terça-feira, 17 de março de 2020

IN SINU JESU: 'CONFIE EM MINHA MISERICÓRDIA'


Meu Coração é movido pela piedade por aqueles que você recomenda ao Meu amor misericordioso. 
Não há limites para a minha bondade e misericórdia. 
As almas que duvidam da Minha misericórdia ou que Me temem como um juiz severo ofendem o Meu amantíssimo Coração.

O que quero das almas é a confiança delas em Mim e na Minha misericórdia. 
Que aceitem o Meu amor misericordioso, 
que o tomem por aqueles que se recusam a aceitá-lo 
e por aqueles que se afastam de Mim para buscar falsos valores e doutrinas enganosas. 

Quantos padres perderam a confiança em Minha misericórdia
e, por esse motivo, são incapazes de inspirar a confiança na Minha misericórdia nas almas que lhes são confiadas.
Não se pode falar convictamente de Minha misericórdia divina sem primeiro experimentá-la.

Eu espero os meus sacerdotes no sacramento do Meu amor. 
Que todos se aproximem de Mim para experimentar a Minha misericórdia. 
Então farei deles modelos e arautos da Minha misericórdia 
em um mundo que precisa da divina misericórdia mais do que qualquer outra coisa.

(Excertos da obra 'In Sinu Jesu - Quando o Coração fala ao coração: Diário de um Sacerdote em Oração', por um monge beneditino, tradução pelo autor do blog)

segunda-feira, 16 de março de 2020

'É A VOSSA FACE, Ó SENHOR, QUE EU BUSCO'


'É a Vossa face, ó Senhor, que eu busco' (Sl 26,8)

Não seria este um belo propósito de viver a Quaresma deste ano de 2020: buscar, contemplar e adorar a Sagrada Face de Cristo? A Sagrada Face escondida e revelada nas Sagradas Escrituras, a Sagrada Face escondida e revelada na Santíssima Eucaristia, a Sagrada Face escondida e revelada na pessoa do nosso próximo; a Sagrada Face escondida e reveladora da agonia, paixão e morte do Senhor; a Sagrada Face escondida e reveladora da infinita glória de Deus? Que seja este o nosso firme propósito nesta Quaresma: buscar no outro e em todos a Sagrada Face de Cristo para sermos transformados verdadeiramente em Cristo: na face, no coração, e na nossa alma...

A SAGRADA FACE DE CRISTO (I)

(http://www.fabiodalmolin.com/portfolio)

'É a Vossa face, ó Senhor, que eu busco' (Sl 26,8)

domingo, 15 de março de 2020

PÁGINAS COMENTADAS DOS EVANGELHOS DOS DOMINGOS


'Quando éramos ainda fracos, Cristo morreu pelos ímpios, no tempo marcado. Dificilmente alguém morrerá por um justo; por uma pessoa muito boa talvez alguém se anime a morrer. Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores' (Rm 5, 6-8)

sábado, 14 de março de 2020

A ORAÇÃO DEVE SER SIMPLES E SEM COMPLICAÇÕES

Você me pergunta sobre a vida interior. Muito bem. Nada é mais importante do que isso, para um sacerdote ou para um leigo. Tome cuidado para não sobrecarregar a sua oração. Não a torne complicada, como eu já disse a você antes. Não se esqueça da lei suprema: faça o que for melhor para você. Quando alguém está começando alguma coisa, sempre tende a se apegar aos detalhes. Não faça isso, não seja muito meticuloso.

Em relação às invocações... deixe-se guiar pela sua própria percepção. Você não deve se atormentar tentando enumerar para Deus todos os detalhes da sua súplica. Por exemplo, se você deseja pedir boa saúde aos seus companheiros, é inútil dizer a Deus: 'Preserve-os da gripe, do sarampo, da escarlatina, e também da leucemia e da tuberculose, e da tosse convulsa e também da cólera, da peste e da varíola'.  Não! Simplesmente diga a Deus: 'Dê-lhes saúde!' Simplificar. Não complicar.

Faça as coisas sem rodeios e sem devaneios. Atenha-se a rezar todos os dias de uma maneira real e profunda, às vezes um pouco mais e outras vezes um pouco menos, de acordo com suas circunstâncias e possibilidades. É preciso tolerar aquelas circunstâncias contra as quais não se pode fazer nada...

