfeitamente preciso!

(Taylor Marshall)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

POEMAS PARA REZAR (XXXVI)


'TE AMAREI SENHOR!'

Te amarei Senhor
sempre onde estiver e por onde eu for
e com tal zelo e tamanha força 
que eu serei tão simplesmente amor.

Te amarei Senhor
em quaisquer caminhos e em qualquer lugar 
de forma que tudo em mim o tempo todo seja
o sopro da alma em Vos querer amar.

Te amarei Senhor
sem o tempo das horas, sem as horas do tempo,
para que, ao Vos amar, eu Vos ame tanto,
que a medida do meu amor não tenha tempo.

Te amarei Senhor
pelo nada que eu sou, argila frágil e sem valor;
mas que se torna nas mãos do divino oleiro
em vaso insigne de infinito amor.

Te amarei Senhor
com um coração tão pleno de ternura e mansidão
que viver e amar sejam apenas o fluxo e o refluxo
das batidas deste meu tão vosso coração.

Te amarei Senhor
nas manhãs de sol ou no apogeu do inverno;
e, no limiar da dor, no tanger da afronta, na pegada bruta,
meu amor será eterno agora e agora e sempre eterno.

Te amarei Senhor
com alma tão cativa e recolhida em tal louvor
que, ao vos amar, sendo sombra de mim mesmo,
serei sombra do meu próprio e desmedido amor.

(Arcos de Pilares)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

ANTÍFONAS DO Ó

As Antífonas do Ó são sete orações especialmente cantadas durante o tempo do Advento, particularmente ao longo da semana que antecede o Natal. A autoria das antífonas, que remontam aos séculos VII e VIII, tem sido comumente atribuída ao papa Gregório Magno. São sete orações extremamente curtas, sempre iniciadas pela interjeição Ó, correspondendo a sete diferentes súplicas manifestadas a Jesus Cristo, na expectativa do nascimento do Menino - Deus entre os homens, que é invocado sob sete diferentes títulos messiânicos tomados do Antigo Testamento. 

17 de dezembro

O Sapientia
quæ ex ore Altissimi prodisti,
attingens a fine usque ad finem,
fortiter suaviter disponens omnia:
Veni ad docendum nos viam prudentiae   


Ó Sabedoria
que saístes da boca do altíssimo
atingindo de uma a outra extremidade
e tudo dispondo com força e suavidade:
Vinde ensinar-nos o caminho da prudência

18 de dezembro

O Adonai
et Dux domus Israel,
qui Moysi in igne flammæ rubi apparuisti
et ei in Sina legem dedisti:
Veni ad redimendum nos in brachio extento
 

Ó Adonai
guia da casa de Israel,
que aparecestes a Moisés na chama do fogo
no meio da sarça ardente e lhe deste a lei no Sinai
Vinde resgatar-nos pelo poder do Vosso braço.
 
19 de dezembro 

O Radix Jesse
qui stas in signum populorum,
super quem continebunt reges os suum,
quem gentes deprecabuntur:
Veni ad liberandum nos; jam noli tardare  


Ó Raiz de Jessé
erguida como estandarte dos povos,
em cuja presença os reis se calarão
e a quem as nações invocarão,
Vinde libertar-nos; não tardeis jamais.  

20 de dezembro 

O Clavis David
et sceptrum domus Israel:
qui aperis, et nemo claudit;
claudis et nemo aperit:
Veni, et educ vinctum de domo carceris,
sedentem in tenebris et umbra mortis   


Ó Chave de Davi
o cetro da casa de Israel
que abris e ninguém fecha;
fechais e ninguém abre:
Vinde e libertai da prisão o cativo
assentado nas trevas e à sombra da morte. 

21 de dezembro

O Oriens
splendor lucis æternæ, et sol justitiæ
Veni et illumina sedentes in tenebris
et umbra mortis.  


