domingo, 2 de junho de 2019

A ASCENSÃO DO SENHOR

Páginas do Evangelho - Festa Litúrgica da Ascensão do Senhor


Antes de subir aos Céus, Jesus manifesta a seus discípulos (de ontem e de sempre) as bases do verdadeiro apostolado cristão, a ser levado a todos os povos e nações: 'e no seu nome (de Jesus) serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém' (Lc 24, 47). Ratificando as mensagens proféticas do Antigo Testamento, Nosso Senhor imprime diretamente no coração humano os sinais da fé sobrenatural e da esperança definitiva na Boa Nova do Evangelho, que nasce, se transcende e se propaga com a Igreja de Cristo na terra.

Antes de subir aos Céus, Jesus nos fez testemunhas da esperança: 'Vós sereis testemunhas de tudo isso' (Lc 24, 48). Pela ação de Pentecostes, pela efusão do Espírito Santo, pela manifestação da 'Força do Alto', os apóstolos tornar-se-iam instrumentos da graça e da conversão de muitos povos e nações. Na mesma certeza, somos continuadores dessa aliança de Deus com os homens, na missão de semear a Boa Nova do Evangelho nos terrenos áridos da humanidade pecadora para depois colher, a cem por um, os frutos da redenção nos campos eternos da glória. 

Como missionários da graça, 'Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança como santos' (Ef 1, 18). E Jesus se eleva diante dos seus discípulos e sobe para os Céus. Jesus vai primeiro porque é o Caminho e para preparar para cada um de nós 'as muitas moradas da casa do Pai', levando consigo a nossa humanidade, tornando-nos participantes do seu mistério pascal e herdeiros de sua glória. 

Na solenidade da Ascensão do Senhor, a Igreja comemora a glorificação final de Jesus Cristo na terra, como o Filho de Deus Vivo e, ao mesmo tempo, imprime na nossa alma o legado cristão que nos tornou, neste dia, testemunhas da esperança eterna em Cristo e herdeiros dos Céus.

sábado, 1 de junho de 2019

ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA A COMUNHÃO (ORAÇÃO DE SANTO AMBRÓSIO)

Senhor Jesus Cristo, eu, pecador, não presumindo dos meus próprios méritos, mas confiando na vossa bondade e misericórdia, temo entretanto e hesito em aproximar-me da mesa do vosso doce convívio. Pois meu corpo e meu coração estão manchados por muitas faltas e não guardei com cuidado o meu espírito e a minha língua. Por isso, ó bondade divina e temível majestade, na minha miséria recorro a Vós, fonte de misericórdia; corro para junto de Vós a fim de ser curado, refugio-me na vossa proteção, anseio ter como Salvador Aquele que não posso suportar como Juiz. Senhor, eu Vos mostro as minhas chagas e Vos revelo a minha vergonha. Sei que os meus pecados são muitos e grandes e, temo por causa deles, mas espero o perdão pela Vossa infinita misericórdia. 

Olhai-me, pois, com os vossos olhos misericordiosos, Senhor Jesus Cristo, Rei eterno, Deus e homem, crucificado por causa do homem. Escutai-me, pois espero em Vós; tende piedade de mim, cheio de misérias e pecados, Vós que jamais deixareis de ser para nós fonte de compaixão. Salve, Vítima Salvadora, oferecida no patíbulo da Cruz por mim e por todos os homens. Salve, nobre e precioso Sangue, que brotas das chagas do meu Senhor Jesus Cristo crucificado e lavas os pecados do mundo inteiro. Lembrai-Vos, Senhor, da vossa criatura resgatada por vosso Sangue. Arrependo-me de ter pecado e desejo reparar o mal que fiz. Livrai-me, ó Pai clementíssimo, de todas as minhas iniquidades e pecados para que, inteiramente purificado, mereça participar dos Santos Mistérios. 

E concedei que o vosso Corpo e o vosso Sangue, que eu, embora indigno, me preparo para receber, sejam perdão para os meus pecados e completa purificação de minhas faltas. Que eles afastem de mim os maus pensamentos e me despertem os bons sentimentos, tornem eficazes as obras que Vos agradam e protejam o meu corpo e a minha alma contra as ciladas dos meus inimigos. Amém.

