terça-feira, 2 de outubro de 2018

CATECISMO MAIOR DE PIO X (XII)

Sepultura de Jesus, sua Ressurreição e sua Ascensão aos céus 

112. Jesus foi crucificado e morreu num dia de sexta-feira e, na mesma tarde, antes do por-do-sol, descido da cruz, foi sepultado em um sepulcro novo, ao qual puseram selos e guardas, por medo de que seus discípulos O roubassem. Na madrugada do dia seguinte ao sábado, sentiu-se um grande terremoto; Jesus havia ressuscitado e saído glorioso e triunfante do sepulcro. Depois de aparecer para Maria Madalena, deixou-se ver pelos Apóstolos para alentá-los e consolá-los, e alguns Santos Padres pensam que primeiro apareceu à sua Santíssima Mãe. 

113. Quarenta dias esteve ainda Jesus sobre a terra depois de sua ressurreição, mostrando-se em várias aparições a seus discípulos e conversando com eles. Assim, fortalecia por meios milagrosos os Apóstolos, confirmando-os na fé, comunicava-lhes coisas elevadíssimas e dava-lhes as últimas instruções, até que, aos quarenta dias, reuniram-se no Monte das Oliveiras, e tendo-os abençoado, diante de seus olhos ascendeu da terra e subiu aos céus. 

Vinda do Espírito Santo - Pregação dos Apóstolos 

114. Os Apóstolos, seguindo as ordens de seu divino Mestre, recolheram-se em seguida no Cenáculo em Jerusalém. Ali, durante dez dias, esperaram em oração a vinda do Espírito Santo que Jesus havia prometido, e que desceu sobre eles em forma de línguas de fogo na manhã do décimo dia, chamado Pentecostes. 

115. Eles, então, transformaram-se em outros homens, começaram de repente a falar em outras línguas, conforme o mesmo Espírito os impelia a falar. Naqueles dias, estavam visitando Jerusalém judeus de todas as nações; uma multidão deles veio para testemunhar o prodígio, e em um sermão que fez São Pedro sobre as profecias cumpridas na pessoa de Jesus Cristo e os milagres operados por Ele, três mil ouvintes foram convertidos. Alguns dias depois, o mesmo Pedro, junto com o Apóstolo São João, depois de uma cura milagrosa de um aleijado de nascimento, falando para a multidão de judeus, trouxe a fé para outros cinco mil. Não só em Jerusalém, mas por toda a Judeia, onde pregavam os Apóstolos, crescia o número de crentes. 

116. Mas, então, os anciãos do povo e os príncipes dos sacerdotes começaram a perseguir os Apóstolos e, repreendendo-os duramente, ordenaram-lhes para que não falassem de Jesus. Eles responderam: Não podemos nos calar sobre o que temos visto e ouvido; julgai por vós mesmos se é lícito obedecer a homens, desobedecendo a Deus. Foram presos, contudo, e maltratados; mataram apedrejado o diácono Santo Estêvão; e os Apóstolos, alegres por se virem dignos de sofrer por Jesus Cristo, mais ainda encorajaram-se a pregar, e o número dos que se convertiam crescia ainda mais. 

O Apóstolo Paulo 

117. Os mais célebres dos convertidos ao Evangelho foi Saulo, chamado depois Paulo, natural de Tarso, que foi primeiro inimigo furioso e perseguidor dos cristãos, e depois, tocado pelo poder divino, tornou-se o vaso de eleição, e o trabalhador mais zeloso dos Apóstolos. Inacreditáveis são os meios, provações e tribulações deste milagre da graça para dar a conhecer o nome e a doutrina de Jesus Cristo aos gentios: pelo que é chamado Doutor dos Gentios. Pregando a fé, não com o aparato da sabedoria humana, mas com a virtude de Deus que era confirmada com milagres, convertia os povos, embora fosse constantemente acusado pelos inimigos da cruz de Cristo. Estas acusações providencialmente o levaram para Roma, onde pôde pregar o Evangelho aos judeus, que ali residiam, e aos gentios. Depois de outras peregrinações, retornou a Roma, e lá coroando sua vida apostólica com o martírio, foi decapitado sob Nero, o mesmo que fez crucificar São Pedro. 

118. Deixou-nos 14 cartas, escritas a maior parte para as várias igrejas que fundara, e que são outro sinal da missão apostólica a ele confiada por Jesus Cristo, pois, como observou Santo Agostinho, estão escritas com tanta elevação, lucidez, profundidade e unção que revelam o espírito de Deus. 

Dispersão dos Apóstolos por todo o mundo 

119. Depois de ter pregado o Evangelho na Judeia, segundo o mandamento de Jesus Cristo, os Apóstolos se separaram e foram pregar por todo o mundo: São Pedro, chefe do Colégio Apostólico, dirigiu-se para Antioquia, onde os que criam em Jesus Cristo começaram a ser chamados Cristãos. De Antioquia foi para Roma, e ali estabeleceu sua sede, sem trasladá-la para outro lugar. Ele foi Bispo de Roma, e na mesma cidade terminou sua vida como indicado acima, com um glorioso martírio, sob o imperador Nero. Os sucessores de São Pedro na Sé de Roma herdaram o supremo poder de Mestre infalível da Igreja que o Senhor lhe conferira, fonte de toda jurisdição, protetor e defensor de todos os cristãos. Por esta razão são chamados pelo nome de Papas, que quer dizer Pais, e sucedem-se ininterruptamente na Cátedra de Pedro até os dias atuais. 

