domingo, 11 de setembro de 2016

PAI DE MISERICÓRDIA

Páginas do Evangelho - Vigésimo Quarto Domingo do Tempo Comum 


Neste Domingo, três parábolas de Jesus nos falam do perdão e da misericórdia, numa das páginas mais belas dos Evangelhos, que inclui a parábola do filho pródigo. Que poderia muito bem ser a parábola da verdadeira conversão. Ou, com muito mais correção e sentido espiritual, a parábola do pai de misericórdia. Três personagens: o filho mais velho e o filho mais novo que, em meio às dolorosas experiências da vida humana, se reencontram no grande abraço da misericórdia do pai.

Com a parte da herança que lhe cabe, o 'filho mais novo' opta pelo caminho fácil e tortuoso dos prazeres e vícios humanos, dos instintos insaciados, do vazio do mal. E esbanja, na via dolorosa do pecado, os bens que possuía: a alma pura, o coração sincero, os nobres sentimentos, a fortuna da graça. E, a cada passo, se afunda mais e mais no lodo das paixões humanas desregradas, da vida consumida no nada. Mas, eis que chega o tempo da reflexão madura, da conversão sincera, do caminho de volta ao Pai: 'Pequei contra ti; já não mereço ser chamado teu filho' (Lc 15, 18-19). 

O pai nem ouve as palavras do filho pródigo; no abraço da volta, somente ecoa pelos tempos a misericórdia de Deus: 'Haverá maior alegria no Céu por um pecador que fizer penitência que por noventa e nove justos que não necessitem de arrependimento' (Lc 15, 7). Diante do filho que volta, um coração de misericórdia aniquila a justiça da razão: 'Trazei depressa a melhor túnica para vestir o meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés.' (Lc, 15, 22). Como as talhas de água que se tornam vinho, a conversão verdadeira apaga e aniquila o mal desejado e consumido outrora: na reconciliação de agora desfaz-se em pó as misérias passadas de uma vida de pecado.

O 'filho mais velho' não se move por igual misericórdia e se atém aos limites difusos da justiça humana. Na impossibilidade absoluta de compreender o júbilo do pai com o filho que volta, faz-se vítima e refém da soberba e do orgulho humano: 'tu nunca me deste um cabrito para festejar com meus amigos' (Lc, 15,29). O filho mais novo, que estava tão longe, está lá dentro outra vez. E o filho mais velho, que sempre lá esteve, recusa-se agora a entrar na casa do pai. Tal como no caso do primeiro filho, o pai de misericórdia vem, mais uma vez, buscar a ovelha desgarrada no filho mais velho que está fora e não quer entrar. Porque Deus, pura misericórdia, quer salvar a todos os seus pobres filhos afastados de casa e espera, com paciência e amor infinitos, a volta dos filhos pródigos e a volta dos seus filhos que creem apenas na justiça dos homens.

sábado, 10 de setembro de 2016

QUESTÕES SOBRE A NATUREZA DO DEMÔNIO (II)


QUESTÃO 2: Por que Deus impôs uma prova aos espíritos angélicos? 

Por que [Deus] não concedeu a visão beatífica a todos [os espíritos angélicos] quando os criou? Por que se arriscou a que alguns se convertessem em demônios? Deus poderia ter criado espíritos angélicos e diretamente ter-lhes concedido a graça da visão beatífica. Isto era perfeitamente possível à Sua onipotência e não haveria nenhuma injustiça se o fizesse. 

Mas, havia três grandes razões para submetê-los a uma fase de provas antes de conceder-lhes a visão beatífica. A razão menos importante de todas era que Deus tinha de dar a cada ser racional um grau de felicidade. Todos no céu veem a Deus, mas ninguém pode regozijar [da Presença] d’Ele em grau infinito, pois isso é impossível. Somente Deus pode regozijar infinitamente [de Si mesmo]. Cada ser finito, porém, regozija ao máximo, sem desejar mais, num grau finito. Regozija finitamente de um bem infinito. A comparação que se pode usar para compreender este conceito metafísico é que cada ser racional constitui um vaso, que é preenchido por Deus até as bordas, plenamente. Porém, cada vaso possui uma medida específica. Deus, em sua sabedoria, determinou algo especialmente inteligente: cada um determinaria o grau de glória que regozijaria na eternidade. Uma vez que isso é para sempre, dado que isso é tão importante, Deus deixou tal decisão em nossas mãos. Se cada um de nós teria um grau, e isto é inevitável, então que cada um determinasse a medida desse grau. De que modo? [Mediante] uma prova. 

