'Aquele que me enviou está comigo; Ele não me deixa sozinho, porque faço sempre o que é do seu agrado' (Jo 8, 29)
sexta-feira, 21 de setembro de 2018
CATECISMO MAIOR DE PIO X (XI)
Guerra aberta contra Jesus
101. Estes triunfos de Jesus desde o início despertaram a inveja dos escribas e fariseus, dos príncipes e sacerdotes e dos chefes do povo, inveja que se intensificou em extremo quando Ele começou a desmascarar sua hipocrisia e a reprovar seus vícios. Logo passaram a persegui-lo e a desacreditá-lo até acusá-lo de endemoninhado, procurando maneiras de fazê-lo cair em contradição, para desautorizá-lo diante do povo, e acusá-lo ao governador romano. Esta inveja foi sempre crescendo e se agravou ainda mais quando, depois da ressurreição de Lázaro, o número de judeus que creram nEle aumentou enormemente. Então, deliberaram matá-lo, e o pontífice Caifás terminou com estas palavras: 'É necessário que morra um homem pelo povo para que não pereça toda uma nação', confirmando assim, sem saber, uma profecia, porque, na verdade, através da morte de Jesus, o mundo
seria salvo.
Causa de ódio extremo - Traição de Judas
102. Finalmente, o seu ódio veio à tona quando, perto da
Páscoa (era a quarta que celebrava em Jerusalém depois de iniciada
sua vida pública), a cidade estava repleta de visitantes de toda a
parte para a festa. Jesus, sentado sobre um jumentinho, entrou
triunfante e foi aclamado pelo povo que, com palmas e ramos de
oliveira, havia saído a seu encontro, enquanto alguns estendiam
suas vestes no chão e outros cortavam ramos de árvores e os
espalhavam pelo caminho.
103. Então os anciãos do povo, os príncipes dos sacerdotes
e os escribas, reunindo-se em casa do pontífice Caifás concordaram
em prender Jesus às escondidas, com medo de que a
multidão se revoltasse. A ocasião não se fez por esperar. Judas
Iscariotes, possuído pelo demônio da avareza, ofereceu-se para
entregar-lhes o divino Mestre pela quantia de trinta moedas de
prata.
Última ceia de Jesus Cristo e instituição do sacramento
da Eucaristia
104. Era o dia em que se deveria sacrificar e comer o cordeiro
pascal. Chegando a hora marcada, veio Jesus para a casa
onde Pedro e João, instruídos por Ele, haviam organizado todo
o necessário para a ceia e sentaram-se à mesa.
105. Nesta última ceia, Jesus deu aos homens a maior prova
de seu amor, instituindo o Sacramento da Eucaristia.
Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo
106. Terminada a ceia, nosso divino Redentor deixou a cidade
acompanhado de seus Apóstolos, dizendo-lhes pelo caminho
as coisas mais ternas e dando-lhes os ensinamentos mais
sublimes, foi, segundo seu costume, para o jardim do Getsêmani,
onde, pensando em sua paixão próxima, orando e oferecendo seu sacrifício ao Pai Eterno, suou sangue vivo e foi confortado por
um Anjo.
107. Veio Judas, o traidor, à frente de um esquadrão de bandidos armados com paus e espadas, e deu um beijo em Jesus, que era o sinal combinado para que fosse reconhecido. Jesus, abandonado pelos Apóstolos, que haviam fugido de medo, viu-se, em seguida, preso e amarrado por aqueles carrascos e, com todo tipo de maus tratos, foi arrastado primeiramente à casa de um príncipe dos sacerdotes chamado Anás, e depois à de Caifás, pontífice que naquela mesma noite reuniu o grande Sinédrio, declarando Jesus réu de morte.
108. Dissolvido o conselho de juízes, Jesus foi entregue aos carrascos, que durante aquela noite O injuriaram e O ultrajaram com bárbaros tratamentos. Nessa mesma dolorosa noite, Pedro também amargurou o Coração de Jesus negando-O três vezes. Mas tocado pelo olhar de Jesus, caiu em si e chorou seu pecado por toda a vida.
