quarta-feira, 11 de outubro de 2023

A PROFECIA DE SANTO AFONSO SOBRE A MISSA

 

A missa é a maior graça que Deus dá aos homens. A missa é o tesouro mais belo e precioso que a Igreja possui, como bem disse o profeta: 'Que felicidade! Que beleza será a sua! O trigo dará vigor aos jovens, e o vinho, às donzelas!' (Zc 9, 17).

Na missa, o Verbo Encarnado é sacrificado ao Pai Eterno e nos é dado no sacramento da Eucaristia, que é fim e objeto de todos os outros sacramentos, como diz São Tomás: 'Os sacramentos têm a sua coroação na Eucaristia'. 

Por isso o diabo sempre procurou abolir a missa no mundo por meio dos hereges, constituindo-os precursores do anticristo que, acima de todos, procurará abolir (e de fato abolirá) o Santo Sacrifício do altar, em punição pelos pecados dos homens, tal como o profeta Daniel predisse: 'um exército irá abolir o holocausto perpétuo e destruir o santuário' (Dn 8, 11-13).

(Excertos da obra 'Exercício ao Clero', de Santo Afonso Maria de Ligório)

terça-feira, 10 de outubro de 2023

'PAI, PERDOA-LHES, ELES NÃO SABEM O QUE FAZEM'

Cristo, Jesus, Verbo do Pai Eterno, e de quem seu mesmo Pai disse claramente: 'Ouvi-o' (Mt 17) e, que de si mesmo disse também claramente: 'Um só é o vosso Mestre, o Cristo' (Mt 23), para desempenhar cabalmente a sua missão, não só nunca deixou de ensinar, enquanto viveu; porém, mesmo da Cruz fez uma pregação curta, mas ardente, proveitosíssima, de muita eficácia e inteiramente digníssima de ser recolhida pelos cristãos no íntimo do coração, de lá ser guardada, meditada e posta em prática. A primeira sentença é esta: 'Pai perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem' (Lc 23, 34), a qual quis o Espírito Santo, que como nova e insólita fosse profetizada por Isaías naquelas palavras: 'E rogou pelos transgressores' (Is 53, 12).

Chama-lhe Pai e não Deus, ou Senhor, porque bem sabia, que para isto mais se precisava do amor de pai, do que da severidade de juiz; e que, para comover Deus, certamente irado por tão grandes atentados era necessário empregar o carinhoso nome de pai. Assim aquele Pai parece significar isto: 'Eu, teu Filho no meio dos tormentos que estou sofrendo, perdoo; perdoa tu também, meu Pai, em atenção a mim, teu Filho; concede este perdão, que para eles peço, apesar de que o não merecem, lembra-te que também deles és Pai, tendo-os criado à tua imagem e semelhança: não os excluas pois do teu amor paternal, porque, ainda que filhos indignos, são teus filhos'.

Perdoa: esta expressão encerra a suma do pedido, que o Filho de Deus, como advogado dos seus inimigos, dirige a seu Pai, e pode aquele termo 'perdoa' referir-se tanto à pena como à culpa. Referindo-se à pena, foi esta súplica ouvida, pois merecendo os judeus por esta maldade ser gravissimamente punidos ou com fogo que descesse do Céu e os consumisse; ou com um dilúvio, em que morressem afogados, ou com ferro e fome, que os exterminasse; passaram-se quarenta anos, sem serem castigados, e, se, entretanto aquela nação fizesse penitência, ficaria salva e livre: mas porque a não fez, determinou Deus, que imperando Vespasiano contra ela marchasse o exército romano, que destruiu a mais famosa cidade, fez morrer parte dos judeus à fome no cerco, passou à espada outros depois de tomada, outros os vendeu, outros fê-los escravos, e disseminou os outros por várias terras e países ... Quanto à culpa foi a sua súplica atendida, pois muitos, por merecimento dela, conseguiram de Deus a graça do arrependimento. Fazem parte deste número os que do Calvário se retiravam, batendo nos peitos (Lc 23); o centurião, que disse: 'Na verdade este Homem era Filho de Deus' (Mt 27, 54) e muitos outros, que depois, ouvindo as pregações dos Apóstolos se convertiam, confessando quem tinham negado, e adorando quem tinham tratado com desprezo.

Lhes. Esta palavra designa aqueles para quem Cristo pediu indulgência; e parece serem os primeiros os que o crucificaram e entre si repartiram as suas vestes; e depois destes os que foram causa da sua crucifixão; Pilatos, que o sentenciou; o povo, que gritou: 'crucifica-o, crucifica-o!'; os príncipes dos sacerdotes, os escribas que falsamente o acusaram; e, para subirmos mais alto, o primeiro homem, e toda a sua posteridade que, com os seus pecados, originaram a paixão de Cristo; assim, o Senhor na Cruz pediu perdão para todos os seus inimigos e neste número éramos incluídos também nós, segundo o dizer do Apóstolo: 'Sendo nós inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho' (Rm 5, 10). Por isso todos nós, mesmo antes de virmos, a este mundo, somos incluídos naquele sacratíssimo memento com que, por assim dizer, Cristo, Sumo Pontífice, orou naquela sacrossantíssima missa, que celebrou no altar da Cruz.