120. Todos os Apóstolos, concordes e unânimes em comunhão com Pedro, pregavam por todas as partes a mesma fé; os povos se convertiam e abandonavam a idolatria, de modo que em breve o mundo estava cheio de cristãos, para cujo governo os Apóstolos foram nomeando Bispos para continuarem seu ministério.

(Do Catecismo Maior de Pio X)

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

01 DE OUTUBRO - SANTA TERESA DE LISIEUX


Chamada de ‘maior santa dos tempos modernos’ e recentemente elevada à glória de doutora da Igreja Católica, Teresa de Lisieux transformou-se num dos personagens mais venerados no mundo católico como ‘Santa Teresinha do Menino Jesus’. Feitos extraordinários para uma simples carmelita, que viveu no mais absoluto ostracismo e morreu com apenas 24 anos de idade. Marie Françoise Thérèse Martin nasceu em Alençon, em 02/01/1873, e faleceu em Lisieux, em 30/09/1897. Foi canonizada em 17 de maio de 1925 pelo Papa Pio XI, que posteriormente a declarou ‘Patrona Universal das Missões Católicas’ em 1927. O Papa João Paulo II tornou-a Doutora da Igreja no dia 19 de outubro de 1997. 

Por desígnios divinos, Santa Teresinha foi a preceptora de um particular caminho de santificação: a chamada ‘pequena via’, a via de confiança absoluta à vontade de Deus. Na plena aceitação dos desígnios divinos sobre as almas de cada um de nós, no abandono de nossas vidas nos braços de Jesus Cristo, na entrega total de nossas ações e pensamentos à proteção da Santíssima Virgem: eis aí a pequena via, o caminho da infância espiritual, a gloriosa trilha de santificação para os homens comuns, o espantoso atalho ao Céu, proposto e vivido intensamente pela santa carmelita. Eis a sua pequena via maravilhosa de santificação: basta aceitar a nossa própria pequenez, a imensa fragilidade humana que nos domina, as enormes limitações de viver em plenitude os desígnios de Deus sobre as nossas almas; fazer de tantas imperfeições e fragilidades, não meros obstáculos, mas as próprias pedras do caminho, rejuntadas e consolidadas firmemente num imenso amor e numa confiança sem limites na bondade e misericórdia de Deus. 

Além de cartas e poesias (e outros documentos registrados por suas irmãs do Carmelo), o legado de Santa Teresinha está por inteiro em sua famosa obra ‘História de uma alma’ (publicado originalmente em 1898), que registra, além de seus manuscritos autobiográficos e de suas proposições espirituais, as premissas e os fundamentos do seu caminho da infância espiritual. 

Nesta pequena via, a santificação começa e termina pelo propósito de fazer, de cada dia, mais um passo na peregrinação ao Céu, transformando cada ação diária, cada ato da nossa vida mundana, por mais simples e despojado que seja, em obra de perfeição cristã, compartilhado e vivido para a plena glória do Pai (‘sede perfeitos como vosso Pai do Céu é perfeito’). Nesta pequena via, a santificação é caminho simples e fácil para todos os homens e mulheres dos nossos tempos, e precisa apenas da resolução tão claramente expressa na curta vida da carmelita de Lisieux: ‘nunca distanciar a minha alma do olhar de Jesus’.

domingo, 30 de setembro de 2018

A SANTIFICAÇÃO EXIGE O ÓDIO AO PECADO

Páginas do Evangelho - Vigésimo Sexto Domingo do Tempo Comum


Naqueles dias, nos caminhos da Galileia, os discípulos de Jesus ainda se tomavam como os únicos arautos da Verdade e discutiam à qual deles esta primazia haveria de se elevar mais alto, pois viviam ainda reféns de uma perspectiva puramente humana do reino prometido por Jesus. Atento às murmurações deles, o Senhor vai condenar o pecado do orgulho ao lhes assegurar que o maior de todos é o que serve a todos (Mc 9, 35) para, em seguida, os exortar que, no caminho da santificação, o amor a Deus implica um ódio extremado ao pecado, a todo tipo de pecado.

Esta firme exortação tem origem na pergunta de João: 'Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue' (Mc 9, 38), cuja ação é imediatamente contestada por Jesus, pois não havia sido movida pela caridade, mas por meros ciúmes da concessão de dons sobrenaturais a quem não era do restrito círculo fechado dos discípulos do Senhor: 'Quem não é contra nós é a nosso favor' (Mc 9, 40). Não deve haver limites ou impedimentos para os mistérios da Graça, quando o bem é feito compartilhado com o autor da Vida: 'quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa' (Mc 9, 41).

