quarta-feira, 26 de maio de 2021

TESOURO DE EXEMPLOS (73/75)

 

73. RECUPEROU A VISTA

Em Vinovo, aldeia pouco distante de Turim, na Itália, uma moça chamada Maria Stardero teve a desgraça de perder totalmente a vista. Desejando recuperá-la, fez uma visita a São João Bosco, que então construía, com as esmolas do povo de Turim, a magnífica igreja de Maria Auxiliadora. 

A moça, depois de ter rezado diante de uma imagem de Nossa Senhora, falou com São João Bosco, que lhe perguntou:
➖ Faz muito tempo que perdeu a vista?
➖ Sim, muito; faz um ano que não vejo nada.
➖ Tens consultado os médicos?
➖ Ah! padre, já não sabem o que receitar-me.
➖ Distingues os objetos grandes ou pequenos?
➖ Não; como disse, não vejo nem pouco nem muito.
➖ Mas não vês a luz desta janela?
➖ Não, senhor; nada.
➖ Queres recuperar a vista?
➖ Sr. padre, sou pobre e preciso dela para ganhar a vida.
➖ Servir-te-ás da vista para proveito de tua alma e não para ofender a Deus?
➖ Prometo-o sinceramente.
➖ Confia, pois, em Nossa Senhora e São José. 

E, em tom solene, Dom Bosco acrescentou: 
➖ Para a glória de Deus, da Santíssima Virgem e de São José, dize: que é que tenho na mão?
A moça abre os olhos, que antes não viam nada, e diz:
➖ Uma medalha de Nossa Senhora.
➖ E isto, o que é?
➖ Um ancião com uma vara florida; é São José.
Estava operado o milagre. Pode-se imaginar a alegria da moça e dos seus pobres pais!...

74. UM LOBO QUE SE TORNA UM CORDEIRO

Estava no hospital uma infeliz mulher que, há vinte e dois anos, abandonara sua família para se entregar aos vícios mais vergonhosos. Fora, enfim, internada naquela casa pela polícia. A vida que levara, de tal modo a embrutecera que parecia louca; e o médico, não descobrindo nenhuma doença, queria despedi-la do hospital para que não perturbasse os verdadeiros enfermos.

Pediram-lhe as religiosas que a deixasse alguns dias ainda, enquanto recorriam a São José. Bem inspiradas, vestiram-na com o hábito e com o cordão de São José e puseram-se a pedir com fervor que o santo tivesse compaixão daquela pobre alma.

O auxílio de São José não se fez esperar. Poucos dias depois a mulher recobrou a paz, confessou-se com muita dor e arrependimento. Era um verdadeiro lobo e tornou-se tão manso cordeiro que pediu ao seu protetor lhe alcançasse antes a morte que voltar à vida de pecado. Atendeu o santo a tão pios desejos, vindo a convertida a falecer com os mais sinceros sentimentos de dor. Antes da morte, pediu humildemente perdão a todos os que escandalizara com os seus vícios.

75. PADROEIRO DOS IMPOSSÍVEIS

Jazia em seu leito de agonia um infeliz apodrecido de vícios, sem o menor remorso, zombando de Deus e desprezando todos os auxílios da religião para a hora suprema. Vendo-o zombar, com riso satânico, de seus esforços para salvar-lhe a alma, resolveram seus parentes recorrer a São José. Este grande santo havia de fazer com que o misericordioso Coração de Jesus se compadecesse daquele infeliz.

Era o mês de março. O sacerdote, os parentes e amigos dirigiram ao padroeiro da boa morte fervorosas súplicas. Maravilhoso poder o da oração! Na manhã de 19 de março, festa de São José, o próprio doente pediu a confissão e fez questão que chamassem o padre de quem mais zombara até então. Confessou-se com o mais sincero arrependimento e, pouco tempo depois, faleceu...