PRIMEIRO SÁBADO DE JUNHO


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem*, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
* Com base em aparições posteriores, esclareceu-se que a confissão poderia não se realizar no sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte.

sexta-feira, 31 de maio de 2019

SOBRE A MANSIDÃO E A SIMPLICIDADE DA ALMA

Antes do sol, sai a luz da manhã e à humildade precede a mansidão, como nos declarou a mesma luz, que é o Senhor, quando disse: 'Aprendei de mim que sou manso e humildade de coração'. Justo é, pois, e conforme a ordem natural, gozar da luz antes do sol, pois a este ninguém pode ver se primeiro não vê esta luz;

Mansidão é conservar a alma em um mesmo estado sem perturbação alguma, quer nas honras, quer nos desgostos. Mansidão é, nas perturbações e aflições do próximo, fazer oração por ele com suma compaixão. Mansidão é firmeza da paciência, porta da caridade, ministra do perdão, confiança na oração, argumento de discrição. Porque o Senhor, como diz o profeta, ensinará aos mansos seus caminhos.

Mansidão é aposento do Espírito Santo, segundo aquilo que está escrito: 'Sobre quem repousará meu espírito senão sobre o humilde e manso e que trema de minhas palavras?' Mansidão é ajudadora da obediência, guia dos irmãos, freio dos furiosos, vínculo dos irados, ministra de gozo, imitação de Jesus Cristo, condição de anjos, prisão de demônios e escudo contra as amarguras do coração.

O Senhor repousa nos corações dos mansos, mas a alma do furioso é aposento do inimigo. Os mansos herdarão a terra ou, para melhor dizer, serão senhores dela. Mas os homens loucos e furiosos serão destruídos e desprezados dela. A alma mansa é filha da simplicidade, mas a alma irada é casa e aposento de malícias. A alma do manso receberá as palavras da sabedoria, porque o Senhor guiará no juízo os mansos ou, para melhor dizer, na virtude da discrição. A causa disto é que a alma quieta e tranquila está muito disposta e aparelhada para ser dirigida e iluminada pelo Espírito Santo. A alma reta é familiar, companheira e esposa da humildade.

Mas a má é filha moça e louca da soberba. As almas dos mansos serão cheias de sabedoria mas, nas almas dos irados, moram as trevas e a ignorância. O irado e o dissimulado se encontram e não se acha palavra reta entre eles. Se abrires o coração do primeiro, acharás loucura. Se abrires o do segundo, acharás maldade.

A simplicidade é um hábito e disposição da alma, que carece de variedade e não sabe que coisa é perversa intenção, nem é movido com algum mau pensamento. Malícia é astúcia ou, para melhor dizer, maldade e mentira de demônios, porque pecar por malícia é pecar não por fraqueza ou ignorância, mas por eleição e vontade deliberada, como pecam os demônios, que toda a sua astúcia empregam em buscar como fazer maior mal.

Hipocrisia é estado contrário à disposição do corpo e da alma, cheio de suspeitas e más intenções, porque o hipócrita em tudo se contrafaz, querendo parecer outro, suspeitando que os outros sejam como ele. Inocência é disposição e estado da alma, alegre e seguro e livre de toda a suspeita e astúcia porque o verdadeiro inocente, assim como não faz mal a ninguém, assim também não suspeita mal de ninguém.

Fujamos, pois, do despenhadeiro do fingimento e do lago da malícia e astúcia, ouvindo a sentença daquele que disse: 'os que maliciosamente vivem serão destruídos'. Estes, como a verdura das ervas, desfalecerão logo, e serão pasto dos demônios. Assim como Deus é caridade, assim é retidão e igualdade. E por isso, disse o sábio, nos Cânticos, falando com ele: 'os retos são os que te amam'. E o pai deste mesmo sábio disse em um salmo: 'Bom e reto é o Senhor'. E assim diz que salva aos retos de coração. E em outro lugar: 'justo é o Senhor e amante da justiça, e os seus olhos tem postos na retidão e igualdade'.

