sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

AVE MARIA, CHEIA DE GRAÇA...


I. Considera que, entre todas as orações que a Igreja dirige à Santíssima Virgem, a mais excelente, a mais aceita e a mais útil é a Ave-Maria. Ela é a mais excelente considerada em si mesma; porque foi composta, por assim dizer, pela Santíssima Trindade e pronunciada pela primeira vez pelo Arcanjo São Gabriel e depois por Santa Isabel, então cheia do Espírito Santo. Pelo que o Bem-aventurado Alano afirma que a Saudação Angélica, pela sua excelência, alegra todo o céu, enche a terra de prodígios, faz tremer e põe em fuga o demônio.

Em segundo lugar, ela é a mais aceita ao coração da Virgem, pois, quando dizemos Ave-Maria, parece que se lhe renova o prazer que sentiu quando lhe foi anunciado que havia sido eleita para Mãe de Deus. Mais, pela Ave-Maria mostramos que tomamos parte em sua felicidade, lembrando-lhe as suas grandezas. Disse a mesma divina Mãe a Santa Mechtildes, que nada lhe podia ser mais honroso e mais agradável do que a oferta frequente da saudação do Anjo.

Finalmente, a Ave-Maria é, depois da Oração Dominical, a mais útil para nós, porque, quem saúda Maria, será também por ela saudada. São Bernardo ouviu uma vez distintamente saudar-se por uma imagem da Virgem, que lhe disse: 'Ave, Bernardo'; e a saudação de Maria, diz São Boaventura, consiste em uma graça especial. 'Com efeito', pergunta Ricardo, 'como poderá a divina Mãe negar a graça a quem a invoca com uma oração tão sublime?' Em suma, Maria mesma prometeu a Santa Gertrudes tantos auxílios para a hora da morte, quantas Ave-Marias ela tivesse rezado; e são inúmeros os fatos que o confirmam.

II. A prática do obséquio tão excelente, tão aceito e tão útil da Ave-Maria, seja: em primeiro lugar, recitar cada dia, pela manhã e à noite, ao se levantar e deitar-se na cama, três vezes a Ave-Maria, com o rosto em terra ou ao menos de joelhos, acrescentando a cada Ave esta jaculatória: 'Pela tua pura e imaculada conceição, ó Maria, faze puro o meu corpo e casta a minha alma'. Depois, pedir a benção a nossa boa Mãe, conforme sempre praticava Santo Estanislau; e em seguida, pôr-se debaixo do manto de Nossa Senhora, pedindo-lhe que nos guarde de cair em pecado, naquele dia ou noite que se segue. Para este fim, convém ter perto da cama uma bela imagem da Virgem.

Segundo, dizer o Angelus Domini ou o Anjo do Senhor, com as costumeiras três Ave-Marias, pela manhã, ao meio dia e à noite. Os Religiosos podem nesses três tempos renovar mentalmente os seus votos, como costumava fazer São Leonardo de Porto Maurício. Em terceiro lugar, saudar a Mãe de Deus com uma Ave-Maria quando se ouve tocar o relógio, ou cada vez que se passa por diante de uma imagem da Virgem.

Finalmente, dizer sempre uma Ave-Maria, no princípio e no fim de cada ação, quer espiritual, como a oração, a confissão, a comunhão, a leitura espiritual e outras semelhantes; quer temporal, como estudar, dar conselho, trabalhar, ir para a mesa, para a cama, etc. Felizes as ações que ficarem compreendidas entre duas Ave-Marias. Assim digamos também a mesma oração quando acordamos pela manhã, quando adormecemos, em qualquer tentação, perigo, ímpeto de ira e semelhantes. Amado leitor, pratica isso e verás a suma utilidade que para ti resultará daí.

'Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto de vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.'

('Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano, de Santo Afonso Maria de Ligório, Tomo II)

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

COMO COMBATER A NEGLIGÊNCIA

A negligência é um obstáculo à perfeição, pois entrega os que têm este vício nas mãos dos inimigos. Para que não te tornes escravo deste pecado, é preciso que fujas da curiosidade, do apego aos bens terrenos e de qualquer ocupação que não convenha ao teu estado. É preciso que faças esforço para corresponder com presteza a toda a boa inspiração e a qualquer ordem de teus superiores, fazendo tudo no seu tempo, e do modo que os superiores querem.

Não demores, por pouco que seja, a obedecer. Esta falta de diligência acarretará uma segunda, logo uma terceira e outras muitas. Os sentidos se habituam à negligência e cederás então, mais facilmente que no princípio, pois já estás preso do prazer que provaste. E assim te irás habituando a começar teu trabalho muito tarde, ou então, deixá-lo-ás muitas vezes, como coisa imerecida. Pouco a pouco, irá se formando o hábito de negligência, que se tornará totalmente forte; no momento da falta, reconheceremos que somos muito negligentes, sentiremos repugnância de nós mesmos, mas somente faremos o propósito de, mais tarde ou em outra ocasião, sermos solícitos e diligentes.

Esta negligência atingirá toda a nossa alma. Seu veneno infeccionará não somente a vontade, fazendo-a aborrecer aquele trabalho, mas chegará a obcecar a inteligência, de modo tal que ela não verá como são vãos aqueles propósitos de resistir, no futuro, diligentemente, às tentações a que agora, voluntariamente, sucumbirmos. Não basta fazer, a qualquer momento, o que devemos fazer. É preciso esperar o seu tempo, que será marcado pela hora de realizá-lo, importa fazê-lo com toda a diligência, para que seja cumprido o dever, com toda a perfeição possível.

Fazer um trabalho antes do tempo não é diligência, mas finíssima negligência. Fazê-lo apressadamente e sem cuidado, com os olhos fitos no descanso que poderemos desfrutar depois, também não passa de negligência. Estes atos acarretam grande mal à alma, porque não se considera o valor da boa obra, feita ao seu tempo e não se enfrenta, com ânimo resoluto, a fadiga e as dificuldades que o vício da negligência apresenta sempre aos soldados novos.

Deves lembrar-te que uma só elevação da mente a Deus e uma genuflexão em sua honra valem mais que todos os tesouros do mundo. E que sempre que fazemos violência a nós mesmos e às nossas paixões viciosas, os anjos nos trazem do reino dos céus uma coroa de gloriosa vitória. Aos negligentes, Deus vai tirando as graças que lhes dava e, aos diligentes, as graças vão crescendo para que aquelas almas gozem um dia no Senhor.

Às vezes, é preciso que faças muitos e muitos atos para conquistar uma virtude e te afadigues muitos dias. Os inimigos te parecem então muito fortes. Começa por isso a produzir atos, como se fizesses pouca conta deles. Imagina que é por pouco tempo que te precisas afadigar. Combate contra um inimigo, como se não te restassem outros a serem combatidos. E tem sempre uma grande confiança no auxílio que Deus te dispensará, mais forte que o poder dos inimigos. Deste modo, tua negligência começará a se enfraquecer e tua alma se irá dispondo a adquirir a virtude contrária.

Digo o mesmo a respeito da oração. Se ela, por exemplo, deve durar uma hora e isto parece pesado à tua negligência, começa a rezar como se fosse fazer somente durante um oitavo de hora. Passarás depois com facilidade ao segundo oitavo, ao terceiro e assim por diante. Mas se, no segundo ou em algum outro oitavo de hora, sentisses que a repugnância e a dificuldade eram fortes demais deixa para depois a oração, para não te cansares em demasia. Mas não te esqueças de retomar, pouco depois, o exercício.

Do mesmo modo deves proceder quanto aos trabalhos manuais, quando acontece que precises fazer muitas coisas e pareçam dificultosas demais à tua negligência e te causam aflição. Começa o teu trabalho corajosamente e empreende cada uma de tuas obras como se fosse a única. Cumprirás assim, todo aquele mister que à tua negligência parecia de grande fadiga.