109. Depois do amanhecer, havendo mais uma vez se reunido o Sinédrio, Jesus foi levado para o governador romano Pôncio Pilatos, a quem o povo pediu, aos gritos, que o condenasse à morte. Pilatos reconheceu a inocência de Jesus e a perfídia dos judeus, e tentou salvá-lo; e devendo dar liberdade a um malfeitor por ocasião da Páscoa, deixou ao povo que escolhesse entre Jesus e Barrabás. O povo escolheu Barrabás. Sabendo, então, Pilatos que era galileu, enviou-o a Herodes Antipas, de quem foi desprezado e tratado como louco, e depois devolvido vestido em uma túnica branca por escárnio. Por fim, Pilatos o fez flagelar pelos algozes, que depois de haver feito dEle todo uma chaga, com insulto atroz cravaram-lhe em sua cabeça uma coroa de espinhos, sobre os seus ombros um pano de cor púrpura, uma cana na mão, e dEle escarneciam saudando-o por rei. Mas não sendo nada disto suficiente para abrandar a fúria de seus inimigos e da multidão amotinada, Pilatos condenou-o a morrer na cruz.
110. Jesus, então, teve que carregar sobre as costas o duro madeiro da cruz e levá-lo até o Calvário, onde, despido, regado com fel e mirra, cravado na cruz e elevado entre dois ladrões, mergulhado num mar de angústias e dores, depois de três horas de penosíssima agonia, expirou rogando por todos que o crucificavam, que nem por isso cessavam sua crueldade para com Ele. Mesmo morto, traspassaram-lhe cruelmente o coração com uma lança.
111. Nenhuma mente humana pode conceber, nenhuma língua é capaz de dizer o que Jesus teve que padecer na noite de sua prisão, nos diversos caminhos de um e outro tribunal, na flagelação e na coroação de espinhos, na crucificação, e, sobretudo, em sua prolongada agonia! Somente o amor, que foi a causa, pode despertar uma pálida imagem de tudo isso nos corações agradecidos. Maria Santíssima assistiu com sobre-humana fortaleza a morte de seu Filho, e uniu o martírio de seu coração às dores dEle para a redenção da raça humana. O Pai celestial fez que a divindade de Jesus Cristo resplandecesse em sua morte, como tinha feito em sua vida; estando na cruz o sol escureceu e a terra cobriu-se com espessíssimas trevas, e ao expirar, a terra tremeu com espantoso terremoto, rasgando-se de cima abaixo o véu do templo, e muitos mortos, saídos dos sepulcros, foram vistos em Jerusalém e apareceram a muitos...
(Do Catecismo Maior de Pio X)
quinta-feira, 20 de setembro de 2018
VIDA DO PADRE PIO EM FATOS E FOTOS (VI)
Em certa ocasião, Padre Pio confidenciou ao Irmão Modestino Fucci, porteiro do convento, que padecia as dores mais terríveis quando tinha que trocar suas camisetas. Quando, em 4 de fevereiro de 1971, a Modestino foi atribuída a tarefa de fazer um inventário de todos os pertences do Padre há pouco falecido, o frade descobriu uma camiseta com uma grande mancha de sangue na região do ombro direito.
Naquela noite, pediu a Padre Pio em oração para esclarecê-lo sobre o significado da camiseta manchada de sangue. Ele acordou então de madrugada sentindo uma dor excruciante no ombro, como se tivesse sido ferido a faca até o osso. Ele sentiu que iria morrer da dor mas esta se esvaiu de repente e ele sentiu a cela cheia de perfume de flores e ouviu uma voz interior dizendo: Cosi ho sofferto io! - 'Era isso que eu sofria!'
quarta-feira, 19 de setembro de 2018
PALAVRAS DE SALVAÇÃO

Se soubéssemos claramente em que lugar Deus coloca cada um de nós, aceitaríamos tal decisão sem nunca nos colocarmos nem acima nem abaixo desse lugar. Mas, no nosso estado presente, os decretos de Deus estão envoltos em trevas e a sua vontade nos está oculta. Por isso, o mais seguro, de acordo com o conselho da própria Verdade, é escolhermos o último lugar, de onde nos tirarão depois com honra, para nos darem um melhor. Ao passarmos debaixo de uma porta muito baixa, podemos baixar-nos tanto quanto quisermos sem nada temer; mas, se nos levantarmos um dedo que seja acima da altura da porta, bateremos com a cabeça. É por isso que não devemos recear nenhuma humilhação, mas antes temer e reprimir o menor movimento de auto-suficiência.