E, de forma oposta, Jesus condena aquele que, por malícia, se conspurca na obstinação do pecado, consumindo a graça na lama do escândalo, expondo-se e expondo a muitos no caminho da ruína espiritual de suas almas, no caminho do inferno. Quanto a este, a admoestação de Jesus é severa: 'melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço' (Mc 9, 42). A gravidade do pecado do escândalo - por ações, por exemplos, por palavras - está em que, muito além de provocar a perda da inocência alheia ou propagar blasfêmias, é que, ao conduzir à perda das almas, é um pecado que simula, em sua essência, a ação do próprio demônio.

Jesus exorta, então, se cumprir, em tudo e para todos, a santificação em plenitude, traduzida na observância radical aos seus Mandamentos. Isso implica não ceder ao pecado sob concessão alguma e não afrontar a graça divina por nenhum propósito humano. A verdadeira santificação exige, portanto, vigilância extrema, oração constante e fuga da ocasião de pecado por todos os meios disponíveis, pelos mais extremos possíveis: 'Se tua mão te leva a pecar, corta-a! É melhor entrar na Vida sem uma das mãos, do que, tendo as duas, ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. Se teu pé te leva a pecar, corta-o! É melhor entrar na Vida sem um dos pés, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno. Se teu olho te leva a pecar, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus com um olho só, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno, onde o verme deles não morre, e o fogo não se apaga' (Mc 9, 43.45.47-48).

sábado, 29 de setembro de 2018

A PIOR MENTIRA É A MEIA VERDADE


Um comentário pode ser falacioso; uma notícia pode ser falsa. Mesmo que não seja falsa, pode ser escolhida para dar uma imagem completamente falsa do assunto em questão.

Selecionar é a arte fina da falsidade. A pior mentira é aquela que é meia verdade.

Os jornalistas são os novos sacerdotes. Mas contrariamente aos antigos, não os norteia a contrição nem a fé na verdade. Nem tão pouco o sentido de pertença ao povo que deveriam servir.

(G.K. Chesterton em 'Distortions of the Press', 1909!!!)

(desculpas aí Senza Pagare, mas não resisti à atualidade fantástica desta lição de Chesterton!) 

29 DE SETEMBRO - SÃO MIGUEL ARCANJO

(São Miguel com elmo e armadura medieval - Catedral de Bruxelas)

'Houve uma batalha no Céu: Miguel e os seus Anjos guerrearam contra o Dragão. O Dragão batalhou, juntamente com os seus Anjos, mas foi derrotado e não se encontrou mais um lugar para eles no Céu' (Ap 12, 7-8).

'Naquele tempo, surgirá Miguel, o grande Príncipe, constituído defensor dos filhos do seu povo e será tempo de angústia como jamais houve' (Dn 12, 1).

Assim como Lúcifer é o chefe dos demônios, Miguel é o maior dentre os anjos, Príncipe das milícias celestes, protetor da Santa Igreja e da humanidade contra as forças do inferno. Assim, a designação de arcanjo (oitavo coro dos anjos) tem sentido genérico e nominativo, pois certamente São Miguel, sendo o primeiro dentre os Anjos, é o maior dos serafins. Dentre os vários santuários destinados ao Arcanjo São Miguel, Príncipe das milícias celestes, destaca-se aquele localizado no Monte Saint Michel na França, cuja foto constitui a abertura e o símbolo deste blog.

(Santuário de São Miguel - Monte Saint Michel/França)

São Miguel, rogai por nós!
Intercedei a Deus por nós!

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

10 MEDITAÇÕES PARA CADA DIA

1. Essa palavra acertada, a 'piada' que não saiu da tua boca, o sorriso amável para quem te incomoda, aquele silêncio ante a acusação injusta, a tua conversa afável com os maçadores e com os importunos, não dar importância cada dia a um pormenor ou outro, aborrecido e impertinente, de pessoas que convivem contigo... Isto, com perseverança, é que constitui sólida mortificação interior (173)

2. Não digas: 'essa pessoa aborrece-me', mas pensa: 'essa pessoa santifica-me' (174)

3. Procura mortificações que não mortifiquem os outros (179)

4. Não acredito na tua mortificação interior, se vejo que desprezas, que não praticas a mortificação dos sentidos (181)

5. O mundo só admira o sacrifício com espetáculo, porque ignora o valor do sacrifício escondido e silencioso (185)

6. Tudo o que não te leva a Deus é um estorvo. Arranca-o e atira-o para longe (189)

7. Não sejas frouxo, mole. Já é tempo de repelires essa estranha compaixão que sentes por ti mesmo (193)

8. Acertou quem disse que a alma e o corpo são dois inimigos que não se podem separar, e dois amigos que não se podem ver (195)

9. Estes são os saborosos frutos da alma mortificada: compreensão e transigência para as misérias alheias; intransigência para as próprias (198)

10. Quantos, que se deixariam cravar numa Cruz, perante o olhar atônito de milhares de espectadores, não sabem sofrer cristãmente as alfinetadas de cada dia! (204)

(São Josemaria Escrivá em sua obra 'Caminho', meditações compiladas originalmente no blog Senza Pagare)