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

ver PÁGINA: TESOURO DE EXEMPLOS

terça-feira, 25 de maio de 2021

11 PROVÁVEIS RELÍQUIAS DE JESUS CRISTO

1. Fragmentos da Santa Cruz (Tesouro Imperial - Viena/Áustria)

2. Prego da crucificação de Jesus (Catedral de Bamberg, Alemanha)

3. Cálice utilizado por Cristo na Última Ceia (Catedral de Valência, Espanha)

4. Túnica usada por Jesus no caminho do Calvário (Catedral de Trier, Alemanha)

5. Lança que perfurou o lado de Jesus na Cruz (Tesouro Imperial - Viena, Áustria)

6. Ouro, incenso e mirra oferecidos pelos Reis Magos (Mosteiro de São Paulo, Monte Athos, Grécia)

7. Coroa de Espinhos da crucificação (Catedral de Notre Dame, Paris, França)

8. Coluna da Flagelação de Jesus (Basílica de Santa Praxedes, Roma, Itália)

9. Frasco contendo o Sangue de Cristo (Basílica do Sangue Sagrado, Bruges, Bélgica)

10. Tábula fixada na Cruz (Basílica da Santa Cruz de Jerusalém, Roma, Itália)

11. Sudário de Turim (Catedral de São João Batista,Turim, Itália)

(originalmente publicado em ChurchPOP)

segunda-feira, 24 de maio de 2021

A VIDA OCULTA EM DEUS: CONTEMPLAÇÃO FELIZ OU CONTEMPLAÇÃO DOLOROSA

Pode haver uma contemplação feliz ou uma contemplação dolorosa e, às vezes, essa segunda pode ocultar parcialmente os fenômenos místicos. Mas parece que, mesmo na contemplação dolorosa, há consciência da união, pelo menos no íntimo maior da alma, porque sem isso os santos não poderiam suportar o peso do sofrimento que Deus lhes impõe.

Parece não haver santo canonizado em que não se tenha reconhecido esta ação mística de Deus. Pode-se desejar a ação direta dos dons do Espírito Santo, no sentido de que obrigam a alma ao exercício máximo da caridade. Muitos autores alertam acertadamente contra a sensibilidade às consolações espirituais, mas consolações superiores não devem ser incluídas nesta desconfiança geral, desde que não se apegue demasiado nelas.

É possível viver habitualmente na presença de Deus sem que os dons do Espírito Santo se movam conscientemente como tal e sem que seja necessário que tenhamos luzes especiais e estejamos conscientes delas. Mas o inverso também pode ser verdadeiro. Eu diria então que é possível ser contemplativo sem ser muito virtuoso e que é possível ser virtuoso mesmo sem ser contemplativo. Depende de tantas coisas... Das faculdades alcançadas pela ação de Deus, das reações do temperamento, do caráter, da vontade...

(Excertos da obra 'A Vida Oculta em Deus', de Robert de Langeac; Parte II -  A Ação de Deus; tradução do autor do blog)

domingo, 23 de maio de 2021

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Enviai o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovai!' (Sl 103)

 23/05/2021 - Solenidade de Pentecostes

26. 'RECEBEI O ESPÍRITO SANTO'

 

Emitte Spiritum tuum et creabuntur. Et renovabis faciem terrae

'Enviai, Senhor, o vosso espírito criador e será renovada toda a face da terra'

Originalmente, Pentecostes representava uma das festas judaicas mais tradicionais de 'peregrinação' (nas quais os israelitas deviam peregrinar até Jerusalém para adorar a Deus no Templo), sempre celebrada 50 dias após à Páscoa e na qual eram oferecidas a Deus as primícias das colheitas do campo. No Novo Pentecostes, a efusão do Espírito Santo torna-se agora o coroamento do mistério pascal de Jesus Cristo, na celebração da Nova Aliança entre Deus e a humanidade redimida.

Eis que os apóstolos encontravam-se reunidos, com Maria e em oração constante, quando 'todos ficaram cheios do Espírito Santo' (At 2, 4), manifestado sob a forma de línguas de fogo, vento impetuoso e ruídos estrondosos, sinais exteriores do poder e da grandeza da efusão do Novo Pentecostes. Luz e calor associados ao fogo restaurador da autêntica fé cristã; ventania que evoca o sopro da Verdade de Deus sobre os homens; reverberação que emana a força da missão confiada aos apóstolos reunidos no cenáculo e proclamada aos apóstolos de todos os tempos.

O Paráclito é derramado numa torrente de graças, distribuindo dons e talentos, porque 'Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos' (1 Cor 12, 4-6). Na simbologia dos vários membros de um mesmo corpo, somos mensageiros e testemunhas de Cristo no meio dos homens, na identidade comum de Filhos de Deus partícipes e continuadores da missão salvífica de Cristo: 'Como o Pai me enviou, também Eu vos envio' (Jo 20, 21).

