segunda-feira, 3 de maio de 2021

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

Perguntaram um dia a São Leopoldo Mandic como ele interpretava as palavras do Senhor: 'Se alguém quiser vir após mim... tome a sua cruz e siga-me' (Mt 16,24) e, se para isso, seriam necessárias penitências extraordinárias? A sua resposta foi a seguinte: 'Não precisa fazer penitências extraordinárias. Basta que suportemos com paciência as tribulações comuns de nossa mísera vida; as incompreensões, as ingratidões, as humilhações, os sofrimentos causados pela mudança das estações e pelo ambiente em que vivemos. Isso forma a cruz que o pecado nos pôs sobre as costas e que Deus assim o quis como meio para a nossa redenção'.

(São Leopoldo Mandic)

CALENDÁRIO CATÓLICO - MAIO DE 2021

 
(clicar sobre o calendário para imagem maior)

domingo, 2 de maio de 2021

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Senhor, sois meu louvor em meio à grande assembleia!' (Sl 21)

 02/05/2021 - Quinto Domingo da Páscoa

23. A VIDEIRA ETERNA 


Neste Quinto Domingo da Páscoa, como os ramos da videira eterna, somos chamados a permanecer em Deus, vivendo em plenitude os ensinamentos de Cristo e, como cooperadores e partícipes na obra do Pai, sermos frutos de salvação, no apostolado diário e na vivência diária da nossa vocação para a santidade, como Filhos de Deus: 'Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto, se não permanecerdes em mim' (Jo 15, 4).

Eis a verdadeira medida do nosso amor: a plena confiança em Deus e nos desígnios da Providência Divina. Que nada além desta disposição interior, de colocar tudo nas mãos de Deus, seja o nosso conforto e consolação. Deus governa todas as coisas e sabe, muito além de nós mesmos, como nos levar a uma mais perfeita santificação. Com Cristo, por Cristo e em Cristo, a seiva da graça é levada a todos os ramos para que possam produzir muitos frutos de salvação: 'Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer' (Jo 15, 5).

Como rebentos vigorosos da videira eterna, somos cuidados com infinito amor. Deus é próprio agricultor destas vinhas eternas; nos cerca de zelos extremados, corta as imperfeições de nossas almas insensatas; poda os ramos que se curvam sob o peso das tentações e das provações, para que se reergam mais fortes e mais atraídos para o alto, para os ditames da luz. Como ramos limpos e regados com a seiva da vida eterna, somos chamados à perseverança em Deus, permanecendo e fazendo conservar no coração os tesouros da graça, a exemplo de Maria, nossa Mãe, que 'conservava todas estas coisas, meditando-as no seu coração' (Lc 2, 19).

Perdida a seiva, os ramos secam, atrofiam, morrem... não podendo se sustentar por si mesmos, perdem o vigor, a essência da vida; não podem dar frutos nem sementes, caem por terra e serão consumidos pelo fogo: 'Quem não permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados' (Jo 15, 6). Não há meio termo no plano da salvação: ou somos ramos vivos ligados à videira, ou somos ramos mortos destinados ao fogo eterno. Pelo apostolado, por nossas obras de caridade, tornamo-nos rebentos vivos desta videira eterna, como discípulos de Jesus e para a maior glória de Deus.

sábado, 1 de maio de 2021

01 DE MAIO - SÃO JOSÉ OPERÁRIO


São José, São José carpinteiro,
dai-me o cinzel do entalhador
para que eu molde almas, muitas almas,
com a sagrada face do Senhor...


São José, modelo de virtudes,
imprimi em mim virtuoso labor
para que eu seja luz, luz que alumie,
os santos caminhos do Senhor...


São José, homem de oração,
dai-me a graça da vida interior
para que eu leve ovelhas, muitas ovelhas,
 ao rebanho do Bom Pastor...
  

São José, São José missionário,
guiai-me no apostolado do amor
pelos homens, para que muitos se salvem,
 na infinita misericórdia do Senhor...



