Sepultura de Jesus, sua Ressurreição e sua Ascensão aos céus
112. Jesus foi crucificado e morreu num dia de sexta-feira e, na mesma tarde, antes do por-do-sol, descido da cruz, foi sepultado em um sepulcro novo, ao qual puseram selos e guardas, por medo de que seus discípulos O roubassem. Na madrugada do dia seguinte ao sábado, sentiu-se um grande terremoto; Jesus havia ressuscitado e saído glorioso e triunfante do sepulcro. Depois de aparecer para Maria Madalena, deixou-se ver pelos Apóstolos para alentá-los e consolá-los, e alguns Santos Padres pensam que primeiro apareceu à sua Santíssima Mãe.
113. Quarenta dias esteve ainda Jesus sobre a terra depois de sua ressurreição, mostrando-se em várias aparições a seus discípulos e conversando com eles. Assim, fortalecia por meios milagrosos os Apóstolos, confirmando-os na fé, comunicava-lhes coisas elevadíssimas e dava-lhes as últimas instruções, até que, aos quarenta dias, reuniram-se no Monte das Oliveiras, e tendo-os abençoado, diante de seus olhos ascendeu da terra e subiu aos céus.
Vinda do Espírito Santo - Pregação dos Apóstolos
114. Os Apóstolos, seguindo as ordens de seu divino Mestre, recolheram-se em seguida no Cenáculo em Jerusalém. Ali, durante dez dias, esperaram em oração a vinda do Espírito Santo que Jesus havia prometido, e que desceu sobre eles em forma de línguas de fogo na manhã do décimo dia, chamado Pentecostes.
115. Eles, então, transformaram-se em outros homens, começaram de repente a falar em outras línguas, conforme o mesmo Espírito os impelia a falar. Naqueles dias, estavam visitando Jerusalém judeus de todas as nações; uma multidão deles veio para testemunhar o prodígio, e em um sermão que fez São Pedro sobre as profecias cumpridas na pessoa de Jesus Cristo e os milagres operados por Ele, três mil ouvintes foram convertidos. Alguns dias depois, o mesmo Pedro, junto com o Apóstolo São João, depois de uma cura milagrosa de um aleijado de nascimento, falando para a multidão de judeus, trouxe a fé para outros cinco mil. Não só em Jerusalém, mas por toda a Judeia, onde pregavam os Apóstolos, crescia o número de crentes.
116. Mas, então, os anciãos do povo e os príncipes dos sacerdotes começaram a perseguir os Apóstolos e, repreendendo-os duramente, ordenaram-lhes para que não falassem de Jesus. Eles responderam: Não podemos nos calar sobre o que temos visto e ouvido; julgai por vós mesmos se é lícito obedecer a homens, desobedecendo a Deus. Foram presos, contudo, e maltratados; mataram apedrejado o diácono Santo Estêvão; e os Apóstolos, alegres por se virem dignos de sofrer por Jesus Cristo, mais ainda encorajaram-se a pregar, e o número dos que se convertiam crescia ainda mais.
O Apóstolo Paulo
117. Os mais célebres dos convertidos ao Evangelho foi Saulo, chamado depois Paulo, natural de Tarso, que foi primeiro inimigo furioso e perseguidor dos cristãos, e depois, tocado pelo poder divino, tornou-se o vaso de eleição, e o trabalhador mais zeloso dos Apóstolos. Inacreditáveis são os meios, provações e tribulações deste milagre da graça para dar a conhecer o nome e a doutrina de Jesus Cristo aos gentios: pelo que é chamado Doutor dos Gentios. Pregando a fé, não com o aparato da sabedoria humana, mas com a virtude de Deus que era confirmada com milagres, convertia os povos, embora fosse constantemente acusado pelos inimigos da cruz de Cristo. Estas acusações providencialmente o levaram para Roma, onde pôde pregar o Evangelho aos judeus, que ali residiam, e aos gentios. Depois de outras peregrinações, retornou a Roma, e lá coroando sua vida apostólica com o martírio, foi decapitado sob Nero, o mesmo que fez crucificar São Pedro.
118. Deixou-nos 14 cartas, escritas a maior parte para as várias igrejas que fundara, e que são outro sinal da missão apostólica a ele confiada por Jesus Cristo, pois, como observou Santo Agostinho, estão escritas com tanta elevação, lucidez, profundidade e unção que revelam o espírito de Deus.
Dispersão dos Apóstolos por todo o mundo
119. Depois de ter pregado o Evangelho na Judeia, segundo o mandamento de Jesus Cristo, os Apóstolos se separaram e foram pregar por todo o mundo: São Pedro, chefe do Colégio Apostólico, dirigiu-se para Antioquia, onde os que criam em Jesus Cristo começaram a ser chamados Cristãos. De Antioquia foi para Roma, e ali estabeleceu sua sede, sem trasladá-la para outro lugar. Ele foi Bispo de Roma, e na mesma cidade terminou sua vida como indicado acima, com um glorioso martírio, sob o imperador Nero. Os sucessores de São Pedro na Sé de Roma herdaram o supremo poder de Mestre infalível da Igreja que o Senhor lhe conferira, fonte de toda jurisdição, protetor e defensor de todos os cristãos. Por esta razão são chamados pelo nome de Papas, que quer dizer Pais, e sucedem-se ininterruptamente na Cátedra de Pedro até os dias atuais.
120. Todos os Apóstolos, concordes e unânimes em comunhão com Pedro, pregavam por todas as partes a mesma fé; os povos se convertiam e abandonavam a idolatria, de modo que em breve o mundo estava cheio de cristãos, para cujo governo os Apóstolos foram nomeando Bispos para continuarem seu ministério.
(Do Catecismo Maior de Pio X)