Quanto às eventuais divergências dos conselhos dados pelos seus diferentes confessores, o que você acabar por escolher certamente terá algo a ensinar. Cabe a você reconhecer exatamente o que é mais relevante e tirar disso o melhor que puder. Mas não entre em outras questões e mantenha sua própria personalidade. Você já possui uma formação de vida interior; se o seu novo diretor não entender, não fale sobre isso e continue em frente. Esse conselho, embora pareça revolucionário e contrário à obediência é, na realidade, os primeiros passos desse aprendizado. Mesmo em uma ordem religiosa, o religioso que deseja buscar a Deus age seriamente neste propósito.

Finalmente, considere dar preferência absoluta à oração na presença do Santíssimo Sacramento, em vez de rezar em qualquer outro lugar: 'alguns minutos diante do tabernáculo vale mais, e muito mais, que uma hora de oração no seu quarto ou em qualquer outro lugar'. Porque isto é assim? Porque, ao orar diante do Santíssimo Sacramento, nós nos aproximamos diretamente da Humanidade Sagrada de Nosso Senhor Jesus Cristo, da qual irradia o poder de Sua divindade, tal como lemos no Evangelho (Lc 6,19): Quia virtus de illo exibat et sanabat omnes - 'pois saía dele uma força que curava a todos'.

(Excertos dos ensinamentos praticados no mosteiro de Sept-Fons - França)

sexta-feira, 13 de março de 2020

MEDITAÇÕES PARA A TERCEIRA SEXTA-FEIRA DA QUARESMA

A DEVOÇÃO DAS CINCO CHAGAS


I - NADA MAIS JUSTO DO QUE A DEVOÇÃO DAS CINCO CHAGAS

Não seria encarado como um homem, mas como um monstro sem coração, um filho que fosse capaz de contemplar com indiferença e sem qualquer emoção de compaixão, gratidão e amor, as feridas recebidas pelo seu próprio pai para salvá-lo de grande desgraça e, ao mesmo tempo, assegurar-lhe as maiores bênçãos. 

Tal seria, e pior ainda, o cristão que ficasse indiferente às chagas do Salvador, porque Jesus Cristo recebeu estas chagas sagradas para nos salvar do inferno e abrir-nos o Céu, para nos oferecer nestas chagas outras tantas fontes de salvação, de onde podemos haurir graça, força e consolação. 'Ó alma cristã', exclama São Boaventura, 'como a lembrança destas chagas pode moderar os teus ímpetos de amor?

O nosso Jesus abriu grandes feridas nos pés e nas mãos para te acolher nelas e tu não te apressas a refugiar ali? Ele abriu o seu lado a fim de dar-te o coração, e tu não corres a unir com ele coração com coração? E quanto a mim', continua o santo doutor, 'é aí que me deleita habitar, é aí que eu vou fazer três moradas: a primeira nos pés de Jesus; a segunda, em suas mãos; a terceira, em seu sagrado lado. É daí que eu quero tirar o meu descanso, daí velar, ler e conversar'.

'Ó chagas amabilíssimas! Os olhos do meu coração estarão sempre fixos em vós: durante o dia, desde o nascer do sol até o seu ocaso, e à noite, tantas vezes quantas o sono não dominar as minhas pálpebras. Vou me manter sobretudo na chaga do sagrado lado, para falar daí com o coração do meu Mestre e obter tudo o que desejo'. 'Ó Jesus, diz no mesmo contexto São Bernardo, 'vosso lado foi aberto para dar entrada ao vosso coração; para nos revelar, por meio dessa ferida visível, a chaga invisível do vosso amor. Vou deitar nela os meus lábios e beber o mel do amor e da unção das dádivas divinas'. Seremos os herdeiros dos santos se, depois de tais exemplos, não tivermos uma terna devoção para com estas cinco chagas?