 São José, esposo de Maria,
ungi-me a fronte com especial fervor
de levar as almas, todas as almas,
às fontes da graça do Senhor...


São José, São José camponês,
dai-me o arado e fazei-me semeador
que eu possa dar frutos, muitos frutos,
nas vinhas gloriosas do Senhor...


São José, homem justo na fé,
fazei de mim esteio consolador
de todos que sofrem, dos que padecem,
crucificados como o Senhor...



São José, São José operário,
fazei de mim um santo trabalhador
que eu seja obra de muitos nomes
nas moradas eternas do Senhor...

('Poema a São José', de Arcos de Pilares)

Acesse a página COMPÊNDIO DE SÃO JOSÉ

sexta-feira, 30 de abril de 2021

TESOURO DE EXEMPLOS (67/69)

67. SÃO JOSÉ E A PRIMEIRA COMUNHÃO

O célebre Pe. Leonard, grande missionário na Itália, chorava toda vez que tinha de pregar um retiro de primeira comunhão.
➖ Mas, Padre, que é que tem o senhor - perguntavam-lhe.
➖ Ah! não sabeis - respondia - que se preparam para o dia da primeira comunhão vários calvários, onde Jesus Cristo será de novo crucificado? Nada mais comum do que este crime entre os meninos. Não sabeis que muitos ocultam seus pecados na confissão; outros se confessam mal; outros não têm arrependimento; outros, enfim, não compreendem a grandeza do ato que vão fazer? Por pouco que se ame a Deus, é impossível não chorar e não sentir horror de semelhante atentado.

Impressionado com estas palavras, um piedoso diretor de colégio mandava rezar todos os dias do mês de março para que nenhum dos alunos cometesse tão horrendo pecado. Nove dias antes da comunhão deviam fazer uma novena a São José, a fim de que todos se preparassem bem para a primeira comunhão e não se encontrasse nenhum Judas entre os mesmos. 

Certa vez, no último dia da novena, véspera da primeira comunhão, um menino muito sobressaltado veio cedinho à procura do confessor, dizendo-lhe antes de confessar-se:
➖ Padre, a noite passada não pude dormir. Parecia-me ver São José, que, irado, me dizia: 'Infeliz, pedem-me os meninos que não haja entre eles nenhum Judas e tu queres ser um, pois ocultaste teus pecados de impureza...' É por isso que aqui estou para reparar todas as minhas confissões sacrílegas e dizer-lhe tudo o que tenho na consciência.

68. A ESTATUAZINHA DE SÃO JOSÉ

Dois carroceiros carregavam as suas carroças com os escombros de um casarão que fôra demolido. Eram bons e honrados, mas, em matéria de religião, completamente indiferentes e ignorantes. De repente um deles tirou com sua pá do montão do entulho uma estatuazinha de São José.
➖ Toma - disse ao seu companheiro - um deusinho...
➖ Não o quebres: isto te traria má sorte.
➖ Tu crês em contos de avozinhas?
➖ É melhor que me dês, pois, embora não sendo muito de igreja, prefiro levar um santinho para minha casa a atirá-lo na carroça. Isso me sairia mal depois.
➖ Tens razão, replicou o outro, lembrando-se talvez do tempo de sua primeira comunhão: é melhor levá-lo...

Passaram-se anos. O carroceiro era já um velho inválido, estendido num leito de madeira carcomida. No quarto, duas cadeiras desconjuntadas, uma mesinha cambaleante e uns pedaços de cobertores. Acabava os seus dias na miséria. Ao seu lado uma netinha de treze anos...
➖ Vovô, se o senhor quiser, eu vou chamar o padre que nos dá o catecismo; ele é bom.
➖ Não, filha, ainda não estou tão mal...
É sempre assim. Os pobrezinhos nunca julgam estar muito mal. Mas São José cuidou dele.
➖ Mariazinha, traga-me a estátua de São José que está ali... ela quer me falar... eu a ouço...
➖ Pobre vovô! - pensou a menina - a febre o devora...