Se assim não fizeres e não combateres a negligência, prevalecerá em ti este vício, que, não somente a fadiga que sentires durante o exercício da virtude te assustará, mas temerás sempre as dificuldades que te advirão dos trabalhos futuros. E estarás sempre ansioso, temerás sempre os futuros assaltos do inimigo e recearás, a todo o momento, que alguém te venha impor alguma coisa desagradável. Viverás sempre inquieto.

E lembro-te, filho, de que este vício da negligência, pouco a pouco, com seu veneno escondido, não somente ataca as primeiras e pequeninas raízes, que fariam crescer os hábitos das virtudes, mas ferem também os hábitos já adquiridos. É como o cupim. O vício vai roendo insensivelmente e consumindo o âmago da vida espiritual. O demônio arma este laço contra todos os homens, especialmente contra os mais piedosos.

Vigia, portanto, reza e pratica o bem e não te demores a tecer a fazenda para a veste nupcial, pois deves estar sempre pronta para ir ao encontro do esposo. E lembra-te todo o dia, de que quem te dá a manhã não te promete a tarde, e quem te dá a tarde não te promete a manhã seguinte. Usa, portanto, de todos os teus segundos e minutos, de acordo com a Vontade Divina, como se fossem os últimos momentos de tua vida. Além disto, deverás prestar conta minuciosíssima de todos os teus instantes.

Concluo, aconselhando-te a que tenhas como perdido o dia em que, mesmo se trabalhaste muito, não conseguiste muitas vitórias contra as tuas más inclinações e contra a tua vontade própria, ou não agradeceste ao Senhor dos benefícios que te concedeu, particularmente a penosa Paixão que Ele sofreu por ti, e paterno e doce castigo com que te puniu, te fez digno do tesouro inestimável de algumas tribulações.

(Excertos da obra 'O Combate Espiritual e o Caminho do Paraíso', de Lourenço Scúpoli)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

VERSUS: QUANDO ATÉ OS DEMÔNIOS LOUVAM MARIA


'Ser vosso devoto, ó Virgem Santíssima, é uma arma de salvação que Deus dá, àqueles que quer salvar. Eu poderia repetir aqui várias histórias que provam o que afirmo. Entre outras, primeiro aquela que vem narrada nas crônicas de São Francisco, em que se conta que o santo viu, em êxtase, uma escada enorme, em cujo topo, apoiado no céu, avultava a Santíssima Virgem. E o santo compreendeu que aquela escada ele devia subir para chegar ao céu; segundo a outra, narrada nas crônicas de São Domingos: Quando o santo pregava o rosário nas proximidades de Carcassona, quinze mil demônios, que possuíam a alma de um infeliz herege, foram obrigados, por ordem da Santíssima Virgem, a confessar muitas verdades grandes e consoladoras, referentes à devoção a Maria. E eles, para própria confusão, o fizeram com tanto ardor e clareza que não se pode ler essa autêntica narração e o panegírico, que o demônio, embora a contragosto, fez da devoção mariana, sem derramar lágrimas de alegria, ainda que pouco devoto se seja da Santíssima Virgem'.

(Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria, de São Luís Grignion de Montfort, n.41- 42)


Consta que, em 1823, os padres dominicanos Gassiti e Pignataro encontravam-se em missão paroquial na cidade de Avellino (Itália), quando se depararam com um caso de possessão demoníaca em um menino de apenas 12 anos e analfabeto. Durante o exorcismo ordenaram, em nome de Deus, que o demônio incorporado provasse teologicamente, por meio de um soneto, a Imaculada Conceição da Virgem Maria, questão que, então, agitava todo o ambiente da Igreja. O soneto abaixo, transcrito do original italiano, teria sido a prova concreta de que o demônio, quando instado a agir sob a ordem da graça, é capaz de dizer grandes verdades (mais tarde, em 1854, o dogma da Imaculada Conceição de Maria foi solenemente proclamado pelo papa Pio IX):

Sou verdadeira mãe de um Deus que é filho,
E sou sua filha, ainda ao ser mãe;
Ele de eterno existe e é meu filho,
E eu nasci no tempo e sou sua mãe.