Segundo a generosidade, o amor, a perseverança e demais virtudes que venhamos a manifestar nessa prova, assim será a medida do nosso grau. Como se pode ver, é uma disposição magnífica das coisas, em que se manifesta a sabedoria infinita de Deus. Se tal razão exposta é importante, considero, entretanto, que é ainda mais [importante] considerar o fato de que o único momento em que um espírito pode desenvolver a sua fé e a sua generosidade para com Deus é justamente quando não O vê. Depois de vê-lO,  ficará pleno de gratidão ante o que contempla. Porém, este amor generoso na fé e na confiança em Deus, na obscuridade, somente é possível antes da visão beatífica. Depois, já não será mais possível. Tudo será possível, menos isso. Digamos que é um atributo do espírito que se desenvolve antes da visão direta da essência de Deus ou que depois se torna absolutamente impossível. 

Por isso, a prova é um dom de Deus. Um dom que permite ser germinada e desenvolvida em nós a flor da fé, com todos os seus frutos. Essa flor não poderá mais nascer durante a eternidade, pois já não poderá haver fé onde se tem a Plena Visão. E, através da fé, e em consequência dela, provêm as virtudes subsequentes. Cada anjo tenderia a desenvolver umas mais, outras menos. Antes de tudo, o tempo de provas dava a possibilidade de que nascessem e desenvolvessem as virtudes teologais. Depois, alguns anjos desenvolveriam mais a virtude da perseverança, outros a da humildade, outros ainda a súplica, etc. Obviamente, conceder a um ser a possibilidade de que nele nasça a fé significa arriscar que nele possa germinar não a fé, mas o mal. Deus sabia que, ao conceder tal liberdade, esta poderia ser direcionada para o bem como para o mal. 

Deus poderia ter criado o universo como quisesse, como fosse da Sua vontade, sem quaisquer limites ou contraposições. Entretanto, a santidade não se cria, mas esta se faz às custas da ação da graça. Conceder o dom da liberdade aos espíritos supõe que possa surgir neles uma Madre Teresa de Calcutá ou um Hitler. Uma vez que se concede a dádiva da liberdade, concede-se [também] todas as suas consequências. Querer que apareça o bem espiritual implica aceitar de antemão a possibilidade de surgir o mal espiritual. No universo material, não há bem espiritual, nem mesmo a mais ínfima quantidade de bem espiritual. O bem do mundo material é um bem material; a glorificação do universo físico ao Criador constitui uma glorificação material e inconsciente. O bem espiritual é qualitativamente superior, mas pressupõe necessariamente admitir este risco.

Por isso, o surgimento do mal não constituiu uma obliteração dos planos divinos. A possibilidade do aparecimento do mal já fazia parte dos planos divinos antes mesmo da criação de seres pensantes. De qualquer forma, mesmo tendo sido exposto previamente de que a prova era necessária para se determinar o grau de glória, a razão mais importante, a razão fundamental para Deus conceder o dom da liberdade, era o de obter o amor [das criaturas] de um modo livre. Sem essa prova, Deus poderia ter recebido a gratidão de todos os seres aos quais teria dado um grau de glória sem se submeterem aos riscos de uma prova. Porém, Deus é um ser que ama e que quer ser amado. O único jeito de obter esse amor na fé, esse amor de confiança, esse amor desinteressado e nascido na obscuridade do que não se pode ver, era por meio da proposição de uma prova. Volto a repetir que o mesmo Deus que pode criar milhares de universos com um único ato de Sua vontade, não pode criar esse amor que nasce daquele que é provado no sofrimento da fé. O amor a Deus não se cria, é uma doação que parte de cada criatura. 

QUESTÃO 3: Por que Deus não suspendeu a liberdade ao ver que começavam a pecar?

Por que Deus não retira a liberdade ao ver que alguém avança pelo caminho do mal? Não o faz porque fazer isso seria supor que o espírito já estaria fadado para sempre no mal. Permitir-lhe que siga cometendo o mal supõe oferecer-lhe a possibilidade de retomar o bem. Retirar-lhe da prova implicaria que se cometessem menos pecados, mas o espírito removido da mesma ficaria petrificado no mal para sempre. Permitir que o mal prossiga fazendo o mal lhe dá [a quem pratica o mal], então, a oportunidade de retroceder [à prática do bem].

QUESTÃO 4: Todos os demônios são iguais?