Não vos compareis, nem com os que são maiores que vós, nem com os vossos inferiores, nem com quaisquer outros, nem sequer com um só. Que sabeis sobre eles? Imaginemos um homem que parece o mais vil e desprezível de todos, cuja vida infame nos horroriza. Pensais que o podeis desprezar, não só por comparação convosco mesmos, que aparentemente viveis em sobriedade, justiça e piedade, mas até por comparação com outros malfeitores, dizendo que ele é o pior de todos. Mas sabeis se ele não será um dia melhor que vós e se o não é já aos olhos do Senhor? Por isso é que Deus não quis que ocupássemos um lugar intermédio, nem o penúltimo, nem sequer um dos últimos, mas disse: 'Toma o último lugar', a fim de ficarmos verdadeiramente sós na última fila. Desse modo não pensareis, já não digo em preferir-vos, mas simplesmente em comparar-vos com quem quer que seja.
(São Bernardo)
terça-feira, 18 de setembro de 2018
SUMA TEOLÓGICA EM FORMA DE CATECISMO (XVII)
SEGUNDA SEÇÃO
Estudo concreto dos meios que o homem deve empregar para voltar para Deus
I
DOS ATOS BONS E MAUS EM PARTICULAR - VIRTUDES TEOLOGAIS
Quais são as mais nobres entre as virtudes e aquelas cujos atos têm maior transcendência?
As teologais.
Por que?
Porque, por meio delas, o homem se encaminha para o fim sobrenatural, na medida que
pode e deve procurar realizá-lo neste mundo.
Logo, sem as virtudes teologais, não pode o homem executar atos meritórios de prêmio
sobrenatural?
Não, Senhor.
Quais e quantas são elas?
Três: Fé, Esperança e Caridade.
II
DA NATUREZA DA FÉ — FÓRMULA E QUALIDADES DE SEUS ATOS — O CREDO PECADOS OPOSTOS À FÉ: INFIDELIDADE, HERESIA, APOSTASIA E BLASFÊMIA
Que coisa é a fé?
Uma virtude sobrenatural, por cujo influxo o entendimento adere irrestritamente e sem temor de errar a Deus, como fim e objeto da eterna bem-aventurança, e às verdades por Ele reveladas, ainda que as não compreenda (I, II, IV)*.
Como pode o entendimento admitir de modo tão absoluto verdades que não compreende?
Baseando-se na autoridade de Deus que
nem pode enganar-se, nem enganar-nos (I, 1).
Por que Deus não pode enganar-se nem enganar-nos?
Porque é a verdade por essência (I, 1; IV, 8).
Como podemos certificar-nos de quais sejam as verdades reveladas por Deus?
Mediante o testemunho daqueles a quem as revelou ou daqueles a quem confiou o depósito
da revelação (I, 6-10).
A quem as revelou?
Primeiramente a Adão, no Paraíso; mais tarde, aos Profetas do Antigo Testamento; por
último, aos Apóstolos no tempo de Jesus Cristo (I, 7).
Como o sabemos?
Pelas asserções bem comprovadas da história a que se referem o fato da revelação sobrenatural e
os milagres realizados por Deus, em testemunho de sua autenticidade.
É o milagre prova concludente da intervenção sobrenatural divina?
Sim, Senhor; visto que é ato próprio de Deus e nenhuma criatura pode realizá-lo com seus
próprios meios.
Onde se acha escrita a história da revelação e de outras ações sobrenaturais de Deus?
Na Sagrada Escritura, chamada também a Bíblia.
Que entendeis por Sagrada Escritura?
Uma coleção de livros divididos em dois Grupos, chamados Antigo e Novo Testamento.
São talvez estes livros resumo e síntese de outros livros?
Não, Senhor; porque os demais livros foram escritos pelos homens, e estes pelo próprio Deus.
Que quer dizer 'que foram escritos pelo próprio Deus'?