Ele é meu Criador e é meu filho,
E eu sou sua criatura e sua mãe;
Foi divinal prodígio ser meu filho
Um Deus eterno e ter a mim por mãe.

O ser da mãe é quase o ser do filho,
Visto que o filho deu o ser à mãe 
E foi a Mãe que deu o ser ao filho;

Se, pois, do filho teve o ser a mãe,
Ou há de se dizer manchado o filho,
Ou se dirá Imaculada a mãe.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO

Páginas do Evangelho - Quinto Domingo do Tempo Comum


Na missão de testemunhar com nossas vidas o Evangelho de Cristo, somos instados a deixar nos caminhos do mundo a marca característica da fé e dos valores cristãos. Os passos de um cristão marcham para o triunfo da Igreja; os caminhos são forjados pelo amor à Verdade; como peregrinos da eternidade, somos mensageiros e arautos da Boa Nova anunciada por Jesus. Somos cristãos espalhados no mundo mas, desde agora, herdeiros da Pátria Celeste.

Este propósito nos foi delegado por Jesus, no evangelho deste Quinto Domingo Comum: 'Vós sois o sal da terra' (Mt 5, 13). Sal capaz de dar sabor e sentido à vida de todos, em meio às labutas e sofrimentos humanos; sal capaz de conservar os valores e a integridade da Palavra de Deus no mundo afeito às glórias mais passageiras; sal capaz de condimentar o desvario, a vertigem e o entorpecimento de uma humanidade que insiste em se deleitar com a sedução do pecado.

Este legado nos foi outorgado por Jesus uma vez mais: 'Vós sois a luz do mundo' (Mt 5, 14). Luz para refletir no próximo a graça do Espírito Santo distribuída a todos; luz para fazer brilhar a verdade no meio de um mundo dominado pela mentira e pela manipulação dos costumes; luz para dar foco aos que vivem à deriva e acostumados às comodidades dos erros; luz para aniquilar a cegueira e a loucura que ensoberbecem os que tateiam nas trevas do pecado. 

Ai do cristão que, amesquinhado e omisso pelos valores do mundo, não for o sal que salga ou a luz que não ilumina! Como testemunhas do Senhor, mais que vocação, nossa missão no mundo é praticar o bem em todas as nossas ações, dando sabor e sentido à nossa vida e à vida de nossos irmãos, como reflexos diretos da Luz de Cristo, para honra e glória de Deus: 'Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus' (Mt 5, 16).

sábado, 4 de fevereiro de 2017

PRIMEIRO SÁBADO DE FEVEREIRO


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’

DEVOÇÃO PARA O SEGUNDO SÁBADO


ATO DE DESAGRAVO
AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

em reparação contra as blasfêmias cometidas contra a virgindade perpétua de Nossa Senhora

Ó Coração Doloroso e Imaculado de Maria, transpassado de dor pelas injúrias com que os pecadores ultrajam vosso santo nome e vossas excelsas prerrogativas; eis prostrado aos vossos pés vosso indigno filho, que, oprimido pelo peso das próprias culpas, vem arrependido vos oferecer este ato de reparação contra as injúrias, blasfêmias, indiferenças e injustiças cometidas contra vós pela impiedade dos homens que não vos conhecem. 