Não sabem o que fazem. Jesus atenua ou desculpa Cristo o delito dos seus inimigos. Não podia certamente desculpar nem a injustiça de Pilatos, nem a crueldade dos soldados, nem a inveja dos príncipes dos sacerdotes, nem a astúcia e a ingratidão do povo, nem os falsos testemunhos dos perjuros; e por isso só restava dar desculpa a todos pela ignorância; certamente, pois, como diz o Apóstolo (1Cor 2), se eles o conhecessem, nunca teriam crucificado o Senhor da Glória; mas, posto que nem Pilatos, nem os príncipes dos sacerdotes, nem o povo, nem os executores, conheceram que Cristo era o Rei da Glória; reconheceu Pilatos, que Ele era um homem justo e santo e que, por isso, lhe tinha sido entregue por inveja pelos príncipes dos sacerdotes; e sabiam os príncipes dos sacerdotes que Ele era sem dúvida o Cristo, prometido na lei, como diz Santo Tomás, pois nem podiam negar, nem negavam, que Ele fazia muitos milagres, que os Profetas tinham anunciado que o Messias havia de fazer. Conheceu finalmente o povo, que Cristo era inocentemente condenado, pois bem claramente lhe disse Pilatos em alta voz: 'Não acho nele crime algum... 'Eu sou inocente do sangue deste justo' (Lc 23; Mt 27).

Não obstante, pois, não terem conhecido nem os judeus, nem os príncipes, nem a gente do povo que Cristo era o Senhor da Glória, contudo, se a malícia  não lhes tivesse obcecado os corações, ainda assim poderiam tê-lo conhecido, pois assim disse São João: 'Mas, sendo tantos os milagres que fizera em sua presença, não criam nele, porque Isaías disse: Obceca o coração deste povo, e ensurdece-lhe os ouvidos, para que, tendo olhos, não veja, e tendo orelhas, não ouça, e se converta, e eu o sare' (Jo 12, 37-40).

Nem aquela cegueira desculpa o cego, porque é voluntária, e concomitante, e não precedente: assim todos aqueles que pecam por malícia, laboram sempre em alguma ignorância, que os não desculpamos, porque não é precedente, mas concomitante... Do mesmo modo todo o que obra mal, aborrece o esclarecimento da razão, e labora em ignorância voluntária, que não desculpa, por isso mesmo que é voluntária. Mas, se tal ignorância não desculpa, como é que o Senhor diz: 'Perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem'? A isto se responde, que aquelas palavras podem entender-se, em primeiro lugar, a respeito dos que o crucificaram, os quais eram prováveis que ignorassem completamente, não só a divindade de Cristo, mas também a sua inocência; e que só fizeram o que fizeram em cumprimento do seu ofício e, a favor destes, com toda a verdade disse o Senhor: 'Meu Pai perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem'. Em segundo lugar, se elas se entenderem a respeito de nós, que ainda não existíamos, ou a muitos pecadores ausentes, que certamente ignoravam o que então se estava passando em Jerusalém, com a mesma verdade disse também o Senhor: 'Não sabem o que fazem'.

Se finalmente se entenderem em relação ao que presenciavam aquele ato, que sabiam que Cristo era o Messias ou não ignoravam que era um homem inocente, há-se confessar-se, que a caridade de Cristo foi tão intensa, que quis atenuar, do modo quanto pôde, o malefício dos seus inimigos. Pois, ainda que aquela ignorância por si só não possa ter desculpa, muito mais grave seria o seu malefício se ele se desse sem ignorância nenhuma. Ainda que o Senhor não ignorasse que aquela desculpa não era senão uma sombra dela, quis contudo empregá-la para nós conhecêssemos  a sua benevolência para com os pecadores, mesmo que fosse em favor de Caifás ou de Pilatos.

(Excertos da obra' As Sete Palavras de Cristo na Cruz', de São Roberto Belarmino)

DOUTORES DA IGREJA (XXVII)

 27São Roberto Belarmino, Bispo (†1621)

Patrono dos Catequistas

(1542 - 1621)

Concessão do título: 1931 - Papa Pio XI

Celebração: 17 de setembro (Memória Facultativa)

 Obras e Escritos 

  • Disputationes de controversiis christianae fidei (Disputaciones) - Disputas sobre as controvérsias da fé cristã
  • Dottrina cristiana breve - Doutrina cristã resumida
  • De ascensione mentis in Deum - A ascensão da mente a Deus
  • De arte bene moriendi - A arte de morrer bem
  • In omnes Psalmos dilucida expositio - Comentários sobre os salmos
  • De aeterna felicitate sanctorum - A eterna felicidade dos santos
  • De gemitu columbae - O pranto das pombas (ou o valor das lágrimas)
  • De septem verbis Christi - As sete palavras de Cristo na cruz

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

FRASES DE SENDARIUM (XII)

 

'A arte de viver consiste em tirar o bem maior do maior mal'