No Espírito Consolador, não somos mais meros expectadores de uma efusão de graças e dons tão diversos, mas apóstolos e testemunhas, iluminados e portadores da Verdade, pela qual será renovada a face da terra e pelo qual será apagada a mancha do pecado no mundo: 'Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos' (Jo 20, 22-23).

sábado, 22 de maio de 2021

22 DE MAIO - SANTA RITA DE CÁSSIA

 


A santa, que padeceu uma vida doméstica de sofrimentos e provações, tornou-se a advogada dos desesperados e a padroeira das causas impossíveis. Filha única de pais já envelhecidos - Antonio Mancini e Amata Ferri - Margherita (que ficou Rita) nasceu no vilarejo de Roccaporena, na região de Cascia, na Úmbria (centro da Itália) em 1381. Inclinada à vida religiosa, cedeu às tratativas paternas e aos rigores da época, desposando, logo após a adolescência um homem chamado Paulo Ferdinando, com o qual teve dois filhos.

Sua vida matrimonial, entretanto, foi um período de enormes provações e humilhações em relação ao marido, sempre violento e agressivo. Depois de muitas orações pelo marido, este se converteu e passaram a formar uma igreja doméstica até que uma tragédia a desfez por completo: Paulo foi assassinado numa ato de vingança devido às suas desavenças passadas. Outra tragédia se anunciava: os dois filhos estavam decididos a vingar a morte do pai. Rita preferiu perdê-los do que eles ao Céu e ofereceu as suas vidas a Deus antes de cometerem tal crime. Com efeito, cerca de um ano após a morte do pai, ambos faleceram, arrependidos do sentimento de vingança.

Rita ficou, então, sozinha no mundo e buscou, sem sucesso, a vida religiosa, por já ter vivido uma união matrimonial por 18 anos. A opção por converter-se em uma monja agostiniana foi-lhe repetidamente negada. Entregando a sua vocação nas mãos de Deus e sobrecarregando-se em orações, alcançou a causa impossível por um milagre extraordinário. Certa feita, foi conduzida por três pessoas à capela interna do mosteiro, totalmente fechado e a altas horas da noite: São João Batista (também concebido na velhice dos pais), Santo Agostinho (fundador da ordem agostiniana) e São Nicolau de Tolentino (religioso agostiniano). Diante do relato e dos fatos sobrenaturais, Rita foi aceita na ordem, dedicando o resto da sua vida aos votos de pobreza, obediência e castidade. 

A sua extrema capacidade de servir, obedecer e aceitar mesmo o que aparentemente poderia ser improvável pode ser compreendido no milagre que transformou um ramo seco, regado periodicamente e com grande diligência pela santa, numa videira que produziu muitos e muitos frutos. Ou, quase no final de sua vida, com a roseira que, sob os seus cuidados, floriu viçosa em pleno inverno rigoroso. Por 15 anos, estigmatizada, padeceu os sofrimentos e as dores de uma ferida repugnante na testa, que expelia pus e que exalava mau odor, o que a a levou a uma vida de isolamento e de absoluto confinamento numa cela do convento.

Aos 76 anos, Santa Rita de Cascia (adaptado como Cássia) faleceu no convento, em 22 de maio de 1457, sem deixar quaisquer registros escritos, mas os exemplos heroicos de uma vida de santidade. Morta, a ferida tornou-se limpa e passou a exalar um odor perfumado. Foi beatificada em 1627, ocasião em que o seu corpo mostrou-se no mesmo estado quando da sua morte, mais de cento e cinquenta anos antes. Seu corpo atualmente repousa no Santuário de Cascia, desde 18 de maio de 1947, numa urna de prata e cristal.  Exames médicos recentes efetuados no corpo confirmaram os traços de uma ferida óssea (osteomielite) na testa. A santa das causas impossíveis foi canonizada em 24 de maio de 1900, sob o pontificado do Papa Leão XIII.