Já foi dito que cada demônio pecou com uma intensidade determinada. Além disso, cada demônio pecou em um ou em vários pecados específicos. A rebelião teve sua origem na soberba, pelo que dessa raiz nasceram outros pecados. Durante os exorcismos, isso fica muito claro: há demônios que pecam mais por ira, outros por egolatria, outros por desespero, etc. Cada demônio tem a sua psicologia própria, sua forma particular de ser. Há aqueles que são mais eloquentes, outros mais sarcásticos, em alguns brilha de forma especial a soberba, em outros, o ódio, etc.

Ainda que todos tenham se separado de Deus, uns são piores do que outros. É importante ressaltar que, como nos diz São Paulo, existem nove hierarquias angélicas. As hierarquias superiores são mais belas, inteligentes e poderosas  que as inferiores. Cada anjo é completamente distinto dos outros anjos. Não há raças de anjos, para usar um termo sociológico, mas cada um completa a sua espécie. Por outro lado, é possível agrupar os anjos em grandes grupos ou hierarquias, também chamadas coros, pois estes se formaram em [diferentes] coros que entoam louvores a Deus. Seu cântico não vem pela voz, mas trata-se de um louvor espiritual que expressa a vontade [dos anjos] de conhecer e amar a Trindade. 

De cada uma das nove hierarquias, caíram anjos que se transformaram em demônios, ou seja, há demônios que são virtudes, potestades, serafins, etc. Ainda que sejam demônios, conservam intactos seu poder e inteligência. Por tudo que foi dito, fica claro que existe também uma hierarquia demoníaca. Uma coisa comprovada nos exorcismos é que, entre eles, existe uma supremacia dos superiores sobre os inferiores. Em que consiste este poder? É algo impossível de saber, pois não se sabe como um demônio pode obrigar outro a fazer algo, pois não há um corpo para o forçar a isso. Entretanto, comprova-se que um demônio superior pode forçar outro inferior a não abandonar um corpo durante um [ritual de] exorcismo. Ainda que o demônio inferior esteja sofrendo e queira sair, o superior pode impedir-lhe. Como um demônio pode obrigar outro demônio [a fazer ou proibir alguma coisa], sendo este imaterial, é algo, repito, que escapa à nossa compreensão.

(Excertos da obra 'Summa Daemoniaca', do Pe. Jose Antonio Fortea, tradução do autor do blog)

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

DA EXPLICAÇÃO DO MAGNIFICAT (II)


Meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador

Essas divinas palavras, em latim Et exultavit spiritus meus in Deo salutari meo, pronunciadas pelos sagrados lábios da Mãe do Salvador, nos declaram a alegria inefável e incompreensível que lhe encheu e santamente lhe inebriou o coração, o espírito e a alma, no momento da Encarnação do Filho de Deus e enquanto O levou em suas benditas entranhas; e até por todo o resto de sua vida, segundo Santo Alberto Magno e alguns outros Doutores da Igreja. 

Alegria que foi tão excessiva, especialmente no momento da Encarnação que, assim como a sua santa alma separou-se do corpo no último instante de sua vida, pela força de seu amor a Deus e pela abundância de sua alegria ao ver-se prestes a ter com o seu Filho no Céu; ela teria também morrido de alegria em vista das indescritíveis bondades de Deus para com ela e para com todo o gênero humano, se a vida não lhe fosse conservada por milagre. Pois se a história nos afirma que a alegria causou a morte de muitas pessoas, em razão de algumas vantagens temporais que lhes haviam sucedido, é para crer-se que a divina Virgem teria morrido também se não fora sustentada pela virtude do divino Menino que trazia em seu seio, visto que ela possuía os maiores motivos de alegria que jamais existiram e existirão:

1. Ela se rejubilava em Deus porque Deus é infinitamente poderoso, sábio, bom, justo e misericordioso, e porque faz resplandecer, de maneira tão admirável, o seu poder, a sua bondade e todos os outros divinos atributos, no mistério da Encarnação e da Redenção do mundo.

2. Rejubilava-se em Deus seu Salvador, por ter vindo a este mundo, para salvá-lo e remi-lo, em primeiro lugar e principalmente, preservando-a do pecado original e cumulando-a de suas graças e favores, com tanta plenitude que a tornou, consigo, a medianeira e cooperadora na salvação de todos os homens.

3. Seu coração achava-se cumulado de alegria porque Deus a contemplara com os olhos de sua benignidade, isto é, amara e aprovara a humildade de sua serva, na qual achou singularíssima satisfação e complacência. É esta, diz Santo Agostinho, a causa da alegria de Maria, porque Ele olhou a humildade de sua serva; como se ela dissesse: 'Rejubi­lo-me com a graça que Deus me fez, porque dEle recebi o motivo desta alegria; e nEle me rejubilo, porque amo o seu amor'.