II - GRAÇAS PRÓPRIAS DA DEVOÇÃO DAS CINCO CHAGAS

A alma encontra nestas chagas tudo o que é necessário e útil para a salvação. 'Em nenhum outro lugar' diz Santo Agostinho, 'encontrei remédio tão eficaz para todos os males da alma'. 'Quaisquer que sejam nossos males espirituais', acrescenta São Bernardo, 'uma meditação assídua sobre as chagas do Salvador irá curá-los'. 'Olhem para a minhas chagas e se converterão', diz o próprio Jesus Cristo pelo seu profeta [Zacarias]. 'O coração de Jesus é um oceano e suas chagas são os canais por onde fluem as águas da graça e da misericórdia', diz ainda São Bernardo.

Com efeito, são nestas chagas que se forma uma fé viva; é daí que se agiganta a confiança em Deus; é daí, sobretudo, que a caridade se sacia de sua mais verdadeira fonte. Ao se dar conta do zelo de tanto amor que abriu essas feridas para nós, criaturas vis e miseráveis ​​pecadores, o coração todo se inflama e não pode mais viver a não ser por amor. 

Por isso Santo Agostinho chama estas chagas 'seu refúgio nos problemas, seu abrigo nas tribulações, seu remédio para as enfermidades da alma!'; foi daí que São Tomás de Aquino adquiriu toda a sua ciência; daí, que São Francisco de Assis, a fortaleza da meditação, chegando a ser, por meio dos ardores seráficos de sua caridade, um milagre de semelhança com Jesus Crucificado; daí São Boaventura hauriu em plenitude o espírito de piedade que conforma todos os seus escritos; este digno discípulo de São Francisco degastou os pés do seu crucifixo de tanto beijá-los e não cansou de exortar a todos os seus fieis a desfrutar das delícias inefáveis ​​da unção de graças e de piedade associada à devoção das sagradas chagas.

'Se não podeis', diz a Imitação de Cristo, 'elevar-vos às mais sublimes contemplações, permanecei humildemente nas chagas do Salvador e aí encontrareis força e consolação'. Serão estas realmente as nossas disposições?

(Excertos da obra 'Meditações para todos os dias do ano para uso do clero e dos fieis', de Pe. Andrés Hamon, Tomo II).
(hoje é dia de indulgência plenária pela Igreja)

quinta-feira, 12 de março de 2020

SUMA TEOLÓGICA EM FORMA DE CATECISMO (XLVII)

XXXVI

DO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA

Que entendeis por celebração do Santo Sacrifício da Missa?
Que o ato pelo qual se efetua o Sacramento da Eucaristia constitui um verdadeiro sacrifício ou imolação ritual, o único da religião católica, cujo culto, com exclusão dos demais, é agradável a Deus (LXXXIII, 1)*.

Por que o ato de que falamos constitui um verdadeiro sacrifício?
Porque consiste na imolação do mesmo Jesus Cristo, única vítima aceita aos olhos de Deus.

Por que é a imolação de Jesus Cristo?
Porque é o sacramento ou sinal da paixão com que o Redentor foi sacrificado no Calvário(LXXXII, 1).

Que entendeis quando afirmais que é sacramento ou sinal da paixão de Jesus Cristo?
Que assim como se separaram realmente o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo quando morreu na Cruz para redimir-nos do pecado, assim também, mediante o ato de consagrar primeiro o pão e depois o vinho, se separam sacramentalmente o Corpo e o Sangue de Cristo.

O que se conclui disso?
Que o sacrifício da missa é o mesmo sacrifício da Cruz.

Pode chamar-se reprodução daquele?
Propriamente, não, Senhor; porque o Sacrifício da Cruz teve lugar uma só vez e não se reproduz, e a missa não é reprodução, mas o mesmo sacrifício.

Pode chamar-se a missa representação do sacrifício da Cruz? 
Se com isso se intenta dizer que é só a sua imagem, não, Senhor, porque é o mesmo sacrifício; se bem que pode chamar-se representação, no sentido de que ele se nos apresenta diante dos olhos, para que de novo o presenciemos.

Como pode, pois, ser o mesmo sacrifício da Cruz, se ele já passou e se, além disso, Jesus Cristo então derramou o seu sangue e morreu e agora nem pode derramá-lo e nem morrer?
Porque da mesma maneira que o próprio Jesus Cristo que está nos céus, sem alteração nem mutação por sua parte, se faz presente na Eucaristia, ainda que com a aparência e forma exteriores das espécies sacramentais, assim também a paixão ou imolação que há tempo teve lugar no Calvário é a mesma que presenciamos no sacrifício, não com exterioridade de martírio cruento como aquela, mas em forma de sacramento; isto é, no altar se nos apresenta, no estado de separação indispensável para que haja sacrifício, o mesmo corpo e o mesmo sangue imolados e, portanto, separados na Cruz.