(urna de cristal com o corpo de Santa Rita de Cássia)

Santa Rita de Cássia, rogai por nós!

sexta-feira, 21 de maio de 2021

PARA VIVER A DIVINA MISERICÓRDIA UM DIA POR SEMANA²

  

Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus como fonte de misericórdia para nós,
eu confio em Vós!

'Fala ao mundo da Minha Misericórdia, que toda a humanidade conheça a Minha insondável misericórdia. Este é o sinal para os últimos tempos; depois dele virá o dia da justiça. Enquanto é tempo, recorram à fonte da Minha Misericórdia'

Intenção do Dia - Segunda Semana

conformar a minha vontade à Santa Vontade de Deus em tudo, com todos, o tempo todo

dai-me, Senhor, provar da água pura / que jorra do vosso lado ferido / minha alma tem sede de Vós / ó Deus de misericórdia infinita

quinta-feira, 20 de maio de 2021

A SANTIDADE SEGUNDO CARLO ACUTIS

Carlo Acutis (1991 - 2006)

Há algo extraordinário na santidade de pessoas absolutamente comuns. Carlo Acutis, Chiara Badano e Anne-Gabrielle Caron são referências e modelos de santidade extraordinária para uma juventude que não se espelha nos falsos valores de um mundo atual cada vez menos cristão.

Carlo Acutis viveu apenas 15 anos nessa terra e nunca realizou feitos portentosos. Mas a sua vida simples, cotidiana e comum foi absolutamente extraordinária, não apenas como fruto de uma doação singular às graças divinas, mas pelo empenho de viver a santidade à perfeição. Tal propósito incluía amar como Jesus amava, praticar a caridade como regra cotidiana de vida, colocar-se à disposição do próximo com enorme generosidade e sem se preocupar com retribuição alguma. Praticava a oração e a eucaristia quase diária e transformava uma fé viva e autêntica em obras constantes de caridade: 'a tristeza é o olhar voltado para si; a felicidade é o olhar voltado para Deus'. 


Carlo nasceu em Londres, filho de pais italianos em viagem de trabalho - Andrea Acutis e Antonia Salzano – em 3 de maio de 1991, sendo batizado em seguida. Pouco depois - em setembro de 1991 - a família retornou à Itália e Carlo passou a viver em Milão, onde fez seus estudos e onde, em contato como um estudante de engenharia de computação, desenvolveu enorme habilidade nessa área, particularmente na elaboração de sites e desenvolvimento de programas utilizando linguagens computacionais como C++ e HTML. Neste contexto, desenvolveu um projeto de apresentação, por meio de um site especialmente desenvolvido por ele, de uma resenha, com uma rica exposição de imagens, dos principais milagres eucarísticos conhecidos no mundo. 

A síntese de sua via espiritual era a amizade com Deus: a alegria de viver na presença de Deus, o cuidado em não ofender a Divina Vontade, o empenho extremado em estar disponível a todas as graças, particularmente na posse da eucaristia diária e, caso não possível, na prática da comunhão espiritual frequente. Tudo emanado da prática da caridade constante, da cordialidade extrema ao próximo e do bom dia aos porteiros dos prédios vizinhos, aos cuidados em servir e alimentar, no anonimato e no despojamento, os moradores de rua. Tudo por Jesus e para Jesus, ou como ele próprio dizia: 'a conversão é simplesmente um olhar para o Alto'.

Em outubro de 2006, foi internado por causa de uma suposta gripe, posteriormente diagnosticada como uma leucemia particularmente agressiva. Aceitou serenamente a provação, afirmando: 'Ofereço ao Senhor os sofrimentos que terei que sofrer, pelo papa e pela Igreja, para não ter que passar pelo Purgatório e poder ir diretamente para o Céu'. Faleceu em 12 de outubro de 2006 no hospital de San Gerardo, em Monza, após ter recebido a eucaristia e a unção dos enfermos. O seu funeral já foi um reflexo da sua santidade precoce. O seu corpo foi sepultado no túmulo da família em Ternengo e, em fevereiro de 2007, transferido para o cemitério municipal de Assis, conforme seu próprio desejo, mesmo antes de passar pela doença. Em 10 de outubro de 2020, foi beatificado em Assis pelo Papa Francisco. Cerca de 10 dias antes, havia sido feita a exumação do seu corpo, constatando-se que o mesmo permanecia intacto a quaisquer processos de decomposição desde a época da sua morte.