4. Rejubilava-se pelas grandes coisas que a sua onipotente bondade nela operara, que são as maiores maravilhas de quantas Ele jamais fez em todos os séculos passados e fará em todos os séculos vindouros.

5. Rejubilava-se, não só pelos favores que recebera de Deus, mas também pelas graças e misericórdias por Ele derramadas sobre todos os homens que se dispõem a recebê-las.

6. Rejubilava-se não só com a bondade de Deus em relação aos que não lhe opõem obstáculo, mas também com os efeitos de sua justiça sobre os soberbos, que lhe desprezam as liberalidades.

(Da Explicação do Magnificat, de São João Eudes)

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O PENSAMENTO VIVO DE SANTA TERESA DE CALCUTÁ

  • Se você julga as pessoas, você não tem tempo para amá-las.
  • A maior doença do Ocidente hoje não é a lepra nem a tuberculose; é ser indesejado, não ser amado e ser abandonado. Nós podemos curar as doenças físicas com a medicina, mas a única cura para a solidão, para o desespero e para a desesperança é o amor. Há muitas pessoas no mundo que estão morrendo por falta de um pedaço de pão, mas há muito mais gente morrendo por falta de um pouco de amor. A pobreza no Ocidente é um tipo diferente de pobreza – não é só uma pobreza de solidão, mas também de espiritualidade. Há uma fome de amor e uma fome de Deus.
  • Qual é o meu pensamento? Eu vejo Jesus em cada ser humano. Eu digo para mim mesma: este é Jesus com fome, eu tenho que alimentá-lo. Este é Jesus doente. Este tem lepra ou gangrena; eu tenho que lavá-lo e cuidar dele. Eu sirvo porque eu amo Jesus.
  • Sejam gentis uns com os outros na sua casa. Sejam gentis com as pessoas. Eu acho que é melhor você errar na bondade do que fazer milagres com falta de bondade. Muitas vezes, uma só palavra, um olhar, um gesto rápido, e as trevas enchem o coração da pessoa que amamos
  • Eu rezo para vocês entenderem as palavras de Jesus: “Amai-vos como Eu vos amei”. Perguntem a si mesmos: “Como foi que Ele me amou? Será que eu realmente amo os outros da mesma forma?”. Sem esse amor, nós podemos nos matar de trabalhar, mas isso vai ser só trabalho, não amor. Trabalho sem amor é escravidão.
  • Um sacrifício, para ser real, tem que custar, tem que doer, tem que nos esvaziar. O fruto do silêncio é a oração, o fruto da oração é a fé, o fruto da fé é o amor, o fruto do amor é o serviço, o fruto do serviço é a paz.
  • Buscar a face de Deus em tudo, em todos, o tempo todo, e a mão dele em tudo o que acontece; é isso o que significa ser contemplativo no coração do mundo. Ver e adorar a presença de Jesus, especialmente na aparência humilde do pão e no angustiante disfarce de pobre.
  • O que você está fazendo eu não posso fazer, o que eu estou fazendo você não pode fazer, mas, juntos, nós estamos fazendo uma coisa bonita para Deus, e esta é a grandeza do amor de Deus por nós – nos dar a oportunidade de ser santos pelas obras de amor que fazemos, porque a santidade não é um luxo de poucos. É um dever muito simples para você, para mim – você na sua posição, no seu trabalho, e eu e os outros, cada um de nós, no trabalho, na vida em que demos a nossa palavra de honra para Deus. Nós temos que transformar o nosso amor a Deus em ação viva.
  • Quando um pobre morre de fome, não é porque Deus não cuidou dele. É porque nem você nem eu quisemos dar a ele o que ele precisava.
  • Jesus quer que eu diga de novo a vocês qual é o tamanho do amor dele por cada um de vocês – um amor que vai além de tudo o que vocês puderem imaginar. Ele não só ama você; é mais ainda: Ele anseia por você. Ele sente falta de você quando você não está perto. Ele tem sede de você. Ele ama você sempre, mesmo quando você não se sente digno desse amor.
Madre (agora Santa) Teresa de Calcutá tem sido brutalmente vilipendiada por diversos setores da mídia e do ateísmo militante. Isso se deve, certamente, à sua repugnância e destemida oposição ao aborto. O que incomoda duramente a estes críticos é a prática do amor cristão, levado aos extremos da compreensão humana, por essa missionária albanesa. Neste sentido, é bastante emblemática a história de um jornalista americano que, desconcertado ao ver Teresa lavando um homem coberto de chagas, disse a ela: 'Eu não faria isto nem por um milhão de dólares', ao que ela lhe respondeu: 'Nem eu'. O preço de tudo o que fazia era tão somente o amor a Deus e o amor às criaturas de Deus.