Logo, onde quer que se celebre o Santo Sacrifício da Missa, verifica-se realmente, ainda que em forma sacramental, o Sacrifício do Calvário?
Sim, senhor.

Logo, assistir à missa equivale a presenciar à paixão de Cristo?
Sim, senhor; equivale a presenciar ao grande sacrifício com que fomos redimidos, donde manam todas as graças e favores divinos, no qual Deus se compraz. Como ato de religião por excelência, é o único que dignamente o honra e o glorifica.

Logo, é este o motivo pelo qual a Igreja recomenda aos fiéis assistirem ao Santo Sacrifício da missa, com a maior frequência possível?
Sim, senhor; por isso não só o recomenda, senão que manda ouvi-la todos os domingos e dias festivos.

Que motivos escusam do cumprimento deste preceito?
A impossibilidade ou um inconveniente grave.

Que condições são necessárias para cumpri-lo devidamente?
Achar-se no lugar em que se celebra, não ter ocupado o corpo nem o pensamento em coisas incompatíveis com a participação em tão augusto sacrifício e não faltar durante os atos principais.

Que entendeis por atos ou partes principais, aos quais não se pode faltar, sob pena de não cumprir com o preceito?
Todos aqueles compreendidos entre o ofertório e a comunhão inclusive.

Qual é o modo mais proveitoso de ouvir a Santa Missa?
O de unir-se ao celebrante e seguir ponto por ponto as preces, ritos e cerimônias.

Logo, é conveniente ter livros litúrgicos para que os fieis a ouçam com maior aproveitamento?
Sim, senhor; e serão tanto mais úteis quanto melhor reproduzam o missal.

XXXVII

DA NATUREZA DO SACRAMENTO DA PENITÊNCIA E DA VIRTUDE DO MESMO NOME

Que entendeis por sacramento da penitência?
Um dos sete ritos sagrados instituídos por Jesus Cristo para restituir aos homens a graça do batismo, se depois dele têm a desgraça de perdê-la pelo pecado (LXXXIV, 1).

Em que consiste?
Em atos e palavras que significam, por parte do penitente, que ele detesta o pecado e, pela do sacerdote, que Deus lhe perdoa por intermédio do seu ministério (LXXIV, 2, 3).

Proporciona este sacramento grandes benefícios ao homem e deve ser, portanto, motivo de especial agradecimento a Cristo Nosso Redentor?
Indubitavelmente que sim porque, dada a fragilidade que afeta a natureza humana, sempre nos achamos em perigo de perder a vida sobrenatural recebida no batismo e, uma vez vítima da culpa, não teria o homem meio sacramental para repará-la e nem sair daquele estado, se Jesus Cristo não tivesse instituído o sacramento da penitência. Por isso se chama segunda tábua da salvação depois do naufrágio (LXXXIV, 6).

Se o homem recai, depois de recebê-lo, pode de novo recorrer a ele?
Sim, senhor; porque Jesus Cristo, compadecido do miserável estado do pecador, não limitou um número determinado as vezes que ele pode recorrer em demanda de perdão, contanto que sincera e lealmente se arrependa (LXXXIV,10).

Existe alguma virtude cujo ato seja indispensável na recepção do sacramento da penitência?
Sim, senhor; a virtude da penitência (LXXXV).

Em que consiste?
Na qualidade sobrenatural que inclina o homem a reparar a ofensa feita a Deus fazendo, livre e espontaneamente, tudo quanto está em suas mãos para satisfazer à justiça divina e, deste modo, obter o perdão (LXXXV, 1, 5).