Ó Oriente
esplendor da luz eterna e sol da justiça
Vinde e iluminai os que estão sentados
nas trevas e à sombra da morte. 

22 de dezembro

O Rex gentium
et desideratus earum
lapisque angularis,
qui facis utraque unum:
Veni et salva hominem quem de limo formasti  


Ó Rei das nações
e objeto de seus desejos,
pedra angular
que reunis em vós judeus e gentios:
Vinde e salvai o homem que do limo formastes.  

23 de dezembro

O Emmanuel,
Rex et legifer noster,
exspectatio gentium,
et Salvador earum:
Veni ad salvandum nos, Domine Deus noster  


Ó Emanuel,
nosso rei e legislador,
esperança e salvador das nações,
Vinde salvar-nos,
Senhor nosso Deus. 

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

TESOURO DE EXEMPLOS (37/39)


37. UMA PRIMEIRA COMUNHÃO E UMA CURA

Luís e Zélia Martin, pais de Santa Teresinha, tinham uma filhinha chamada Maria, que se preparava para a primeira comunhão. Ao mesmo tempo a Irmã Maria Dositeia, tia da pequena, estava afetada de tuberculose. Um dos conselhos mais veementes que Zélia dava à filha era o de arrancar a Deus a cura da Irmã Dositeia.

'No dia da primeira comunhão', repetia ela a cada passo, 'alcança-se tudo o que se pede'. A criança assim o entendeu. Estudou o catecismo com entusiasmo e fez uma verdadeira ofensiva de orações e sacrifícios. Estava certa do milagre como se já o visse feito. O que ela queria, em sua ingênua teimosia, era , se fosse necessário, fazer mudar a vontade de Deus. São José servia-lhe de advogado.

Chegou, enfim, o grande dia da primeira comunhão: 2 de julho de 1869. A pequenina ainda não havia completado nove anos e meio. Falando a neo-comungante, dizia a mãe: 'Oh! como ela estava bem preparada; parecia uma santinha!' O Pe. capelão disse que estava muito satisfeito com ela e deu-lhe o primeiro prêmio de catecismo.

Maria, após a comunhão, dizia que havia rezado tanto pela tia Dositeia que tinha a certeza de ser ouvida por Deus. Realmente, a tia começou a melhorar; as lesões pulmonares foram cicatrizando rapidamente. Mais tarde, não sem uma certa melancolia, havia de dizer à sobrinha: 'A você é que devo estes sete anos de vida'. A pequenina, por seu lado, atribuía as honras da cura a São José e, na confirmação, quis que acrescentassem ao seu nome o de Josefina.

38. NÃO VOS AFASTEIS DOS SACRAMENTOS

Havia em Tolouse (França) uma família pouco religiosa. Como o colégio dos jesuítas era sem dúvida o melhor da cidade, os pais resolveram internar nele o primeiro filho. O menino, mais dado à piedade que os seus pais, começou a frequentar os sacramentos e disso tirava grande proveito espiritual. Tendo notícia desse fato, correu a mãe do menino ao diretor do colégio e lhe disse: 'Padre, o senhor está fazendo de meu filho um beato, um carola. Saiba que não quero que ele seja um frade ou um vigário'.

Não contente com isso, e para vigiá-lo melhor, mudou-se para a cidade e pôs o filho no colégio como externo. Assim poderia impedir as suas comunhões frequentes. Pobre mãe! Tinha medo que o menino se desse todo a Deus e que fosse um cristão fervoroso. Que é, porém, que aconteceu? Eis: pouco a pouco, as comunhões do jovem foram ficando mais raras... até que, afinal, nem uma por ano, nem pela Páscoa. O mais se pode adivinhar facilmente. A corrupção invadira o coração do rapaz e tomara o lugar da virtude e da piedade.