Mas pondo a imagem de São José nas mãos do avô, pôs-se a chorar. Parecia-lhe chegado o momento de insistir:
➖ Vovozinho, o senhor quer falar com o vigário? Ele é tão bom; o senhor o conhece...
➖ Falar? Falar é uma coisa muito vaga; diga-lhe que quero confessar-me, ouviu?
➖ Obrigada, meu São José. Salvais a quem vos respeitou; obrigada, obrigada, dizia a menina, correndo em busca do padre.

Reconciliado com Deus e, beijando a estatuazinha, dizia às pessoas presentes: 'Não vos esqueçais de Deus, dos deveres religiosos, da missa aos domingos. Eu não fazia nada disso e estou arrependido. São José me salvou'. Alguns dias depois, o velho carroceiro morria santamente abraçado à estatuazinha do seu grande benfeitor São José.

69. A POMBA MENSAGEIRA DE SÃO JOSÉ

Há acontecimentos que parecem novelas: que os nossos leitores as tomem a seu gosto. A família do Sr. B..., sua esposa e uma filha, Josefina, de 20 anos, havia gozado em N. de uma bela fortuna; mas, a enfermidade do pai e alguns maus negócios a haviam obrigado a passar a viver só do trabalho da filha.

A moça era inteligente, enérgica, alegre e, o que é mais, piedosa. Um dia, porém, voltou para casa com uma notícia triste: não quiseram pagar-lhe as costuras, e comunicaram-lhe que, por algumas semanas, não haveria trabalho. Que fazer? Que comer? Mas ela não desanima; confia, não nos homens, mas no paternal auxílio de seu poderoso patrono São José, cuja festa será celebrada no dia seguinte.

Senta-se, escreve num papelzinho a sua situação penosa e, abrindo uma gaiola onde tem uma pombinha mansa, ata-lhe debaixo da asa a sua missiva e, beijando-a, a solta dizendo:
➖ Vai, querida, aonde te guie São José a fim de que encontres pão para nós e para ti.

Passada meia hora, se muito, eis que se apresenta à entrada da casa um moço que pede para falar com Josefina; acompanhava-o um criado com um pesado embrulho. Diante da família admirada conta que, sendo devoto de São José, lhe prometera atender o primeiro pedido de auxílio que se apresentasse. Ora, apenas fizera a sua promessa, entrou pela sua janela uma pombinha em cuja asa viu um papelzinho e a petição a São José.

➖ Estou - disse - montando uma oficina de costura e já que Josefina procura trabalho, aqui lhe trago algum e, por ser a primeira vez, pago-lhe adiantado. No volume achava-se discretamente envolvida uma soma de valor elevado. Os três infelizes não puderam deixar de exclamar cheios de comoção:
➖ Como São José é bom! obrigado, Santo bendito!

Era a abundância após a miséria mais atroz. Mas não parou aí a liberalidade de São José. Como Josefina teve de ir com frequência à oficina, logo chamaram a atenção os seus finos modos, sua habilidade no trabalho e a fina educação que recebera. Entrou em relações com a família de seu chefe, que logo encontrou boa colocação para o pai de Josefina, melhorando assim a situação do lar. 

Não sabemos se Josefina se dirigiu a São José, como fazem muitas moças, para arranjar um bom esposo; o certo é que o encontrou na pessoa de seu chefe e protetor. Na sala de sua nova casa, vê-se em lugar de honra uma estátua de São José e, debaixo dela, uma pombinha de ouro com o letreiro: 'a mensageira de São José'.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

ver PÁGINA: TESOURO DE EXEMPLOS

quinta-feira, 29 de abril de 2021

29 DE ABRIL - SANTA CATARINA DE SENA

 

Santa Catarina de Sena nasceu Caterina di Giacomo di Benincasa na cidade de Sena / Itália, em 25 de março de 1347, de família humilde e numerosa. Desde tenra idade foi cumulada pela Providência Divina de visões místicas e dons sobrenaturais, que incluíram mais tarde a manifestação de estigmas semelhantes aos de Nosso Senhor. Ofereceu-se a Deus desde a infância e, ainda muito jovem, já havia recebido o hábito de penitente da Ordem Terceira de São Domingos.