Neste Segundo Sábado, ó Coração Doloroso e Imaculado de Maria, desejo reparar particularmente as blasfêmias contra a vossa Virgindade Perpétua. Virgem Imaculada, por singular privilégio de Deus, vossa pureza original foi preservada antes do parto, durante o parto e depois do parto. Esta pureza sem mancha fez do vosso Coração o santuário do Espírito Santo. E contra este tesouro de graças, homens ímpios ousam vos blasfemar... Feliz, porém, aquele que Vos ama, ó Maria, Mãe castíssima, e possa proclamar as bem-aventuranças do vosso Santo Nome nos confins de toda a terra. Que este meu pequeno ato de puro amor e devoção seja depositado no repositório de graças da Santa Igreja em desagravo e reparação às blasfêmias e ofensas cometidas contra a vossa Virgindade Perpétua. 

E que meu ato de amor seja também um ato de esperança e de súplica à vossa misericordiosa mediação:
 concedei-me, ó Imaculado e Doloroso Coração de Maria, o firme propósito de vos ser fiel todos os dias de minha vida, de defender a vossa honra de todos os ultrajes, de propagar com entusiasmo vosso culto e vossas glórias a todos os homens, de amar Vosso Filho de todo o meu coração  e a graça suprema de estar convosco e com Jesus no Céu por toda a eternidade. Amém. 

(rezar 3 Ave Marias em desagravo ao Imaculado Coração de Maria pelas blasfêmias cometidas contra a virgindade perpétua de Nossa Senhora)

Orações e Práticas da Devoção neste Segundo Primeiro Sábado de 2017:

Confissão*
Sagrada Comunhão
Rezar o Terço
Meditação dos Mistérios do Rosário (15 minutos)

* A confissão pode não ser realizada neste sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte. Caso não tenha sido realizada, fazê-la com esta intenção explícita numa próxima confissão.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

03 DE FEVEREIRO - SÃO BRÁS


São Brás, o santo protetor da garganta e dos animais selvagens era brás de brasa, chama, fogo que ardia pelo seu testemunho constante e perseverante na fé e no amor a Deus, mesmo diante das maiores provações. Como médico de formação, São Brás curava os males do corpo. Como santo, tornou-se também médico das almas. O zelo apostólico e a plenitude da sua fé o fizeram bispo de Tagaste, região da Armênia onde nasceu, na segunda metade do século II da nossa era. Médico e bispo, salvou muitas vidas e muito mais almas, tornando-se um dos santos mais venerados da Igreja do Oriente e do Ocidente.

Os milagres que realizava eram quase corriqueiros. Um particularmente espantoso era o seu livre domínio sobre os animais selvagens, mesmo em se tratando das feras mais violentas, que se comportavam como cordeiros em sua presença. Em certa ocasião, uma mulher o procurou desesperada, trazendo nos braços o filho que se sufocava, estrangulado por uma espinha de peixe que lhe atravessava a garganta. São Brás passou a mão sobre a cabeça da criança e, erguendo os olhos, rezou por um instante fazendo o sinal da cruz sobre a garganta do menino. Neste instante, a espinha foi liberada e removida da garganta da criança. 

Com base na recordação deste episódio, é comumente celebrada, no dia de hoje, a bênção da garganta de São Brás. O sacerdote faz o sinal da cruz sobre a pessoa, envolvendo o seu pescoço por duas velas, simbolismo que retrata o relato da tradição de que esta mãe teria levado velas para o santo, quando este estava na prisão. Neste ato, o sacerdote recita, então, as seguintes palavras: 'Por intercessão de São Brás, bispo e mártir, livre-te Deus do mal da garganta e de qualquer outra doença. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. São Brás, rogai por nós. Amém'.

A perseguição aos cristãos no Oriente continuou mesmo após a ascensão do imperador Constantino e o final da era dos mártires no Ocidente. Na região da Capadócia, a perseguição era inclemente sob a autoridade de Agricola, amigo do imperador do oriente Licinius Lacinianus (308 - 324). Depois de várias ameaças, torturas e prisões por determinação de Agricola, São Brás foi martirizado no ano 316 após um suplício brutal, que culminou na sua decapitação depois de uma longa tortura com ferros em brasa.