Quando percebeu isso, a infeliz mãe correu alvoroçada a suplicar ao diretor que fizesse seu filho voltar à comunhão e à moral cristã. Mas o padre deu-lhe esta resposta: 'Minha senhora, é demasiado tarde: o seu filho está perdido. Cumpri com o meu dever; era preciso que a senhora cumprisse com o seu'. E o padre tinha razão. Não levou muito tempo o desgraçado jovem morreu consumido de vícios horrendos e vergonhosos.

39. UMA CURA EM LOURDES

Quando Jesus andava pelo mundo, bastava a sua palavra e, às vezes, um olhar seu para curar os doentes e ressuscitar os mortos. A hóstia consagrada, onde se acha oculto, tem o mesmo poder, quando Ele assim o quer. E' muito notável um caso referido pelo célebre médico Dr. Boissarie, em seu relatório dos milagres de Lourdes.

Margarida de Saboia chegou à gruta em estado lastimável: entrevada, metida num caixão como se fosse um cadáver, pálida, sem voz e raquítica; tendo embora 25 anos, pesava apenas 16 quilos. Quando partiu para Lourdes, os médicos lhe disseram que não teria mais de 15 dias de vida; e os da gruta não se atreveram a tocá-la, porque ainda mal respirava. Nem sequer pensaram em levá-la à piscina, mas contentaram-se em a colocar diante da Virgem ali mesmo.

Ao passar o Santíssimo, uma sacudidela forte e irresistível a tirou para fora da sua maca. Quando Margarida se deu conta de que estava de joelhos ao pé da maca, levantou-se por si mesma, sem auxílio de ninguém, e gritou com toda a força: 'Estou curada!' A mãe, atônita, correu ao encontro da filha que a abraçou e gritou com voz forte: 'Mãe, estou curada!'

No mesmo dia - diz o Dr. Boissarie - entrou em nosso escritório, bem segura sobre os próprios pés, embora meio morta pela debilidade. O seu contentamento era tão grande e a sua alegria tal que nem sentia fraqueza. Dissemos que pesava 16 quilos; poucos dias após a cura, pesava já 44. O crescimento tomou o seu curso natural e a estatura aumentou de sete a oito centímetros. Isto na idade de 25 anos! Aqui não se trata de uma cura, mas de uma ressurreição. A virtude do Deus da Eucaristia operou este milagre.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

ver PÁGINA: TESOURO DE EXEMPLOS

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

14 DE DEZEMBRO - SÃO JOÃO DA CRUZ

 

(1542 - 1591)

João de Yepes, 'uma das almas mais puras da Igreja' no dizer de Santa Teresa, nasceu, assim como a própria Santa Teresa, na província de Ávila (Fontiveros) na Espanha, em 1542. Formado desde o berço na escola da pobreza e do sofrimento, estudou com os padres jesuítas e ingressou na Ordem Carmelita aos 21 anos,  ordenando-se sacerdote em 1567. Com decisão tomada para se transferir para a Ordem dos Cartuxos, então de hábitos bem mais austeros que o Carmelo, teve um encontro com Santa Teresa que mudou a sua vida. Diante da proposta da santa de reformar a Ordem Carmelita, abraçou esta causa com desmedido zelo e devoção por mais de 20 anos, assumindo, então, o nome de João da Cruz. 

Apesar de ter sido o primeiro padre da reforma carmelita, foi duramente perseguido pela Ordem, sendo isolado e privado de todas as suas funções originais. Nesse período de duras provações, ascese e contemplação, moldou-se a extraordinária poesia mística do santo, expressa em obras como  'Subida do Monte Carmelo', 'Noite escura da alma', 'Cântico Espiritual' e 'Chama de amor viva'. Num ambiente de perseguição, doenças e grandes sofrimentos, veio a falecer aos 49 anos de idade, no dia 14 de dezembro de 1591. O Papa Clemente X o beatificou em 1675; Bento XIII o canonizou em 27 de dezembro de 1726 e o Papa Pio XI o declarou 26º Doutor da Igreja Universal no princípio do século XX.

São João da Cruz, rogai por nós!