segunda-feira, 15 de agosto de 2022

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XXXVII)

TORRE DE MARFIM, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

 

GLÓRIAS DE MARIA: ASSUNÇÃO AO CÉU

   

A Assunção de Maria - Palma Vecchio (1512 - 1514)

"Pronunciamos, declaramos e de­finimos ser dogma de revelação divina que a Imaculada Mãe de Deus sempre Virgem Maria, cumprido o curso de sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à Glória celeste”.

                            (Papa Pio XII, na Constituição Dogmática  Munificentissimus Deus, de 1º de novembro de 1950)


A solenidade da Assunção da Virgem Maria (celebrada pela Igreja no dia 15 de agosto) existe desde os primórdios do catolicismo e, desde então, tem sido transmitida pela tradição oral e escrita da Igreja. Trata-se de um dos grandes e dos maiores mistérios de Deus, envolto por acontecimentos tão extraordinários que desafiam toda interpretação humana: 

1. Nossa Senhora NÃO PRECISAVA morrer, uma vez que era isenta do pecado original;

2. Nossa senhora QUIS MORRER para se assemelhar em tudo ao seu Filho, pela aceitação de sua condição humana mortal e para mostrar que a morte cristã é apenas uma passagem para a Vida Eterna;  

3. Nossa Senhora NÃO PODIA passar pela podridão natural da carne tendo sido o Sacrário Vivo do próprio Deus;

4. A morte de Nossa Senhora foi breve (é chamada de 'Dormição') e ela foi assunta ao Céu em corpo e alma;

5. Aquela que gerou em si a vida terrena do Filho de Deus foi recebida por Ele na glória eterna;

6. Nossa Senhora foi assunta ao Céu pelo poder de Deus; a ASSUNÇÃO difere assim da ASCENSÃO de Jesus, uma vez que Nosso Senhor subiu ao Céu pelo seu próprio poder.


Louvor a Ti, Filha de Deus Pai,
Louvor a Ti, Mãe do Filho de Deus,
Louvor a Ti, Esposa do Espírito Santo,
Louvor a Ti, Maria, Tabernáculo da Santíssima Trindade!

domingo, 14 de agosto de 2022

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Socorrei-me, ó Senhor, vinde logo em meu auxílio! (Sl 39)

 14/08/2022 - Vigésimo Domingo do Tempo Comum 

38. FOGO SOBRE A TERRA


'Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso!' (Lc 12, 49). Com palavras tão incisivas, Jesus proclama as bem aventuranças da graça. Jesus vem à Terra como um incêndio de amor e purificação, para calcinar o pecado e tornar novas todas as coisas. É um fogo não de expiação, mas de santidade, de caridade, de libertação. No mistério da Redenção de Cristo, não somos apenas mais homens, mas nos tornamos co-herdeiros da própria divindade do Pai.

Mistério dos mistérios: por meio dos méritos infinitos da Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, a natureza humana se funde à divina em uma só Pessoa numa efusão de amor absoluto que tem as dimensões de um fogo abrasador. E para que esse fogo seja aceso e possa se propagar pelo mundo inteiro, é preciso que o Senhor passe por um batismo de dor e sofrimento inimagináveis; é preciso que o sacrifício do Filho de Deus feito homem se manifeste no Calvário para que seja acesa a pira do incêndio de amor divino derramado sobre a humanidade pecadora.

Esse fogo de amor exige restauração e não cumplicidade com a tolerância ao pecado: 'Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão' (Lc 12, 51). A paz desejada e incensada pelo mundo se atém às primícias do convívio harmônico subjugado pelo respeito humano e por etiquetas sociais. A tolerância do mundo, a convivência do mundo, a paz do mundo, estão assentes em valores puramente humanos e sociais. O fogo divino calcina todos estes valores e impõe uma nova atitude e um novo dogma: a paz verdadeira nasce e se alimenta da Verdade que é Cristo!

E se esse fogo do amor divino não é aceso, o homem submerge no pecado e a graça se esvai sem produzir nenhum fruto, por maior que seja a utópica felicidade humana dos que a vivem. O mal toma posse de tudo e a partilha da graça é então substituída pela miséria dos instintos: 'daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas e duas contra três; ficarão divididos: o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra' (Lc 12, 52 - 53). Que os cristãos não se escondam sob estes escombros, mas que estejam sempre de pé e confiantes diante da Luz que emana de Cristo. E que os nossos corações sejam fornalhas ardentes para acolher e propagar o fogo purificador de Cristo sobre a face da Terra.

sábado, 13 de agosto de 2022

ORAÇÃO DE REPARAÇÃO CONTRA AS BLASFÊMIAS (PIO XII)


Ó Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo que, mesmo sendo infinitamente feliz em Vós e por Vós por toda a eternidade, vos dignais acolher com benevolência o louvor que se eleva de toda a Criação até o Vosso trono!

Fechai, pois, os Vossos olhos, vos rogamos; e fechai, pois, Vossos ouvidos divinos àqueles infelizes que, cegos de paixão ou movidos por um impulso diabólico, blasfemam perversamente contra o o Vosso santo nome e os da Puríssima Virgem Maria e dos Santos.