Que Deus é seu autor principal e que, para escrevê-los, utilizou, à maneira de instrumentos,
alguns homens por Ele escolhidos.
Logo, é divino o conteúdo dos livros sagrados?
Atendendo ao primeiro autógrafo original dos Escritores Sagrados, sim, Senhor; as cópias o
são na medida em que se conformem com o original.
Logo, a leitura destes livros equivale a ouvir a palavra divina?
Sim, Senhor.
Podemos equivocar e torcer o sentido da divina palavra?
Sim, Senhor; porque, se bem que na Sagrada Escritura há passagens claríssimas, também
abundam as difíceis e obscuras.
Donde provém a dificuldade de entender a palavra divina?
Em primeiro lugar, dos mistérios que encerra, visto que não raro enuncia verdades
superiores ao alcance das inteligências criadas, e que somente Deus pode compreender;
provém além disso da dificuldade que existe em interpretar livros antiquíssimos, escritos
primeiramente para povos que tinham idioma e costumes muito diferentes dos nossos;
finalmente, dos equívocos que tenham podido escapar tanto nas cópias como nos originais,
como nas traduções feitas por elas e em suas cópias.
Há alguém que esteja seguro de não se equivocar ao interpretar o sentido da palavra de Deus
consignada na Bíblia Sagrada?
Sim, Senhor; o Pontífice Romano e com ele a Igreja Católica, no magistério universal (I,
10).
Por que?
Porque Deus quis que fossem infalíveis.
E por que o quis?
Porque, se o não fossem, careceriam os homens de meios seguros para alcançar o fim
sobrenatural para que estão chamados (Ibid).
Por conseguinte, que entendemos quando se diz que o Papa e a Igreja são infalíveis em matéria
de fé e costumes?
Que quando enunciam e interpretam a palavra divina, não podem enganar-se nem enganarnos
no referente ao que estamos obrigados a crer e a praticar para conseguirmos a bem aventurança
eterna.
Existe algum compêndio das verdades essenciais da fé?
Sim, Senhor; o Credo ou Símbolo dos Apóstolos (1,6). Ei-lo aqui conforme o reza
diariamente a Igreja:
'Creio em Deus Pai Todo Poderoso,
Criador do Céu e da terra; e em Jesus Cristo seu único Filho, Nosso Senhor,
o qual foi concebido do Espírito Santo;
nasceu de Maria Virgem;
padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado;
desceu aos infernos;
ao terceiro dia ressuscitou de entre os mortos;
subiu aos céus
e está sentado à mão direita de Deus Pai, Todo Poderoso; donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na Santa Igreja Católica,
na Comunhão dos Santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne,
na vida eterna. Amém'.
É a recitação do Credo ou Símbolo dos Apóstolos o ato de fé por excelência?
Sim, Senhor; e nunca devemos cessar de recomendar aos fiéis a sua prática diária.
Podereis indicar-me alguma outra fórmula breve, exata e suficiente para praticar a virtude da fé
sobrenatural?
Sim, Senhor; eis aqui uma, em forma de súplica: 'Deus e Senhor meu; confiado em vossa
divina palavra, creio tudo o que haveis revelado para que os homens, conhecendo-Vos, Vos
glorifiquem na terra e gozem um dia de vossa presença no céu'.
Quem pode fazer atos de fé?
Somente os que possuem a correspondente virtude sobrenatural (IV, V).
Logo, não podem fazê-los os infiéis?
Não, Senhor; porque não creem na Revelação, ou seja porque, ignorando-a, não se entregam
confiadamente nas mãos de Deus, nem se submetem ao que deles exige ou porque,
conhecendo-a, recusam prestar-lhe assentimento (X).
Podem fazê-los os ímpios?
Tampouco, porque, se bem que têm por certas as verdades reveladas, fundadas na absoluta
veracidade divina, a sua fé não é efeito de acatamento e submissão a Deus, a quem detestam, ainda que com
pesar próprio se vejam obrigados a confessá-lo (V, 2 ad 2).
É possível que haja homens sem fé sobrenatural e que creiam desta forma?
Sim, Senhor; e nisto imitam a fé dos demônios (V, 2).