Necessita a virtude da penitência o concurso de outras virtudes para produzir o seu ato próprio?
Tem esta virtude a propriedade característica de necessitar com o concurso de todas as demais. Pressupõe e requer fé na paixão de Cristo, causa meritória do perdão; implica a esperança na remissão e o ódio ao pecado enquanto se opõe ao amor de Deus que, por sua vez, pressupõe a caridade. Como virtude moral, tem apoio e direção na prudência que, como temos dito, mantém em justos limites os atos de todas as virtudes morais; como espécie da virtude da justiça, já que o seu objeto é obter o perdão de Deus, compensando a ofensa com uma satisfação voluntária; precisa utilizar-se da temperança para abster-se dos prazeres e da fortaleza para impor-se ou, pelo menos, suportar dura satisfação e penitência (LXXXV, 3 ad4).

Que objetivo tem a satisfação na penitência?
Aplacar a ira de Deus, justamente irritado, reconciliar-nos com o mais amoroso Pai, gravemente ofendido e volver à graça do mais amante Esposo, vilmente enganado (LXXXV, 3).

Deve o homem que tem a desgraça de ofender a Deus exercitar-se em frequentes atos da virtude da penitência?
O ato de arrependimento e dor interior de haver ofendido a Deus deverá ser, em certo modo, contínuo; quanto às mortificações e outras obras exteriores satisfatórias, se bem que têm um limite, além do qual não se deve passar, como sempre temos motivos para supor que a nossa satisfação seja incompleta, no nosso interesse está não nos darmos por satisfeitos, para satisfeitos nos acharmos no momento de comparecer ao tribunal de Deus; com mais a vantagem de praticar todas as virtudes cristãs, sempre que nos exercitarmos em atos de penitência (LXXXIV, 8, 9).

XXXVIII

EFEITOS DO SACRAMENTO DA PENITÊNCIA

É efeito próprio deste sacramento perdoar os pecados?
Sim, senhor; naqueles que o recebem com as devidas disposições.

Que pecados se perdoam no sacramento da penitência?
Todos os sujeitos ao poder das chaves [potestas clavium: a Igreja recebeu as chaves do Reino dos Céus para que se opere nela a remissão dos pecados pelo sangue de Cristo e pela ação do Espírito Santo], que são tantos quanto o homem pode cometer depois do batismo.

É possível alcançar o perdão dos pecados sem o sacramento da penitência?
Para obter a remissão dos pecados mortais é indispensável que o pecador tenha vontade ou desejo de submetê-los ao poder das chaves, pela forma e modo que lhe seja possível; para obter perdão dos veniais, suposto o estado de graça, é suficiente um ato fervoroso de caridade, sem recorrer ao sacramento (LXXXVII, 2 ad 2).

Se, obtido o perdão no sacramento da penitência, o homem recai nos mesmos ou outros pecados mortais, revestem-se estes de maior gravidade?
Sim, senhor; não porque de novo se lhe imputem os perdoados, mas porque a recaída agrava os novos com os vícios de ingratidão e desprezo da misericórdia e bondade de Deus (LXXXVIII, 1, 2).

Logo, a ingratidão e desprezo da misericórdia e bondade divinas que a recaída leva consigo, constituem pecado distinto dos demais que se tenham cometido?
Se o pecador propôs e intentou diretamente tal desprezo, sim senhor; caso contrário, são circunstâncias agravantes dos novamente cometidos (LXXXVIII,4).

Imputa Deus ao homem e torna a debitar-lhe os pecados perdoados no tribunal da penitência?
Não, senhor, porque Deus jamais se arrepende dos favores concedidos (LXXXIII,1).

Recobram valor e vida no sacramento da penitência os bens espirituais de que o homem fica privado ao cometer o pecado mortal?
Certamente que sim; recobra, em primeiro lugar, o bem essencial que é a graça e o direito à glória, no mesmo grau em que, antes de pecar, o possuía, se as disposições com que recebe o sacramento equivalem ao antigo fervor e caridade; em maior grau, se são maiores e, em menor, se são menores. O mérito contraído no exercício das virtudes revive íntegro para ser premiado com recompensa acidental (LXXXIX, 1-4; 5 ad 6).

Logo, é importantíssimo receber este sacramento com as melhores disposições?
Sim, senhor; pois, como tenho dito, o fruto guarda com elas uma direta proporção.

referências aos artigos da obra original

('A Suma Teológica de São Tomás de Aquino em Forma de Catecismo', de R.P. Tomás Pègues, tradução de um sacerdote secular)