Obstai, ó Senhor, o braço da Vossa justiça, que poderia reduzir a nada aqueles que ousam ser culpados de tal impiedade. Acolhei o hino de glória que incessantemente se eleva de toda a natureza: da água da fonte que corre limpa e silenciosa às estrelas que brilham e percorrem órbitas imensas no mais alto dos céus, movidas pelo Vosso Amor.

Aceitai em reparação o coro de louvores que, como incenso diante do altar, brota de tantas almas santas que andam, sem nunca se desviarem, pelos caminhos da Vossa Lei e que, com assíduas obras de caridade e penitência, procuram aplacar a Vossa justiça ofendida. Ouvi o canto de tantos espíritos escolhidos que consagram a vida para celebrar a Vossa glória, e o louvor perene que a Igreja Vos oferece em todos os tempos e em todos os lugares.

E tornai a Vós, convertidos um dia, aqueles corações blasfemos, para que todas as línguas e todos os lábios possam cantar em harmonia nesta terra aquele canto que ressoa sem cessar nos coros dos anjos: Santo, Santo, Santo é o Senhor, Deus dos Exércitos. Céu e terra estão cheios da Vossa glória. Amém.

(dada, de viva voz, pelo papa Pio XII pela Rádio Vaticano, em 11 de setembro de 1954 e contemplada com 1000 dias de indulgência)

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

PARA SER UM HOMEM ETERNO... (VI)

   ... SEJA UM HOMEM VIVENDO PARA A ETERNIDADE

Ontem, hoje e amanhã. Oferendas de um tempo que passa com medição prevista e contada. A litania das horas tem começo, meio e fim: o ontem, o hoje e o amanhã que não vai mais existir. O tempo que passou pode ter, como perspectiva, apenas a reflexão dos caminhos andados e as coisas feitas e não feitas. Somos senhores do hoje, deste minuto que se esvai como a água que escorre entre os dedos. Somos homens de amanhãs eternos.

Somos chamados a pensar e a viver com os olhos e a alma voltados para a eternidade. O amanhã tornado hoje sem ontem ou anteontem. Sobreviventes do tempo, como criaturas imortais junto de Deus ou como exilados para sempre num mundo de trevas e de dor infinita. Santo Agostinho clamava: 'Ó eternidade! Ó eternidade, quem pensa em ti e não se converte a Deus, perdeu a fé ou a razão!' Perdeu a fé, perdeu a razão, perdeu o tempo, perdeu a vida, perdeu a alma, perdeu tudo!  

No momento em que a morte fechar para nós a cortina do tempo, não há mais mudança, nem livre arbítrio, nem amanhã. E tudo o que seremos na eternidade, está moldado no homem eterno que nascer naquele dia tremendo, naquela manhã cinzenta ou naquela madrugada fria. Não há mais o domínio tangível do espaço e do tempo, não cabe mais os assomos da graça ou a perplexidade dos sentidos, basta-nos o nada absoluto como herança das moradas eternas. Céu, Inferno, Purgatório. Essa é a realidade que conta, essa é a nossa história humana que fica, que perpassa, que vence o mundo e o tempo. Essa é a nossa eternidade.

A criatura de Deus nascida com os poderes divinos da razão e da vontade ousou assumir para si a razão e a vontade como próprio Criador. E, nesse desvario, sucumbe aos desvãos das crenças mais infames e diabólicas sobre a sua própria natureza: já não são homens e mulheres, mas seres sexuais e assexuados de toda sorte; não mais famílias e comunidades, mas egos infernizados dos delírios da fama, poder, riqueza e prazer a todo custo; não mais a vida caseira e costumeira, mas o arrebatamento de uma cultura universal adestrada aos valores impostos pelo sistema dominante, às custas do empoderamento tosco de minorias; não mais o zelo da caridade e do recolhimento, mas a rebeldia a tudo e a perda de todas as referências morais vigentes. O ser humano rebelado contra o Criador e as criaturas e, ainda mais, contra si mesmo.

Para ser um homem eterno... seja um homem vivendo para a eternidade. Que molde a sua vida pequena com a dimensão da eternidade. Que tenha o Céu como único zelo, o Céu por razão, o Céu como destino e como herança. Não, este mundo não é uma casa, é uma hospedaria; o mundo não é uma fonte de alegrias e nem uma taça de prazer; o mundo não é a praça de nossos sonhos, mas atalhos de muitos desencontros. Descartamos meditar sobre a eternidade sem tempo, enquanto nos agarramos ao mundo que nos descarta no tempo. O preço do mundo é um tempo que nos é dado e que nos será tirado, pois tem como frutos a velhice, a perda da saúde e a morte. Para todos e em tudo, com mais ou menos tempo.

Seja, homem de uma vida que almeja ser eterno, um homem que viva para a eternidade. Um cristão no mundo, à espera da grande travessia para o encontro definitivo da criatura com o seu Criador, com Deus em tudo e em todos. Com os olhos na eternidade, você será um homem melhor, você viverá uma vida melhor. As práticas do bem e da caridade serão mais fáceis, o amor ao próximo será um dom natural. Viva a eternidade na terra, agora, no hoje, no único momento em que se pode ser o senhor do tempo. Para que o ontem tenha sido caminho para o Céu. Para que o amanhã seja o dia perpétuo da alma com Deus. 

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XXXVI)

 

TORRE DE DAVI, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)