Podem crer os hereges com fé sobrenatural?
Não, Senhor; porque, embora admitam algumas verdades reveladas, não fundam o
assentimento na autoridade divina, senão no próprio juízo (V, 3).
Logo, os hereges estão mais afastados da verdadeira fé que os ímpios e até dos próprios demônios?
Sim, Senhor; porque não se apoiam na autoridade de Deus.
Podem crer com fé sobrenatural os apóstatas?
Não, Senhor; porque desprezam o que haviam crido por virtude da palavra divina (XII).
Podem crer os pecadores com fé sobrenatural?
Podem, contanto que conservem a fé como virtude sobrenatural; e podem tê-la, se bem que
em estado imperfeito, ainda quando, por efeito do pecado mortal, estejam privados da
caridade (IV, 1-4).
Logo, nem todos os pecados mortais destroem a fé?
Não, Senhor (X, 1, 4).
Em que consiste o pecado contra a fé chamado infidelidade?
Em recusar submeter o entendimento, por veneração e amor de Deus, às verdades
sobrenaturalmente reveladas (X, 1-3).
E, sempre que isto sucede, é por culpa do homem?
Sim, Senhor; porque resiste à graça atual com que Deus o convida e impele a submeter-se
(VI, 1, 2).
Concede Deus esta graça atual a todos os homens?
Com maior ou menor intensidade e em medida prefixada nos decretos de sua providência,
sim, Senhor.
É grande e muito estimável a mercê que Deus nos faz ao infundir-nos a virtude da fé?
É em certo modo a maior de todas.
Por que?
Porque, sem a fé sobrenatural nada podemos intentar em ordem à nossa salvação, e estamos
perpetuamente excluídos da glória, se Deus não se digna a nos concedê-la antes da morte (II,
5-8, IV, 7).
Logo, quando se tem a dita de possuí-la, que pecado será, frequentar companhias, manter
conversações ou dedicar-se a leituras capazes de fazê-la perder?
Pecado gravíssimo, fazendo-o espontânea e conscientemente, e de qualquer modo ato
reprovável, que sempre o é, expor-se a semelhante perigo.
Logo, importa sobremaneira escolher com acerto as nossas amizades e leituras para encontrar
nelas, não obstáculos mas estímulos para arraigar a fé?
Sim, Senhor; e especialmente nesta época, em que o descontrole de expressão, chamado
liberdade de imprensa, oferece tantas ocasiões e meios de perdê-la.
Existe algum outro pecado contra a fé?
Sim, Senhor; o pecado da blasfêmia (XIII).
Por que a blasfêmia é pecado contra a fé?
Por ser diretamente oposta ao ato exterior da fé que consiste em confessá-la por palavras, e a
blasfêmia consiste em proferir palavras injuriosas contra Deus e seus Santos (XIII, 1).
É sempre pecado grave a blasfêmia?
Sim, Senhor (XIII, 2-3).
O costume de proferi-las escusa ou atenua a sua gravidade?
Em vez de atenuá-la, agrava-a, pois o costume demonstra que se deixou arraigar pelo mal, em
lugar de dar-lhe remédio (XIII, 2 ad 3).
* referências aos artigos da obra original
('A Suma Teológica de São Tomás de Aquino em Forma de Catecismo', de R.P. Tomás Pègues, tradução de um sacerdote secular)
segunda-feira, 17 de setembro de 2018
CRISTO SEM CRUZ
Cristo sem Cruz permite assumir estandartes e palavras de ordem de quaisquer seitas e doutrinas, ainda que formalmente contrárias aos ditames da autêntica fé cristã. Cristo sem Cruz é joeirar no terreno árido do sentimentalismo e das vicissitudes humanas; é proclamar a turbidez como virtude nas fontes cristalinas da graça; é fomentar todo tipo de erva e de joio como frutos saudáveis das Santas Vinhas do Senhor. Cristo sem Cruz é viver o heroísmo da fé cristã com a fidelidade e a perseverança de um espantalho.