(Excertos da obra 'A Escada do Céu', por São João Clímaco)

PALAVRAS DE SALVAÇÃO





'Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica. Um me distingue, o outro me designa. É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos' 

(São Paciano de Barcelona, ano 375)

quinta-feira, 30 de maio de 2019

30 DE MAIO - SANTA JOANA D'ARC


Jeanne D'Arc nasceu em 6 de janeiro de 1412, na aldeia de Domrémy-la-Pucelle (na região da Lorena francesa). Descendente de camponeses analfabetos, apresentou-se, ainda adolescente e em trajes masculinos diante do rei da França Carlos VII, como a enviada por Deus para comandar as tropas francesas para a libertação da cidade de Orleans, então dominada pelos ingleses (os monarcas ingleses dominavam desde o século XI vários territórios franceses e a chamada Guerra dos Cem Anos, que durou na verdade 116 anos (1337 - 1453), foi o conflito sangrento travado entre os dois países, movidos pelo desejo francês de recuperar os territórios perdidos para a Inglaterra). Em face de vários eventos sobrenaturais, tal missão foi concedida e Orleans foi libertada em 9 de maio de 1429. Esta vitória recendeu a esperança das tropas francesas que conseguiram, em seguida, a retomada de vários outros territórios e que culminou com a coroação do rei francês em Reims, em 17 de julho de 1429. 

(coroação do rei Carlos VII e Joana D'Arc à frente das tropas francesas)

No dia 23 de maio de 1430, em Compiègne, Joana D' Arc foi aprisionada e vendida aos ingleses, a preço de ouro. Presa em Rouen, foi julgada numa farsa de processo e condenada à morte na fogueira por heresia. Foi queimada viva em 30 de maio de 1431, com apenas 19 anos de idade, após ter recebido os sacramentos da confissão e da comunhão. Suas cinzas (além do coração que, ao contrário do resto do corpo, permaneceu intacto e cheio de sangue) foram lançadas no Rio Sena, por ordem dos ingleses, para evitar quaisquer cultos futuros de suas relíquias. A revisão da condenação e a invalidação do processo que a julgou ocorreram já na época do Papa Calisto III (1455-1458), mas somente quase quinhentos anos depois, em 1920, é que Joana d'Arc foi canonizada pelo Papa Bento XV e hoje é venerada como a santa padroeira da França.

OREMUS! (150)

A sequência completa destes pensamentos e reflexões é publicada diariamente na Página OREMUS na Biblioteca Digital deste blog.


30 DE MAIO

Non turbetur cor vestrum [Não se perturbe o vosso coração (Jo 14,1)]

'Uma terceira qualidade quereríamos no apóstolo que atende à santificação das almas. Há na Igreja um sopro do Espírito Santo, que convoca ao heroísmo, à dedicação completa. No meio dos espinhos de um mundo novamente pagão, brotam, sempre mais numerosas, flores imaculadas, que recreiam com sua frescura, e encantam com seu perfume: espíritos eleitos, de todas as idades e condições.

Quiséramos que, com uma santa coragem, os sacerdotes soubessem propor os alvos de uma santidade mais elevada. Porque tantas almas caem nas redes do mundo? Por acreditarem achar nele aquilo que faz o objeto de seus anseios; infelizmente tarde demais, percebem elas que os frutos dessa convivência são a inquietação, a dúvida, a tristeza, a desconfiança, o ódio. Sede corajosos!

Sabei tomar pela mão as almas e impeli-las, doce mas firmemente, para Jesus, para a amizade com Ele, para a transformação nEle. Fazei-lhes compreender que, só assim, elas acharão a paz, a fé, a alegria, a esperança, o amor; só assim elas acharão a vida. Sede discretos em começar, constantes em continuar, corajosos em levar a termo' (Pio XII).

(Oremus — Pensamentos para a Meditação de Todos os Dias, do Pe. Isac Lorena, 1963, com complementos de trechos traduzidos do latim pelo autor do blog)