(Santo Agostinho)

As virtudes mais belas e mais preciosas são aquelas que florescem no joio mais perverso das paixões humanas

domingo, 8 de outubro de 2023

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'A vinha do Senhor é a casa de Israel' (Sl 79)

Primeira Leitura (Is 5,1-7) - Segunda Leitura (Fl 4,6-9)  -  Evangelho (Mt 21,33-43)

 08/10/2023 - Vigésimo Sétimo Domingo do Tempo Comum

46. A PARÁBOLA DOS VINHATEIROS HOMICIDAS


O Evangelho deste domingo apresenta mais um evento relativo aos enfrentamentos públicos de Jesus com os mestres da lei e os anciãos do Templo, na terça-feira santa, logo após o júbilo messiânico vivido pelo povo de Jerusalém naquele Domingo de Ramos. Nenhum outro apóstolo detalhou, com maior precisão e rigor, estes últimos acontecimentos que antecederam a Paixão e Morte de Nosso Senhor, do que São Mateus.

Àqueles homens duros de coração, letrados nos textos das Sagradas Escrituras e sabedores por excelência que 'a vinha do Senhor é a casa de Israel' (refrão do salmo 79), Jesus vai proclamar a perda e a devastação desta vinha, que será abandonada pelo seu dono e deixada à mercê das sarças e dos espinhos que a tornarão 'inculta e selvagem' (Is 5, 6). E que, mais além, será restaurada e tornada cultura de raro louvor porque 'o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos' (Mt 21, 43). Trata-se de um testemunho explícito de que o juízo de Deus extrapola apenas o plano individual, mas alcança a dimensão de povos e nações e, portanto, de toda a humanidade por gerações.

A vinha do Senhor foi preparada, cercada, cuidada com zelo; depois, arrendada a vinhateiros para que dela cuidassem com o mesmo esmero e dela produzissem muitos frutos bons. Mas eis que estes maus zeladores corromperam a obra de Deus e produziram na vinha apenas frutos de injustiça e de iniquidade. Sabedores dos suas omissões e desvarios, e ensandecidos pela cobiça e pelo orgulho, fazem morrer não apenas os enviados do Senhor (os grandes profetas), mas o próprio filho do Senhor da vinha. Diante de passagens tão explícitas àqueles tempos e àqueles personagens, estes não parecem perceber que resumem a própria condenação nas suas próprias palavras: (o senhor da vinha) 'mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo' (Mt 21, 41).

Nesta parábola Jesus nos interpela, a cada um de nós, a zelar pela vinha que somos, com zelo extremado de salvação eterna, fugindo das ciladas das vaidades e do orgulho humano dos vinhateiros homicidas. Não podemos matar em nós o puro amor cristão, não podemos matar os dons recebidos e as virtudes do coração, não podemos matar a graça santificadora do batismo, não podemos matar em nós a herança do Reino de Deus; mas devemos nos ocupar 'com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor' (Fl 4, 8) porque, nas vinhas do Senhor, somente florescem as videiras que produzem frutos de vida eterna.

sábado, 7 de outubro de 2023

TESOURO DE EXEMPLOS (256/260)

 

256. MEU ÚNICO REMÉDIO

Carlos V perguntou a um servo de Deus, que vivia na corte, como fazia para conservar-se na graça de Deus no meio da licença de costumes dos cortesões e de tantas ocasiões de pecado.
➖ Majestade - ele respondeu - meu único remédio para não sucumbir é o temor de Deus e a comunhão diária.

257. ESTOU MELHOR

O general Droupt estivera gravemente enfermo. Vendo chegar o médico, disse-lhe:
➖ Doutor, estou melhor.
➖ De onde lhe vem esta melhora?
➖ Doutor, comunguei esta manhã - respondeu o general.

258. OS DOIS VASOS

Apareceu Jesus à serva de Deus Paula Maresca e mostrando-lhe dois vasos, um de ouro e outro de prata, e lhe disse:
'Neste vaso de ouro guardo as comunhões sacramentais e, neste de prata, guardo as comunhões espirituais'.

259. SERVIA-SE DOS MENINOS

São Francisco Xavier, não podendo no curso de suas missões cuidar dos enfermos e da instrução dos fiéis, servia-se dos menino que batizara, os quais, seguindo suas recomendações, rezavam muito. Por meio das orações deles, curavam-se os doentes, os demônios eram afugentados e os idólatras, convertidos.

260. UMA GRANDIOSA PROCISSÃO

Em 1450, a cidade de Paris foi testemunha de um grandioso espetáculo. Por ordem do bispo Guilherme, uma procissão de doze mil crianças de menos de catorze anos saiu da igreja dos Santos Inocentes, percorreu a cidade cantando e dirigiu-se até à igreja de Notre Dame.

A voz da infância atraiu os olhares de todos e abrandou os corações. Foi o meio mais eficaz para desarmar a cólera divina.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

PRIMEIRO SÁBADO DO MÊS

 

DEVOÇÃO DOS CINCO PRIMEIROS SÁBADOS