Sem a Cruz, torna-se fácil ao homem buscar um arremedo de fé nos apelos de um mundo indiferente a Deus, arraigado às frivolidades e comodismos de uma vida vazia. O ecumenismo passa a ser assimilado como causa de tolerância universal. Aceitar as distorções, os abusos, as aberrações, a iniquidade delirante é um atestado de sensibilidade e de sensatez. Mas ai de quem se opõe e se manifesta com veemência contra o domínio do mal: é atacado, ridicularizado, incriminado e perseguido de todas as formas possíveis. Porque a indiferença para com Deus por si só já não basta e é insuficiente, é preciso brandir, cada vez mais e com mais audácia e vigor, a espada do inconformismo contra a ideia de Deus, é preciso blasfemar contra o sagrado, é preciso impor ao mundo inteiro a negação de Deus, a morte de Deus. Enquanto isso tudo não é a realidade de todos, é preciso idolatrar o Cristo sem a Cruz.
Sem a Cruz, o homossexualismo passa a ser tratado com filial condescendência, o aborto é defendido como causa feminista, a eutanásia é uma opção admissível, a promiscuidade torna-se um libelo sexual do livre arbítrio, a iniquidade é aceita impassivelmente nos labirintos do respeito humano como uma personagem a mais nos domínios da graça. Sem a Cruz, basta aos homens serem homens; a ordem moral torna-se um mero pressuposto da razão incendida de questionamentos; a pequenez da alma se defronta com uma certeza: o relativismo do pecado, de todo e qualquer pecado.
Sem a Cruz, Deus tem dimensões de um grande Anjo da Guarda, que nos indulta sempre de todos os nossos erros e pecados, posto que é infinitamente bom para nos condenar, posto que é infinitamente misericordioso para não nos salvar. Sem a Cruz, a justiça divina não existe, a ira divina não existe, não existe o inferno. A vida ordeira e cotidiana constitui, independentemente das almas ressequidas e duras, uma seara branda, amena e segura nos caminhos da eternidade com Deus. Assim, sempre que nos impacta a presença da morte que porventura se lamenta, vislumbra-se de pronto a certeza tenebrosa de que a alma libertada já pranteia jubilosa as delícias do Céu. Quanta insensatez e loucura!
Sem a aceitação da dor e do sofrimento, sem as provações das injustiças e das falsas acusações, sem os percalços e dificuldades da vida em família e na sociedade, sem a Cruz de Cristo, não há salvação porque não existe merecimento, não há vida eterna para quem não perdeu a sua vida pelo amor ao Evangelho e porque ninguém - ninguém mesmo - pode entrar nos Céus sem carregar nos ombros a sua própria cruz, tesouro da glória emanado da Cruz de Cristo.
Sob a Cruz de Cristo, são forjadas convicções e não crenças fortuitas. Não há lugar para relativismos e concessões à iniquidade. No bom combate, os soldados de Cristo dão a sua vida em defesa da fé cristã e não se subordinam à covardia das almas tíbias e mornas, das almas insossas e adocicadas de católicos de fachada e de porão! Porque os que creem verdadeiramente vivem na crença confiante e definitiva das palavras do Senhor: 'quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la' (Mc 8, 35). Na Cruz de Cristo, resplandece toda a glória dos Filhos da Luz.
Sem a Cruz, o homossexualismo passa a ser tratado com filial condescendência, o aborto é defendido como causa feminista, a eutanásia é uma opção admissível, a promiscuidade torna-se um libelo sexual do livre arbítrio, a iniquidade é aceita impassivelmente nos labirintos do respeito humano como uma personagem a mais nos domínios da graça. Sem a Cruz, basta aos homens serem homens; a ordem moral torna-se um mero pressuposto da razão incendida de questionamentos; a pequenez da alma se defronta com uma certeza: o relativismo do pecado, de todo e qualquer pecado.
Sem a Cruz, Deus tem dimensões de um grande Anjo da Guarda, que nos indulta sempre de todos os nossos erros e pecados, posto que é infinitamente bom para nos condenar, posto que é infinitamente misericordioso para não nos salvar. Sem a Cruz, a justiça divina não existe, a ira divina não existe, não existe o inferno. A vida ordeira e cotidiana constitui, independentemente das almas ressequidas e duras, uma seara branda, amena e segura nos caminhos da eternidade com Deus. Assim, sempre que nos impacta a presença da morte que porventura se lamenta, vislumbra-se de pronto a certeza tenebrosa de que a alma libertada já pranteia jubilosa as delícias do Céu. Quanta insensatez e loucura!