AS TRÊS VIAS PARA SE VENCER AS TENTAÇÕES

As três vias, para se vencer as tentações, propostas por Santa Teresinha de Lisieux:


1. Enfrentar ou ignorar a tentação sem temor do mal 

Não se dobrar à tentação, mas tomá-la como uma provação que deve ser enfrentada sem temor do mal ou que deve ser simplesmente ignorada, subjugando-a pela graça ou pela indiferença.

2. Converter a tentação provada em oração

Tornar o espírito mais forte e preparado para futuras tentações, inserindo as tentações provadas na oração diária, como agradecimento e súplica às graças concedidas por Deus a nós como frutos das tentações provadas e vencidas.

3. Fazer da tentação oferecimento e reparação

Tomar a tentação e transformá-la em instrumento para a maior glória de Deus, oferecendo-a e desagravando o Senhor desta e de muitas outras tentações iguais que estarão igualmente afetando muitos outros nossos irmãos na fé, encerrando tal propósito no mistério insondável da comunhão dos santos.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

'Temeis aproximar-vos do Pai; assustados com o som de Sua voz, precipitai-vos buscando esconder-vos por entre as folhagens. O Pai vos deu Jesus como mediador. Tal Filho pode obter tudo de seu Pai. Ele será atendido no que diz respeito a si mesmo, porque o Pai ama seu Filho. Vós teríeis medo de seu Filho, também? Ele é vosso irmão e vossa carne, Ele sofreu e tudo suportou, exceto o pecado, e isso para ensinar a misericórdia. Este seu irmão vos foi dado por Maria. Mas, talvez tenhais medo da sua majestade divina, visto que, tornando-se homem Ele permaneceu Deus. Estais à procura de um advogado junto a Ele? Recorrei a Maria. Nela haveis de encontrar a humanidade em seu estado puro. Eu não hesito em dizer que ela também será ouvida, naquilo que solicitar. O Filho ouvirá a sua Mãe, e o Pai ouvirá o seu Filho. Meus filhinhos, eis a escada dos pecadores, eis toda a minha segurança e a razão da minha esperança'.
(São Bernardo)

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

BREVIÁRIO DIGITAL (XLII) - ANNE DE BRETAGNE (III)

LIVRO DE ORAÇÕES DE ANNE DE BRETAGNE* (1477 - 1514) - PARTE III

* esposa de dois reis sucessivos da França, Charles VII e Luís XII


AUTORIA DAS ILUMINURAS: JEAN POYER 


I.10 - O Apóstolo Simão e o Profeta Sofonias: o apóstolo é representado segurando um báculo e olhando timidamente para a frente, ao passo que o apóstolo é mostrado de perfil e numa posição de extrema rigidez. A inscrição do rolo de pergaminho é de autoria do profeta Malaquias e não de Sofonias, um dos erros destas iluminuras.



I.11 - O Apóstolo Tiago Menor e o Profeta Joel: o apóstolo é representado segurando o Evangelho e um cajado, símbolo do objeto com o qual foi espancado até a morte pelos judeus; o seu corpo foi depois atirado do parapeito do templo de Jerusalém. O profeta Joel é mostrado de perfil, olhando incisivamente para o apóstolo e segurando o seu rolo de pergaminho firmemente com ambas as mãos.


I.12 - O Apóstolo Mateus e o Profeta Miqueias: o apóstolo é representado segurando um saco de dinheiro pois trabalhava, antes de sua conversão, como coletor de impostos para os romanos. O profeta tem o seu rolo de pergaminho envolvendo todo o seu corpo. Note-se a clara noção de perspectiva presente na iluminura pelo piso na forma de lajotas coloridas e pela projeção das sombras dos dois homens.



I.13 - O Apóstolo Tadeu e o Profeta Daniel: o apóstolo, segurando um longo machado esmerilhado, símbolo do instrumento do seu martírio por decapitação, parece ouvir concentrado a argumentação do profeta, apoiado em um pequeno bastão. Novamente, a noção de perspectiva está presente, nas variações da paisagem e das texturas das cores atrás dos dois homens.



I.14 - O Apóstolo Matias e o Profeta Ezequiel: o apóstolo Matias, o último apóstolo por ser escolhido posteriormente para substituir Judas Iscariotes, lê uma passagem do Evangelho, enquanto o profeta aponta para a inscrição do seu rolo de pergaminho. Como em todas as iluminuras anteriores, a imagem é envolvida pelas letras A, N e E, entrelaçadas, que fazem referência a Anne de Bretagne.