Reclusa em sua cela, em orações e jejuns constantes, Catarina passou por inúmeras experiências sobrenaturais, que culminaram com a celebração de suas núpcias místicas com o Senhor, na cela de sua reclusão, nas vésperas da Quarta-Feira de Cinzas do ano de 1367. Acostumada a uma vida de rígida abstinência, a comunhão era, muitas vezes, o seu único alimento por vários dias. Mas, segundo o seu confessor e primeiro biógrafo, Raimundo de Cápua, Jesus vai demandá-la a abandonar a vida reclusa e a dedicar-se totalmente a uma missão pública em favor da Igreja.

A Europa à época de Santa Catarina estava marcada pela peste, pela violência e por uma grave crise da Igreja. O papado estava recolhido na cidade francesa de Avignon, sob influência política de diversos reinos e ducados. Catarina tornou-se, então, a servidora humilde de todos, cuidou dos doentes, pregou um apostolado intensivo e lutou incessantemente pelo restabelecimento da paz, mediante visitas pessoais ou envio de cartas a diferentes políticos e governantes, conclamando o próprio papa - Gregório XI - a retomar o seu pontificado a partir de Roma. 

E o retorno do papa a Roma ocorreu em janeiro de 1377. Neste período, tem início os primeiros registros das conversações entre a sua alma e Deus, mais tarde transcritas na obra hoje conhecida como 'Diálogo'. Mas a paz na Igreja não seria longa, sendo marcada por novas revoltas e a morte em seguida de Gregório XI. Em Roma, os cardeais elegem Urbano VI; em Avignon, alguns cardeais franceses dão origem ao Grande Cisma do Ocidente, não aceitando o novo papa de Roma e elegendo o antipapa Clemente VII. 

A angústia e aflição diante destes fatos e da incerteza sobre o futuro da Igreja a acompanhariam até à sua morte prematura, ocorrida em 29 de abril de 1380, aos 33 anos de idade. Sua cabeça foi separada do corpo e é venerada na Basílica de San Domenico em Siena e o corpo encontra-se na Igreja de Santa Maria Sopra Minerva, em Roma. Catarina foi canonizada em 1461 pelo papa Pio II e declarada 'doutora da Igreja' pelo papa Paulo VI em 1970, apenas alguns dias depois da concessão da primeira e igual honraria dada à Santa Teresa de Ávila.

(túmulo de Santa Catarina de Sena)

quarta-feira, 28 de abril de 2021

28 DE ABRIL - SÃO LUÍS DE MONTFORT

 

Missionário do Espírito Santo e da Virgem Santíssima, São Luís Maria Grignion de Montfort foi o portador da graça divina de uma mensagem de transcendência extraordinária: a necessidade de uma devoção ardente à Mãe de Deus e do conhecimento da missão ímpar de Nossa Senhora no Segundo Advento do seu Filho.

Nasceu em 31 de janeiro de 1637 em Montfort (França), sendo ordenado sacerdote em 1700. Em 1706, foi recebido pelo Papa Clemente XI que, confirmando a sua vocação missionária, outorgou-lhe o título de 'Missionário Apostólico'. Nesta missão, combateu duramente a doutrina jansenista na França, que, crendo na predestinação, apresentava um Deus tirânico e sem misericórdia.

Fundou três instituições religiosas: a Companhia de Maria (congregação de sacerdotes missionários), as Filhas da Sabedoria (freiras dedicadas à assistência aos doentes nos hospitais e à instrução de meninas pobres) e os Irmãos de São Gabriel (congregação de leigos voltados para o ensino). Escreveu várias obras, dentre elas o 'Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem', referência básica da mariologia cristã. Morreu em 28 de abril de 1716, aos 43 anos e apenas 16 anos como sacerdote, em Saint-Laurent-sur-Sèvre (França). Foi beatificado em 1888 e canonizado em 1947, pelo Papa Pio XII.