Sem a aceitação da dor e do sofrimento, sem as provações das injustiças e das falsas acusações, sem os percalços e dificuldades da vida em família e na sociedade, sem a Cruz de Cristo, não há salvação porque não existe merecimento, não há vida eterna para quem não perdeu a sua vida pelo amor ao Evangelho e porque ninguém - ninguém mesmo - pode entrar nos Céus sem carregar nos ombros a sua própria cruz, tesouro da glória emanado da Cruz de Cristo.
Sob a Cruz de Cristo, são forjadas convicções e não crenças fortuitas. Não há lugar para relativismos e concessões à iniquidade. No bom combate, os soldados de Cristo dão a sua vida em defesa da fé cristã e não se subordinam à covardia das almas tíbias e mornas, das almas insossas e adocicadas de católicos de fachada e de porão! Porque os que creem verdadeiramente vivem na crença confiante e definitiva das palavras do Senhor: 'quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la' (Mc 8, 35). Na Cruz de Cristo, resplandece toda a glória dos Filhos da Luz.
(texto do autor do blog)
domingo, 16 de setembro de 2018
'E VÓS, QUEM DIZEIS QUE EU SOU?'
Páginas do Evangelho - Vigésimo Quarto Domingo do Tempo Comum
Num dado dia, na 'região da Cesareia de Felipe' (Mc 8, 27), Jesus revelou a seus discípulos a sua própria identidade divina e o legado da Cruz. Neste tesouro das grandes revelações divinas, o apóstolo Pedro será exposto a duas manifestações bastante distintas, fruto das próprias contradições humanas: num primeiro momento, dá um testemunho extraordinário de fé; num segundo momento, entretanto, é incapaz de entender a dimensão salvífica dAquele que acabara de saudar como o Messias Prometido.
Nesta ocasião, as mensagens e as pregações públicas de Jesus estavam consolidadas; os milagres e os poderes sobrenaturais do Senhor eram de conhecimento generalizado no mundo hebraico; multidões acorriam para ver e ouvir o Mestre, dominados pela falsa expectativa de encontrar um personagem mítico e um Messias dominador do mundo. Então, Jesus indaga aos seus discípulos: 'Quem dizem os homens que eu sou?' (Mc 8, 28) e, logo em seguida, 'E vós, quem dizeis que eu sou?' (Mc 8, 29). Se os homens do mundo O tomam por João Batista, por Elias ou por um dos antigos profetas, a resposta de Pedro é um primado de confissão de fé, transcrita pelo mais sintético dos evangelistas: 'Tu és o Messias' (Mc 7, 32).
Jesus é o Cristo de Deus e o seu reino não é deste mundo. Ante a confissão de Pedro, Jesus revela a sua origem e a sua missão e faz o primeiro anúncio de sua Paixão, Morte e Ressurreição: 'o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei; devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias' (Mc 8, 31). E, diante da incompreensão dos apóstolos expressa na repreensão pública de Pedro, dá o testemunho da cruz pela privação do mundo: 'Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la' (Mc 8, 34 - 35).
Sim, Jesus Cristo é o Messias, o Filho de Deus Vivo: Deus feito homem na eternidade de Deus. Mas a missão salvífica de Jesus há de passar não por um triunfo de epopeias mundanas, mas por um tributo de Paixão, Morte e Ressurreição; não pelo manejo da espada ou por eventos feitos de glórias humanas, mas pela humildade, perseverança e um legado de Cruz. Eis aí o legado definitivo de Jesus aos homens de sempre: a Cruz de Cristo é o caminho da salvação e da vida eterna. Tomar esta cruz, não apenas hoje ou em momentos específicos de grandes sofrimentos em nossas vidas, mas sim, todos os dias, a cada passo, em cada caminho, é a certeza de encontrá-lo na glória e da plenitude das bem-aventuranças. A Cruz de Cristo é a Porta do Céu.
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